A empatia está cada vez mais magra. Passa pelos pingos da chuva que ainda não chegou. Recua para não se fazer notar nem sentir. Não sei se a empatia seria a solução para todos os nossos problemas, mas, sem dúvida, podia estar lá bem perto.
Se pudéssemos ter a consciência de que não sabemos que inquietações assaltam a vida dos outros, teríamos mais cuidado no que dizemos e no que deixamos por dizer, também.
Se soubéssemos que dores massacram a pele das vidas dos que se cruzam connosco, teríamos mais atenção aos nossos gestos, às nossas atitudes, à forma como caminhamos pela vida.
A verdade é que sabemos muito pouco sobre o que se passa com as outras pessoas. Não sabemos que sonhos lhes tiraram, que projetos tiveram que adiar, que dificuldades tenebrosas têm que ultrapassar, de que doenças têm medo, com que doenças (ou fragilidades) lutam e lidam, que lágrimas têm atravessadas naquele sorriso pouco simpático e de circunstância. Que dúvidas têm. Que feridas por curar. Que vazios por preencher.
Não sabemos nada sobre o que os outros são. E, ainda assim, andamos pela vida com a arrogância de quem julga, de quem tudo sabe, de quem não tem nada a perder, de quem nunca esteve doente ou viu alguém sofrer. Em que tipo de pessoas nos estamos a tornar? Autómatos que já não são capazes de sentir nada? Semi-pessoas que, em vez de fazer a vida valer a pena, a desperdiçam com o cultivo de uma existência vazia e cheia de luzes de plástico?
É preciso cultivar a coragem para olhar para os outros com amor. Com simpatia. Com jeito. Com cuidado. Com a gentileza de quem sabe o que é lutar, de quem sabe o que é não saber, de quem sabe o que é poder perder tudo.
Se houver um lema para os próximos dias, que seja este:
Mais empatia, por favor!
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