domingo, 15 de setembro de 2024

Tomar a Cruz

 



Por que caminhos temos de andar para que a nossa vida seja plenamente realizada? A liturgia do 24.º Domingo do Tempo Comum responde: a realização plena do homem passa pela obediência aos projetos de Deus e pelo dom total da vida aos irmãos. Quem quiser salvar a sua tranquilidade, o seu bem-estar, os seus interesses, os seus bens materiais, destruirá a sua vida para sempre; quem aceitar servir de forma simples e humilde, cuidar dos mais frágeis e necessitados, lutar por um mundo mais justo e humano, alcançará a plenitude da existência, pois a sua vida alimenta-se de amor.

A primeira leitura
traz-nos a palavra e o drama de um profeta anónimo, que no cumprimento da sua missão, enfrenta a incompreensão, a prisão, a tortura, a condenação. Apesar de tudo isso, o profeta não sente que a sua vida tenha sido um fracasso. Está absolutamente convicto de que Deus virá em seu auxílio e fá-lo-á triunfar sobre a perseguição e a morte. Os primeiros cristãos viram neste “servo de Deus” a figura de Jesus.Temos consciência que a nossa missão profética passa por sermos Palavra viva de Deus que ecoa no mundo dos homens? Nas nossas palavras, nos nossos gestos, no nosso testemunho, a proposta libertadora de Deus alcança o mundo e o coração dos homens?
O profeta/servo da nossa leitura garante-nos que nunca desistirá da missão que lhe foi confiada porque confia em Deus: sabe que Deus estará sempre com ele e que nunca o desiludirá. Que fantástica expressão de confiança e de fé! Seremos capazes de dizer, com convicção, a mesma coisa? Acreditamos que Deus nunca nos desiludirá?

O Evangelho
apresenta Jesus como o Messias de Deus, enviado pelo Pai para indicar aos homens o caminho que conduz à Vida verdadeira. Ora, segundo Jesus, o caminho da Vida plena e definitiva é o caminho da cruz, do dom da própria vida, do amor até ao extremo. Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo, tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada crente. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”?
Evangelho do vigésimo quarto domingo comum coloca frente a frente a lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus). A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no triunfo, no êxito; garante-nos que a vida só tem sentido se estivermos do lado dos vencedores, se tivermos dinheiro em abundância, se formos reconhecidos e incensados pelas multidões, se pudermos cercar-nos de bem-estar e garantir que os nossos dias decorram tranquilos e confortáveis, se assegurarmos a nossa quota de poder e influência… A lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos; garante-nos que a vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade… Na nossa vida de cada dia estas duas perspetivas confrontam-se, a par e passo e exigem de nós um posicionamento claro. Qual é a nossa escolha? Na nossa perspetiva, qual destas duas propostas apresenta um caminho de felicidade seguro e duradouro?

Na segunda leitura
, um “mestre” cristão lembra aos seus irmãos na fé que o seguimento de Jesus não se concretiza com belas palavras ou com teorias muito bem elaboradas, mas com gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, de solidariedade para com os irmãos.O que é ser cristão? O nosso compromisso cristão é algo que se vive a nível da teoria, ou do compromisso vital? O que caracteriza um cristão não é o conhecimento de belas fórmulas que expressam uma determinada ideologia, nem o cumprimento exato de ritos vazios e estéreis, nem uma assinatura feita no livro de registos de batismo da paróquia, mas é a adesão a Cristo. Ora, aderir a Cristo (fé), significa conformar, a cada instante, a própria vida com os valores de Cristo, seguir Cristo a par e passo no caminho do amor a Deus e da entrega total aos irmãos. Não se pode fugir a isto: a nossa caminhada cristã não é um processo teórico e abstrato concretizado num reino de belas palavras; mas é um compromisso efetivo com Cristo que tem de se traduzir, a cada instante, em gestos concretos em favor dos irmãos. A nossa fé em Jesus e na Vida que Ele nos propõe traduz-se em obras concretas em favor dos nossos irmãos, especialmente dos mais necessitados?
O que é ser cristão? O nosso compromisso cristão é algo que se vive a nível da teoria, ou do compromisso vital? O que caracteriza um cristão não é o conhecimento de belas fórmulas que expressam uma determinada ideologia, nem o cumprimento exato de ritos vazios e estéreis, nem uma assinatura feita no livro de registos de batismo da paróquia, mas é a adesão a Cristo. Ora, aderir a Cristo (fé), significa conformar, a cada instante, a própria vida com os valores de Cristo, seguir Cristo a par e passo no caminho do amor a Deus e da entrega total aos irmãos. Não se pode fugir a isto: a nossa caminhada cristã não é um processo teórico e abstrato concretizado num reino de belas palavras; mas é um compromisso efetivo com Cristo que tem de se traduzir, a cada instante, em gestos concretos em favor dos irmãos. A nossa fé em Jesus e na Vida que Ele nos propõe traduz-se em obras concretas em favor dos nossos irmãos, especialmente dos mais necessitados?


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sábado, 14 de setembro de 2024

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O PREÇO DA NOSSA LIBERDADE ESTÁ NA CRUZ!...



O mundo ainda não entendeu, é certo! Não quer entender! A cruz continua a ser loucura para uns e escândalo para outros. No entanto, inúmeros zelosos pelo aniquilamento de outros, continuam a levantar cruzes sem conta. Cristo continua a ser crucificado, todos os dias e da forma mais triste e revoltante, mais cruel e mais ignominiosa, na pessoa dos frágeis e inocentes, dos pobres e marginalizados, dos perseguidos e presos, dos torturados e mortos, de tantos famintos e sem abrigo, de quem sofre violência e desprezo, só porque sim. Há quem não queira entender e se julgue dono dos outros e disto tudo, sentindo-se no direito de usar da sua prepotência e da sua ambição, esmagando, destruindo, matando. Da cruz, porém, continua a brotar a mensagem mais revolucionária e transformadora de todos os tempos. A arma usada na ‘guerra’ provocada por essa feliz revolução é só uma. É a arma do amor, uma arma que não faz barulho nem destrói a partir de fora, mas revoluciona e transforma a partir de dentro, do coração. Uma arma sempre atual e atuante, à mão de todos os de boa vontade e sem preconceitos. Cristo enfrentou a morte na cruz como possibilidade de amar. Não foi a cruz que tornou grande Jesus, mas foi a vida de Jesus que deu sentido à cruz, gastando-a a amar, a dar a vida, a fazer justiça, a reconhecer e a ir ao encontro do outro nas suas necessidades, vivendo na liberdade e no amor, na fidelidade a Deus e na solidariedade com os homens.

“Verdadeiramente grande e preciosa realidade é a santa cruz! - afirmava Santo André de Creta, do século VIII. Grande, porque é a origem de bens inumeráveis, tanto mais excelentes quanto maior é o mérito que lhes advém dos milagres e dos sofrimentos de Cristo. Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do inferno, a cruz converteu-se em fonte de salvação para todo o mundo”.

Ao vivermos liturgicamente a Festa da Exaltação da Santa Cruz, torno presente os hinos da sua Liturgia das Horas:

O estandarte da cruz proclama ao mundo
A morte de Jesus e a sua glória,
Porque o Autor de todo o universo
Contemplamos suspenso no madeiro
Ó Árvore fecunda e refulgente,
Ornada com a túnica real,
Sois tálamo, sois trono e sois altar
Para o Corpo chagado e glorioso.
Ó Cruz bendita, só tu nos abriste
Os braços de Jesus, o Redentor,
Balança do resgate que arrancaste
Nossas almas das mãos do inimigo
Cruz do Senhor, és a única esperança
No tempo desta vida peregrina.
Aumenta nos cristãos a luz da fé,
Sê para os homens o sinal da paz.
++++

Cruz fiel e redentora,
Árvore nobre, gloriosa!
Nenhuma outra nos deu
Tal ramagem, flor e fruto,
Doces cravos, doce lenho,
Doce fruto sustentais
Porto feliz preparastes
Para o mundo naufragado
E pagastes por inteiro
O preço da redenção,
Pois o sangue do Cordeiro
Resgatou as nossas culpas.
Deus quis vencer o inimigo
Com as suas próprias armas.
A sabedoria aceitou
O tremendo desafio
E onde nascera a morte
Brotou a fonte da vida
Elevemos jubilosos
À santíssima Trindade
O louvor que Lhe devemos
Pela nossa salvação,
Ao eterno Pai e ao Filho
E ao Espírito de amor.
+++

Insígnia triunfal, honrosa e santa,
Chave do céu, penhor de eterna glória,
Que com Jesus da terra nos levanta!
Sacrário em que ficou viva a memória
Do imenso amor divino onde se alcança
De inimigos domésticos vitória!
Sinal que após dilúvio traz bonança,
Por quem o mundo novo é reformado
E se converte o espanto em esperança!
Ó Cruz, minha saudade e meu cuidado,
Que sustentar pudeste o doce peso
Da nossa redenção tão desejado!
++++

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 13-09-2024.

Memórias...



Hoje, quando estava a enrolar os individuais depois do pequeno almoço, a minha memória voou até à infância.

Lembrei-me das vezes que ia jantar, religiosamente, todas as sextas-feiras, a casa dos meus vizinhos do 2°andar. Um prédio pequeno, só de famílias.

Eram, sem dúvida, sextas-feiras "santas" ao longo de todo o ano. Podia brincar horas com as minhas amigas "vizinhas".

Conto esta memória, porque o meu coração e a minha alma brilharam quando me recordei de todas as experiências de amor, cuidado, atenção, carinho que estes momentos representaram e representam na minha vida. Essas marcas continuam em mim, fazem parte do meu ADN como pessoa.

Todos temos memórias... umas que nos fazem sorrir e preencher o coração, outras que preferimos,por vezes, não falar, ficam guardadas numa gaveta mais ou menos (des)arrumada.

Mas a verdade, é que todas fazem parte da nossa história e vão surgindo ao longo da vida pelas experiências do dia a dia, pelas sensações, pelos cheiros, até pelas relações que vamos estabelecendo com outras pessoas.

Honrar o que somos hoje, passa por honrar todas essas vivências. As memórias são a nossa história. A nossa coragem pelos desafios que enfrentámos, o nosso sorriso pelas alegrias que sentimos, a esperança pelos sonhos que concretizámos e a fé, pelas provas de amor que vivemos.

Assim, deixo um desafio: Viaja pela tua história, pelas memórias mais marcantes e assinala em cada uma delas a experiência de Deus na tua vida.

Eu, agarro-me a essas memórias e sei, que há um amor que vive e palpita no meu coração eternamente.

Vive a tua história! Constrói as tuas memórias!


Boa semana!


Carla Correia

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Amigo é quem chora e sorri comigo




Quando sentimos alegria e não temos com quem a partilhar, ela transforma-se em tristeza. Assim também com uma tristeza que, quando temos alguém com quem a partilhar, nos pesa um pouco menos. A amizade é compaixão, quer no sentido de paixão enquanto um grande atração e contentamento, como paixão no sentido oposto, de um grande sofrimento que se tem de suportar.

Se a felicidade do teu amigo não te encanta, talvez a amizade não seja profunda! É por isso que cada vez menos pessoas partilham as razões das suas alegrias mais profundas, pois muitas vezes a amizade revela-se apenas superficial.

Um amigo é alguém que decidiu, com consciência e vontade, cuidar de mim, mesmo quando isso significar prejuízo para ele. Cabe a cada um de nós manter ou não uma amizade, porque ninguém é obrigado a ser amigo da melhor pessoa do mundo, nem a não o ser da pior pessoa do mundo.

Ser amigo implica trocar, muitas vezes, a minha paz por dores que só são minhas se eu as quiser, e um amigo quer, quer sempre… ser amigo é deixar de ter só a minha vida para passar a estar presente em várias!

Ninguém pode ter muitos amigos, porque isso equivale a não ter nenhum. A amizade exige uma enorme dedicação e tempo, o que torna impossível manter muitas relações profundas. Ser amigo implica uma escolha que se faz sem grande lógica, mas com certeza.

Os meus amigos desejam tanto a minha felicidade como eu, mas a sua mais nobre missão é a de me ampararem nos períodos mais difíceis.

Para alguns amigos, a ausência de notícias é um bom sinal, indicando que está tudo bem.

O amor faz-se de muitas lágrimas. Como não há outra forma de ser feliz senão amando, chorar é a prova clara de uma felicidade que não se tem, mas que se quer.


José Luís Nunes Martins


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

«Efatá!»




Senhor, Bom Pai,

quando o meu coração estiver perturbado…

quando a minha coragem faltar…

quando o deserto do meu viver me envolver com a tristeza…

ajuda-me a escutar: “Efatá!”


Senhor, Bom Jesus

quando os meus olhos fizerem aceção de pessoas…

quando amar os órfãos, as viúvas, os peregrinos, os enfermos for árduo…

quando partilhar o Pão Eucarístico,

que liberta os cativos, trouxer desalento…

ajuda-me a escutar: “Efatá!”


Senhor, Santo Espírito de Deus

quando a minha Alma não for capaz de louvar o Pai, sempre…

quando os meus lábios

não pregarem a Boa Nova dO Cristo, com a minha própria Vida…

quando os meus ouvidos não forem capazes de ouvir o grito de quem sofre…

ajuda-me a escutar: “Efatá!”


Que eu abra a minha vida à missão que me confias.


Senhor…

Hoje, dou-Te graças pela Fé que fazes desabrochar em mim,

a cada amanhecer, a cada anoitecer, a cada hora que respiro…

a cada passo que caminho ao Teu lado com alegria e entusiasmo,

a cada palavra de Esperança que sai do meu coração,

a cada sorriso que partilho com carinho e verdade…


Louvo-Te pela oportunidade que me dás

de levar Jesus a todos e todos a Jesus!


Liliana Dinis,


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Sentido e espiritualidade da Peregrinação

 


Visita a Timor- Leste

O entusiasmo do povo timorense impressionou o Papa Francisco nessas primeiras horas na capital, Dili.

 

E o Pontífice não deixou de retribuir com muito afeto, mesmo numa cerimônia austera como é normalmente o encontro com as autoridades - seu primeiro evento oficial em Timor. Em sintonia com a população, Francisco estava bem disposto, fazendo inúmeros acréscimos em seu discurso.
“Confio Timor-Leste e todo o seu povo à proteção da Imaculada Conceição, vossa celeste Padroeira, aqui invocada com o título de Virgem de Aitara. Que Ela vos acompanhe e ajude sempre na missão de construir um país livre, democrático e solidário, onde ninguém se sinta excluído e todos possam viver em paz e com dignidade



 






domingo, 8 de setembro de 2024

ABRE-TE!

 




A liturgia do 23.º Domingo do Tempo Comum fala-nos de um Deus eternamente comprometido com a vida e a felicidade dos seus filhos. Ele está presente em cada pedaço do caminho que a humanidade vai percorrendo, orientando os seus filhos e filhas, apontando-lhes a direção que leva à Vida plena, à felicidade sem ocaso.

Na primeira leitura, um profeta do tempo do Exílio na Babilónia garante aos exilados, desanimados, desiludidos e sem esperança, que Deus vai salvá-los e reconduzi-los à terra que tinham deixado para trás. Nas imagens dos cegos cujos olhos veem novamente a luz, dos surdos que voltam a ouvir, dos coxos que saltarão como veados e dos mudos a cantar com alegria, o profeta representa essa Vida nova, excessiva, abundante, transformadora, que Deus vai oferecer ao seu Povo.Os crentes, seja qual for a avaliação que façam do mundo e das suas cores, não podem esquecer que “Deus está aí”: Ele preside à história humana, Ele conhece e acompanha a caminhada dos homens, Ele abraça a humanidade inteira com o seu carinho e a sua ternura de pai e de mãe. É Ele que faz com que o deserto se revista de vida nova e que na planície árida do desespero brote a flor da esperança; é Ele que ilumina o caminho para que não andemos aos tropeções, na escuridão; é Ele que desperta os surdos do seu isolamento e da sua autossuficiência e os convida a escutar os gritos de sofrimento dos pobres; é Ele que devolve aos coxos, presos por cadeias de opressão, de injustiça e de pecado, a possibilidade de serem livres. É com a certeza da presença salvadora e amorosa de Deus e com a convicção de que Ele não nos deixará abandonados nas mãos das forças da morte que somos convidados a caminhar pela vida e a enfrentar a história. Confiamos em Deus, na sua providência, na sua solicitude, no seu amor?

No Evangelho Jesus, cumprindo a promessa de Deus, abre os ouvidos e solta a língua de um surdo-mudo. Ele diz-nos, com esse gesto, que Deus não Se conforma quando vê o homem fechar-se no egoísmo e na autossuficiência, que só trazem sofrimento e infelicidade. Jesus propõe aos “surdos-mudos” que encontra, que abram o coração ao amor, partilha, à comunhão: esse é o caminho para o Homem novo, para o homem que vai em direção à Vida autêntica.Deus tem uma relação privilegiada com os pobres. Isto não quer dizer, contudo, que Deus tenha uma opção de classe e que privilegie uns em detrimento de outros… Na verdade, Deus oferece o seu amor, a sua graça e a sua vida a todos; contudo, uns acolhem os seus dons e outros não… Os “pobres” são aqueles que, na sua simplicidade e humildade estão disponíveis para acolher os dons de Deus. Estamos conscientes de que temos de despir-nos do orgulho, da autossuficiência, dos preconceitos, das ostentações, das vaidades, para que nos nossos corações haja espaço para os desafios e as propostas de Deus?

A segunda leitura dirige-se àqueles que acolheram a proposta de Jesus e se comprometeram a segui-l’O no caminho do amor. Convida-os a não desvalorizar ou discriminar qualquer irmão e a acolher com especial bondade os pequenos, os pobres e os frágeis.Na nossa vida do dia a dia deparamo-nos, a cada passo – no nosso círculo de relações, no nosso universo profissional, no nosso prédio, talvez até na nossa família – com pessoas que têm ideias diferentes, das nossas, que têm comportamentos que reprovamos, que talvez levam vidas pouco recomendáveis, que vivem “fora da caixa” e não são social ou politicamente corretas… Como lidamos com as pessoas “diferentes”, com aqueles que a sociedade marcou, julgou e condenou? Somos, para todos e em todos os momentos, testemunhas daquele Jesus que nunca fez aceção de pessoas e que acolheu até aqueles que a sociedade julgava e condenava?
Deus tem uma relação privilegiada com os pobres. Isto não quer dizer, contudo, que Deus tenha uma opção de classe e que privilegie uns em detrimento de outros… Na verdade, Deus oferece o seu amor, a sua graça e a sua vida a todos; contudo, uns acolhem os seus dons e outros não… Os “pobres” são aqueles que, na sua simplicidade e humildade estão disponíveis para acolher os dons de Deus. Estamos conscientes de que temos de despir-nos do orgulho, da autossuficiência, dos preconceitos, das ostentações, das vaidades, para que nos nossos corações haja espaço para os desafios e as propostas de Deus?

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sábado, 7 de setembro de 2024

Papua-Nova Guiné: «Nenhum de nós é um fardo», diz Francisco em encontro com crianças de rua e com deficiência

Papa encontrou-se com instituições que acompanham menores, num dos países mais pobres do mundo

 



Porto Moresby, 07 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com crianças de rua e pessoas com deficiência, apoiadas por instituições de caridade na Papua-Nova Guiné, onde um terço da população vive com cerca de 1 euro por dia.

“Nenhum de nós é um fardo, somos todos belos dons de Deus, um tesouro uns para os outros”, disse aos participantes no encontro, que decorreu na ‘Caritas Technical Secondary School’, fundada pelas Irmãs da Caridade de Jesus, da família Salesiana.

Francisco ouviu testemunhos de vários responsáveis católicos e perguntas dos menores, incluindo uma criança com deficiência, que questionou: “por que é que é que temos de sofrer com a nossa deficiência? Por que é que eu não sou capaz como os outros?”.

“Só tenho uma resposta para esta pergunta: porque nenhum de nós é como os outros, porque todos somos únicos aos olhos de Deus”, respondeu o pontífice.


Cada um de nós, no mundo, tem um papel e uma missão que mais ninguém pode cumprir e que isso, mesmo que implique dificuldades, ao mesmo tempo dá um mar de alegria, de forma diferente para cada pessoa. A paz e a alegria são para todos”.

        











O Papa sublinhou que é o amor que “determina” a felicidade de cada um, independentemente das suas capacidades.

“Dar amor, sempre, e acolher de braços abertos o amor que recebemos das pessoas que nos amam: isto é o mais belo e o mais importante da nossa vida, em qualquer condição e para qualquer pessoa… até para o Papa. A nossa alegria não depende de mais nada, a nossa alegria depende do amor”, sustentou.

Francisco apresentou o amor como a “receita” para deixar o mundo mais “belo e feliz”.

“Mantenham sempre acesa esta luz, que é um sinal de esperança não só para vós, mas para todos aqueles com quem se encontram, também para o nosso mundo, por vezes tão egoísta e preocupado com coisas que não interessam”, concluiu.

O Papa foi recebido por crianças em trajes tradicionais e assistiu a apresentações de canto e dança, que elogiou.

“Parabéns a todos os que cantaram e dançaram, fazem-no bem”, disse.

O segundo dia de visita ao arquipélago do Pacífico conclui-se com um encontro dedicado às comunidades católicas da Papua-Nova Guiné e das Ilhas Salomão.

OC

Começar de novo ou começar outra vez?


Há sempre em cada um de nós esta vontade (quase inata) de recomeçar. É como se pudéssemos colocar um ponto final fictício em tudo o que não era assim tão bom. Os inícios dão-nos a esperança de que alguma coisa seja diferente do que era. Como se houvesse uma promessa bonita que nos fala ao coração:

“Desta vez é que vai ser”

“Agora é que eu vou ter coragem”

“Desta vez vai ser melhor”

O problema dos recomeços, sejam eles em setembro ou quando estreamos o novo ano em janeiro, é que têm um elemento comum que nem sempre está disposto a mudar e a fazer diferente: nós.

Assim, é-nos mais fácil colocar a intenção naquilo que é exterior a nós, naquilo que não controlamos, naquilo que não prevemos e nas expectativas mais ou menos irrealistas do que na nossa própria responsabilidade e no protagonismo que somos chamados a ter perante a nossa vida.

Claro que é tentador colar os braços a esta novidade que se acende quando algo recomeça ou reinicia. O pior é que, se nos retiramos da equação principal, o resultado não vai corresponder ao que desejaríamos.

Por isso, e ao contrário do que costuma ser habitual lermos, o verdadeiro desafio não é recomeçar. É recomeçarmo-nos. É termos a capacidade de olhar para o que somos e perceber o que nos diz o novo e o velho. Para as páginas que compõem a nossa história e que nem sempre conseguimos ter a disponibilidade emocional para ver.

Mais ainda, somos chamados a perceber que a novidade está naquilo que conseguimos encontrar de diferente e de bom em cada dia, em vez de repetirmos o piloto automático do costume e ir mantendo o nosso coração em ponto morto, com o medo de arriscar. E arriscar não é sempre inaugurar caminhos novos. Às vezes, arriscar é ter simplesmente a coragem para olhar para trás.

Afinal, foi lá atrás que o caminho começou. Foi lá atrás que começamos. E ninguém estará capaz de (se) recomeçar se não tiver a coragem de ver o que nos trouxe até aqui.


Marta Arrais,

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

SERIA UMA LANÇA EM ÁFRICA E UM PÉ NA LUA...


Não vai longe entrou na moda a palavra resiliência. Nasceu na física para falar das propriedades de resistência dum material sob pressões de vária ordem. Passou depois para as ciências humanas, sobretudo para a psicologia, falando de aspetos do comportamento humano. No dobrar do milénio e com a crise económica e financeira, começou a andar por aí, a cotio, nos discursos, nos debates, nos programas políticos, nos programas de recuperação, de ajustamento... Hoje, usa-se ao jeito do jogador que, sem tempo para pensar, chuta com o pé que tem mais à mão, mesmo que a bola passe por cima da barra a evidenciar que foi mais uma oportunidade falhada. E aí anda ela, essa palavra, a insistir que é preciso ser resiliente na vida pessoal, familiar, eclesial, política, profissional, social, desportiva, escolar, académica, económica, empresarial... Todas as dificuldades com que a vida nos mimoseia, sempre que a vida nos apresenta a necessidade de enfrentar novos desafios ou de ir mais além, precisamos de resiliência e gana de vencer. Para que resulte, porém, convém ter presente que a cobra foi mais resiliente que Adão e Eva.
Por sua vez, o Papa Francisco trouxe à ribalta, na Igreja, a palavra ‘sinodalidade’. A palavra também não é nova. Se esquecida, ela é uma dimensão constitutiva da Igreja.
Caminhando pelas sendas da história ao encontro de Cristo, a Igreja, como peregrina da esperança, convida todos os seus membros a que experimentem a importância e a beleza de ‘caminhar juntos’, congregando sinergias em todas as áreas da sua missão. A palavra ‘sínodo’ é composta por duas palavras gregas: ‘syn’, que significa ‘com’, e ‘hodos’, que significa ‘caminho’. É um ‘caminho com’, um caminhar juntos, “um conceito fácil de exprimir em palavras, mas não tão fácil de pôr em prática”, como afirma Francisco. E, se, na Igreja, apesar do Espírito de Deus que nos anima, é difícil entranhar a sinodalidade devido ao espírito do mundo que sempre espreita e tenta impor-se, quanto mais o não será se for o espírito do mundo a dar o tom à vida social e à governança da pólis!...
Se, com resiliência, ‘mutatis mutandis’, os políticos achassem por bem pôr em prática o conceito de sinodalidade com todas as suas exigências e consequências, com certeza que também sentiriam a alegria de caminhar juntos no traçar das grandes linhas estruturais de ação para o país. Não se correria o risco de, sempre que mudam os governantes, se mudar de rumo, quer na saúde, quer na educação, quer nisto ou naquilo. Se, com a coragem do cego à margem do caminho, se atirasse com a capa dos impossíveis ao ar e se desse um salto para a estrada que liberta e conduz a bom porto, tudo poderia ser diferente. Todos se sentariam à mesa da mútua confiança com o presigo da responsabilidade no prato e um Alvarinho no copo para suavizar o esforço da conversação. Ao estilo sinodal, tudo seria, calma e conscientemente, escutado, avaliado, discernido e assumido como fruto do consenso que naturalmente viria ao de cima. E então, sim, depois, que cada partido se desunhasse e esfolasse a ver como é que haveria de pôr isso em prática, mais depressa e melhor, sem voltar atrás, sem desertar, sem se fechar na sua concha e ambição. Seria uma lança em África e um pé na Lua, um pequeno passo em relação àquilo que é preciso fazer mas um grande passo em relação ao país que desejamos ser. Este primeiro momento deveria começar pelas bases, por se ouvir o povo acerca dos seus problemas e carências do dia-a-dia, do que pensa e sonha ver concretizado. Dever-se-ia valorizar a sua escuta e partilha, através das associações e entidades, das freguesias e dos concelhos, das comunidades intermunicipais e dos partidos políticos, locais e regionais. Evitar-se-ia que, quem assume finalmente a discussão na Assembleia da República, não estivesse a falar do que pensa ou do que nem sequer pensa, mas falasse das preocupações do povo que diz representar e daquilo que realmente interessa a todos.
Com alguma linguagem da sinodalidade eclesial usada pelo Papa Francisco, expliquemos melhor esta coisa. Em primeiro lugar, se este passo da sinodalidade fosse assumido pela política, não deveria ser entendido, nem desenvolvido, como se fosse um congresso, um parlamento, um falatório, onde, para alcançar um consenso ou um acordo comum, se recorre à negociação, a pactos ou a compromissos, a maiorias. Como sabemos, a verdade, o bem e a justeza das leis, não dependem de maiorias. Há ações legitimadas pela lei e pelas maiorias que não são lícitas nem humanas. Também não se trataria de umas tantas pessoas subirem à tribuna a falar para os outros ouvirem. Não, neste primeiro momento não se trataria disso. Seria um momento de escuta e discernimento. O método sinodal implica que todos falem francamente, sem medo e até ao fim, e todos oiçam com respeito e atenção, sem interromper, sem apontar o dedo, sem se julgar superior, sem mostrar ares de desagradado, sem querer que a sua ideia vença ou a queira impor, sem absolutizar o que diz e sem relativizar o que os outros dizem, sem hostilidades, sem artimanhas nem ratoeiras, sem ornamentações ideológicas ou adornos linguísticas, sem rótulos de progressista ou de conservador, de direita ou de esquerda, de Anás ou de Caifás, de Herodes ou de Pilatos. Esta sabedoria comportamental guiada por um bem maior que é o bem-estar do povo, sabe falar, sabe escutar, sabe ver, ler e discernir o melhor, gerando a vontade de, conjuntamente, o assumir. Usá-la seria um exercício de coragem política, na humildade e em espírito de serviço, falando claro, com frontalidade e coração aberto, de boa-fé, em tranquilidade e paz. Seria um exercício de esvaziamento das próprias convicções e preconceitos, deixando-se surpreender pelo resultado do consenso, assumindo agora o que todos, naturalmente, entenderam ser o melhor. Se isto acontecesse, deixar-se-ia de viver continuamente no desgaste de novas experiências por quem chega e pensa que traz a faca e o queijo na mão. Perdem-se recursos e tempo, gera-se instabilidade, levantam-se as facas e não há queijo, avinagra-se quem sofre, prejudica-se o país que não avança tanto quanto devia avançar em benefício de ‘todos todos todos’.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 06-09-2024.

Recomeços...

 


«Todos nós, quando chegamos à beira-mar ou ao topo de uma montanha, respiramos fundo, queremos transformar a beleza que existe lá fora na nossa respiração. O nosso corpo quer ser “in-spirado”, receber o “espírito” que dá Vida».

Alessandro D’Avenia


Se fecho os olhos, é precisamente numa destas paisagens, que tive a fortuna de viver nestas férias, que gostaria de me encontrar. O calor do verão, o ar quente, o perfume da natureza ou o cheiro a água salgada e... a respiração. Afastar-me de tudo o que me rodeia, libertar-me do cansaço dos dias de trabalho...

Os ritmos de setembro trazem um outro dinamismo e agitação à vida quotidiana. O despertador é reprogramado, a agenda enche-se de atividades e... de boas intenções. Por vezes, as escolhas pessoais mudam de rumo. Embora nunca tenha gostado muito deste mês, gosto mais de outubro e das cores do Outono, as mudanças que este traz sempre me deram aquela vontade enérgica de querer alterações no meu modo de vida, novos hábitos e novas vivências.

É precisamente nestes dias que chega o momento de dar espaço às vivências do verão, na esperança de que elas invadam os nossos dias, em casa, no trabalho, em todo o nosso caminho. Começar a respirar de novo, retomar os nossos espaços e deixarmo-nos envolver pelo perfume da rotina que nos rodeia.

É este “in-spirar” que recebe o espírito que nos leva a reconsiderar as nossas ações diárias, aproveitando melhor o nosso tempo vital, porque lhe dá vida.

E existe algo mais cristão do que começar de novo com renovado espírito?

«Onde os nossos erros se tornam escândalo, pedimos a São José que tenhamos a coragem de dizer a verdade, pedir perdão e recomeçar com humildade».

Papa Francisco, Aula Paulo VI, 22 de fevereiro de 2022


Paulo Victória

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Setembro...


Mês de recomeços. Dos recomeços que fazem parte do dia a dia de cada um. Regressar aos mesmos locais, às mesmas pessoas, às rotinas mais comuns e que também ajudam a organizar a vida.

No tempo de paragem, coloca-se muitas vezes a vida em perspetiva. Reavalia-se crenças, emoções, pensamentos, ações.

Assim setembro, para tantos, também traz recomeços internos.

Recomeçar pressupõe abrir a mente e coração. Largar o velho que só ocupa espaço e já não nos acrescenta. Que apenas nos limita e não nos deixa ver, sentir, agir, expandir a alma.

O tempo é agora e é este.

Agradecer todas as aprendizagens e experiências que nos trouxeram até aqui. Das mais pequenas às maiores. Das mais simples às mais complexas.

Recomeçar pressupõe mais consciência de si, do outro, do todo que nos rodeia.

Recomeçar pressupõe novos limites. Daqueles que não nos limitam, mas nos permitem existir tal como nos recomeçamos.

Recomeçar é desfrutar do que vem.

Estarmos presentes na vida tal como somos.Deixar ir as máscaras que não nos protegem e só nos aprisionam a uma realidade que não é nossa.

Despir o que nos pesa e amar a vida.

Recomeçar permite-nos estar nos mesmos lugares com amor, com as mesmas pessoas com amor e ver o que sempre vimos com um novo olhar.

Setembro... lugar do ( meu e teu) reencontro.

Boa semana! Bom recomeçar!


Carla Correia

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Indonésia: Francisco pede Igreja marcada por «respeito e afeto fraterno por todos»

Papa encontrou-se com membros do clero, de institutos religiosos e das comunidades católicas, na Catedral de Jacarta



Jacarta, 04 set 2024 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje, na Indonésia, que a Igreja seja marcado pelo respeito e a atenção por todos, promovendo a “fraternidade” num país marcado pela diversidade de povos e tradições.

“Anunciar o Evangelho não significa impor ou contrapor a própria fé à dos outros, não quer dizer fazer proselitismo, mas dar e partilhar a alegria do encontro com Cristo, sempre com grande respeito e afeto fraterno por todos”, referiu num encontro com membros do clero, dos institutos religiosos e das comunidades católicas do arquipélago, que decorreu Catedral de Nossa Senhora da Assunção, sede da Arquidiocese de Jacarta.

“Convido-os a continuarem sempre assim, abertos e amigos de todos”, acrescentou.

Francisco foi recebido pelo arcebispo local, cardeal Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, e por D. Antonius Subianto Bunyamin, presidente da Conferência Episcopal da Indonésia.

A intervenção destacou a “abertura” da Igreja Católico no arquipélago, relativamente às “várias realidades que o compõem e rodeiam, a nível cultural, étnico, social e religioso”.

“Viver a fraternidade significa acolher-se mutuamente, reconhecendo-nos iguais na diversidade”, sublinhou.

O Papa agradeceu aos representantes da Igreja Católica que apresentaram o seu testemunho, sublinhando que “todos têm a sua própria missão para fazer crescer o Povo de Deus”.

“Todos, todos, todos, todos dentro”, sublinhou, aludindo às “pontes” que existem entre as várias ilhas do país.





Francisco falou em italiano, acompanhado por um sacerdote que traduziu para a assembleia, convidando os presentes a viver “a relação com a criação e com os irmãos, especialmente os mais necessitados, num estilo de vida pessoal e comunitário marcado pelo respeito, pelo civismo e pela humanidade, com sobriedade e caridade franciscana”.

A intervenção alertou para a ilusão de quem procura “segurança”, destacando que a compaixão implica “aproximar-se uns dos outros”, para “abraçar e acompanhar” quem sofre, com os seus desejos de justiça.

“Encorajo-vos a continuar a vossa missão: fortes na fé, abertos a todos na fraternidade e próximos de cada um na compaixão. Fortes, abertos e próximos”, concluiu.

D. Antonius Subianto Bunjamin, bispo de Bandung e presidente da Conferência Episcopal da Indonésia, destacou a diversidade do país, com cerca de 1300 etnias e povos, desejando que a visita do Papa ajude a construir a “verdadeira fraternidade que se manifesta através de uma atitude de compaixão, especialmente para com aqueles que estão à margem da sociedade”.

No final do encontro, após a bênção, o Papa dirige-se à Praça de Maria, junto à Catedral, para abençoar os presentes.

A Indonésia, país com maior número de católicos no mundo, tem cerca de 8,3 milhões de católicos, que representam 3% da população, segundo dados do Vaticano.

Francisco é o terceiro pontífice visitar o arquipélago, depois de São Paulo VI em 1970 e de São João Paulo II em 1989.

CB/OC



segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Pelo grito da Terra – O Vídeo do Papa 9 – setembro 2024

 


"Ouvimos a dor de milhões de vítimas de catástrofes ambientais?" 

Esta é uma das perguntas que nos faz o Papa Francisco no mês de setembro, para rezar pelo grito da Terra. “Os que mais sofrem com as consequências destes desastres são os pobres”, os quais se vêm obrigados a deixar as suas casas quando são afetados. No Vídeo do Papa, produzido pela sua Rede Mundial de Oração, Francisco encoraja-nos a comprometermo-nos ativamente na luta contra a crise global, adotando respostas tanto com medidas ecológicas como económicas, sociais e políticas. 🙏🏻“Rezemos para que cada um de nós ouça com o coração o grito da Terra e das vítimas das catástrofes ambientais e da crise climática, comprometendo-nos pessoalmente a cuidar do mundo que habitamos”. "Rezemos pelo grito da Terra. Se medirmos a temperatura do planeta, dir-nos-á que a Terra tem febre. Que está doente, como qualquer doente. E nós, ouvimos esta dor? Ouvimos a dor de milhões de vítimas de catástrofes ambientais? Os que mais sofrem com as consequências destes desastres são os pobres, os que são obrigados a abandonar as suas casas devido a inundações, vagas de calor ou secas. Fazer frente às crises ambientais provocadas pelo homem, como as alterações climáticas, a poluição ou a perda de biodiversidade, exige não só respostas ecológicas, mas também sociais, económicas e políticas. Temos de nos comprometer na luta contra a pobreza e a proteção da natureza, alterando os nossos hábitos pessoais e os da nossa comunidade. Rezemos para que cada um de nós ouça com o coração o grito da Terra e das vítimas das catástrofes ambientais e das alterações climáticas, comprometendo-nos pessoalmente a cuidar do mundo que habitamos."

domingo, 1 de setembro de 2024

LEI DE DEUS

 



A liturgia do 22.º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a “Lei de Deus”. Deus tem procurado, com as suas sugestões e propostas, ajudar os seus filhos e filhas a encontrar o caminho que conduz à Vida. Convém escutar e acolher as indicações que Ele dá. Mas o coração do homem não deve centrar-se no mero cumprimento de leis externas, mas sim no amor e na comunhão com Deus.

Na primeira leitura, Moisés convida o povo libertado do Egito a escutar, acolher e pôr em prática as leis e preceitos de Deus. Se Israel se deixar conduzir pelas indicações de Deus, sem as adulterar e sem as desprezar, encontrará o futuro de liberdade e de Vida abundante que busca ansiosamente.

Uma das recomendações do texto é a de não adulterar a Palavra de Deus, ao sabor dos interesses pessoais ou grupais. Existe sempre o perigo, quer na nossa reflexão pessoal, quer na nossa partilha comunitária, de torcermos a Palavra ao sabor dos nossos interesses, de limarmos a sua radicalidade, de lhe cortarmos os aspetos mais questionantes, ou de a fazermos dizer coisas que não vêm de Deus… É preciso perguntarmo-nos constantemente se a Palavra que vivemos e anunciamos é a Palavra de Deus ou é a nossa “palavra”, se ela transmite os valores de Deus ou os nossos valores pessoais, se ela testemunha a lógica de Deus ou a nossa lógica humana. Este processo de discernimento é mais fácil quando é feito em comunidade, no diálogo e no confronto com os irmãos que caminham connosco, que nos questionam e que partilham connosco a sua perspetiva das coisas. Que Palavra testemunhamos: a de Deus, ou a nossa? Aceitamos que a nossa visão pessoal das coisas seja confrontada com perspetivas ou entendimentos diferentes?

No Evangelho, Jesus alerta para os perigos do “legalismo”: a absolutização que os fariseus faziam da Lei vai em sentido contrário ao projeto original de Deus. Uma vivência religiosa que absolutiza a Lei impede que o crente possa fazer uma verdadeira experiência de encontro com Deus. As leis podem ajudar a delimitar o caminho; mas nunca devem sobrepor-se ao amor e à misericórdia.“É vão o culto que me prestam”, diz Jesus. Ao dizer isto, Jesus poderia perfeitamente estar a falar de certas celebrações litúrgicas cheias de pompa e circunstância que todos os domingos se desenrolam nas nossas igrejas, mas que não correspondem, para aqueles que nelas participam, a uma opção clara por Deus e pela Vida de Deus: há celebrações do matrimónio que são meros acontecimentos de caráter social; há celebrações de batismo que não passam de atos impostos pela tradição familiar ou pela cultura ambiente; há celebrações da primeira caminhão que são vistos como simples “rituais de passagem” na história de vida de uma criança. Todas as nossas belas, solenes e elevadas celebrações litúrgicas são um encontro sincero com Deus? Quando vamos celebrar a fé preparamos o coração para o encontro com Deus?A “religião das leis” pode ter efeitos perversos na nossa forma de
vermos Deus e de situarmos a nossa relação com Deus… Quando absolutizamos as leis, elas podem tornar-se para nós um fim e não um caminho. Vivemos de acordo com as leis, procuramos cumpri-las integralmente, ficamos satisfeitos e descansados, sentimo-nos em regra com Deus e com a nossa consciência… Na sequência, corremos o risco de nos tornarmos orgulhosos e autossuficientes, pois sentimos que somos nós que, com o nosso esforço para estar em regra, conquistamos a nossa salvação. Deixamos de precisar de Deus, ou só precisamos d’Ele para apreciar o nosso esforço e para nos dar aquilo que julgamos ser uma “justa recompensa”. O culto que prestamos a Deus pode tornar-se, nesse caso, um processo interesseiro de compra e venda de favores e não uma manifestação do nosso amor a Deus. Tenho consciência de que o mero cumprimento das leis não torna Deus meu devedor? Sei que a salvação é um dom de Deus e não o resultado de uma conquista que eu fiz ao cumprir as leis?

Na segunda leitura fala-se de uma “boa dádiva”, de um “dom perfeito” vindo de Deus: a “palavra da verdade”. Essa “palavra da verdade” é a Palavra evangélica, dom de Deus que proporciona o nascimento para uma Vida nova a todos aqueles que se dispuserem a acolhê-lo.

A vivência da religião, sem a escuta atenta e comprometida da Palavra de Deus, pode facilmente tornar-se o mero cumprimento de ritos e práticas devocionais, a simples preservação de uma tradição que herdámos dos nossos antepassados, a adoção de práticas que tornam mais fácil a nossa inserção num determinado meio social… A Palavra de Deus põe-nos em diálogo com Deus, faz-nos conhecer os projetos de Deus, envolve-nos na vida de Deus, chama-nos a viver na obediência a Deus, compromete-nos com Deus e com o projeto que Ele tem para o mundo e para os homens. Que lugar tem a Palavra de Deus na nossa vivência religiosa?

Só Deus pode ver o coração, enquanto os homens, esses, veem as aparências. É, pois, com toda a confiança filial que podemos deixar Deus olhar-nos. Mas isso é exigente para nós, porque todas as nossas palavras e todos os nossos gestos devem estar em harmonia com o que o nosso coração quer exprimir. As nossas palavras e orações devem ser a expressão do nosso amor filial e fraternal. A lei de Deus está inscrita no nosso coração, conhecemos a sua vontade, sabemos muito bem o que Lhe agrada: cabe a nós pormo-nos de acordo sobre os nossos comportamentos e sobre esta vontade de Deus. Aliás, falta-nos pedir-Lhe: “Que a tua vontade seja feita!” Então, talvez Deus dir-nos-á: “Honras-Me com os lábios, fazes a minha vontade, mas o teu coração está longe de Mim”.

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