quinta-feira, 12 de outubro de 2017
UMA INTERPELAÇÃO E UM CONVITE
Cem anos se passaram desde as aparições de Nossa Senhora em Fátima. A última aparição deu-se em treze de outubro de 1917. “Como mãe preocupada com as tribulações dos filhos, Ela aparece aqui com uma mensagem de consolação e de esperança para a humanidade em guerra e para a Igreja sofredora: “Por fim, o meu imaculado Coração triunfará” (Card. Parolin). E Fátima impôs-se à Igreja e ao mundo porque sempre em sintonia com o Evangelho. Mesmo no meio de tanta contestação de familiares, autoridades e outros, impôs-se aos Pastorinhos. Eles não podiam calar, muito menos negar o que tinham sentido, visto e ouvido, fazendo-nos lembrar a primeira Carta de São João: “o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos para que também vós tenhais comunhão connosco” (1Jo 1, 3). Mas logo se impôs também à gente próxima do local, ao povo de Portugal inteiro e de todo o mundo, em verdadeiros dinamismos de curiosidade, de conversão, de amor e de paz. O Altar do Mundo! Um sinal profético para toda a humanidade que mal vai quando vive de costas voltadas para o Deus misericórdia manifestado em Jesus Cristo, ou quando teima em fazer imperar a ditadura da indiferença em relação ao sofrimento de tantos e tantos, ou, pior ainda, quando lhes agrava o sofrimento com ódios e guerras, com exploração e fome! Como afirmava o Papa Francisco em Fátima, “ao ‘pedir` e ‘exigir` o cumprimento dos nossos deveres de estado (carta da Irmã Lúcia, 28-02-1943), o Céu desencadeia aqui uma verdadeira mobilização geral contra esta indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar”.
Os caminhos de Fátima continuam a ensinar-nos que “sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”, na força da oração e da fidelidade a Cristo vivo nos irmãos, sobretudo nos que mais sofrem física e moralmente. E se olhamos para Maria como a mulher “contemplativa do mistério de Deus no mundo, na história e na vida diária de cada um e de todos”, também olhamos para ela como “a mulher orante e trabalhadora em Nazaré” e como “nossa Senhora da prontidão, a que sai “à pressa” (Lc 1,39) da sua povoação para ir ajudar os outros. Esta dinâmica de justiça e de ternura, de contemplação e de caminho para os outros faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização”.
Cem anos se passaram! E Fátima continua a ser uma verdadeira escola, um “dom” e uma “bênção”, um sinal de esperança para a Igreja e para o mundo, mas também uma “interpelação” e um convite à “identificação com Cristo”, “à conversão e ao combate contra o mal” (cf. Carta CEP).
“Louvada seja na terra
A Virgem Santa Maria:
Quer nas horas de tristeza,
Quer nas horas de alegria;
Quer sobre as ondas do mar
Lá com a morte à porfia;
Quer nos escuros caminhos
Pelas noites de invernia;
Quer no lume da lareira,
Quer no sol quando alumia;
Quer no amor de toda a hora,
Quer no pão de cada dia…
Louvada seja na terra
A Virgem Santa Maria!”
---- (Lit. das Horas).
D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
12-10-2017
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