A liturgia do segundo domingo do tempo pascal apresenta-nos a comunidade de Homens Novos que nasceu da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. Essa comunidade, acompanhada por Jesus, ressuscitado, vive e testemunha no mundo a Vida nova de Deus.
Na primeira leitura o autor dos Atos dos Apóstolos deixa-nos, numa das “fotografias” que tirou à comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade onde todos vivem unidos à volta da mesma fé e onde o amor fraterno se manifesta em gestos concretos de partilha e de dom. Ao viver assim, a comunidade dá testemunho da Vida nova que recebeu de Jesus.
A comunidade cristã é uma “multidão” que abraçou a mesma fé – quer dizer, que aderiu a Jesus, aos seus valores, à sua proposta. A Igreja não é um grupo unido por uma ideologia, ou por uma mesma visão do mundo, ou pela simpatia pessoal dos seus membros; mas é uma comunidade que reúne pessoas de diferentes raças e culturas à volta de Jesus e do seu projeto de vida. Que lugar e que papel Jesus e as suas propostas ocupam na minha vida pessoal? Jesus é uma referência distante e pouco real, ou é uma presença constante que me questiona e que me aponta caminhos? Que lugar ocupa Jesus na vida e na programação da minha comunidade cristã? Ele é o centro, a referência a partir da qual se articula a liturgia, a vida sacramental, a catequese, a caridade da comunidade cristã onde eu faço a minha caminhada de fé?
O Evangelho apresenta a comunidade da Nova Aliança, nascida da atividade criadora e vivificadora de Jesus. É uma comunidade que se reúne à volta de Jesus ressuscitado, que recebe d’Ele Vida, que é animada pelo Seu Espírito e que dá testemunho no mundo da Vida nova de Deus. Quem quiser “ver” e “tocar” Jesus ressuscitado, deve procurá-l’O no meio dessa comunidade que d’Ele nasceu e que d’Ele vive.
A comunidade cristã gira em torno de Jesus, é construída à volta de Jesus e é de Jesus que recebe Vida, amor e paz. Sem Jesus, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Jesus, seremos um grupo de gente que se apoia em leis, que vive de ritos, que defende doutrinas e não a comunidade que vive e testemunha o amor de Deus; sem Jesus, estaremos divididos, mergulhados em conflitos estéreis, e não seremos uma comunidade de irmãos e de irmãs; sem Jesus, cairemos facilmente em caminhos errados e iremos beber a fontes que não matam a nossa sede de Vida… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte? Escutamos as suas palavras, alimentamo-nos d’Ele, vivemos d’Ele, estamos ligados a Ele como os ramos estão ligados à videira?
É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo; é com gestos de bondade, de misericórdia, de compaixão, de perdão que testemunhamos diante do mundo a Vida nova do Ressuscitado. Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós? O amor de Jesus – amor total, universal e sem medida – transparece nos nossos gestos e na nossa vida?
A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã os critérios que definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente ama Deus, adere a Jesus Cristo e à proposta de salvação que Ele trouxe, e vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a integrar a família de Deus.
Amar a Deus e aderir a Jesus implica amar os irmãos. Quem não ama os irmãos, não cumpre os mandamentos de Deus e não segue Jesus. Como Jesus, somos chamados a testemunhar o amor de Deus a todos os que caminham ao nosso lado, especialmente aos mais pobres, aos mais humildes, aos mais frágeis, aos que a sociedade e a religião condenam, aos que os senhores do mundo e da história humilham e desvalorizam. O amor total e sem fronteiras, o amor que nos leva a oferecer integralmente a nossa vida aos irmãos, o amor que se revela nos gestos simples de serviço, de perdão, de solidariedade, de doação, de atenção, de cuidado, está no nosso programa de vida?
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