Ultimamente, ouvimos falar muito da palavra jejum. Mais associada ao mundo das dietas e da perda de peso, mas, na verdade, parece que o conceito se tem “alastrado” a outras áreas.
A verdade é que vamos ouvindo a palavra e parece que esta se vai instalando, também, nos nossos pensamentos e na nossa consciência. Ao ouvi-la e ao lê-la, em que pensamos? Que ecos terá, em nós, esta ideia de jejuar?
Sem querer interferir nas opções de cada um, penso que o jejum pode ser-nos muito útil. Precisamos de jejum de intolerância. De ideias pré-concebidas. De jejum de julgamentos. De más palavras. De más intenções. De não sonhar.
Precisamos de nos retirar dos cenários que não nos fazem bem. Que nos retiram a energia positiva e que nos fazem encolher a luz que trazemos dentro. Precisamos de deixar cair as teias de tudo o que é velho, triste e magoado para dar lugar à novidade do tanto que pode chegar para nós.
O jejum de que mais precisamos talvez não seja o que nos retira o alimento, mas sim aquele que nos retira as distrações, as manobras de entretenimento para não ver o que é necessário.
É quando (nos) limpamos por dentro e quando jejuamos do lixo interior que não interessa que conseguimos ver aquilo que realmente nos contorna, nos abraça e nos ergue. Se é fácil olhar para o que somos por dentro? Não é.
Se somos bonitos todos os dias? Não somos.
Se somos simpáticos a toda a hora? E queridos e altruístas? Não somos. Nem podemos.
Não somos perfeitos nesta aventura de existir. Vamos a caminho. Prometeram-nos uma viagem inesquecível e é isso que a vida nos quer dar.
Fica a pergunta:
Será que estamos preparados para deixar todas as mochilas, todas as máscaras, todas as lutas e todas as marés negras para embarcar numa viagem que, ainda que não tenha volta, possa fazer valer tudo a pena?
Marta Arrais
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