domingo, 30 de junho de 2024

JESUS É VIDA

 


Nascemos para viver, ou para morrer? Será a morte o objetivo ou a intenção última do projeto de Deus sobre o homem? A liturgia do 13.º Domingo comum procura responder a estas questões. Convida-nos a olhar para lá do nosso horizonte de criaturas finitas e a descobrir a Vida verdadeira e eterna que Deus quer oferecer a todos os seus filhos e filhas.

Na primeira leitura, um “sábio” de Israel ensina que Deus criou-nos para sermos eternos. É verdade que todas as criaturas passam pela morte biológica; mas essa morte não impede que cheguemos à Vida eterna. Só escolhas de egoísmo e de autossuficiência podem impedir-nos de encontrar essa Vida eterna que está no plano que Deus tem para nós.

No entanto, é certo que o nosso tempo nesta terra é um tempo limitado. Não somos daqui. O nosso corpo tem o seu ciclo de vida, desgasta-se com o tempo, o cansaço, a doença, e a certa altura termina o seu caminho. É a morte biológica que todos os seres criados, incluindo o homem, conhecerão. Contudo, a morte biológica não é a morte verdadeira, a morte que conta. Precisamos de passar por ela, precisamos de deixar este mundo imperfeito, limitado e precário para entrar na realidade de Deus, na Vida eterna. Custa-nos, naturalmente, despedir-nos daqueles que amamos e que terminam o seu caminho na terra; custa-nos, também, despedir-nos dos nossos projetos, das nossas conquistas, até mesmo das coisas materiais que juntamos… Mas a morte biológica é o passo imprescindível para aceder à Vida eterna, à Vida plena. Como lidamos com a morte biológica, a nossa ou a das pessoas que amamos? Somos capazes de encará-la como um nascimento para a Vida eterna?

O Evangelho mostra como Jesus cumpriu a missão que o Pai lhe confiou: dar-nos Vida. Ao curar uma mulher de uma hemorragia que a mantinha presa a uma vida sem horizontes, ou ao pegar pela mão uma jovem para a resgatar da morte, Jesus está a concretizar o plano de Deus e a salvar da morte os filhos e filhas que Deus tanto ama. Abraçamos essa Vida quando confiamos em Jesus, acolhemos as suas indicações, seguimo-l’O no caminho que Ele nos aponta.

Jesus ajuda e dá Vida a duas mulheres que sofrem. Ao contrário do que acontecia na sociedade palestina do seu tempo, quer a nível de legislação quer a nível de prática, Jesus não as discrimina nem as ignora; acolhe-as, valoriza-as, compreende-as, respeita-as na sua dignidade, coloca-as ao nível de filhas muito amadas de Deus. Na Igreja de Jesus, já aprendemos isto? Valorizamos suficientemente tudo aquilo que as mulheres fazem no sentido de construir a comunidade de Jesus?

Na segunda leitura Paulo de Tarso, a propósito de uma questão concreta (o apoio a uma Igreja que passa por dificuldades materiais), convida-nos a encarar a vida a partir de um dinamismo de amor. Esse amor, é expressão da Vida de Deus; mas também é gerador de Vida, de Vida verdadeira.

Paulo pretende, principalmente, que os discípulos de Jesus aprendam a viver de acordo com um dinamismo fraterno de partilha e de comunhão, que enriquece quem dá e quem recebe e que é pressuposto de uma nova ordem, de um novo relacionamento entre os homens. Os seguidores de Jesus aprenderam com o seu Mestre a partilha, a solidariedade, a fraternidade, a comunhão; aprenderam com Jesus que “os outros” não são concorrentes ou adversários, mas sim irmãos. Por isso, os seguidores de Jesus são, no mundo, arautos e testemunhas de uma nova ordem, da revolução do amor. Vemos os homens e mulheres que caminham ao nosso lado como irmãos por quem somos responsáveis? Sentimo-nos implicados na procura de soluções para que todos os nossos irmãos tenham uma vida digna? Fazemos o que está ao nosso alcance para criar uma nova ordem, um relacionamento mais fraterno e mais humano entre todos aqueles que partilham connosco esta “casa” que é o nosso mundo?


www.dehonianos.org

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