sábado, 4 de novembro de 2017

A SANTIDADE COMO HORIZONTE DA PASTORAL


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A história da Igreja foi sempre enriquecida por homens e mulheres que souberam marcar a diferença. Viveram, com alegria e esperança, na caridade, a sua fidelidade a Cristo e à Sua Igreja. Fazendo com amor as coisas mais pequeninas do seu dia-a-dia, eles transformaram-se na imagem de Cristo que passou pelo mundo fazendo o bem. Tornaram-se pontos de referência ao longo da história e continuam a sê-lo, também hoje, nesta comunhão que nasce da fé e une todos aqueles que pertencem a Cristo em virtude do Batismo.
Em Dia de Todos os Santos, tivemos a graça de, mais uma vez, de forma mais viva e solene, recordar estes amigos de Jesus, que, por caminhos muito variados e apropriados à vocação de cada um, foram verdadeiras testemunhas da verdade do Evangelho. Com muitos deles nos cruzamos, com certeza, ao longo da nossa vida. Com eles convivemos, nos divertimos e crescemos. Eles entenderam e aceitaram a proposta de Jesus: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de Mim, vai encontrá-la. De facto, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua vida? O que pode um homem dar em troca da sua vida?” (Mt 16, 24-26).
Este aceitar a proposta de Jesus, com amor - o que não quer dizer que seja fácil ou sem sofrimento -, é o garante de que nada terminará no calvário. Haverá sempre o dia da vitória sobre a morte, o dia da ressurreição, do encontro com o Senhor que nos disse: “Eu vou preparar-vos um lugar. E quando Eu for e vos tiver preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo, para que onde Eu estiver, vós estejais também” (Jo 14, 2-3). O Senhor a todos nos convida à santidade, santidade que não se pode reivindicar nem comprar nem obter apenas com o nosso próprio esforço ou as nossas ações. É o Espírito Santo que nos fala aos ouvidos do coração, nos anima e inspira a seguir Cristo pobre e humilde que, carregando a Sua Cruz, nos ensina a carregar a nossa cruz para um dia participarmos da sua glória: “nem os olhos viram nem os ouvidos ouviram, nem pela imaginação do homem passou o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1Cor 2,9). Ora, esta vida de Cristo ressuscitado, nós a podemos viver desde já, no tempo, se formos dóceis e fiéis à graça que nos é comunicada e nos transforma, à graça do nosso Batismo: “Pelo batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também nós possamos caminhar numa vida nova” (Rm 6,4). A vida cristã é, desde já, na terra, uma participação na morte e ressurreição de Cristo.
No alvorecer deste terceiro milénio, São João Paulo II, ao apontar a necessidade de redescobrir o Capítulo V da Constituição Lumen Gentium que trata da “Vocação Universal à santidade”, ele colocava como primeira prioridade de todo o caminho pastoral, precisamente a santidade: “Em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para que deve tender todo o caminho pastoral é a santidade” (NMI 30). Colocar a programação pastoral sob o signo da santidade, significava para João Paulo II, “exprimir a convicção de que, se o Batismo faz verdadeiramente entrar na santidade de Deus, através da inserção em Cristo e da presença do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial” (id.31). E toda a pedagogia da santidade que ele aponta (cf. id. 32-41), implica fomentar a arte da oração, dar particular relevo à Eucaristia Dominical e ao próprio Domingo, propor de forma persuasiva e eficaz a prática do sacramento da Reconciliação, respeitar o princípio do primado da graça, dar lugar de honra à escuta da Palavra de Deus e reacender em nós o zelo das origens, deixando-nos invadir pelo ardor da pregação apostólica que se seguiu ao Pentecostes. Devemos reviver em nós o sentimento ardente de Paulo que o levava a exclamar: “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16).
“Santos, amigos de Deus,
E dos homens padroeiros,
Ajudai-nos a seguir
Por caminhos verdadeiros…”

D. Antonino Dias . Bispo de Portalegre Castelo Branco
03-11-2017

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