quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Há quem nos visite!




Há quem nos visite. Despido e despojado. Há quem nasça para se tornar numa eterna visita capaz de chegar a todos. Existe quem se dirija a nós de mãos a abanar e que mesmo assim nos oferece tudo. São visitas que nos dão o céu. É gente que não descansa enquanto a sua vida não for escrita por todas as histórias de vida.

Há quem nos visite. Há quem venha do alto para se tornar pequenino. Existe quem não se deixe guiar pela grandeza do mundo, mas pela pequenez do amor. Do amor que anda de esperanças. Do amor que nos ensina a andar lado a lado e frente a frente. Ainda há por aí quem se deixe guiar por uma palavra que se faz verbo, onde tudo se cria e recria.

Há quem nos visite. Com um coração que escuta. Com olhos que leem as entrelinhas dos nossos silêncios. Há quem nos bata à porta disposto a caminhar. Há quem se comprometa em não nos deixar do outro lado. Do lado onde a dignidade nos parece ser inalcançável. Existe quem não desista de contar com quem não conta.

Há quem nos visite. Trazendo consigo um propósito de vida. Não se dedica ao fabrico das certezas, nem de curas. Não promete milagres, nem a aceitação de todos os nossos pedidos. Há quem traga a certeza de um caminho que não se faz a sós. Existe quem nos dê a conhecer a beleza de uma vida que não se finaliza, mas que ganha sentido numa finalidade.

Há quem nos visite. Bem de mansinho. Dando-se a conhecer longe daqueles que pensam saber tudo. Longe daqueles que se dedicam à aparência de rituais. Há quem nos visite nos que se dizem perdidos da vida. Há quem nos visite naqueles a quem não somos capazes de dirigir o nosso olhar. Há quem nos visite naqueles que têm vidas que não achamos nada bem. Há quem nos visite na fragilidade de um menino!

Há quem nos visite no inesperado!



Emanuel António Dias

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