CRIATIVOS NA PROGRAMAÇÃO - ALEGRIA NA AÇÃO

A Fé dá sentido (s) à vida! Este foi e é o tema geral do Plano Pastoral para o triénio de 2016-2019, na Diocese de Portalegre-Castelo Branco. Em cada ano do triénio escolhe-se um subtema inspirador. Esta programação pastoral levar-se-á à prática, como é evidente, dentro das nossas circunstâncias. E excetuando os grandes centros urbanos que temos – que, aliás, são poucos e pequenos -, a paróquia territorial ainda marca o nosso ritmo e os nossos desafios pastorais, quer para a concretização dos programas delineados, quer para a implementação das conclusões do Sínodo Diocesano, quer para tudo o mais nestas áreas da evangelização. Cada tempo tem as suas exigências e convida-nos a olhá-lo com atenção, a reapreciar o dom da fé e da experiência cristã e a ser criativos para fazer passar a mensagem em propostas inteligentes, simples e concretas. Sabendo, embora, como aliás nos dizem vários documentos do magistério, que a paróquia “não é principalmente uma estrutura, um território, um edifício, mas que é sobretudo “a família de Deus”, ela, entre nós, continua a ter “uma missão indispensável e de grande atualidade; pertence-lhe criar a primeira comunidade do povo cristão, iniciar e reunir o povo na expressão normal da vida litúrgica, conservar e reanimar a fé nas pessoas de hoje, dar-lhes a escola da doutrina salvadora de Cristo, praticar no sentir e na ação a humilde caridade das obras boas e fraternas”. Isto acontecerá tanto mais quanto maior for a nossa abertura ao inesperado, à surpresa do Espírito Santo; quanto maior e mais convincente for o nosso apelo à santidade como fundamento de toda a programação pastoral e cerne da nova Evangelização; quanto mais formos capazes de passar da eficácia controlada à fecundidade descontrolada, respeitando “o primado da graça”; quanto mais dermos atenção à pedagogia do apelo, convidando pessoalmente, tal como Jesus fez e hoje continua a fazê-lo através de nós; quanto maior for a participação dos leigos nas responsabilidades pastorais de programação criativa e ação eficaz; quanto mais se multiplicarem os pequenos grupos de reflexão onde os fiéis possam comunicar entre si a Palavra de Deus e exprimir-se no serviço e no amor, como verdadeiras expressões da comunhão eclesial e centros de evangelização, em comunhão com os seus pastores”; quanto mais a dinâmica pastoral não se limitar a simples iniciativas pontuais, mas aposte verdadeiramente no estudo das temáticas e na formação dos fiéis, indo ao encontro deles. Se a Paróquia for, assim, uma verdadeira comunidade de fé, uma responsável comunidade orgânica e uma autêntica comunidade eucarística, ela será verdadeiramente aquilo que deve ser: um lugar da comunhão dos crentes, o fontanário da aldeia a que todos acorrem na sua sede, como gostava de dizer São João XXIII (cf. ChFL, 26-27).
No termo do ano jubilar da Misericórdia, o Papa Francisco afirmou ser “conveniente que cada comunidade pudesse, num domingo do ano litúrgico, renovar o compromisso em prol da difusão, do conhecimento e do aprofundamento da Sagrada Escritura: um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, para compreender a riqueza inesgotável que provém daquele diálogo constante de Deus com o seu povo” (MM 7).
Assim, combinámos que o terceiro Domingo do Advento, o Domingo da alegria, seja, doravante, o Dia da Palavra nesta Diocese. Ver quem e como preparar e organizar esse dia em cada comunidade, anunciá-lo com antecedência, sensibilizar, lançar propostas e rasgar caminhos, rezar pelo seu êxito e envolver o maior número de pessoas, é desafio que fica, desde já, para todos nós os agentes da pastoral. Bom seria que, onde fosse possível, esse dia fosse antecedido ou seguido de cursos ou momentos de formação bíblica ao longo da semana, ou outras iniciativas que ajudassem a formar para a importância da leitura e do estudo da Sagrada Escritura. Francisco diz-nos que “Não deve faltar criatividade para enriquecer o momento com iniciativas que estimulem os crentes a ser instrumentos vivos de transmissão da Palavra”.
É à volta da Palavra anunciada, proclamada, meditada, partilhada e celebrada que se constrói e alimenta a vida da comunidade. Esperamos que o seja cada vez mais e que desta iniciativa possam usufruir não só as comunidades como tais, mas também as comunidades de vida consagrada, as famílias, os grupos de reflexão paroquial, os movimentos de apostolado, todos os serviços eclesiais, todas e cada uma das pessoas de boa vontade.

D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
06-10-2017