quinta-feira, 6 de maio de 2021

O abraço de Deus




O abraço de Deus certamente já o recebemos sem nos darmos conta, pois nem sempre se revela em corporeidade intensa e próxima, mas não deixa nunca de nos acolher por inteiro. O abraço de Deus não se limita a uma única manifestação. E, por isso, vai-se manifestando de diversas formas permitindo que O possamos reconhecer em todos e em qualquer instante. Afinal de contas, Ele vive desde sempre abraçado a nós.

O abraço de Deus pode surgir num simples encontro de amigos à volta da mesa. Ali, na reunião e união da vida, o Seu abraço faz-se acontecer em conversas que se tornam casa para todos. Ali, dando bom nome à nossa existência, o Seu abraço apanha-nos por inteiro em gargalhadas genuínas e em lágrimas que damos a conhecer àqueles que decifram connosco o mistério de todo este caminhar.

O abraço de Deus anda por aí. Em olhares que nos enchem a alma. Em olhares que nos interpretam toda a nossa história sem precisarmos de contar um único pormenor. É deste jeito que Ele nos vai abraçando. Num simples e silencioso olhar que nos conforta e nos ampara. Num simples e silencioso olhar que nos relembra que não caminhamos sozinhos. Num simples e silencioso olhar que nos ajuda a sorrir em cada dia.

O abraço de Deus revela-se também em encontros calorosos de peito a peito. De face a face. O abraço de Deus também se dá a conhecer nos braços dos outros. Também se dá a conhecer naqueles em que, por breves instantes, as suas presenças de verdadeira paz, nos fazem sentir a delícia de nos sabermos amados. De nos sabermos tremendamente valiosos aos seus olhos.

O abraço de Deus anda a visitar-nos em músicas que nos arrepiam a pele. Anda a tocar-nos em orações de desespero, de sofrimento, de agradecimento e alegria. Anda a comover-nos com a sensibilidade e delicadeza de cada poema. Anda empenhado em entrelaçar a nossa humanidade na Sua divindade.

O mais bonito do abraço de Deus são as suas consequências. É aquilo que ele produz em nós. E que bonito é ver que tantos homens e mulheres, apesar de toda a ciência e de todo o conhecimento que possuem, continuarem a derreter-se com o Seu abraço e permitirem que o seu ceticismo não lhes anule o experienciar de um encontro íntimo com Aquele que sempre está!


Emanuel António Dias


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