quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Onde é que Tu estás?

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Onde é que Tu estás quando não encontro no outro o brilho do seu olhar?
Onde é que Tu estás quando a cor da vida está sem intensidade na sua pele?
Onde é que Tu estás quando a ação já nem sequer atua por mera reação?
Onde é que Tu estás quando a vida começa a desvanecer por entre dores inexplicáveis?

Tu que dizes que sempre estás e que afirmas ser Caminho, Verdade e Vida explica-me: por onde se caminha nesta verdade que a vida me dá?
Tu que dizes que sempre estás e que em Ti tudo se define em amor e por amor mostra-me como se revela a Tua compaixão e o Teu amor nestes momentos e horas. É que a minha presença parece preencher muito pouco, o meu silêncio parece castigar mais do que qualquer dor e as minhas palavras parecem um mero protocolo de socialização que não acrescenta absolutamente nada.

Onde é que Tu estás quando as lágrimas querem escrever tudo o que não consigo expressar?
Onde é que Tu estás quando o sentido de tudo isto lhes parece ter sido roubado não sabendo muito bem qual a direção de um novo trilho?
Onde é que Tu estás quando quero ser para o outro apenas mais uma certeza de que que continua a valer a pena confiar?

Não acredito que não estejas por perto um único segundo. Não acredito que não sofras tanto ou mais do que nós. E não duvido que nos tentes explicar tudo isto com o Teu silêncio ensurdecedor que tantas vezes nos acalma, mas que tantas outras nos revolta.

Não desconfio que o Teu amor seja soprado no coração de cada um, nem que faças ouvidos de mercador a tanto sofrimento sem fim.

Não te peço que me reveles a Tua presença, mas que ao menos sejas presença viva naqueles a quem eu não Te consigo falar, mostrar e explicar.

Que em cada questionamento meu sobre a Tua presença, Tu te mostres com a graça da Tua tão grande Graça.

Que em cada questionamento meu sobre a Tua presença, Tu te reveles verdadeiramente naqueles que sofrem.

Que eu nunca saiba como é que Tu estás, nem onde estás, mas que aqueles que sofrem sintam no meu olhar que Tu nunca os abandonaste!


Emanuel António Dias

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