Será que podemos mesmo curar-nos das nossas maiores feridas ou vamos continuar a tentar colocar ligaduras sobre ligaduras sem nunca chegar, efetivamente, à raiz do que pode ser bálsamo para sempre?
A Páscoa e a ressurreição de Jesus respondem-nos a esta pergunta de uma forma muito clara. Podemos, mesmo, curar-nos. É possível ver o potencial das feridas mesmo além da morte e do maior dos sofrimentos.
Porque é que isso não nos parece simples, então, no dia-a-dia?
Vivemos sempre como que um pouco tombados para o sofrimento. Esperamos o pior para não sofrer tanto. Sentamo-nos com a alegria, mas desconfiamos dela como se trouxesse mau agoiro. Se eu estou tão bem agora, amanhã nem quero imaginar o que vai acontecer.
Temos pouca fé. Esperamos pouco. Acreditamos pouco. Não nos ensinam a ser felizes com o pouco ou com o muito. Ensinam-nos a temer o pior. A ter cuidado. A pensar duas vezes. A medir todos os perigos. E nessa tentativa paternalista de profunda proteção somos sempre atirados aos piores cenários como se fosse a primeira vez. Mesmo que existam, apenas, na nossa cabeça.
Esperar o bem e o bom não parece ser natural. Parece ser coisa de gente parvinha ou de pessoas espiritualmente muito evoluídas. Nunca para nós.
Mas a verdade é que este tempo de Primavera e de Páscoa pode dar-nos uma folga. Pode ensinar-nos a esperar o impensável. A acreditar no inacreditável ou, até mesmo, no impossível.
Tudo faz parte do que somos e viver sempre à espera da dor ou do sofrimento parece ser um inferno demasiado grande para aquilo a que estamos, realmente, destinados.
O nosso destino é o amor. É o bem. É o bom. É a cura de tudo com tudo.
E isso também é possível para ti.
E isso também existe.
E isso também faz parte.
Marta Arrais
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