terça-feira, 4 de abril de 2023

Ainda não aprendemos nada?!



Uma das viagens que todos os seres humanos deviam fazer é a visita a Auschwitz. Ao entrarmos naquele que foi o palco dos maiores horrores da história recente, sentimo-nos pequenos. Mínimos. Envergonhados. Colocamos em causa a nossa própria condição humana.

Que coisa horrível para se dizer a uma quarta-feira de manhã. Falar de um episódio tão tenebroso e hediondo. Já passou. Dirão alguns. Isso não foi bem assim. Dirão outros. Isso nunca mais volta a acontecer. Dirão, ainda, uns quantos.

Também foi nisso que pensei quando entrei em Auschwitz para visitar o Campo. O silêncio é avassalador. As imagens imaginadas, também. O que os nossos olhos veem e intuem não tem descrição. Entrei numa das muitas salas-museu e, na primeira, podia ler-se “aqueles que não se lembram da história, estão condenados a repeti-la”. Nunca mais me esqueci dessa frase. Lembrei-me dela, hoje, novamente.

Apercebi-me da precisão do decalque que tem sido feito dos maiores horrores da história. O julgamento atroz com base nesta ou naquela característica. Nesta ou naquela decisão. Uma guerra na europa que se vende, pelos que a acenderam, como “justificável”. O inqualificável dos seres humanos não tem limites. A maldade e a ausência de empatia e consciência deixam-nos, a todos, perplexos. Em estado de espanto permanente.

“Mas isto está mesmo a acontecer outra vez?”

Sim. Está. Voltámos a repetir a história que matou milhões de seres humanos. Voltámos a repetir os perigos que nos fizeram querer esquecer e prometer que nunca mais faríamos igual. Tudo se desvaneceu como pó. Voltámos ao tempo da censura. Como uma camisola mal lavada e vestida do avesso. Não se diz. Não se pensa. Não se pode. Não se ama. Não se faz assim. Faz-se como eu quero. Como alguém quer.

“Mas estamos mesmo aqui outra vez?”

Estamos. Estamos a repetir a história pelas piores razões. Não aprendemos nada. E enquanto nos dedicarmos a caminhar à luz dos mesmos erros, as probabilidades das consequências serem as mesmas agigantam-se. Brilham ao fundo com uma luz feita de noite e de trevas.

No entanto, sabemos que a história e as suas repetições também dependem daqueles que não compactuam. Que não vão por ali. Que fincam o pé ou a alma e não arredam raízes. No que depender de mim, não pretendo voltar a repetir a História.

E tu? Tens feito a tua parte?


Marta Arrais

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