sábado, 7 de outubro de 2017

Portugal vai ter novos bispos


Com a morte de D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto, e a resignação forçada por motivos de saúde de D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, aumenta para seis o número de dioceses portuguesas que vão mudar de bispo diocesano nos próximos meses. Das 21 dioceses portuguesas, quase um terço vai mudar de bispo, ou mais, se considerarmos a tradição de algumas acolherem como residenciais bispos que já eram residenciais noutras dioceses.





Uma análise das diferentes faixas etárias que compõem o episcopado português mostra que é um episcopado envelhecido, numa fase de renovação. Dos 28 bispos residenciais e auxiliares, apenas seis têm menos de 60 anos. Do resto, 12 têm entre 60 e 69 anos (D. António Francisco dos Santos faria parte deste grupo, com 69 anos), enquanto dez têm mais de 70 anos. Neste grupo dos mais velhos estão também concentrados boa parte dos bispos residenciais.

São seis as dioceses onde será preciso mexer nos próximos meses. No Porto faleceu D. António Francisco dos Santos e em Viseu D. Ilídio Leandro renunciou por motivos de saúde. Porque atingiram o limite de idade, renunciaram ao cargo D. Manuel Pelino Domingues, de Santarém, D. António Carrilho, do Funchal, D. José Alves, de Évora, e D. Amândio Tomás, de Vila Real, que completa 75 anos em abril de 2018, embora este último possa permanecer mais tempo na diocese, se o Papa Francisco assim o desejar. Apesar de ter completado 75 anos em abril deste ano, o Papa Francisco pediu a D. António Carrilho que se mantivesse por mais um ano à frente da diocese, pelo que a sucessão no Funchal pode ser das últimas a ser decididas. A situação em Évora é diferente: depois de já ter completado um ano a mais à frente da diocese, o Papa Francisco pediu a D. José Alves que permanecesse «mais algum tempo», sem especificar.



No que diz respeito às dioceses, é muito provável que os lugares de Bispo do Porto e de Arcebispo de Évora sejam ocupados por bispos residenciais ou auxiliares de outras dioceses, considerando o tamanho e o desafio pastoral do Porto e a importância da Arquidiocese de Évora.

Quanto a nomeações, Lamego ou Bragança-Miranda poderão perder o seu bispo para o Porto, enquanto D. Francisco Senra Coelho é uma opção que tem sido falada para Évora, considerando o seu historial na diocese. Mas há ainda D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas, que está apenas há quatro anos no cargo, mas que pode ser desviado para alguma das dioceses já enunciadas.

Para Funchal, Santarém e Viseu é menos provável que passem bispos diocesanos, e a Família Cristã sabe que os auxiliares de Lisboa estão a ser considerados para Santarém e Funchal. No entanto, é possível que alguns sacerdotes ou cónegos, nomeadamente do Patriarcado de Lisboa, possam ser escolhidos para qualquer uma das dioceses.

Dos sacerdotes que poderão assumir dioceses, ressalta o nome do Cónego Isidro, do Patriarcado de Lisboa, e do Pe. Duarte da Cunha, a terminar o seu mandato como secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, um sacerdote que goza de bastante prestígio internacional e que poderá estar de regresso a Portugal pela via do episcopado.


Considerando as idades do resto do episcopado, será de esperar que possam ser escolhidos para bispos, residenciais ou auxiliares, sacerdotes mais novos. Caso contrário, em breve a Igreja em Portugal terá de passar por um processo semelhante, com muitos bispos a renunciarem no mesmo período. Um problema para o Papa resolver.

Texto: Ricardo Perna


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