Atravessamos uma verdadeira crise de diálogo. Confundimos falar com dialogar.
Enquanto professor, sinto tantas vezes a fragilidade da comunicação. Por vezes sou eu que me canso de "tanto falar" e de pouco ser ouvido ou compreendido. E agora com a máscara, ainda pior. Procuro abordagens diversificadas aos temas propostos, incidindo em programas ou reportagens mais recentes, ou então, com outras um pouco mais cotas mas que vão diretas ao assunto. Procuro personalidades conhecidas pela geração atual dos meus alunos…
As aulas de EMRC procuram ser um espaço privilegiado para o diálogo. No entanto, deparo-me com uma, cada vez maior, dificuldade de partilha por parte dos adolescentes e dos jovens. O peso da individualidade de cada um deles impede-lhes a comunicação. O medo de errar e o desejo da perfeição, transforma-se tantas vezes numa inércia assustadora.
Uma sociedade como a nossa, cada vez mais utilitarista em que quase tudo se resume à economia e à criação de riqueza, leva-nos a um ideal de individualismo em que cada um tem que se safar. Por isso o medo de partilhar fragilidades com os demais.
Esquecemos que, mesmo em classes diferentes, viajamos todos no mesmo barco; atravessamos o mesmo oceano; percorremos o mesmo caminho; somos todos peregrinos em busca da verdade, à procura da felicidade diária.
Falta-nos a empatia. Esta capacidade de perceber que é no outro que eu me encontro. É com o outro que irei superar a minha pequenez.
Escasseia a humildade de me reconhecer dependente do acolhimento do outro para nele me reencontrar e juntos caminhar para a eternidade.
Precisamos urgentemente deste diálogo.
Rezemos ao Espírito Santo.
«O Espírito Santo, por outro lado, chama-nos à novidade, convida-nos a mudar, estimula-nos a nos recriarmos.
O Espírito Santo, por outro lado, chama-nos a sair do confortável sedentarismo dos nossos estacionamentos, a colocar-nos na estrada e sofrer os seus perigos.» [Dom Tonino Bello]
Paulo J. A. Victória
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