sexta-feira, 27 de outubro de 2017

DA TEORIA AO COMPROMISSO

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Este mês de outubro convidou-nos a refletir “sobre a missão no coração da fé cristã”. Foi Francisco que deu o mote na habitual Mensagem papal para o Dia Mundial das Missões. A sua intenção foi pôr-nos a pensar “sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas”. Como sabemos, a missão da Igreja “funda-se sobre o poder transformador do Evangelho”. Não é “a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime”. Pela missão da Igreja, “é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir”. É Ele que continuamente Se oferece e “convida a partilhar a sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e ressurreição”. É Ele que “continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída”. Mas para que isto possa acontecer, a missão da Igreja tem de ser “animada por uma espiritualidade de êxodo contínuo”. Tem de, constantemente, «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho». A Igreja não pode esquecer que “não é fim em si mesma, mas instrumento e mediação do Reino”. Não pode ser “autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos”. Como afirma o Papa, é preferível «uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças».
E reiterando que os jovens “são a esperança da missão”, Francisco apela à necessidade de uma “espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária”. Só assim se poderá também envolver “adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário”.
Também a Semana Nacional da Educação Cristã, que vamos viver de 29 deste mês a 5 de novembro, nos alerta para a alegria do encontro com Jesus Cristo, que sempre nos chama nos acolhe, alimenta e conduz a porto seguro. Na Sua missão de Bom Samaritano e de Bom Pastor, Ele continua “a chamar-nos pelo nome, quando, pelo batismo, nos acolhe na Sua Igreja, e, pelo Crisma, nos confirma com o Seu Espírito. Continua a alimentar-nos e a unir-nos em comunhão com a oferta do Seu Corpo e Sangue, na Eucaristia. Continua a privilegiar para isso o primeiro dia da semana, a que desde os primórdios da Igreja se chama domingo ou dia do Senhor. Mas não só. Ele vem ainda ao nosso encontro na Sagrada Escritura, que d’Ele e em que Ele nos fala, sobretudo se escutada em ambiente de oração, como nas celebrações litúrgicas ou nos encontros de catequese. Vem ao nosso encontro pelos sacramentos, não só de iniciação cristã, mas também da cura, para nos perdoar e confortar, e do serviço, para nos unir em comunhão. Vem ao nosso encontro na vivência do amor que nos une em Igreja e nos leva a dar-nos sobretudo na vivência do amor que nos une em Igreja e nos leva a dar-nos sobretudo aos mais carenciados, de quem se fez irmão”. Ao acolher Jesus tornamo-nos irmãos e irmãs e esta fraternidade implica solidariedade. Solidariedade que nos leva a sair de nós próprios e a nos comprometermos com Cristo na gestação do Reino, ajudando a que todos possam acolher o dom que Deus faz de Si mesmo a todos, sem exceção, sendo este o primeiro e o melhor serviço que a Igreja presta às pessoas, a todas as pessoas.
Se batizados, somos, de facto, Igreja. Somos missionários onde quer que nos encontremos: na família, na fábrica, no campo, no consultório, na escola, na política, na ciência, na cultura, nas artes e ofícios, no desporto, sempre e em toda a parte. O nosso lugar no meio da comunidade humana é também o lugar da nossa própria santificação, devendo também contribuir para a santificação de quem vive e convive connosco, à maneira de fermento, de sal e luz.

D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
27-10-2017

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