segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Quem muito olha para trás, pouco anda para a frente!







Temos alguma dificuldade em atirar para trás das costas tudo aquilo que (já) não nos acrescenta. Gostamos muito de dormir à sombra das nossas mágoas de estimação, dos nossos queixumes habituais e de todas as injustiças que a vida nos desferiu. Adoramos entrelaçar o coração a todas as coisas que já devíamos ter colocado no ontem. Lá atrás e no capítulo do já passou. No entanto, falta-nos formação em saber largar. Em saber deixar ir. Não compreendemos que aquilo que nos aconteceu já não nos pode acontecer. O que é do passado, ficou lá. O que resta é apenas um contorno do que vivemos e que, muitas vezes, só atormenta a memória.

É-nos difícil deixar o que já não interessa. Passar por cima dos assuntos e parar de os mastigar. Aconteceu. Paciência. Que eu possa, agora, saber viver com isso e que eu não viva “refém” do que se passou comigo.

Isso quer dizer que o que está lá atrás já não nos faz mal? Faz. Se quisermos. Se deixarmos. Se olharmos para os nossos dias com uma luz recém-nascida.

Não há recomeços sem pontos finais. Mais ou menos queridos. Mais ou menos merecidos.

Não há futuro sem se deixar cair os degraus de ontem.

Não há novidades se, dentro de nós, for tudo velho e estiver tudo fora de prazo.

Não há novo capítulo se não se terminar a leitura do anterior.

Dizem que quem muito olha para trás, pouco vai andar para a frente!

Não tenhas medo. Mais à frente será sempre melhor do que já foi.


Marta Arrais

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