No silêncio onde vivo há uma luz que rasga a noite e faz nascer o dia. Muitas vezes, não lhe dou importância, afinal é algo tão constante que parece vulgar. Mas, algumas vezes, a noite é escura e o brilho de uma luz, que começa pequeníssima, faz-me compreender que a vida é afinal sublime, um milagre que se renova e fortalece a cada dia e a cada noite.
Há noites que duram meses e outras que duram anos. Mas há sempre uma luz que, brilhando, vencerá as trevas, o frio e o abandono.
No nosso íntimo há uma luz que nunca se extingue, só ela nos permite distinguir o que é precioso do que não passa de uma aparência enganadora. É um milagre subtil e incessante que não se apaga, por maiores que sejam as nossas desconfianças.
A maior aventura da minha vida é ter chegado aqui e estar cheio de vontade de ir mais além. Muito mais além. Para lá das forças que julgo ter e da felicidade que sou capaz de sonhar.
As aventuras são caminhos íntimos e perigosos na medida em que, ainda que limitados pelas nossas circunstâncias, não podemos nunca desistir de ir à procura de ser mais...
Devemos sempre ter a nossa mala feita e umas botas prontas, nenhum de nós é daqui e a qualquer momento pode ser tempo de partirmos para mais longe...
Na mala, devemos levar só o essencial do que temos, que é muito pouco!
Nas botas, devemos levar o essencial do que somos, que também não é muito!
Mas ainda assim só as devemos levar em parte do caminho. A aventura é para fazer de pés descalços e mãos abertas. Sim, para que aprendamos a escolher bem todos os passos do nosso caminho... e onde colocar o pé a cada passo.
José Luís Nunes Martins
Artigos de opinião publicados no site da Rádio Renascença.
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