sábado, 31 de agosto de 2024

A ESPERANÇA

 


No extraordinário poema que lhe dedicou Charles Péguy, garante-se que a única realidade que deixa o próprio Deus espantado, em relação ao homem, é a esperança: “Não é a fé que me espanta.../A caridade, diz também Deus, essa não me espanta.../ Mas a esperança, diz Deus, essa sim causa-me espanto./ Essa sim, é digna de espanto./ Que essas pobres crianças vejam como tudo acontece/E acreditem que amanhã será melhor./ Que elas vejam o que se passa hoje e acreditem/que amanhã de manhã será melhor./ Isso é espantoso e essa é a maior maravilha da nossa graça./E isso a mim mesmo me espanta”.
A esperança não é um lenitivo que adormece a dor até que ganhemos coragem para tratar a sério da vida, mas uma força que já hoje nos motiva para a transformação da história. A esperança não é um adiamento, mas um compromisso. Não é uma abstração idealizada, mas um dinamismo concreto, uma laboriosidade, um fazer.
Precisamos de uma educação para a esperança. E precisamos na educação, como diz Papa Francisco, mestres da esperança. Diz ele: «Um educador que não sabe arriscar, não serve para educar. Um pai e uma mãe que não sabem arriscar, não educam bem o filho. Arriscar de modo razoável...Educar é isto. Tu tens a certeza neste ponto, mas isto não é definitivo. Deves dar outro passo. Talvez escorregues, mas levantas-te, e vais em frente... O verdadeiro educador deve ser um mestre de risco». Estaleiros da esperança.


— Cardeal D. José Tolentino Mendonça©

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