Vi-os a serem levados ao ambão. Os seus caminhares pela fé permitiram que fossem entrando na Igreja e através de um arriscar constante acabaram ali. Pertíssimos do altar. Onde tantas vezes se acharem indignos de lá chegar. Dando testemunho com todas as suas histórias de que não há pergunta ou dúvida que não possa ser rezada.
Vi-os a serem levados ao ambão. Foram até lá com toda a liberdade. Mostrando, num simples gesto, um ato de fé. No meio de tanta humanidade todos aqueles momentos, diante do ambão, se tornaram beleza e oração. Subiram ao ambão com o propósito de que todas as palavras pronunciadas fossem em si vida rezada. E levaram isso à séria. Cada palavra não se deixou perder pelo mero exercício de vocalização. Quiseram que cada palavra ficasse inscrita nas suas vidas. Quiseram mostrar, a todos os que lhes escutavam, que é possível deixar-se ser riscado pelas linhas do Evangelho.
Vi-os a serem levados ao ambão. As suas leituras carregadas de nervosismo davam a conhecer a importância daquele momento. Os seus tremores, as suas hesitações, os seus silêncios e as suas lágrimas rezavam tudo o que eram. Sem farsas. Sem se deixarem recalcar por meros rituais automatizados. Colocaram nas leituras as suas vidas e conseguiram, deste jeito, mostrar que a fé, repleta de dúvidas e inquietações, ganha nova vida quando se compromete a um abandono sincero.
Vi-os a serem levados ao ambão como crianças que se deixam confiar nos braços de um Pai. Vi-os a rezar de corpo e alma.
Vi-os a serem levados ao ambão. E foram levados ao colo por Aquele a quem as suas vozes, de forma plena e autêntica, demonstravam tão grande amor e sede!
Emanuel António Dias
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