Não estamos cá para viver de forma média ou razoavelzinha. Não estamos cá para fazer só por fazer ou para viver só por viver. Não estamos cá para ser arrastados pela maré ou para fazer as vontades do mundo. Também não estamos cá para viver à sombra do tanto-faz. Do é-me igual. Do seja o que for. Também não estamos cá para agradar a quem também cá está. Para aceder às imposições sociais ou para dizer que sim a tudo. Não é para nada disso que cá estamos. Não estamos cá para visitar lugares ou países. Estamos cá (isso sim!) para os transformar.
Estamos cá para deixar marca. Para gravar na pele do mundo aquilo de que somos feitos.
Estamos cá para deixar marca. Para desenhar mapas para quem vier depois de nós e não souber o caminho.
Estamos cá para deixar marca. Para fazer, exatamente, aquilo que ainda ninguém fez e que, por isso mesmo, precisa de ser feito.
Estamos cá para deixar marca. Para deixar na memória dos outros um rasto de esperança e de novidade. De promessa de futuro.
Estamos cá para deixar marca. Para pousar como quem fica para sempre e, ao mesmo tempo, para ter asas para partir quando (nos) for necessário.
Não estamos cá para ser medíocres. Também não estamos cá para dar nas vistas ou para ser famosos. A fama e a popularidade são ilusões com prazo de validade que não dão alegria (ou paz) a ninguém. Estamos destinados a coisas grandes. Enormes. Gigantescas. Estamos destinados a uma aventura inacreditável com fim imprevisível. No entanto, estamos convencidos que o fim não nos chega. Não nos atinge. Andamos mascarados de super-heróis com capas feitas de coisas que acabam. É tempo de tirar a capa e a presunção. Varrer para baixo dos dias toda a arrogância e orgulho de nos bastarmos a nós próprios. Precisamos tanto uns dos outros como de comer ou de beber.
Estamos cá para deixar marca. Para gravar o nosso nome nas coisas bem-feitas.
Já decidiste que marca queres deixar?
Marta Arrais
http://www.imissio.net/artigos/49/1427/por-onde-passares-deixa-marca/