segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Informação Paroquial

 



A Catequese Paroquial vai iniciar, estão a decorrer as inscrições.

03 de Outubro- 20h30 - Reunião de pais das crianças que se inscrevem pela primeira vez na Catequese em Arronches

05 de Outubro- 16h30 - Conferência Laudato Si "Em defesa da casa comum" na Sacristia Grande da CoCatedral de Castelo Branco

07 de Outubro - 20h00 - Missa e Procissão de Nossa Senhora do Rosário, em Arronches

12 de Outubro - Ultreia Diocesana, Santuário de Nossa Senhora de Mércoles

13 de Outubro - 12h00 - Ínicio da Catequese em Arronches

20 de Outubro . Dia Mundial das Missões

Santificai-nos na verdade…



Senhor,


peço que cortes a minha mão,

sempre que for usada para a violência e para alimentar o orgulho desmedido.


Corta o meu pé,

sempre que caminhar por estradas onde reinam os vícios e a avareza.


Corta o meu ouvido,

sempre que se abra à discórdia e à difamação.


Corta o meu olho,

sempre que se fechar perante o sofrimento de quem passa por mim.


Corta a minha língua,

sempre que semear palavras de maledicência, ciúme e inveja.


Corta o meu pulmão,

sempre que polua o ar que respiro com injustiças e calúnias.


Corta o meu coração,

sempre que não expulse os demónios que me habitam…


Hoje, choro e lamento a minha condição humana,

que anseia acumular tesouros que apodrecem nos celeiros da vida…


Senhor, Bom Deus, nosso Pai,

perante a entrega total dO Cristo aos Teus preceitos,

que eu seja capaz de acreditar em mim…


Faz-me Profeta da Boa Nova no mundo!


E…


que eu leve Jesus a Todos e Todos a Jesus,

para que todos sejam por Nós e nunca contra Nós!




Liliana Dinis,

domingo, 29 de setembro de 2024

Festa dos Santos Arcanjos

 




A Igreja celebra hoje (29) a festa dos santos arcanjos são Miguel, são Gabriel e são Rafael, que aparecem na Bíblia com missões importantes dadas por Deus.
São Miguel em hebreu significa “Quem como Deus” e é um dos principais anjos. Seu nome era o grito de guerra dos anjos bons na batalha combatida no céu contra o inimigo e seus seguidores.
Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. É chamado pelo profeta Daniel, no Antigo Testamento, de príncipe protetor dos judeus. No Novo Testamento, é citado na carta de São Judas e no Livro do Apocalipse. Aparece como protetor dos filhos de Deus e de Sua Igreja.
São Gabriel significa “Fortaleza de Deus”. Teve a missão muito importante de anunciar a Nossa Senhora que ela seria a Mãe do Salvador.
Segundo o profeta Daniel (IX, 21), foi Gabriel quem anunciou o tempo da vinda do Messias; quem apareceu a Zacarias “estando de pé à direita do altar do incenso” (Lc 1, 10-19), para lhe dar a conhecer o futuro nascimento do Precursor; e, finalmente, o arcanjo como embaixador de Deus, foi enviado a Maria, em Nazaré para proclamar o mistério da Encarnação. É ele o portador de uma das orações mais populares e queridas do cristianismo, a Ave Maria.
São Rafael quer dizer “Medicina de Deus” ou “Deus obrou a saúde”. É o arcanjo amigo dos caminhantes, médico dos doentes, auxílio dos perseguidos.
No Livro de Tobias é narrado o momento que quando Tobit, pai de Tobias e homem de grande caridade, passou pela provação da cegueira e todos lhe questionavam a fé, juntamente quando Sara era atormentada por um demônio que matava seus maridos nas núpcias. Então, ambos rezaram a Deus e foram ouvidos; e foi Rafael que foi enviado para lhes prestar socorro.
São Miguel, são Gabriel e são Rafael, rogai por nós!
  acidigital.com


A lei do Senhor

 



A liturgia do 26.º Domingo do Tempo Comum apresenta várias sugestões para que os crentes possam purificar a sua opção e viver como autênticos discípulos de Jesus. Uma das mais significativas pede-lhes que não se considerem donos exclusivos do bem e da verdade, mas sejam capazes de reconhecer e aceitar a presença e a ação do Espírito de Deus através das pessoas de boa vontade que, independentemente da sua situação e enquadramento eclesial, são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo.

A primeira leitura, a partir de um episódio ocorrido enquanto o Povo de Deus caminhava pelo deserto do Sinai, convida-nos a reconhecer e a acolher a ação do Espírito de Deus no mundo e na vida dos homens, mesmo quando essa ação se concretize através de pessoas que nos parecem “improváveis”. O verdadeiro crente aceita sempre a iniciativa de Deus, seja como for que ela se apresente, e acolhe-a com um coração agradecido.A constatação de que ninguém tem o exclusivo do Espírito convida-nos a pôr de lado qualquer atitude de fanatismo, de intransigência ou de intolerância face às perspetivas diferentes com que somos confrontados. Os preconceitos, os tiques autoritários, as condenações à priori, os julgamentos apressados, os rótulos que colocamos nas pessoas, podem ser maneiras de amordaçar o Espírito. Como lidamos com as opiniões e perspetivas que não coincidem com a nossa forma de ver as coisas? Conseguimos abordar cada opinião diferente sem preconceitos, dispostos a perceber o ponto de vista do outro?

No Evangelho Jesus desafia os discípulos a porem de lado os interesses pessoais e de grupo e a viverem na lógica do Reino de Deus. Exorta-os a não serem uma comunidade fechada, sectária, intransigente, ciumenta, arrogante, e a acolherem de braços abertos todos aqueles que se dispõem a trabalhar por um mundo mais humano e mais livre; exorta-os também a não excluírem da dinâmica comunitária os pequenos e os pobres; pede-lhes, finalmente, que arranquem da própria vida todos os sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino.O apelo de Jesus à sua comunidade no sentido de não “escandalizar” (afastar da comunidade do Reino) os pequenos, faz-nos pensar na forma como lidamos, enquanto pessoas e enquanto comunidade, com os pobres, os humildes, as crianças, os mais vulneráveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente, aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade marginaliza e rejeita… Eles descobrem, connosco, a alegria de integrar a comunidade de Jesus, ou o sofrimento de serem rejeitados, incompreendidos e magoados?

Na segunda leitura, um “mestre” cristão do séc. I, previne os crentes de que apostar a vida nos bens materiais é um mau negócio: eles desaparecem e não asseguram Vida definitiva. De resto, a obsessão com os bens materiais é fonte de injustiças e de sofrimento; e Deus nunca abençoará quem, por cobiça e ambição, explora e fere os seus irmãos.A obsessão com os bens materiais pode fazer-nos esquecer uma coisa fundamental: os bens vêm de Deus e são colocados por Deus à disposição de todos os seus filhos. Servem para que todos os filhos e filhas de Deus – e não apenas algumas – tenham uma vida digna. Trabalhamos para ter os bens necessários para viver, e isso está certo. Mas quando nos deixamos levar pela tentação de acumular mais do que o necessário, estamos a sonegar recursos que se destinam a todos. O açambarcamento egoísta de bens é uma injustiça que se dirige contra os outros filhos e filhas de Deus. Estamos conscientes disso? Estamos disponíveis para partilhar o pouco ou o muito que temos para que todos tenham o necessário para viver dignamente?
- Os discípulos manifestam ciúmes diante daqueles que não os seguem e realizam milagres. Que lugar ocupa o ciúmes em minha vida? - Em nosso meio o ciúmes às vezes se manifesta? - E se em nosso meio alguém manifesta mais talentos que nós? - Temos ciúmes de alguém que faz o bem mais que nós? - Nossa comunidade é fechada em si mesmo ou é acolhedora?

ttps://www.dehonianos.org/

sábado, 28 de setembro de 2024

Qual é o 𝙈𝙖𝙞𝙨 que nos interessa?




A humanidade encontra-se numa encruzilhada e, aparentemente, anda sem rumo e com um destino assustador. Num mundo com tanta violência e guerra, com tanto egoísmo e egocentrismo, que legado moral e ético deixamos para as gerações futuras?

Há esperança? Que solução? Que caminho a empreender? O Evangelho deste domingo aponta a direção.

O gesto de Jesus de abraçar a criança é surpreendente porque naquela época as crianças não gozavam de qualquer consideração, aliás eram consideradas irracionais e apenas objeto de educação dos adultos. A criança aqui não é símbolo de pureza e de inocência, mas de simplicidade, de disponibilidade confiante, de abandono sem cálculo, sem duplicidade de interesses. A criança que não se basta a si mesma e só vive se for amada!

Jesus abraçando a criança com ternura indica-a como um modelo a imitar, respeitar. Os mais pequenos não são modelo de perfeição, mas sabem desfrutar da beleza da existência, receber o amor sem o merecer, e confiam em quem os ama.

Isto alimenta a gratidão e afasta as disputas, os desentendimentos, que estão sempre à espreita, até mesmo entre os irmãos da mesma fé. Não é à toa que Jesus nos ensina a chamar Deus com o mesmo termo carinhoso típico de uma criança: Abba! Pai!

«Na rua discutiram entre si quem era maior». Pergunta infinita, que perseguimos há milénios.

Esta atitude dos discípulos não nos deve chocar, pois é uma postura tipicamente humana: comparar-se continuamente com os outros para ser mais, valer mais… do que os outros. São a forma de ter mais poder, de ser mais estimado, de ser mais amado.

Esta tendência para ser o primeiro, o primeiro pelo menos para alguém, para um círculo pequeno ou grande, é uma forma inata de funcionar que, muitas vezes sem nos apercebermos disso, aplicamos instintivamente.

Esta fome de poder, esta fúria de comandar foi sempre um anúncio de destruição, de guerra, de ditadura e de escravidão... Por isso é que o Reino de Deus é a inversão de valores: a atitude subjacente é a do serviço: o outro é aquele que não deve ser utilizado em benefício próprio, mas aquele que se deve servir e amar.

O outro quebra os nossos planos, rouba o nosso tempo, faz com que nos percamos até de nós mesmos, como Cristo que nos amou e deu a vida por nós. É converter a nossa vontade em vontade de servir!

Jesus está a dizer que a lógica do Reino assenta em critérios diferentes daqueles que surgem instintivamente em nós: a vida não é uma corrida, uma competição para ver quem é mais ou quem é o maior, mas é uma mistura de relações em que o mais diz respeito ao amor que se dá.

Portanto, o caminho que temos de empreender nesta encruzilhada, é o da confiança em Deus, que é Pai, e o do serviço ao outro, que é irmão.


Paulo Victória,


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Papa Francisco visita Bélgica

Bélgica: Papa pede perdão por abusos sexuais e adoções forçadas que envolveram membros da Igreja 


27 Setembro, 2024 9:55

Francisco encontrou-se com grupo de vítimas

Foto: Lusa/EPA
Bruxelas, 27 set 2024 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje os casos de abusos sexuais e adoções forçadas que se verificaram na Bélgica, falando de “dolorosos contratestemunhos” da Igreja Católica.

“Estou a pensar nos dramáticos acontecimentos do abuso de menores, um flagelo que a Igreja está a enfrentar com decisão e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando em todo o mundo um programa capilar de prevenção”, declarou, no Castelo de Laeken, no primeiro discurso da sua viagem a Bruxelas, que se iniciou na noite de quinta-feira.

A intervenção falou da necessidade de sentir “vergonha” e “pedir perdão”, para enfrentar este problema.

“A Igreja deve envergonhar-se e pedir perdão, procurar resolver esta situação com humildade”, acrescentou.

Perante autoridades políticas e representantes da sociedade civil, Francisco evocou ainda o fenómeno das “adoções forçadas”, que ocorreram na Bélgica nos anos 50 e 70 do último século.

“Muitas vezes, a família e os outros agentes sociais, incluindo a Igreja, consideravam que, para eliminar o estigma negativo que, infelizmente, recaía sobre a mãe solteira naquela época, era preferível, para o bem de ambos, mãe e filho, que este último fosse adotado”, precisou.

Segundo o Papa, “houve até casos em que não foi dada a possibilidade a algumas mulheres de escolher entre ficar com a criança ou dá-la para adoção”.


Nessas histórias espinhosas, o fruto amargo de um delito e de um crime misturava-se com o que, infelizmente, era o resultado de uma mentalidade prevalecente em todos os estratos da sociedade, de tal modo que aqueles que agiam de acordo com ela, em consciência, acreditavam fazer o bem, tanto à criança como à mãe”.

Francisco pediu que as comunidades católicas encontrem “sempre dentro de si a força para esclarecer e não se conformar com a cultura dominante, mesmo quando esta – manipulando-os – usa valores derivados do Evangelho, para deles tirar conclusões indevidas, com consequências pesadas de sofrimento e exclusão”.

Alexander De Croo, primeiro-ministro belga, disse no discurso de abertura do encontro que a Igreja tem de dar passos concretos, no combate aos abusos, que “minaram a confiança” das pessoas, porque “as vítimas têm direito à verdade, devem ser ouvidas e a justiça cumprida”.
Foto: Lusa/EPA

 

Em comunicação aos jornalistas, o Vaticano referiu que o Papa se encontrou com 17 pessoas,” vítimas de abusos por parte de membros do clero na Bélgica” .

“No decurso do encontro, que durou mais de duas horas, os participantes puderam trazer ao Papa as suas histórias e a sua dor e exprimir as suas expectativas relativamente ao empenho da Igreja contra os abuso”, refere a nota.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, assinalou que o Papa “soube escutar e aproximar-se do seu sofrimento, agradeceu a sua coragem e o sentimento de vergonha pelo que sofreram em crianças por causa dos padres a quem foram confiadas, registando os pedidos que lhe foram feitos para que os pudesse estudar”.

O encontro terminou pouco antes das 21h00 (menos uma em Lisboa).

Todas as outras vítimas que manifestaram interesse no encontro foram convidadas a “escrever uma carta pessoal, que será entregue pessoalmente ao Papa, adianta uma nota da Conferência Episcopal da Bélgica.

O organismo está a definir um plano de ação contra os abusos na Igreja Católica, “baseado em parte nas recomendações das comissões parlamentares, nos resultados da investigação em curso na Universidade Católica de Lovaina e no diálogo com as vítimas”.

Este sábado, o Papa desloca-se à Basílica do Coração de Jesus em Koekelberg, a 10 quilómetros de Bruxelas, a quinta maior igreja do mundo, para um encontro com membros do clero, de institutos religiosos e agentes pastorais, no qual vai intervir um representante do centro de acolhimento para vítimas de abusos.

OC

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Abraça(te) ...



É tempo de abraçar as nossas estações interiores...

Chegamos a uma altura na linha do tempo que precisamos parar e deixar que vida cumpra o seu caminho.

Permitir que os véus, que nos deixam com os olhos "nublados" caiam e passarmos a ver, cada dia que recomeça, com o coração.

De que vale a impaciência, se é na impermanência que a vida se dá?!

Onde está a voz que te quer falar e tu não escutas?

Quantas vezes preferes estar distraído e não ver as setas?

Será que calas as tuas emoções, em vez de as tratares como convidadas da tua casa?

Escutas o teu coração? Quantas vezes lhe agradeces por bater?

O que conheces de ti?
E o que vês no outro?

Passamos muito tempo à superfície. Vemos as folhas a voar, a chuva a cair, as flores a florir e o sol a brilhar... mas na verdade pouco vemos dentro de nós.

É tempor de abraçar as nossas estações interiores.

Fica em silêncio e escuta...
Boa semana!



Carla Correia

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

A Moda



Não raras vezes, quando as pessoas partilham que fazem algo interessante, ouvimos logo quem expresse: ”agora é moda!”. E se tinhas imensa vontade de contar esse feito e de partilhar o teu sentimento…o teu entusiasmo fica por aí e logo acaba uma conversa que nunca começou.

Já te aconteceu isso?

A mim sim, ao ponto de nem ter vontade de contar nada com medo de ou:

- de sentir a inveja alheia, que se traduz num ”ai sim…que bom!”

- a desvalorização do evento…”porque é moda”,

- ou ter de ouvir a outra pessoa contar a sua versão da mesma experiencia porque na verdade quando a outra pessoa a fez, não era moda e “aí é que foi”!

A verdade é que, às vezes, sinto um bocadinho de inveja dos bons momentos que as pessoas passam, mas apenas o sinto pois gosto de saber o que de bom se passa na vida de cada um. (Porque para saber o que é mau, nem é preciso perguntar.) Quando alguém me conta que assistiu um evento, faz uma viagem, compra algo e está feliz com isso e sente necessidade de partilhar, eu fico genuinamente feliz por essa pessoa, a menos que ela apenas o faça para mostrar que tem uma vida mais “fixe” que a dos comuns mortais como eu.

Mas fico mais aborrecida quando quero contar algo de bom que consegui, algo que fiz, algo que senti e, a outra pessoa reage com um certo desprezo. Bolas, será que se fosse uma desgraça tinha mais interesse em ouvir? Nem quero experimentar….

Lamurias á parte, imagino como teríamos relações mais positivas se treinássemos melhor esta capacidade de ouvir o outro e sentir alegria pela felicidade do outro. Se é verdade que precisamos de um ombro amigo para chorar, é também certo que a felicidade é algo tão intenso que merece ser partilhado, regado com um brinde e festejado.

Num mundo cada vez mais sombrio precisámos quem brinde às coisas boas de vida.

E tu amiga, a que brindas?


Raquel Rodrigues

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Trazer à vida o que é bom



É um dos desafios mais difíceis nos dias que correm. Os cenários à nossa volta são dantescos. Somos raptados dos nossos dias mais ou menos pacíficos para nos depararmos com tragédias permanentes à nossa volta. Ligamos a televisão e encontramos um cardápio do absurdo: incêndios, guerras, agressões em escolas, mortes, violência, desrespeito pela vida humana.

Esta constatação do trágico que mergulha rapidamente nas nossas vidas deixa-nos impotentes. Sentimos que não podemos fazer nada para ajudar os que sofrem e que os que podem não o fazem nem se preocupam. Sentimo-nos a viver numa distopia constante onde já não conseguimos distinguir o real do imaginário. O sério do leviano. O simples do complicado. Tudo se une numa bola de caos que não queremos engolir nem digerir.

O que nos sobra então, quando nos deparamos com dias tão difíceis? Tão repletos de dor e de destruição?

Sobra-nos a certeza de só podermos fazer o que está ao nosso alcance, mesmo que nos pareça pouco.

Sobra-nos a oração que nos coloca num lugar de espera e de esperança. Num lugar de quem se quer deixar nas mãos dAquele que sabe mais (e melhor) do que nós.

Sobra-nos a coragem de viver cada dia que nos é dado da melhor maneira possível com aqueles que nos fazem companhia nestes cenários confusos.

Sobra-nos a capacidade de sentir empatia pela dor do outro e de nos conseguirmos colocar no seu lugar, aproximando-nos do seu sofrimento e da sua realidade.

Sobra-nos o viver no momento presente com moderada preocupação pelo que não está ao alcance do nosso controle.

Tudo isto parece vazio para quem vive uma tragédia ou para quem sente que perdeu tudo.

Que seja nesse vazio que nos permitamos encontrar com o nosso irmão magoado, sem esperança e sem alento.

E que desse vazio possa voltar a nascer a fé de que o amanhã há de ser um bocadinho melhor do que o hoje.


Marta Arrais

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Batizar as crianças



D. Antonino Dias, Bispo Diocesano 
                                           

“Não vos esqueçais, batizai as crianças”, apela o Papa Francisco. A prática de batizar as crianças é imemorial na Igreja, atestada desde o século II, mas desde o princípio se batizavam famílias inteiras, incluindo as crianças. A Tradição Apostólica de Hipólito, do século III, prescreve: “Batizai, em primeiro lugar, as crianças: todos aqueles que possam falar por si, que falem; para aqueles que, ao contrário, não podem falar por si mesmos, que falem os progenitores ou alguém de sua família”. São Cipriano afirma que não se pode negar a ninguém esta graça de Deus, seja qual for o seu estatuto e idade, podendo-se batizar as crianças “logo no segundo ou terceiro dia após o nascimento”. Orígenes afirma que batizar as crianças é de tradição apostólica. Quem foi batizado em idade adulta, como São Basílio, São Gregório de Nisa e Santo Agostinho pediam que não se adiasse o Batismo das crianças. Santo Ambrósio e São João Crisóstomo defendiam o mesmo. Os Concílios de Cartago, Viena, Florença e Trento, falam positivamente do Batismo das crianças. Todo o Magistério da Igreja sempre tem declarado que o Batismo deve ser conferido às crianças para que renasçam pela água e pelo Espírito para a vida divina em Jesus Cristo. É o sacramento da fé, um princípio chamado a desenvolver-se, na família e na comunidade.


Que discutíeis no caminho?




Senhor…

ser Criança é tão belo!

Coração puro.

Pensamento sem inveja.

Mãos sem rivalidade.

Obras grandiosas e sem cobiças.


As Crianças…

Não sabem armar ciladas, nem caem na mentira.

Anseiam a justiça de Deus.

Acreditam que O Pai vem sempre em seu auxílio e

que é o Senhor quem sustenta as suas vidas.

Olham para o Pão Vivo com Amor profundo

e reconhecem a Esperança de um sorriso partilhado.


A Oração de uma Criança sai do seu coração

e semeia no coração de quem a escuta uma Fé sem medida.

Abrem as portas da sua vida

para que a vontade d’ Aquele que enviou Jesus se cumpra na Terra.

Genuinamente, levam Jesus a Todos e Todos a Jesus.


Jesus é a eterna Criança…

sabia que seria entregue às mãos dos homens e que seria morto…

Mas, a Ressurreição era a Sua meta!


Nunca quis ser o primeiro…

é o Primogénito de Deus!

Nunca quis ser servido…

é o servo que tira o pecado do mundo!


E nós?

Porque não somos como as crianças?


Liliana Dinis


domingo, 22 de setembro de 2024

Humildade e serviço!

 






A liturgia do 25.º Domingo do Comum convida-nos a escolher entre a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus”. A “sabedoria do mundo” talvez nos torne importantes, humanamente falando; mas apenas nos proporciona uma felicidade efémera. A “sabedoria de Deus”, por outro lado, não nos assegura glórias e triunfos humanos; mas leva-nos ao encontro de algo infinitamente mais valioso: a Vida verdadeira e eterna.

No Evangelho Jesus, imbuído da lógica de Deus, apresenta aos discípulos o caminho que se dispõe a percorrer: é o caminho do dom da vida, do amor até ao extremo, da entrega na cruz. Jesus está plenamente convencido de que esse caminho é o caminho que conduz à Vida plena. Mas os discípulos, impregnados da lógica do mundo, têm dificuldade em comprometerem-se com essa opção: preferem as honras, os privilégios, o poder. Jesus, no entanto, não está disposto a baixar a fasquia; e avisa-os de que quem não estiver disponível para abraçar a “loucura da cruz”, não terá lugar na comunidade do Reino.O Batismo é, para todos os crentes, o momento em que se encontram com Jesus e optam por Ele (mesmo que esse momento tenha ocorrido numa idade em que não tinham plena consciência das implicações dessa opção, entretanto renovada posteriormente); é o momento em que os crentes escolhem a “sabedoria do alto” e passam a conduzir a sua vida pelos critérios de Deus. Ungidos no batismo com o óleo do crisma, os batizados são escolhidos para serem sinais de Deus e rostos vivos dessa Vida nova que Deus quer propor ao mundo e aos homens. Coerentes com a sua opção batismal, os crentes fazem a diferença e anunciam – com as suas palavras, com os seus gestos, com a sua vida – um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno, mais feliz para todos os filhos e filhas de Deus. Vivemos conscientes de que esta é a vocação a que são chamados todos os batizados? Procuramos viver de forma coerente com os compromissos que assumimos no dia do nosso Batismo? Os valores que conduzem a nossa vida e que testemunhamos são os valores que brotam da “sabedoria do alto”?

Na segunda leitura, um “mestre” cristão do primeiro século exorta os discípulos de Jesus a viverem de acordo com a “sabedoria do alto”, que é fonte de paz, de misericórdia e de frutos bons. A recusa em viver de acordo com a “sabedoria do alto” gera divisões, conflitos, ciúmes, discórdias, que causam sofrimento pessoal e impedem a comunhão dos irmãos.O Batismo é, para todos os crentes, o momento em que se encontram com Jesus e optam por Ele (mesmo que esse momento tenha ocorrido numa idade em que não tinham plena consciência das implicações dessa opção, entretanto renovada posteriormente); é o momento em que os crentes escolhem a “sabedoria do alto” e passam a conduzir a sua vida pelos critérios de Deus. Ungidos no batismo com o óleo do crisma, os batizados são escolhidos para serem sinais de Deus e rostos vivos dessa Vida nova que Deus quer propor ao mundo e aos homens. Coerentes com a sua opção batismal, os crentes fazem a diferença e anunciam – com as suas palavras, com os seus gestos, com a sua vida – um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno, mais feliz para todos os filhos e filhas de Deus. Vivemos conscientes de que esta é a vocação a que são chamados todos os batizados? Procuramos viver de forma coerente com os compromissos que assumimos no dia do nosso Batismo? Os valores que conduzem a nossa vida e que testemunhamos são os valores que brotam da “sabedoria do alto”?

A primeira leitura
desvenda a estratégia dos “ímpios” para lidarem com os “justos” que os incomodam. Os “justos”, incompreendidos, desprezados, hostilizados a cada passo pelos “ímpios”, não terão uma vida fácil e indolor; mas, coerentes com a sua fé, viverão com o coração cheio de paz e saberão que Deus está do lado deles.Quem escolhe a “sabedoria de Deus”, não tem uma vida fácil. Com frequência será incompreendido, caluniado, escarnecido, desautorizado, perseguido, torturado – como aconteceu com Jesus. É claro que o sofrimento, a incompreensão, a perseguição, são assustadores; mas devem ser vistos como consequência natural da fidelidade a Deus e aos seus valores. Não devemos ficar preocupados quando o mundo nos persegue; devemos ficar preocupados quando somos aplaudidos e adulados por aqueles que escolheram a “sabedoria do mundo”. Alguma vez o medo de sermos incompreendidos e perseguidos nos impediu de sermos testemunhas coerentes da “sabedoria de Deus”?

Um bom propósito: considere-se cada qual o último e esteja pronto a servir a todos. Será o maior pela humildade!

 Recadinho
 - Minha vida é dominada pela simplicidade, mansidão e humildade? - Busco ser manso e humilde de coração? - Tenho algum motivo para me orgulhar? - Lembro-me sempre de que o caminho do Reino passa pela cruz? - Jesus fala de simplicidade, de amor, enquanto seus discípulos discutem sobre quem será o maior! O que pensar disso?


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sábado, 21 de setembro de 2024

Peregrinação anual do MCC



Tal como programado e divulgado na Ultreia Diocesana, iremos realizar a nossa Peregrinação anual, do M.C.C.Desta vez ao Santuario de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa. Vamos começando a organizar-nos. Em breve daremos informações mais concretas.





Falar baixinho a rezar...



Procura dentro de ti a paz...
Encontrarás lugares seguros que te fazem viver a vida com amor.

Procura dentro de ti a força...
Enfrentarás os desafios, afirmando quem tu és.

Procura dentro de ti a verdade...
E no silêncio a escutarás.

Reconhece na realidade habitual, o que não é habitual. Olha para a vida como um lugar sagrado, de aprendizagem constante, onde podes desfrutar da viagem com o coração atento ao que cada momento te quer dizer.

Percorre e alcança o que amas, enriquece-te de experiências... junta-te a quem te faz sorrir a alma.

"Fortalece o teu corpo, acalma a tua mente, descobre o teu coração".

E descansa..."descansa no amor" (Madre Teresa de Calcutá)

Boa semana!



Carla Correia


sexta-feira, 20 de setembro de 2024

DE QUEM SERÁ ESSA RESPONSABILIDADE?

 


Continuamos a celebrar o jubileu dos 475 anos da nossa Diocese. O povo de Deus, por Arciprestados, vai rumando à catedral. É um tempo de festa, de alegria, de avaliação. É um tempo favorável e propício para colocar a reconciliação com Deus e com os outros no centro da vida. Repensar a própria existência, pedir perdão dos pecados com toda a confiança no Deus da misericórdia e reavivar o propósito de, como comunidade diocesana, refundar um clima coletivo de maior empenho na evangelização de todos, sendo todos protagonistas dessa evangelização, são desafios sempre presentes e desejáveis.
Atravessamos a porta santa, somos ‘peregrinos da esperança’. A porta sempre teve grande importância na história da humanidade, como elemento de acolhimento, de segurança, de proteção, de defesa, de passagem entre a vida e a morte entre a morte e a Vida.
Na âmbito cristão, a porta tem valor espiritual. Em Ezequiel é mencionada como a passagem pela qual a glória de Deus entra na casa e também na alma (cf. Iz 43, 1-4). No Evangelho de São João, Jesus fala de si mesmo como sendo a porta” (Jo 10,7). Passar pela porta santa, a porta que declaramos como tal para a celebração deste nosso jubileu, é um exercício simbólico para aqueles peregrinos da esperança que, livremente, querem seguir Jesus, encontrando nele a redenção, a segurança, o acolhimento, o perdão, o sentido para a vida. Não é um gesto mágico nem uma mania, muito menos uma espécie de 'Maria vai com as outras'. É um gesto cujo valor muito depende de como cada um se prepara para a transpor e dos propósitos que o acompanham, para o presente e para o futuro. Cada peregrino é convidado a cruzar a porta com espírito de conversão, de renovação, com uma atitude na qual mostre a si mesmo que está a pensar no que significa a sua passagem por aquela porta (Eu sou a porta, disse Cristo). Nessa atitude, cada peregrino faz a oração que a sua devoção lhe ditar, confia em Deus que é rico em misericórdia e avança com aquela alegria e confiança de quem se sente amado e acolhido por Jesus, a única e verdadeira Porta, o Deus misericórdia.
A Diocese foi criada para melhor evangelizar e se criar uma maior consciência da vocação batismal à santidade. Em todos os tempos, todas as pessoas, seja qual for o seu estado de vida, são chamadas à santidade. Essa é a primeira e fundamental vocação de ‘todos, todos, todos’, a vocação à santidade. Como afirma o Papa Francisco, “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais (Alegrai-vos e Exultai, 14).
Como seria bom se, de facto, todos avaliassem o seu desempenho na construção da própria santidade. A vivência desta vocação universal também levaria a uma maior responsabilidade no discernimento e vivência da vocação específica de cada um. Somos ricos em gente tão boa e tão generosa, mas tão pobres que estamos no campo da cultura vocacional em geral!... Até a vocação ao matrimónio tão maltratada anda!...
Mas, o que é preciso fazer e todos o podem fazer? Antes de mais, é preciso fazer com que todos aceitem e vivam o dom da vida como vocação, seja qual for a opção que cada um já fez e nela vive ou a opção que, sobretudo os jovens, ainda vão fazer. A responsabilidade de fomentar a pastoral vocacional ao matrimónio, ao ministério ordenado, à vida consagrada ou na vida laical compete a toda a comunidade dos crentes, a cada crente, mesmo que anónimo. Compete a avós, pais, irmãos, professores, catequistas, escuteiros, amigos, agentes da pastoral, treinador desportivo, membro de associação, confraria ou irmandade, movimento de apostolado, bispo, sacerdote, diácono e outros. Pertence a todos, a todos os membros da comunidade cristã, sem exceção, e mesmo a quem, não se sentindo membro da comunidade cristã, deseja que cada um dos seus familiares, amigos ou conhecidos seja feliz dando sentido à vida. Tantas pessoas testemunham de forma tão bela e agradecida a ajuda que alguém lhes prestou nesse discernimento da opção vocacional que agora vivem com tanta alegria e êxito! Quando esta missão for, de facto, assumida por todos, a renovação da Diocese e da própria sociedade acontecerá, as comunidades serão mais criativas e mais envolventes, todos partilharão das suas preocupações e necessidades, dos seus problemas e soluções, das suas alegrias e tristezas. Todos entenderão que a Igreja, que somos todos, “não evangeliza porque foi posta perante o grande desafio da secularização, mas porque deve ser obediente ao mandato do Senhor de levar o Seu Evangelho a toda a criatura” (Rino Fisichella, A Nova Evangelização, Ed. Paulus, p.95). A Igreja existe para evangelizar.

D. Antonino Dias . Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo-Branco, 20-09-2024.

Lá vamos nós outra vez.


Chamemos-lhe recomeçar, retomar, regressar ou simplesmente voltar às rotinas, ao caminho que já estava a ser trilhado, chamemos-lhe o que quiser mas: ”lá vamos nós outra vez”. De quando em quando temos a oportunidade de nos desviarmos do caminho, de fazer uma pausa e até ponderar novas oportunidades, mas para a grande maioria de nós, após essas pausas, voltamos ao caminho, às rotinas e aos mesmos encontros. Excecionalmente somos forçados a mudar de caminho e encontrar novos rostos, projetos e desafios, e que bom que isso é, mas rapidamente se torna uma rotina e caímos no enfado:” lá vamos nós outra vez”. Recomeçam as canseiras, preocupações, o “corre corre” e o toque do despertador.

Mas que bom que é termos um sítio para ir, termos um projeto ainda que aborrecido, para fazer.

Que bom que é reencontrar as pessoas, fazer o caminho que já sabemos de cor.

Que bom que é termos um porto seguro.

Que bom que é termos um “outravez” na vida, seja para o bem seja para o mal pois significa que estamos mais preparados para o que aí vem. E se assim for então temos a oportunidade de fazer tudo outra vez, mas melhor.

Venham, outra vez, sorrisos, mas mais genuínos.

Venham, outra vez, palavras, mas mais inspiradoras e positivas.

Venham, outra vez, gestos cada vez mais cuidados e repletos de amor.


É que dificilmente poderás ter aquela oportunidade e o momento para fazeres “outra vez” o que tem de ser feito e, outras vezes tem a sorte de poderes fazer uma e outra vez até ficar bem feito.


E tu amiga, o que te apetece fazer outravez?



 Raquel Rodrigues


Raquel RodriguesCronista "Cartas a uma amiga"

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A vida é uma luta sem fim



Há cada vez mais distrações na nossa sociedade. É hoje mais difícil dedicarmo-nos ao que é essencial na nossa vida. A vida anda tão agitada que já quase ninguém consegue parar um pouco e focar-se no mais importante.

E o mais valioso não está em mim… está no outro, que está próximo, ali mesmo, diante de mim.

Se medito na minha vida, é possível que me perca por entre tantas possibilidades, tantos passados, uns mais verdadeiros que outros. E em tantos futuros, uns mais agradáveis do que outros. Mas quantas pessoas conseguiram escolher bem o seu destino e o seu caminho para lá chegar, só ao admirarem-se a si mesmas?

Precisamos de nos mudar a nós mesmos, em vez de esperar que o mundo se ajoelhe para nos ajudar. Temos de lutar sem procurar descanso para manter o nosso coração a salvo de tudo o que procura escravizá-lo, convencendo-o de que a paz e a felicidade que aspira são impossíveis.

O mal não nos quer matar; quer-nos submissos a fazer-lhe as vontades todas. Esquecidos do que somos e que podemos ser. O mal quer-nos rendidos e é por isso que nos distrai ao ponto de, perdidos por entre tantos dos seus brilhos aparentes, fazer com que nos esqueçamos da luz.

Fortalece-te e guarda o teu coração como que num castelo. Mas não te deixes ficar aí. Vai ao encontro de outros corações desprotegidos e cuida deles.

Assegura-te de que não há nada por mais encantador ou temível que seja que desvie a tua atenção do caminho que tens de sonhar, construir e percorrer.

Terás de recomeçar vezes sem fim, e isso desgasta ainda mais do que os próprios combates, fazendo com que pareça que nenhum deles vale a pena e que, afinal, nada faz sentido. A vida é uma luta constante, não é a história de uma batalha difícil, única e definitiva, que se vence e com isso se alcança a grandeza para sempre. Não é assim.

O bem quer-nos vivos e a lutar pela vida, pela nossa e pela dos outros, sempre. Renovando a cada dia essa decisão de estarmos ao serviço do amor e com isso a caminho da nossa paz e da nossa felicidade, que devemos continuar a fazer por merecer. Todos. Juntos.

O nosso triunfo há de ser feito através de muitos fracassos e catástrofes. A nossa glória há de ser alcançada por termos conseguido manter a nossa fé, apesar de tudo.


José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

MCC- intendências coletivas

Cursilhistas divulgamos as intendências coletivas para aqueles que possam se unam em oração.





 

Um problema de cada vez!




Há poucos dias li uma frase que me deixou a pensar; dizia o seguinte:

“80% dos teus problemas estão no futuro… Desses, 99% nunca vão acontecer”.

A simples leitura desta frase impactou-me profundamente. Senti que muitos de nós vivem exatamente no avesso dessa frase. Vivemos a pensar, tantas vezes, nos inúmeros problemas que podem surgir a seguir. Seja num futuro próximo ou num futuro mais longínquo. E essa forma de estar no dia-a-dia acaba por nos hipotecar, realmente, o momento presente.

Afinal, se estamos a conjeturar uma série de eventuais problemas que podem nem chegar a existir, estaremos (de alguma forma) a vivê-los e a experimentá-los sem haver qualquer razão para isso.

Claro que isso não significa que devemos optar por não planear, não prever ou antever, até porque sabemos que a vida nos brinda sempre com os mais variados imprevistos e imponderáveis. No entanto, sabemos lá nós se os problemas imaginados vão corresponder aos problemas reais? Quem sabe se enquanto nos preparamos para os problemas que criamos mentalmente, não nos despistamos mais intensamente quando nos depararmos com o problema verdadeiro?

Por todas estas razões valerá a pena construir uma voz interna que nos motive para viver no presente, com tudo aquilo que este “presente” nos oferece a cada momento.

Estar aqui e agora é um desafio tremendo nos dias que correm. Ou estamos no passado (a pensar no que foi e no quanto queríamos que tivesse sido diferente) ou estamos no futuro, a hipotecar o momento que, hoje, nos é dado a viver.

Numa altura em que tantos de nós regressamos ao trabalho e às tarefas mais automáticas, depois de um tempo de maior lazer e calma, é natural que estes problemas apareçam com uma força maior. Tanto os imaginados como os reais. No entanto, se nos comprometermos a ir vivendo um dia de cada vez, qualquer desafio poderá ser enfrentado com uma consciência maior e melhor.


Marta Arrais

terça-feira, 17 de setembro de 2024

INCÊNDIOS 2024 MENSAGEM DE SOLIDARIEDADE DA CEP




A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) acompanha, dolorosa e solidariamente, a trágica situação dos incêndios que assolam o nosso país e une-se em oração, pedindo a Deus pelo sofrimento de todas as pessoas e famílias atingidas nesta devastação, especialmente as que sofreram a inestimável perda dos seus entes queridos.
Neste momento, a CEP deixa uma palavra de coragem e profunda gratidão aos bombeiros que, pondo em risco as suas próprias vidas, combatem as chamas incansavelmente, bem como às demais forças de segurança, entidades civis e voluntários que desenvolvem todos os esforços para salvar vidas e evitar mais perdas de bens.
Com um olhar de esperança no futuro e na certeza da responsabilidade que a todos compete para superar as adversidades, a Conferência Episcopal deixa ainda o seu apelo para que haja um firme compromisso na prevenção. Relembra, a esse propósito, a Nota Pastoral «Cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios» (abril de 2017):
“Para a mudança de mentalidade e hábitos sociais, tão necessária para a prevenção e o combate aos incêndios, há que mobilizar toda a sociedade, nas suas diversas instâncias: o Estado com os seus responsáveis mais diretos; a Igreja e todas as outras confissões religiosas; as autarquias locais de maior e menor amplitude; as escolas nos seus sucessivos graus de ensino; a comunicação social nas suas diversas expressões; as mais variadas associações e muitas outras instituições, seja qual for a sua dimensão. Mas todos de forma concertada”.
A Conferência Episcopal manifesta particular proximidade para com as dioceses mais atingidas por este drama dos incêndios, apela às comunidades cristãs a que tudo façam para comprometer os seus membros nesta causa que é tão cristã quanto humana e pede que todos sigam as orientações dadas pelas autoridades.


Lisboa, 17 de setembro de 2024

PALAVRA QUE UNE

SABIA QUE              




Mons. Paulo Dias

 A palavra «paróquia» vem do latim parochia e do grego paroikía, que sig nifica «proximidade», «residência comum». Formam a paróquia aque les que «vivem junto de» ou «habitam nas proximidades». Segundo o senti do bíblico, a Igreja é paroikía, isto é, uma comunidade de crentes que se consideram estrangeiros (Ef 2,19), de passagem (1Pe 1,17), emigrantes (1Pe 2,11) ou peregrinos neste mun do (Heb 11,13). No século II, era sinó nimo de «comunidade cristã» ou «Igreja particular». A primeira notícia que chegou até nós, é do tempo do papa S. Dâmaso (259-268). A partir do século IV, começam a ser criados centros missionários nos quais se atendiam os catecúmenos e que acabaram por se tornar paró quias: circunscrições menores de pendentes da circunscrição maior ou diocese. A partir do século V, multi plicam-se os centros de culto, quer no campo quer na cidade para que o acesso à liturgia e aos sacramentos seja facilitado aos fiéis: constavam de um salão para a assembleia, um batis tério, um armazém para as ajudas ca ritativas e uma casa para o presbítero. Com a reforma carolíngia do século VIII, a estrutura imperial impõe-se à organização eclesiástica; o seu go verno foi dividido em dioceses e paróquias, sendo os Bispos e sacerdotes obrigados à residência local. Os fiéis pertenciam à paróquia em cujo território tivessem domicílio e aí tinham que cumprir as obrigações do precei to dominical e pascal, da paga dos BREVEMENTE: 21 de setembro de 2024 dízimos e primícias, do batismo dos f ilhos, dos funerais em terreno sagra do e da receção dos sacramentos. O concílio de Trento considerou a paróquia como órgão principal da pastoral, recomendando aos Bispos que constituíssem uma paróquia em cada povoação, com um pastor próprio nela residente. O Código de Direito canónico de 1917 define a paróquia como «uma parte territorial da dioce se com a sua igreja própria e população determinada, confiada a um reitor especial como seu pastor próprio, para prestar às almas a necessária atenção», segundo a tripla função: caritativa, catequética e sacramental. O concílio Vaticano II não dedicou nenhum capítulo específico à instituição paroquial. A paróquia, porém, passou a ser entendida como comunidade de fiéis e não tanto como instituição jurídica. O Código de Direito Canónico de 1983 define a paróquia como «uma certa comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, cuja cura pastoral, sob a autoridade do Bispo diocesano, está confiada ao pároco, como a seu pastor próprio» (c.515 §1). O elemento fundamental é o caráter pessoal: «communitas christifidelium», porção do novo Povo de Deus convocada pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, especialmente pelo sacramento da Eucaristia. Nela estão presentes: o anúncio da Palavra de Deus, a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos, a comunhão do Espírito Santo, o ministério ordenado, a oração, o serviço da caridade. A paróquia é verdadeiramente Igreja: comunidade de fé, de celebração, de caridade e de presença missionária na sociedade e no mundo. Embora insuficiente por não ser capaz, só por si, de realizar toda a missão evangelizadora, mas é através dela que a maior parte das pessoas entra em contato com a Igreja. É ao Bispo diocesano que compete erigir, suprimir ou mudar as paróquias, tendo ouvido previamente o Conselho presbiteral. A paróquia legitimamente ereta, tem personalida de jurídica de direito próprio, representada pela figura do pároco. A paróquia não é uma estrutura es sencial da Igreja, como o é a Igreja particular presidida pelo Bispo, mas uma estrutura derivada que, ao longo da história, se foi configurando de diferentes formas. Todavia, é imagem da Igreja universal na sua visibilidade local, a comunidade de referência para a maior parte dos cristãos. O novo Código de Direito Canónico deu lugar a novas e diversas formas, sendo a configuração das paróquias tão ampla como as necessidades pastorais e a situação do clero em cada Diocese, abrindo a possibilidade para novas configurações de Paróquias e novas propostas de assistência e dinamização pastoral da Paróquia tradicional.


Renuncie a si mesmo…



Perante tudo o que a vida me apresenta,

que eu seja capaz de beber da Tua Cruz, Jesus,

a água que me purifica os pensamentos.

Que eu não resista, nem recue,

porque sei que Tu, vens sempre em meu auxílio.



No Caminho do dia a dia,

que eu frutifique os meus passos

na Cruz que preparasTe para mim,

no sangue que derramasTe pela humanidade inteira.

Sei que é, e sempre será na Cruz,

o local mais belo onde escutas a minha voz e sinto o Teu amor infinito.



Aceita, Senhor da Vida, Nosso Pai, cada gesto meu.

Quero levar Jesus a Todos e Todos a Jesus,

numa partilha diária da Fé que cria obras de amor.

Que a minha Cruz seja sinal de Perdão,

de diálogo e entreajuda com os irmãos,

de olhares que irradiam luz,

de sorrisos que provocam alegria.



E… ao tomar a minha cruz,

consciente que as adversidades são muitas,

mas as maravilhas que edificas em mim são muito mais numerosas…

vem ao meu encontro em forma de Pão Sagrado,

para que eu professe a minha Fé, ao acolher-Te no coração.



Bem sei que só Tu: “És o Messias!”

O Amigo de todas as horas!



Obrigada, Senhor Jesus…



Liliana Dinis

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Peregrinação à Porta Santa do Arciprestado de Portalegre




Em tempo de Jubileu diocesano (475 anos da Diocese de Portalegre) e às portas do Jubileu universal “Peregrinos na Esperança” (ano 2025, o primeiro do séc XXI), a Igreja sente-se peregrina e prepara-se para peregrinar. A peregrinação foi sempre um momento significativo na vida dos crentes. É um momento e é a vida inteira. É uma oração caminhada e um caminho rezado. Pés a caminho, metas físicas como pedagogia das metas espirituais da conversão, fazem da peregrinação um momento único de crescimento na comunhão com Deus e com a Igreja. Quando peregrinamos queremos chegar a um objectivo (Porta Santa, Santuário, Igreja jubilar, etc), mas também queremos viver uma maior identificação cristã na santidade de vida. Quem peregrina não faz apenas um conjunto de quilómetros; é chamado sim a fazer uma mudança de vida. Caminha-se desafiado por esse ideal que tem a força suficiente para nos mover de “onde estamos” até às atitudes e comportamentos que nos “identificam com as experiências e os locais” aonde queremos chegar. Por isso o caminho com os pés é uma parábola do caminho interior com a vida e as atitudes que se adoptam.
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 Qualquer peregrinação é uma experiência de comunhão. É comunhão com todos os que caminham, mesmo que não o façam connosco, no mesmo trajecto, ao mesmo tempo, ou com o mesmo passo. É comunhão com todos os inquietos da vida, com todos os que procuram sentido mais pleno para as suas existências diárias, com todos os que percebem Deus e o seu Reino como o grande desafio que é possível concretizar e fazer realidade. Quando caminhamos em conjunto, o caminho ganha outro sentido e torna-se mais leve a dificuldade de caminhar

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Cón. Emanuel Matos Silva 
 








Um pedacinho de esperança para ti




Para ti, que às vezes também tens medo: ainda há abraços que nos refugiam.

Para ti, que às vezes também te faltam as forças: ainda há mãos que nos confortam.

Para ti, que às vezes também não estás bem: ainda há olhares que nos cuidam.

Para ti, que às vezes também tens dias cinzentos: ainda há sorrisos que nos fazem sorrir.

Para ti, que às vezes também tens dores que não passam: ainda há gestos que nos curam.

Para ti, que às vezes também ficas sem chão: ainda há colos que nos amparam.

Para ti, que às vezes também te falham as palavras: ainda há corações que nos sentem.

Para ti, que às vezes também te inquietas: ainda há almas que nos serenam.

Para ti, que às vezes também duvidas: ainda há pessoas boas, que nos fazem acreditar.

Para ti: é (sempre) o amor que nos salva.


E esse amor que nos salva, sabes? É a melhor parte. Da vida. De tudo.


Daniela Barreira

domingo, 15 de setembro de 2024

Tomar a Cruz

 



Por que caminhos temos de andar para que a nossa vida seja plenamente realizada? A liturgia do 24.º Domingo do Tempo Comum responde: a realização plena do homem passa pela obediência aos projetos de Deus e pelo dom total da vida aos irmãos. Quem quiser salvar a sua tranquilidade, o seu bem-estar, os seus interesses, os seus bens materiais, destruirá a sua vida para sempre; quem aceitar servir de forma simples e humilde, cuidar dos mais frágeis e necessitados, lutar por um mundo mais justo e humano, alcançará a plenitude da existência, pois a sua vida alimenta-se de amor.

A primeira leitura
traz-nos a palavra e o drama de um profeta anónimo, que no cumprimento da sua missão, enfrenta a incompreensão, a prisão, a tortura, a condenação. Apesar de tudo isso, o profeta não sente que a sua vida tenha sido um fracasso. Está absolutamente convicto de que Deus virá em seu auxílio e fá-lo-á triunfar sobre a perseguição e a morte. Os primeiros cristãos viram neste “servo de Deus” a figura de Jesus.Temos consciência que a nossa missão profética passa por sermos Palavra viva de Deus que ecoa no mundo dos homens? Nas nossas palavras, nos nossos gestos, no nosso testemunho, a proposta libertadora de Deus alcança o mundo e o coração dos homens?
O profeta/servo da nossa leitura garante-nos que nunca desistirá da missão que lhe foi confiada porque confia em Deus: sabe que Deus estará sempre com ele e que nunca o desiludirá. Que fantástica expressão de confiança e de fé! Seremos capazes de dizer, com convicção, a mesma coisa? Acreditamos que Deus nunca nos desiludirá?

O Evangelho
apresenta Jesus como o Messias de Deus, enviado pelo Pai para indicar aos homens o caminho que conduz à Vida verdadeira. Ora, segundo Jesus, o caminho da Vida plena e definitiva é o caminho da cruz, do dom da própria vida, do amor até ao extremo. Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo, tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada crente. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”?
Evangelho do vigésimo quarto domingo comum coloca frente a frente a lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus). A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no triunfo, no êxito; garante-nos que a vida só tem sentido se estivermos do lado dos vencedores, se tivermos dinheiro em abundância, se formos reconhecidos e incensados pelas multidões, se pudermos cercar-nos de bem-estar e garantir que os nossos dias decorram tranquilos e confortáveis, se assegurarmos a nossa quota de poder e influência… A lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos; garante-nos que a vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade… Na nossa vida de cada dia estas duas perspetivas confrontam-se, a par e passo e exigem de nós um posicionamento claro. Qual é a nossa escolha? Na nossa perspetiva, qual destas duas propostas apresenta um caminho de felicidade seguro e duradouro?

Na segunda leitura
, um “mestre” cristão lembra aos seus irmãos na fé que o seguimento de Jesus não se concretiza com belas palavras ou com teorias muito bem elaboradas, mas com gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, de solidariedade para com os irmãos.O que é ser cristão? O nosso compromisso cristão é algo que se vive a nível da teoria, ou do compromisso vital? O que caracteriza um cristão não é o conhecimento de belas fórmulas que expressam uma determinada ideologia, nem o cumprimento exato de ritos vazios e estéreis, nem uma assinatura feita no livro de registos de batismo da paróquia, mas é a adesão a Cristo. Ora, aderir a Cristo (fé), significa conformar, a cada instante, a própria vida com os valores de Cristo, seguir Cristo a par e passo no caminho do amor a Deus e da entrega total aos irmãos. Não se pode fugir a isto: a nossa caminhada cristã não é um processo teórico e abstrato concretizado num reino de belas palavras; mas é um compromisso efetivo com Cristo que tem de se traduzir, a cada instante, em gestos concretos em favor dos irmãos. A nossa fé em Jesus e na Vida que Ele nos propõe traduz-se em obras concretas em favor dos nossos irmãos, especialmente dos mais necessitados?
O que é ser cristão? O nosso compromisso cristão é algo que se vive a nível da teoria, ou do compromisso vital? O que caracteriza um cristão não é o conhecimento de belas fórmulas que expressam uma determinada ideologia, nem o cumprimento exato de ritos vazios e estéreis, nem uma assinatura feita no livro de registos de batismo da paróquia, mas é a adesão a Cristo. Ora, aderir a Cristo (fé), significa conformar, a cada instante, a própria vida com os valores de Cristo, seguir Cristo a par e passo no caminho do amor a Deus e da entrega total aos irmãos. Não se pode fugir a isto: a nossa caminhada cristã não é um processo teórico e abstrato concretizado num reino de belas palavras; mas é um compromisso efetivo com Cristo que tem de se traduzir, a cada instante, em gestos concretos em favor dos irmãos. A nossa fé em Jesus e na Vida que Ele nos propõe traduz-se em obras concretas em favor dos nossos irmãos, especialmente dos mais necessitados?


https://www.dehonianos.org/

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O PREÇO DA NOSSA LIBERDADE ESTÁ NA CRUZ!...



O mundo ainda não entendeu, é certo! Não quer entender! A cruz continua a ser loucura para uns e escândalo para outros. No entanto, inúmeros zelosos pelo aniquilamento de outros, continuam a levantar cruzes sem conta. Cristo continua a ser crucificado, todos os dias e da forma mais triste e revoltante, mais cruel e mais ignominiosa, na pessoa dos frágeis e inocentes, dos pobres e marginalizados, dos perseguidos e presos, dos torturados e mortos, de tantos famintos e sem abrigo, de quem sofre violência e desprezo, só porque sim. Há quem não queira entender e se julgue dono dos outros e disto tudo, sentindo-se no direito de usar da sua prepotência e da sua ambição, esmagando, destruindo, matando. Da cruz, porém, continua a brotar a mensagem mais revolucionária e transformadora de todos os tempos. A arma usada na ‘guerra’ provocada por essa feliz revolução é só uma. É a arma do amor, uma arma que não faz barulho nem destrói a partir de fora, mas revoluciona e transforma a partir de dentro, do coração. Uma arma sempre atual e atuante, à mão de todos os de boa vontade e sem preconceitos. Cristo enfrentou a morte na cruz como possibilidade de amar. Não foi a cruz que tornou grande Jesus, mas foi a vida de Jesus que deu sentido à cruz, gastando-a a amar, a dar a vida, a fazer justiça, a reconhecer e a ir ao encontro do outro nas suas necessidades, vivendo na liberdade e no amor, na fidelidade a Deus e na solidariedade com os homens.

“Verdadeiramente grande e preciosa realidade é a santa cruz! - afirmava Santo André de Creta, do século VIII. Grande, porque é a origem de bens inumeráveis, tanto mais excelentes quanto maior é o mérito que lhes advém dos milagres e dos sofrimentos de Cristo. Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do inferno, a cruz converteu-se em fonte de salvação para todo o mundo”.

Ao vivermos liturgicamente a Festa da Exaltação da Santa Cruz, torno presente os hinos da sua Liturgia das Horas:

O estandarte da cruz proclama ao mundo
A morte de Jesus e a sua glória,
Porque o Autor de todo o universo
Contemplamos suspenso no madeiro
Ó Árvore fecunda e refulgente,
Ornada com a túnica real,
Sois tálamo, sois trono e sois altar
Para o Corpo chagado e glorioso.
Ó Cruz bendita, só tu nos abriste
Os braços de Jesus, o Redentor,
Balança do resgate que arrancaste
Nossas almas das mãos do inimigo
Cruz do Senhor, és a única esperança
No tempo desta vida peregrina.
Aumenta nos cristãos a luz da fé,
Sê para os homens o sinal da paz.
++++

Cruz fiel e redentora,
Árvore nobre, gloriosa!
Nenhuma outra nos deu
Tal ramagem, flor e fruto,
Doces cravos, doce lenho,
Doce fruto sustentais
Porto feliz preparastes
Para o mundo naufragado
E pagastes por inteiro
O preço da redenção,
Pois o sangue do Cordeiro
Resgatou as nossas culpas.
Deus quis vencer o inimigo
Com as suas próprias armas.
A sabedoria aceitou
O tremendo desafio
E onde nascera a morte
Brotou a fonte da vida
Elevemos jubilosos
À santíssima Trindade
O louvor que Lhe devemos
Pela nossa salvação,
Ao eterno Pai e ao Filho
E ao Espírito de amor.
+++

Insígnia triunfal, honrosa e santa,
Chave do céu, penhor de eterna glória,
Que com Jesus da terra nos levanta!
Sacrário em que ficou viva a memória
Do imenso amor divino onde se alcança
De inimigos domésticos vitória!
Sinal que após dilúvio traz bonança,
Por quem o mundo novo é reformado
E se converte o espanto em esperança!
Ó Cruz, minha saudade e meu cuidado,
Que sustentar pudeste o doce peso
Da nossa redenção tão desejado!
++++

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 13-09-2024.

Memórias...



Hoje, quando estava a enrolar os individuais depois do pequeno almoço, a minha memória voou até à infância.

Lembrei-me das vezes que ia jantar, religiosamente, todas as sextas-feiras, a casa dos meus vizinhos do 2°andar. Um prédio pequeno, só de famílias.

Eram, sem dúvida, sextas-feiras "santas" ao longo de todo o ano. Podia brincar horas com as minhas amigas "vizinhas".

Conto esta memória, porque o meu coração e a minha alma brilharam quando me recordei de todas as experiências de amor, cuidado, atenção, carinho que estes momentos representaram e representam na minha vida. Essas marcas continuam em mim, fazem parte do meu ADN como pessoa.

Todos temos memórias... umas que nos fazem sorrir e preencher o coração, outras que preferimos,por vezes, não falar, ficam guardadas numa gaveta mais ou menos (des)arrumada.

Mas a verdade, é que todas fazem parte da nossa história e vão surgindo ao longo da vida pelas experiências do dia a dia, pelas sensações, pelos cheiros, até pelas relações que vamos estabelecendo com outras pessoas.

Honrar o que somos hoje, passa por honrar todas essas vivências. As memórias são a nossa história. A nossa coragem pelos desafios que enfrentámos, o nosso sorriso pelas alegrias que sentimos, a esperança pelos sonhos que concretizámos e a fé, pelas provas de amor que vivemos.

Assim, deixo um desafio: Viaja pela tua história, pelas memórias mais marcantes e assinala em cada uma delas a experiência de Deus na tua vida.

Eu, agarro-me a essas memórias e sei, que há um amor que vive e palpita no meu coração eternamente.

Vive a tua história! Constrói as tuas memórias!


Boa semana!


Carla Correia