quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O que levamos para o ano novo?

 



Suspiramos, agora, de alívio ao compreender que o ano velho está quase atrás de nós. Parece que nos sai um peso de cima dos ombros, dos dias, do coração, da vida como a entendemos e entendíamos.

Finalmente, ousamos fazer as malas para a viagem da novidade que o novo ano trará. Enquanto colocamos dentro destas tudo o que nos aconteceu, acabamos por nos deter neste ou naquele momento. Nesta ou naquela dificuldade. Nesta ou naquela pessoa. Dobramos tudo com o cuidado de quem sabe que abrirá, em breve, a mochila.

Neste processo de arrumação e de balanço, talvez haja algumas coisas que não valerá a pena dobrar e guardar. Quais? Para cada um de nós serão “peças” diferentes. Nem todos encontramos sentido nas mesmas coisas. Nem todos estamos preparados para varrer o lixo e para deitar fora as roupas que já não nos servem e que já não vestimos há um par de eternidades.

No entanto, julgo que podemos refletir em conjunto sobre aquilo que vale a pena deixar para trás.

Talvez valha a pena ter a coragem de deixar em 2020 o que nos tornou pessoas menos tolerantes, mais azedas, menos simpáticas.

Talvez seja importante colocar um ponto final nas histórias que já não fazem sentido. Que não nos acrescentaram vida nem nada de bom.

Nesta fase tão difícil em que nos encontramos todos (por tantas e tão diferentes razões) quem queremos que continue connosco? Ao nosso lado? A dar-nos a mão ou a ralhar-nos quando precisarmos disso?

Quem queremos deixar ir por não ter sabido estar à altura da nossa amizade e da nossa confiança?

Que força queremos levar para o novo ano? A força de uma tempestade que leva tudo à frente ou a de uma árvore que tem a humildade de saber estar, sem perder o norte às suas raízes?

Que projetos precisamos de levar a cabo? De erguer para nós, para os outros, para a nossa comunidade, para a nossa família, para a nossa cidade, para o nosso país?

Para cada uma destas questões (se nos atrevermos a fazê-las) encontraremos respostas diferentes. Mais ou menos cobardes. Mais ou menos precisas. Mais ou menos misteriosas.

Ainda assim, e sabendo que todos somos um projeto em permanente construção, que respostas nos queremos dar?

2021 está já ali.

Vamos juntos?


Marta Arrais


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