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Jesus ressuscitou verdadeiramente? Podemos encontrar-nos com Ele? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do terceiro Domingo da Páscoa procura responder.
No Evangelho Lucas, ao narrar-nos uma aparição de Jesus ressuscitado aos discípulos, oferece-nos uma catequese sobre a forma de fazermos a experiência do encontro com Jesus, sempre vivo e presente no nosso caminho e na nossa história. A comunidade cristã é, para Lucas, o espaço privilegiado para fazermos essa experiência.
Jesus deixa aos discípulos a missão de serem “testemunhas de todas estas coisas” junto de “todos os povos, começando por Jerusalém”. A comunidade de Jesus é precisamente isto: uma comunidade de testemunhas. Isto significa, apenas, que os cristãos devem ir contar a todos os homens, com lindas palavras, com raciocínios lógicos e inatacáveis que Jesus ressuscitou e está vivo? O testemunho que Cristo nos pede passa pelo nosso estilo de vida, pelos nossos valores, pela forma como amamos e servimos, pela forma como vemos o mundo. A minha vida, os meus gestos, os meus valores dão testemunho de que Jesus está vivo e a dar Vida ao mundo? A minha vida é, como foi a de Jesus, uma luta contra o egoísmo, a maldade, a violência, o pecado? A minha vida é, como foi a de Jesus, uma luta pela justiça, pela verdade, pela dignidade dos meus irmãos, especialmente dos mais frágeis e desprezados?
A primeira leitura traz-nos um testemunho de Pedro sobre Jesus. Ele garante aos “homens de Israel” – e a nós – que esse Jesus que as autoridades judaicas tentaram calar, está vivo e continua a oferecer a Vida a todos aqueles que se dispuserem a acolhê-la. Pedro e os outros discípulos são as testemunhas de Jesus e da sua proposta de Vida.
A existência humana é uma busca incessante de Vida. Essa busca, contudo, nem sempre se desenrola em caminhos fáceis e lineares. Por vezes é cumprida num caminho onde o homem tropeça com equívocos, com falhas, com opções erradas. Aquilo que parece ser garantia de vida gera morte; e aquilo que parece ser fracasso e frustração é, afinal, o verdadeiro caminho para a Vida. Pedro garante-nos, no seu testemunho, que a proposta que Jesus veio apresentar é uma proposta geradora de vida, apesar de passar pelo aparente fracasso da cruz. Acredito firmemente que é da doação, da entrega, do amor total a Deus e aos irmãos, a exemplo de Jesus, que brota a Vida eterna e verdadeira para mim e para aqueles que caminham ao meu lado?
A segunda leitura lembra que o discípulo, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com essa opção. O cristão, mesmo depois de optar por Jesus, continua sujeito à fragilidade e ao pecado; mas confia em Jesus e procura viver de acordo com os mandamentos de Deus.
Viver de forma coerente significa, também, reconhecer a fragilidade e a debilidade que são inerentes à nossa condição humana. Para o crente, o pecado não é algo “normal” (o pecado é sempre um “não” a Deus e às suas propostas e isso deve ser visto pelos crentes como uma “anormalidade”); mas é uma realidade que o crente reconhece e que sabe que está sempre presente ao longo da sua caminhada pela vida. O autor da Carta de João convida-nos a tomar consciência da nossa condição de pecadores, a acolher a salvação que Deus nos oferece, a confiar em Jesus, o “advogado” que nos entende (porque veio ao nosso encontro, partilhou a nossa natureza, experimentou a nossa fragilidade) e que nos defende. Reconhecer a nossa realidade pecadora não pode levar-nos ao desespero; tem de levar-nos a abrir o coração aos dons de Deus, a acolher humildemente a sua salvação e a caminhar com esperança ao encontro do Deus da bondade e da misericórdia que nos ama e que nos oferece, sem condições, a vida eterna. Reconheço a minha condição de pecador, que por vezes diz “não” a Deus e opta por caminhos de egoísmo e de autossuficiência? Estou disposto a aproximar-me novamente de Deus e a acolher as suas propostas?
https://www.dehonianos.org/
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