O quarto Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos, neste domingo, somos convidados a escutar um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
No Evangelho é o próprio Jesus que se apresenta como “o Bom Pastor”. Ele ama as suas ovelhas, cuida delas em cada passo do caminho, dá a vida por elas, se for necessário. As ovelhas de Jesus sabem que podem confiar n’Ele, incondicionalmente. Com esta bela imagem, somos convidados a seguir Jesus e a fazer d’Ele a referência fundamental à volta da qual construímos a nossa vida.
Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam, pessoas a quem foi confiado o serviço da autoridade. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Jesus e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições. Mas convém igualmente ter presente que o único “Pastor verdadeiro”, aquele que nunca falha, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Jesus. Procuremos escutar e acolher, com humildade, mas também com consciência crítica, as indicações que nos são dadas pelos líderes das nossas comunidades; mas não nos esqueçamos de as confrontar, para aquilatar da sua validade, com as indicações que nos foram deixadas por Jesus, o Bom Pastor, o nosso único Pastor. Como me posiciono diante daqueles a quem foi confiado, na comunidade cristã, o serviço da autoridade?
Para que distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras, de “cantos de sereia” que não conduzem à vida plena, é preciso um permanente diálogo íntimo com “o Pastor” (Jesus), um confronto permanente com a sua Palavra e a participação ativa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o Pastor” nos oferece. Procuro manter um diálogo frequente com Jesus, a fim de ter sempre vivas as suas indicações?
A primeira leitura traz-nos um testemunho de Pedro, proclamado em Jerusalém diante das autoridades judaicas: Jesus é o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos”. É a forma, muito particular, que Pedro encontrou para dizer que Jesus é o único pastor que nos conduz em direção à Vida verdadeira.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. Por isso, Deus enviou-nos Jesus, o Bom Pastor.
Como é que os “filhos de Deus” respondem ao dom que Deus lhes faz? No texto que nos é hoje proposto, esta questão não é desenvolvida; contudo, outras passagens da primeira Carta de João lembram que ser “filho de Deus” significa viver de forma coerente com as propostas de Deus (cf. 1 Jo 5,1-3), cumprindo os mandamentos e amando os irmãos, a exemplo de Jesus Cristo. Como é que se processa a nossa resposta ao amor de Deus? Como “filhos de Deus”, procuramos conduzir a nossa vida de acordo com os valores e as propostas de Deus?
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