Iniciamos hoje a caminhada do advento. Ao longo dos próximos dias, passo a passo, iremos preparar o caminho para que Jesus possa vir ao nosso encontro e nós possamos reconhecê-l’O e acolhê-l’O quando Ele chegar. A Palavra de Deus que escutaremos nestes dias vai ajudar-nos a balizar esse caminho. A liturgia deste primeiro domingo do advento diz-nos: “vigiai”, “estai atentos”, “não vos deixeis adormecer”. Seria dramático se, por comodismo, por desleixo, por indiferença, por distração, perdêssemos a oportunidade de acolher Aquele que vem libertar o mundo e imprimir um dinamismo novo à história dos homens.
Na primeira leitura, o profeta Isaías partilha connosco o seu sonho da paz universal e da comunhão fraterna de todos os povos e nações. Trata-se de uma utopia ingénua e impossível? Trata-se de uma promessa de Deus; e as promessas de Deus não costumam cair em saco roto. Jesus, Aquele cujo nascimento celebraremos no final do advento, foi enviado por Deus ao nosso encontro para concretizar essa promessa.
A verdade é que, mais de dois mil anos depois de Jesus, a utopia sonhada pelo profeta Isaías, parece absurdamente distante… A história dos homens continua a ser manchada pela violência, pelo ódio e pelo sangue derramado; a humanidade continua a recorrer à guerra e ao conflito para resolver os diferendos; a ambição dos grandes do mundo continua a lançar as nações umas contra as outras; o diálogo entre as nações e os acordos de paz parecem, tantas e tantas vezes, contaminados por um cinismo atroz; a injustiça e a exploração continuam a fazer crescer, a cada momento, o número de homens e mulheres condenados a uma vida sem sentido e sem esperança; milhões e milhões de homens e mulheres continuam todos os dias a ser atirados para fora da história e abandonados nas bermas da estrada que a humanidade percorre… Jesus falhou, ou somos nós que nos recusamos a acolher as indicações que Ele nos veio dar? O que é que está a impedir ou a atrapalhar a chegada desse mundo de justiça e de paz que Isaías anunciou? Qual a nossa responsabilidade pessoal no “adiamento” desse mundo novo de paz, de justiça e de fraternidade? Que podemos fazer para que o sonho de Isaías – o sonho de todos os homens de boa vontade – se concretize?
Na segunda leitura, Paulo de Tarso avisa os cristãos de Roma – e os cristãos de todas as épocas e lugares – que o tempo está a passar e que se aproxima o dia da nossa libertação definitiva. Portanto, é altura de abandonarmos as “obras das trevas” e de nos revestirmos das “armas da luz”. O Senhor Jesus vai chegar; temos de estar preparados para o encontro com Ele.
Talvez sejamos pessoas generosas, de boa intenção e de boa vontade, que acolheram o chamamento de Jesus e que optaram por abraçar o projeto que Ele veio apresentar aos homens… No entanto, por mais verdadeira e sincera que tenha sido a nossa adesão a Jesus, temos que reencontrar-nos a cada passo com essa nossa opção inicial. Com o passar do tempo, com a monotonia, com o cansaço que a vida traz, com a preguiça que sempre nos espreita, temos uma tendência natural para “adormecer”, para cair na no comodismo, na passividade, na inércia. Então, deixamos correr as coisas e o nosso compromisso com Jesus e o Evangelho vai-se esbatendo. É uma tendência natural, que é preciso contrariar. Por isso, Paulo diz-nos: “acordai!; renovai o vosso entusiasmo pelos valores do Evangelho; é preciso estar preparado – sempre preparado – para acolher o Senhor que vem”. Mantemo-nos atentos, despertos, vigilantes, a fim de que a nossa vida seja coerente com os compromissos que assumimos, enquanto discípulos de Jesus?
O Evangelho traz-nos parte de um discurso de Jesus pronunciado diante dos discípulos, no Monte das Oliveiras, poucos dias antes da Sua paixão e morte. A indicação que Jesus deixa é clara: “Vigiai, estai sempre preparados, não vos deixeis distrair por futilidades, vivei atentos aos desafios que Deus vos lança, não esqueçais a Boa nova que vos propus, olhai com amor e misericórdia os irmãos que caminham ao vosso lado, empenhai-vos a cada instante na construção de um mundo mais justo, mais humano e mais feliz”. Para os discípulos de Jesus, o desleixo, a preguiça, a indiferença, o conformismo, não são opção.
Começamos hoje a nossa caminhada de advento. Não se trata de um “caminho” geográfico, mas sim de um “caminho” espiritual. Ao longo deste “caminho” preparamo-nos para acolher o Senhor que vem. Nesta primeira etapa do caminho do advento, a palavra-chave que a liturgia nos propõe é “vigiai”. Não podemos continuar distraídos, a perder tempo com coisas sem valor, a enterrarmo-nos na lama dos caminhos que não levam a nenhum lado, a deixar-nos enredar em interesses mesquinhos e fúteis. Se insistirmos em continuar a olhar para o chão, provavelmente iremos passar pelo Senhor que vem ao nosso encontro sem o reconhecer e sem o acolher. Talvez seja boa ideia fazermos uma lista das coisas que tolhem os nossos passos, que nos roubam a liberdade, que não deixam espaço no nosso coração para o Senhor que vem… Comprometemo-nos a elaborar essa lista? Iremos cortar da nossa vida tudo aquilo que nos impede de caminhar ao encontro de Jesus?O Evangelho traz-nos parte de um discurso de Jesus pronunciado diante dos discípulos, no Monte das Oliveiras, poucos dias antes da Sua paixão e morte. A indicação que Jesus deixa é clara: “Vigiai, estai sempre preparados, não vos deixeis distrair por futilidades, vivei atentos aos desafios que Deus vos lança, não esqueçais a Boa nova que vos propus, olhai com amor e misericórdia os irmãos que caminham ao vosso lado, empenhai-vos a cada instante na construção de um mundo mais justo, mais humano e mais feliz”. Para os discípulos de Jesus, o desleixo, a preguiça, a indiferença, o conformismo, não são opção.
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