domingo, 26 de maio de 2024

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

 

Domingo Da Santíssima Trinidade Ciclo B ( Portugês ) (youtube.com)



Quem é Deus? Como é Ele? A liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade convida-nos a mergulhar no mistério de Deus e a contemplar o Deus que, sendo unidade, é família de três Pessoas em perfeita comunhão de amor. Por isso, chamamos-Lhe “Santíssima Trindade”. Por amor, Ele criou os homens e as mulheres; e, por amor, Ele convida-os a vincularem-se com essa comunidade de amor que é a família trinitária.

Na primeira leitura, Moisés convida Israel a descobrir o rosto e o coração de Deus a partir da contemplação das ações por Ele feitas na história. O Deus em que Israel acredita é o Deus libertador e salvador, que ama os seus filhos e que está sempre disponível para os libertar de tudo aquilo que os escraviza. Ele acompanha cada passo do seu Povo e deixa-lhe indicações seguras para ser feliz e ter Vida em abundância.
É frequente falar-se do nosso tempo, a propósito da proliferação de certas experiências religiosas, como um tempo de redescoberta do sagrado, de regresso do espiritual, de reencontro com o divino; e nós falamos disso com um certo ar de triunfo e de contentamento. Por detrás desse discurso está, muitas vezes, o nosso desejo de voltarmos a encher as nossas igrejas e de regressarmos ao tempo em que o fenómeno religioso era estruturante na construção do edifício social. Mas, será que todas as experiências religiosas ajudam a fazer uma descoberta positiva de Deus? Certas imagens de Deus apresentadas nos discursos das seitas religiosas são verdadeiramente libertadoras? O deus fundamentalista dos fanáticos, que exige que se mate em nome dele terá algo a ver com o Deus verdadeiro? O vago aroma espiritual que alguns encontram em determinadas experiências isotéricas conduzem a uma experiência profunda e verdadeira de Deus? A “onda espiritual” que nos dá tanta esperança não terá por base, em muitos casos, uma imagem profundamente deturpada de Deus? A Solenidade da Santíssima Trindade é, antes de mais, um convite a descobrirmos o verdadeiro rosto de Deus. Quem é Deus para nós? Como O vemos? Como O entendemos?

Na segunda leitura,
o autor da Carta aos Romanos pede os que receberam o batismo que se deixem conduzir sempre pelo Espírito de Deus. Animados pelo dinamismo do Espírito, eles serão membros da família de Deus e poderão chamar a Deus “Abbá”. Deus será para eles o Pai cheio de amor, em cujo colo se sentirão sempre amados, protegidos e cuidados.

Deus não se limitou a criar-nos. Ele continua a acompanhar-nos ao longo do caminho e a dar-nos Vida a cada instante. No entanto, não se impõe nem nos obriga a aceitar o seu dom; respeita sempre a nossa liberdade, as nossas opções. Cabe-nos a nós responder à oferta de Vida que Deus nos faz. É claro que, se preferirmos viver “segundo a carne” e trilhar caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência, estamos a recusar os dons de Deus e a construir uma vida sem sentido e sem objetivo; mas se optarmos por viver “segundo o Espírito”, tornamo-nos herdeiros da vida eterna. Em que situação é que nos colocamos, perante a oferta de Vida que Deus nos faz?

Fazer parte de uma família que tem Deus como Pai, como “Abbá”, é frequentar a escola do amor. Com Deus aprendemos a amar os nossos irmãos, a amar sem condições, a amar de forma ilimitada. A relação que temos com os outros homens e mulheres que caminham connosco deve espelhar o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o serviço, que aprendemos com o nosso Pai do céu e com Jesus, nosso irmão mais velho. É isso que acontece? As nossas relações comunitárias refletem esse amor que é a marca da “família de Deus”?

No Evangelho, Jesus despede-se dos discípulos e envia-os a todas as nações como testemunhas da salvação de Deus. Eles deverão ensinar tudo o que aprenderam de Jesus e batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo todos os que se mostrarem disponíveis para integrar a família de Deus, a comunidade trinitária.

A celebração da Solenidade da Trindade convida-nos a mergulhar no mistério de Deus. Fala-nos de um Deus que é amor. Diz-nos que Deus não é um ente solitário, afastado dos homens, apenas ocupado em dirigir a máquina do universo; mas é uma família onde o amor está sempre presente. Em Deus coexistem a unidade e a comunhão de pessoas. Nós dizemos, na nossa linguagem imperfeita, que Deus é um em três pessoas. Mas Deus escapa a todas as fórmulas dos teólogos para ser, apenas, um mistério de amor, uma família de três Pessoas em perfeita comunhão. E, melhor que tudo, Deus convida-nos a integrar essa comunidade de amor que Ele forma com o Filho e com o Espírito: a família de Deus, a Trindade, está sempre aberta para acolher novos filhos. Muitas vezes dizemos, pessoal e comunitariamente, “eu creio em Deus”: qual é e como é o Deus em que acreditamos?

https://www.dehonianos.org/

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