domingo, 16 de abril de 2023

Domingo da Divina Misericórdia

 


A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Na primeira leitura temos, na "fotografia" da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade fraterna, preocupada em conhecer Jesus e a sua proposta de salvação, que se reúne para louvar o seu Senhor na oração e na Eucaristia, que vive na partilha, na doação e no serviço e que testemunha - com gestos concretos - a salvação que Jesus veio propor aos homens e ao mundo. A comunidade cristã é, ainda, uma comunidade que celebra liturgicamente a sua fé. A celebração da fé comunitária dá-nos a dimensão de um povo peregrino, que caminha unido, voltado para o seu Senhor e tendo Deus como a sua referência. Da celebração comunitária da fé, sai uma comunidade mais fortalecida, mais consciente da vida que une todos os seus membros, mais adulta e com mais força para ser testemunha da salvação. O que é que significa, para mim, a celebração comunitária da fé? A celebração eucarística é um rito aborrecido, a que "assisto" por obrigação, ou uma verdadeira experiência de encontro com o Jesus do amor e do dom da vida e uma experiência de amor partilhado com os meus irmãos de fé?

No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d'Ele que a comunidade se estrutura e é d'Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas e egoístas que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-l'O no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia?

A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã que a identificação de cada crente com Cristo - nomeadamente com a sua entrega por amor ao Pai e aos homens - conduzirá à ressurreição. Por isso, os crentes são convidados a percorrer a vida com esperança (apesar das dificuldades, dos sofrimentos e da hostilidade do "mundo"), de olhos postos nesse horizonte onde se desenha a salvação definitiva.
A questão do sentido do sofrimento (sobretudo do sofrimento que atinge o justo) é tão antiga como o homem; as respostas que o homem foi encontrando para essa questão foram sempre parciais e insatisfatórias... A Palavra de Deus que hoje nos é proposta não esclarece definitivamente a questão, mas acrescenta mais uma achega: o sofrimento ajuda-nos, muitas vezes, a crescer, a amadurecer, a despirmo-nos de orgulhos e auto-suficiências, a confiar mais em Deus... Somos convidados a tomar consciência de que o sofrimento pode ser, também, um caminho para ressuscitarmos como homens novos, para chegarmos à vida plena e definitiva.
De qualquer forma, somos convidados a percorrer a nossa vida com esperança, olhando para além dos problemas e dificuldades que dia a dia nos fazem tropeçar e vendo, no horizonte, a salvação definitiva. Isto não significa alhearmo-nos da vida presente; mas significa enfrentar as contrariedades e os dramas de cada dia com a serenidade e a paz de quem confia em Deus e no seu amor.

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