quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

O que nos ensinam as partidas inesperadas?



As partidas repentinas e inesperadas ensinam-nos muito. É dura a lição que nos trazem, mas é muito importante.

Quando alguém nosso termina a sua passagem terrena sentimo-nos varridos. Absorvidos. Presos dentro de um corredor que nos esmaga e nos atira para um sentimento de incompreensão profunda. Colocamos tudo em causa. Repensamos a vida em dois minutos e prometemos que nunca mais fazemos isto ou aquilo. Nunca mais discutimos com ninguém. Nunca mais falamos antes de pensar muito bem o que vamos dizer.

A morte ensina-nos a vida. Revela-nos a essência de tudo. E a vontade de abraçar todos os que ainda estão vivos e que, às vezes, nem sabemos tratar bem.

Somos pequenas gotas de água num oceano de imprevisibilidade. Estamos a ser guiados e protegidos e “todos os cabelos da nossa cabeça estão contados”. Não invalida, porém, que nos seja difícil compreender a dimensão do mistério de muitos dos eventos que nos acontecem.

Mas conforta-nos compreender que há um Deus que nos abraça na maior das tristezas. Que temos uma Mãe que usa o próprio rosário para descer uma escada até ao nosso coração e até à raiz de tudo o que somos.

Se também Eles venceram a Morte, quem somos nós para duvidar da Vida com tudo aquilo que tem dentro?

Se somos confrontados com a brevidade de tudo, como não aproveitar cada instante como se fosse o último?

Se compreendemos que nunca sabemos quando será o nosso último dia, como não viver em Amor e entregar a nossa melhor versão em cada dia?

Se sabemos que estamos juntos neste caminho entre a Vida e a Morte, como não fazer um esforço para nos aproximarmos, mesmo quando nos irritamos, zangamos ou perdemos o Norte e a paciência?

Se vivemos debaixo deste mesmo Céu, como não acreditar que somos, também, a luz de cada uma das estrelas?


Marta Arrais

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