segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Há olhares que nos marcam




Há olhares que nos marcam. Falam o que nunca conseguimos ouvir. Retratam o que nenhuma palavra consegue nomear.

Há olhares que nos marcam. Para sempre. Sem que nunca mais nos esqueçamos do seu impacto. Da sua forma. Ou da sua cor.

Há olhares que nos marcam. De tão vivos que são. E, por isso, dão-nos um outro entendimento. Sobre nós. Sobre os outros. Sobre o mistério da vida.

Há olhares que nos marcam. Porque deles surge a paz que tantas vezes procuramos. Deles nasce a certeza de nos sabermos olhados e, por isso, de sabermos quem somos. Deles surge o incompreensível sentimento de nos sabermos unidos.

Há olhares que nos marcam. Como se conseguissem abraçar tudo o que somos. Sem julgamento. Sem questionamentos.

Há olhares que nos marcam. Porque nos acolhem. Porque nos permitem, por momentos, sentir a presença de Deus.

Há olhares que nos marcam. E em tantos momentos não precisamos nada mais do que a sua atenção em nós. Como se decifrassem todas as nossas incertezas. Como se confirmassem o que realmente somos.

Há olhares que nos marcam, porque nos esperam. Em presença viva. Silenciosa. E cheia de autenticidade.

E tu, já tiveste a sorte de sentir que tudo é dito num único olhar? Já tiveste o prazer de te deixares abandonar num olhar?

Emanuel António Dias

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