sábado, 31 de dezembro de 2022

Papa recorda exemplo de «gentileza» de Bento XVI

 

Francisco afirma «gratidão» da Igreja pelo serviço do falecido Papa emérito


Cidade do Vaticano, 31 dez 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco evocou hoje no Vaticano a “bondade” de Bento XVI, seu predecessor, falecido esta manhã, aos 95 anos de idade.

“Por falar em gentileza, neste momento, o nosso pensamento volta-se espontaneamente para o querido Papa emérito Bento XVI, que nos deixou esta manhã. Com comoção recordamos a sua pessoa tão nobre, tão gentil”, declarou, na homilia das primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus.

Francisco falava em público pela primeira vez, após o falecimento do seu antecessor, que morreu no antigo mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, onde residia desde 2013, após a renúncia ao pontificado.

“Sentimos tanta gratidão nos nossos corações: gratidão a Deus por tê-lo oferecido à Igreja e ao mundo; gratidão a ele, por todo o bem que fez e, sobretudo, pelo seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos da sua vida retirada. Só Deus conhece o valor e a força da sua intercessão, dos seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja”, referiu o Papa.

Bento XVI foi Papa entre 2005 e 2013, tendo sucedido a João Paulo II.

Na celebração com que se encerra, tradicionalmente, o ano civil, na Basílica de São Pedro, acompanhada pelo hino ‘Te Deum’, Francisco quis “propor novamente a gentileza como virtude cívica”, para “humanizar” a sociedade.

“A gentileza é um fator importante na cultura do diálogo, e o diálogo é indispensável para viver em paz, como irmãos e irmãs que nem sempre se entendem – é normal – mas que, no entanto, se falam, se escutam e procuram entender-se~”, sustentou.

O Papa alertou para as consequências do “individualismo consumista”, que leva a ver os outros como “obstáculos”.

“Queridos irmãos e irmãs, penso que resgatar a gentileza como virtude pessoal e cívica pode ajudar muito a melhorar a vida das famílias, das comunidades e das cidades”, sustentou.

Na última quarta-feira, Francisco pedira orações por Bento XVI, de 95 anos, afirmando que o seu antecessor se encontrava “muito doente”.

“Gostaria de pedir-vos a todos uma oração especial, pelo Papa emérito Bento [XVI], que no silêncio está a sustentar a Igreja. Recordai-o, está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente, neste testemunho de amor à Igreja, até ao fim”, declarou, na audiência pública semanal, que decorreu no Auditório Paulo VI.


Foto: Lusa/EPA

O Papa vai presidir às cerimónias fúnebres de Bento XVI, a 5 de janeiro, pelas 09h30 (08h30 em Lisboa), na Praça de São Pedro.

Em nota enviada aos jornalistas, esta tarde, a Santa Sé adianta que os restos mortais do Papa emérito vão permanecer no Mosteiro ‘Mater Ecclesiae’ até à madrugada de segunda-feira, sem “visitas oficiais ou orações públicas”.

No mesmo dia, a partir das 09h00 (menos uma em Lisboa), o corpo fica em câmara ardente dos fiéis na Basílica de São Pedro, até às 19h00, bem como na terça e quarta-feira das 07h00 às 19h00 locais.

Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, tal como acontece em 2022, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria.

Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.

No dia 19 de abril de 2005 foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciou a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.


OC

UMA FAMÍLIA NO HORIZONTE DE MUITAS OUTRAS



Sendo a mais pequenina e a mais antiga das sociedades humanas, a família, constituída entre homem e mulher, seus ascendentes e descendentes, apesar dos solavancos que enfrenta e sofre, continua a ser a instituição que mais estabilidade e esperança oferece ao mundo prenhe de feridas e divisões. É a mais influente das instituições, no presente e no futuro da humanidade. É nela que a pessoa nasce, cresce e amadurece, em princípios e valores, em solidariedade e fraternidade, em bons e menos bons momentos. Se, porém, a família está doente, a sociedade doente está! Por isso, tudo quanto cada família possa fazer em prol de si mesma, tudo quanto possa ser feito por quem tem o dever de promover e defender a família, tudo isso, por mais que seja e se eleve à mais alta potência, é sempre muito pouco para enaltecer a família e lhe agradecer por tudo o que ela é, significa e faz. Cuidar da família devia ser a prioridade das prioridades, o ponto de honra de qualquer sociedade que se presa de o ser. A força e a vitalidade de cada país dependem da vitalidade e da força das suas famílias. É na família, diz Bento XVI, que “se plasma o rosto de um povo; é nela que os seus membros adquirem os ensinamentos fundamentais. Nela aprendem a amar, enquanto são amados gratuitamente; aprendem o respeito por qualquer outra pessoa, enquanto são respeitados; aprendem a conhecer o rosto de Deus, enquanto recebem a sua primeira revelação de um pai e de uma mãe cheios de atenção. Sempre que falham estas experiências basilares, a sociedade no seu conjunto sofre violência e torna-se, por sua vez, geradora de múltiplas violências” (AM42-46).
Em vésperas do Dia Mundial da Paz, também é bom lembrar que a família é, sem dúvida, o lugar propício para a aprendizagem e a prática da cultura do perdão, da paz e da reconciliação. “Numa vida familiar sã, experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoá-lo. Por isso a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz”.
Defender a família, não é, não pode ser, sabemos que não é apenas policiar as cidades, as vilas e aldeias, as ruas e os bairros para prender quem maltrata e mata. A defesa da família está a montante, está na formação dos jovens, nas políticas que se implementam, nos serviços que se lhe prestam, no apreço que por ela se tem e manifesta. E se a formação dos jovens para construir família começa, de facto, no seio da família pelo testemunho dos avós e dos pais, se outras instituições também se preocupam com a promoção, proteção e defesa da família e vão fazendo a sua parte, também a preocupação do Estado se deveria fazer sentir de forma mais eficiente e eficaz, para que, naturalmente, o tecido social de paz, harmonia e progresso fosse alicerçado em rocha firme.
Educar é muito mais do que ensinar. Implica objetivos definidos e claros, implica o testemunho e a coerência de quem educa, implica rejeitar colonizações ideológicas e preconceitos sem sentido, implica não desconstruir a linguagem nem distorcer o conceito de matrimónio e de família. Desvalorizar a maternidade, banalizar o aborto, descartar os mais frágeis, promover o divórcio sem pensar, inclusive, nas tristes e sofridas consequências para os filhos, tantas vezes fazendo deles objeto de disputa como se de partilhas de propriedade se tratasse, criar uma ‘nova ética’ em nome de saltos civilizacionais apadrinhados por egoísmos e quejandos, tudo isso acaba por conduzir ao endurecimento do coração, à cultura do provisório, do usa e deita fora, avilta a consciência, desumaniza. É certo que nas famílias nem tudo é linear. É certo que não se podem negar as crises e os problemas com múltiplas causas e origens. É certo que não se deve esconder ou relativizar a sua importância, prejudicando a comunicação. É certo que pode haver casos que se foram enrolando e crescendo e se manifestam agora de difícil superação, sim, é certo. No entanto, quando, nos tempos felizes e calmos, marido e esposa aprendem a verdadeira arte de comunicar, acabam por reconhecer que “cada crise é como um novo ‘sim’ que torna possível o amor renascer reforçado, transfigurado, amadurecido, iluminado” (AL238).
Celebramos a Festa da Sagrada Família. A todas, mas sobretudo às famílias cristãs, o Papa Francisco lembra que cada família “tem diante de si o ícone da família de Nazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelos, como quando teve que sofrer a violência incompreensível de Herodes, experiência que ainda hoje se repete tragicamente em muitas famílias de refugiados descartados e inermes. Como os Magos, as famílias são convidadas a contemplar o Menino com sua Mãe, a prostrar-se e adorá-Lo. Como Maria, são exortadas a viver, com coragem e serenidade, os desafios familiares tristes e entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as maravilhas de Deus. No tesouro do coração de Maria, estão também todos os acontecimentos de cada uma das nossas famílias, que Ela guarda solicitamente. Por isso pode ajudar-nos a interpretá-los de modo a reconhecer a mensagem de Deus na história familiar (AL30).
O amor entre homem e mulher insere-se na Aliança definitiva entre Deus e o seu povo. Foi plenamente selada no sacrifício da cruz. Não sendo obra de um momento, mas um projeto paciente de toda uma vida, a família é chamada a viver diariamente o amor de Cristo, sem esquecer que é “um instrumento privilegiado da presença e missão da Igreja no mundo”. Sempre renovada com a força da Palavra de Deus e dos Sacramentos, será cada vez mais Igreja doméstica que educa para a fé e para a oração. Será cada vez mais berço de vocações ao matrimónio, à vida consagrada, ao ministério ordenado, escola natural de virtudes e de valores éticos, célula viva e basilar da sociedade. A Igreja convida todas as famílias a contemplar “a Família de Nazaré, que teve a alegria de acolher a vida e exprimir a sua piedade na observância da Lei e das práticas religiosas do seu tempo”. Convida-as a pôr “os olhos nesta Família que viveu também a provação da perda do Menino Jesus, a aflição da perseguição, da emigração e da dura labuta diária”. Convida-as a que ajudem os seus filhos “a crescerem em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (cf. EinMO58-59).

D. Antonino Dias- Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 30-12-2022.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

O simples não é fácil



A vida é simples, mas não é fácil.

O amor é simples, mas não é fácil.

A felicidade é simples, mas não é fácil.

Por vezes, complicamos o que é simples na tentativa de o tornar mais fácil, mas acabamos por colocar camadas e camadas em cima de algo que acaba por ficar escondido.

Em que ponto da tua vida estás? Para onde queres ir? Anima-te uma vontade profunda ou uma paixão passageira? Até que ponto te sentes determinado a fazer esse caminho? E se tiveres de sofrer? E se for muito mais do que imaginas? E se estiveres enganado?

Precisas de muitas coisas para ser feliz ou apenas de compreender o que é importante no meio de tanta coisa?

Os infelizes precisam sempre de muito e os felizes não precisam de senão de pouco.

A felicidade está ligada ao desapego. Ao simples… que é tão difícil.

Começa por ser duro admitir que haja tanta gente errada, mas também é verdade que se há tão poucas pessoas felizes, então a maioria não pode estar certa…

Simples: aponta a tua vida para o céu e faz o que for preciso para lá chegar.

Difícil: quase todo o caminho.

Não tens de mudar o mundo, tens de começar por te mudar a ti.

Isso é simples, mas não é fácil.

José Luís Nunes Martins


quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Natal 2022



Há angústias que nem o Natal apazigua…

Ser mãe e não ter pão; ser pai e não ter trabalho;
ser filho e não ter carinho; ser avó e avô e não ter um sorriso…

Não ter casa e viver só; não ter amor e viver rodeado por toda a gente;
[Não] ter família e não querer viver…

Em cada coração, O Emanuel encontra uma manjedoura para repousar.
Os teus e os meus olhos não conseguem ver.
Nem os ouvidos se dispõem a escutar os segredos que o Menino desvenda.
As luzes que nos trazem a alegria, fazem sombra sobre aqueles que estão tristes.

MAS… “O Verbo que se faz carne” e, teimosamente, vem a cada ano, sem desistir nem recuar,
quer que sejamos luz para todos.

A melhor forma de presentear quem amamos, é com o nosso tempo,
os nossos braços, as nossas palavras…
Algo tão fácil de ter e tão árduo de dar.

Hoje, o desafio para o nosso Natal é apagar as luzes…
Se cada um de nós contemplar a escuridão de quem sofre,
será capaz de amar a luz de uma forma mais ampla e bela.

Que o Amor que Deus Pai semeia em cada um de nós,
nos una como uma Família capaz de ser tenda para a humanidade inteira.

Que a Esperança Neste Pequeno e Singelo Bebé, Jesus O Cristo e Nosso Salvador,
revista a nossa vida com uma Fé inabalável.

Que este “colocar-se no lugar do outro
nos faça anfitriões plenos do Menino que vem para nos salvar e ser Espírito de Luz no mundo.

Onde há Amor… aí habita Deus!
Apaga as Luzes! Serás Luz!


iMissio

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

E se o Natal não for só alegria?



E se o Natal não for só alegria? Muitas vezes achamos que esta época só pode trazer tudo de bom. Abanamos fortemente as bandeiras da família, do amor, da solidariedade, da união e da felicidade mágica. No entanto, esquecemo-nos que este pode também ser um tempo de tristeza e até de alguma ansiedade.

A verdade é que o Natal não é só alegria. O Natal não é alegre para aqueles que recordam a perda dos seus mais que tudo. O Natal não é alegre para aqueles que não se sentem acolhidos e aceites no seu seio familiar. O Natal não é alegre para aqueles que têm uma mesa cheia de nada. O Natal não é alegre para aqueles a quem a família lhes virou as costas. O Natal não é alegre para quem a doença se faz presente. O Natal não é alegre para os que continuam isolados e esquecidos pelo mundo. O Natal não é alegre para os que já não se conseguem ver ao espelho.

Termos consciência de que esta época pode não ser um tempo de gáudio, é o primeiro passo para conseguirmos trazer um pouco da verdadeira essência do Natal a tantos e tantas. E talvez seja este o significado do Natal: darmos vida a quem já não consegue desembrulhar-se em esperanças.

O Natal pode não ser só alegria, no entanto o Natal será sempre uma oportunidade do nada vir a ser tudo. O Natal será sempre a oportunidade do impossível ser a única possibilidade. O Natal será sempre a oportunidade de a humanidade ser reflexo da divindade. O Natal será sempre a oportunidade de todos poderem ser vistos, acolhidos e amados.

Se souberes que o Natal não é só alegria na vida de alguém, faz-te presente e sê a Luz que é capaz de tornar novas todas coisas!

Que esta época seja uma oportunidade para sermos estrelas, onde na nossa singularidade, somos capazes de iluminar e de dar brilho à vida de tantos e tantas. Que sejamos a Luz que nos (re)aproxima uns dos outros. Festas muito felizes e cheias de verdadeiros encontros!


Emanuel António Dias

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Agora nasce tu, por Tolentino Mendonça



Começo pedindo palavras à escritora Nélida Piñon, essa extraordinária narradora da nossa condição. Em “Livro das Horas” ela escreveu: “Cada qual narra a história da sua solidão. A que se está condenado mesmo quando cercado de familiares, tribos, séquitos, leis universais.” O Natal representa isso para nós. Talvez sedentos, talvez disfarçando um embaraço que nos mói, sentindo-nos incrivelmente sós, mesmo se acompanhados por pessoas, comidas e símbolos, aproximamo-nos da manjedoura e perguntamos: “Porque estamos aqui?”, “Como interseta a nossa vida o mistério que aqui se conta?”, “Que podemos secretamente esperar de tudo isto?” Porventura a única razão válida para estarmos aqui é uma que nos custa reconhecer: precisamos de um salvador. Cada um de nós precisa de ser salvo dessa solidão fundamental, ontológica e irremovível de que falava Nélida. A vida necessita de resgate. Sem isso a nossa travessia seria apenas inacabamento, uma espécie de ferida em aberto, uma pergunta sem resposta. Seria como se tivéssemos insistido junto de uma porta que continuou fechada ou de uma noite que não chegou a conhecer a metamorfose auroral.

Mesmo a quem não crê a manjedoura repete o seu anúncio: que Deus nos deu um salvador. E di-lo numa linguagem que universalmente se pode perceber. Na verdade, este salvador toma a nossa carne, assume em si as nossas trajetórias, partilha as nossas esperanças e desalentos, pisa este mundo, vibra com ele, ama, sofre e, como qualquer ser humano, é muitas vezes ferido. “Hoje, em Belém da Judeia, nasceu-vos um salvador” — revelam as narrativas evangélicas aos pastores. Estamos a dois mil anos deste anúncio e tão longe da Judeia, mas nestes dias, qualquer que seja a estação existencial em que nos situemos, esta palavra se revela verdadeira. E a chegada de um salvador opera um sobressalto. A nossa vida não só passa a valer mais: transforma-se também noutra coisa. Alcança um sentido, ganha uma força, recebe um entusiasmo que só Deus é capaz de inscrever. Agora o que somos não é só a sofrida indecisão, o balanço irresolúvel entre bondade e imperfeição, entre o que desejamos e o que não conseguimos.

Deus atua, de facto, de forma surpreendente e paradoxal. Conta com a fragilidade como força, explica-nos que não se vence a violência com a violência, nem a opressão com outra opressão

Há, claro, uma desproporção na forma como esta revelação nos é apresentada. As escrituras dizem, por exemplo, que o mal será erradicado, que o arsenal de guerra será ultrapassado, que toda a violência se extinguirá como cinza e que nós o veremos. “Mas como?” — justamente interrogamos. E resposta não podia ser mais desconcertante: “Porque um menino nasceu para nós. Um filho nos foi dado.” Deus atua, de facto, de forma surpreendente e paradoxal. Conta com a fragilidade como força, explica-nos que não se vence a violência com a violência, nem a opressão com outra opressão. É daqui que devemos partir: de um nascituro indefeso deitado numa manjedoura. Precisamos, para isso, de acreditar mais na potencialidade que tem a vida frágil, a vida nua. Deus ilumina e relança a vida na sua condição mais pequena, a vida mínima, a vida que apenas nasce, a vida estreme, sem retoques, sem ornamentos, a vida apenas. O desafio é acreditar nas possibilidades que esta vida desencadeia em nós.

O Natal deixa-nos com um presente nas mãos: confia-nos um verbo para todos os dias do ano. E esse verbo é nascer. Um acontecimento que normalmente colocamos no princípio da vida e do qual pensamos que ocorre uma única vez. Ora, o Natal entrega-nos o verbo nascer como um programa de vida, um mapa sempre em aberto, sempre a ser refeito. O menino que o Natal celebra diz a cada um: “Agora nasce tu.”

[SEMANÁRIO#2617 - 23/12/22]

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

DO LIVRO “LÁGRIMA DO MAR”



Com a devida vénia, recordo um poema de João Coelho dos Santos, do seu livro “Lágrima do Mar”, 1996. Natural de Lourosa, Santa Maria da Feira, João Coelho dos Santos logo rumou a Lisboa. Foi Secretário-Geral do Automóvel Club de Portugal e Vereador da Câmara Municipal de Lisboa. Ligado a várias Associações Poéticas e Culturais, membro de “Os Confrades de Poesia”, é autor de dezenas de livros de poesia, teatro e de outras áreas, como “Choraste, Francisco" e "Livro do não sossego”.
Eis o poema:

“NATAL DE QUEM?

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
-- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!
- Está bem, eu sei!
- E as garrafas de vinho?
- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...
Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!
Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive teto nem afeto!
Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!”
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D. Antonino Dias- Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 25-12-2022.


domingo, 25 de dezembro de 2022

Santo Natal


 

É NATAL mais uma vez!...

 


A liturgia deste dia convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus... Ele é a "Palavra" que Se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de "filhos de Deus".
A primeira leitura anuncia a chegada do Deus libertador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo uma era de felicidade sem fim. O profeta convida, pois, a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
A segunda leitura apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Insiste, sobretudo, que esse projecto alcança o seu ponto mais alto com o envio de Jesus, a "Palavra" de Deus que os homens devem escutar e acolher. esus Cristo é a Palavra viva e definitiva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus... "Escutar" essa Palavra é acolher o projecto que Jesus veio apresentar e fazer dele a nossa referência, o critério fundamental que orienta as nossas atitudes e as nossas opções. A Palavra viva de Deus (Jesus) é, de facto, a nossa referência? O que Ele diz orienta e condiciona as minhas atitudes, os meus valores, as minhas tomadas de posição? Os valores do Evangelho são os meus valores? Vejo no Evangelho de Jesus a Palavra viva de Deus, a Palavra plena e definitiva através da qual Deus me diz como chegar à salvação, à vida definitiva?
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a "Palavra" viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/"Palavra" é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus. Jesus (esse menino do presépio) é para nós a "Palavra" suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras "palavras" nos condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado? Quais são essas "palavras" que às vezes nos seduzem e nos afastam da "Palavra" eterna de Deus que ecoa no Evangelho que Jesus veio propor?


https://www.dehonianos.org/

sábado, 24 de dezembro de 2022

Uma luz nas trevas

 

NATAL 2022

 



O NATAL À LUZ DA PÁSCOA



A Igreja celebra o Natal à luz da Páscoa. Há acentos de ternura na contemplação do mistério natalício. Mas a celebração litúrgica não se detém nos sentimentalismos de certa religiosidade popular. A Igreja contempla e celebra o mistério na fé, que se exprime na adoração do Verbo Encarnado e na consciência de que o Natal está presente na Igreja na luz e na realidade do Mistério Pascal.

Do mesmo modo que a pregação evangélica chega à infância a partir da Ressurreição, e João projeta no Verbo Encarnado a glória do Ressuscitado, assim a Igreja contempla e celebra o Natal à luz da Ressurreição. O Natal é parte integrante do “mistério pascal” (paschale sacramentum). S. Leão Magno afirma que o Natal é o início da Páscoa. Quanto a nós, devemos viver o mistério pascal como batizados, de acordo com o mistério da filiação divina que resplandece em Cristo, o Filho obediente.

Nesta perspetiva teológica, podemos recordar os seguintes aspetos: o Natal é o início do “Mistério pascal”, que inclui a Encarnação do Filho de Deus nas confissões de fé; o Natal é já o início da Redenção: o Filho assume natureza humana na qual poderá consumar a Sua Paixão e tornará eficaz e perpétua a Sua Ressurreição segundo a carne; no Cristo da Glória está presente o mistério salvífico do Natal, a realidade da carne assumida da Virgem Maria, o mistério da condescendência divina e do “teandrismo” da salvação; nas antífonas pode ressoar o “Hoje Cristo nasceu” porque este “Hoje” se tornou presença eterna no Verbo Encarnado.

O Padre Dehon aconselha: “Sigamos Jesus com a liturgia. Retomemos cada ano a meditação da sua infância no tempo do Natal e dos seus outros mistérios, seguindo os tempos do ano… Unimo-nos a Jesus segundo os mistérios da liturgia. No Natal, nasceu em nós; no tempo da sua Paixão, incorporou-nos aos seus sofrimentos e à sua reparação. Na Páscoa, comunicou-nos a sua vida nova. Na ascensão, formou-nos para a vida celeste. Até lá, Cristo forma-se em nós (cf. Gal 4, 19).


Fernando Fonseca, SCJ

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Prece de Natal

 

PRECE DE NATAL

Senhor!
Sou como todos.
Também tenho os meu pedidos especiais.
Mas não se preocupe!
Tenho pouco de novo a pedir.
Tenho, é verdade, muito mais a agradecer.
Mas Natal não é Natal se a gente não se ajoelhar diante da tua Sabedoria pra refazer todos aqueles pedidos de que tua Bondade já sabe que a gente precisa.
Olha, dá um jeitinho de acabar com todas as guerras.
Essa gente já brigou por tanta coisa!!!
Faz com que eles vejam a inutilidade de tanta disputa.
Também tem aqueles que não sabem amar e só odeiam.
Faz com que eles entendam que o nosso tempo é tão curto para
se desperdiçar com sentimentos menores.
Ah... tem também aqueles que me magoaram.
Faz com que eu me esqueça do que houve
e me dá luz e grandeza prá eu aprender a perdoar.
Ainda tem aqueles que se encontram desesperados.
Dá-lhes conforto, um motivo de vida e mostra-lhes a maravilha
operada pela palavra Esperança.
Tem aqueles que já são meus amigos antigos.
Para esses eu peço o que sempre pedi:
Que eu possa sempre ser o que esperam de mim
e, se não o for, que possam entender meus limites.
Agora, tem os meus novos amigos.
Pará esses, o que eu peço é lindo e grandioso.
Que o milagre que fez a gente se encontrar
continue só operando belezas em nossas vidas.
Ah... e tem um alguém especial por quem eu quero pedir.
É alguém que tornou minha vida mais linda e feliz.
Dá um jeitinho desse alguém nunca sumir,
Já que não há como viver sem ter ele por perto.
Que eu possa esquecer as tristezas do ano passado
e, nesta prece, só te pedir alegria.
Faz com que eu possa acreditar que o mundo
pode ainda ser melhor,
E pra isso eu te peço...Fé.
Obrigado!
Amém!


Sónia Montez Ribeiro

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

O bom arrependimento salva-nos



Decidir é arriscado. Mas sempre que falhamos devemos aprender alguma coisa.

Não deves ser ingénuo e sentir-te culpado pelas tuas decisões. No entanto, és responsável pela forma como decides. Pensas o suficiente? Pesas com cuidado todas as dimensões em causa e exploras as opções ao teu dispor?

Mesmo que seja mesmo boa, a intenção não chega. Importa, muito, o processo de decisão, tanto ou mais do que os próprios resultados que, em boa verdade, nunca dependem apenas de nós.

Há quem se sinta arrependido quando o resultado não é o que desejava. Mas, em muitas ocasiões, isso acontece porque é incapaz de compreender que não é ele o único, tantas vezes nem o principal, responsável pelo que acabou por acontecer.

O resultado é apenas uma parte. Talvez aquela em que tenhamos menos responsabilidade.

O que queres? Como julgas ser melhor chegar a esse resultado?

Há quem se sinta abatido por um fracasso, se culpe de tudo, arrependido de cada passo desde a primeira ideia…

A verdade é que na história da vida de cada um de nós deviam pesar mais os fracassos do que os sucessos. Porque são eles que nos ensinam onde está o bem e a perfeição possível.

Muitas pessoas têm a estranha atitude de aceitar tudo, fracassos e sucessos, como se esse abraçar dos altos e baixos da existência fosse tudo quanto podem e devem fazer. Resultado: não aprendem nada e acham que o arrependimento consiste apenas em assumir que falhamos e estimarmo-nos assim, tal como somos.

Se queremos o bem, então não podemos aceitar o mal e devemos lutar.

Se não és flexível, partes. Se não aceitas que precisas de melhorar, estagnas. Num mundo que é feito de mudanças, ou aprendes ou vais ao fundo.

És responsável por ti, por cresceres e te aperfeiçoares. Sempre. Não importa que idade tenhas, deves cuidar bem de ti. Aceitando que nenhum mal nos derrota enquanto nos mantivermos do lado do bem, cumprindo a nossa parte.


José Luís Nunes Martins


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

NATAL COM PRESSA NO AR!...



Há pressa, muita pressa no ar, não sentes?! Os passos da Jornada Mundial da Juventude já se fazem sentir na calçada. Já se persentem os cânticos e a gritaria alegre e animada dos jovens à mistura com o colorido das roupas e das bandeiras nacionais, gente feliz e mexida ao encontro de Cristo Jesus, a causa e o centro da Jornada. Repara bem: Maria partiu apressadamente, com destino pensado, com objetivos delineados, com alegria e esperança. Neste tempo em que Ela nos apresenta Jesus com tanta ternura e serenidade, talvez seja bom ponderar por onde é que anda a nossa pressa, para onde se dirige, com que destino e objetivos, com que estado de espírito. Jesus quer encontrar-se com cada um de nós como amigo de coração. Quer propor a cada um que cada um o aceite como companheiro de viagem, como companheiro solidário e redentor, como cireneu: ‘quem tem um amigo tem um tesouro’. Conhecidos há muitos, amigos amigos é agulha em palheiro!...
Jesus, entrando na história da humanidade como um dos milhares de milhões de pessoas, não deixa de ser ÚNICO, não deixa de ser o Filho de Deus, aquele que estima cada um de nós como se cada um de nós também fosse o único no mundo. Para Ele não somos números nem coisas, somos pessoas, com nome, criadas à sua imagem e semelhança.
Como escreveu o Papa Francisco no documento que dirigiu a todos e a cada um dos jovens - e jovens são todos quantos sonham e lutam por um mundo melhor! -, Jesus já está em ti, já veio, está contigo e quis precisar de ti, tal como és. Por mais que tu te afastes, lá está Ele, discreta e atentamente, paciente e sem se impor, sem gritar nem te acusar, chamando-te, esperando-te como amigo para te dar a mão e contigo recomeçar o caminho em busca da alegria de viver a vida com sentido. Ele quer dizer-te que, mesmo que duvides ou não o queiras reconhecer, tu és infinitamente amado por Ele, e que, por amor, Ele se entregou até à morte para te salvar. Se te sentires envelhecido pela tristeza, pelos rancores, pelos medos, pelas dúvidas ou pelos fracassos, Ele estará presente para te devolver a força e a esperança. Quem confia n’Ele é como a árvore plantada perto da água, logo estende as raízes para a corrente, não teme o calor, a sua folhagem fica sempre verdejante (cf. Cristo Vive).
Motivada por dinamismos de fé e de caridade, Maria intuiu, pela escuta do Espírito Santo, onde é que seria precisa e partiu apressadamente. Como seria bom se todo o amigo leitor, a sua família e a sua comunidade cristã como família mais alargada, se sentissem estimulados a partir, com prontidão e alegria, ao encontro de tantos e tantos que esperam o Evangelho vivo: Jesus Cristo, o Príncipe da paz! Esses tantos e tantos podem ser os seus familiares, os seus vizinhos, os membros da sua comunidade cristã, é verdade, podem ser esses. Mas, antes de mais, cada um deve agendar um encontro consigo mesmo, pois pode acontecer que a sua vida esteja a ser uma espécie de autoestrada para lado nenhum, sem rei nem roque, sozinho, à deriva, embebecido com futilidades, sei lá se até contramão. “Meu caminho é por mim fora, até chegar ao fim de mim mesmo e encontrar-me com Deus”, escreveu Sebastião da Gama.
Natal é Festa do encontro. Do encontro com a graça, com a misericórdia, com a ternura de Deus que se faz encontrado, que nos acolhe na nossa pequenez e, delicadamente, sem partir costela, nos quer dar um abraço apertadinho, para que sintamos a sua amizade, a alegria e a paz de coração. E a Festa do encontro com Ele será a garantia de que o encontro de uns com os outros não será para dar encontrões, mas para consolidar a fraternidade que nos une, em Cristo Jesus.
Feliz Natal para si que me lê, para a sua família e amigos, para a sua comunidade paroquial e para todos os diocesanos. Pedindo à Mãe, a Senhora da Estrela do Presépio, que nos conduza e mostre Jesus, demos todos os mãos em ordem à Jornada Mundial da Juventude, em agosto próximo. É Cristo que nos convida, é Festa Cristã, é Juventude em movimento, é a alegria que dá sentido à vida, é a expressão jovem da Igreja universal, da Igreja sempre jovem com os jovens em dinâmicas de evangelização, com pressa!

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 20-12-2023.


Como viver na certeza da incerteza?



A nossa fé é, muitas vezes, colocada em causa. Muitos perguntam-nos o porquê de acreditarmos neste Deus revelado por Jesus Cristo e não em tantos outros. Questionam-nos o porquê de ter vivido num determinado tempo e ter passado por apenas algumas regiões do Médio Oriente. Desafiam-nos sobre a incoerência e a hipocrisia existente na religião. Falam-nos, ironicamente, de algumas Escrituras e dos milagres feitos por Jesus Cristo e ainda se riem (como no tempo d'Ele) de ter passado a maior parte do tempo a comer e a beber. E, claro, questionam-nos sobre o porquê de acreditarmos em algo que já tem tantos e tantos anos.

Nos últimos tempos, tenho aprendido a viver com estes desafios, com estas interrogações. Deixo-as habitar em mim. E, em muitas delas, sem ter uma resposta permito que a provocação me leve à pesquisa e à reflexão. No entanto, já não caio no erro que cometia na adolescência. Não vivo sedento por uma justificação para tudo, nem muito menos de uma total certeza racional da existência de Deus para que a minha fé não viva de incertezas. Agora permito que a incerteza seja a minha maior certeza. Isto é, a minha fé, mais do que construída pela certeza revelada na Palavra, na minha relação com Deus e na revelação de Deus por aqueles que se cruzam comigo, é uma fé que habita a incerteza e que me permite, de forma mais íntima, viver este mesmo mistério.

Gosto sempre de recordar as palavras de um bom amigo: "A fé não é para ser resolvida, mas sim para ser arriscada, atravessada.". E, para mim, isto faz todo o sentido. A fé, tal como o Deus em que acredito, viveu e vive o concreto da vida, da minha vida. Como tal, a fé não precisa de uma total certeza, mas sim de uma total entrega sabendo que nunca, até ao fim dos meus dias, conseguirei dar respostas a todas as inquietações, a todas dúvidas ou provocações. Desta forma, só consigo conceber a existência da fé se nela incluir tudo o que sou e faço, se nela incluir o que sei, o que virei a saber e o que nunca conseguirei saber.

Ter fé e, de forma mais particular, ter fé em Jesus Cristo é acreditar num Deus que habita o concreto. E isso abre a porta ao desconhecido. Jesus apresenta-nos o Deus que, sendo desconhecido, se dá a conhecer em tudo e em todos. Na verdadeira humanidade, na partilha, na comunhão à volta da comida e da bebida e no poder do amor capaz de erguer os que jamais seriam erguidos e de realizar milagres que jamais poderão ser compreendidos.

Esta é a minha fé, cheia de nada, mas preenchida pela sedente busca d'Aquele que me é tudo!

Emanuel António Dias

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Como é que se aceita o que não se esperou?





Parece que o universo nos tem posto à prova. Tal como naqueles dias de Verão em que brincávamos no mar ou na piscina com os amigos ou os primos. Havia sempre alguém com a ideia tonta de empurrar a cabeça de alguém para baixo de água. E naqueles milésimos de segundo, entre a luta e a brincadeira, havia uma sensação de adrenalina que nos prometia que voltaríamos à tona.

É assim que nos temos sentido nos últimos dois anos, desde que o COVID resolveu abanar, sismicamente, as vidas de todos nós. A verdade é que ainda não nos recompusemos. Ainda não digerimos, ainda não ultrapassámos e ainda não sabemos, ao certo, falar sobre o que nos cilindrou. Também ninguém se preocupou muito com isso. Todos nos incentivaram a andar para a frente. Siga. Que a música não parou nunca de tocar.

Ontem atropelou-nos mais um evento extremo. Água por todo o lado. Como se a cidade e o mundo não soubessem já onde guardar tantas lágrimas. Eram as nossas também. As que não chorámos. As que não sabemos chorar. As que deixámos que nos entupissem as sargetas de dentro. O caos. Sirenes e luzes azuis. Num filme já visto antes. Quase ténue, mas, ao mesmo tempo, tão vivo.

Ainda as pessoas se estão a erguer de uma pandemia e o coração da cidade já desfeito, novamente, como se tivesse sido retirado da boca de um cão raivoso. E as pessoas, as mesmas de antes, cá estão a tentar lidar com um depois que não se sabe como vai ser. Nem quem paga. Nem quem se responsabiliza. Nem quem quer saber.

Parece que esta “sina” não nos larga. E lá vem aquela mão a colocar-nos a cabeça de baixo de água outra vez. Mas não faz mal. Entre aqueles segundos de luta e adrenalina, há uma sensação familiar que ninguém nos rouba:

Mais momento menos momento voltamos à tona outra vez.

Mesmo que não consigamos aceitar o que nos vai derrubando, que consigamos sempre vir à superfície para respirar.


Marta Arrais

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Jesus vem!



Caminhamos a passos largos para o Natal. Vivemos o advento, como uma preparação, para o grande mistério que envolve o nascimento de Jesus. Nos dias de hoje seria motivo de abertura em qualquer noticiário. Não porque estariam interessados em saber, quem é este menino, o que nos trará Ele ou ainda qual a sua missão, mas apenas realçariam, quem seria o pai, em que circunstâncias isto aconteceu. Entrevistariam os familiares, de Maria e José, na procura de algo que pudesse denegrir a imagem de Maria.

Mas, felizmente, Jesus nasceu num tempo em que, apenas os vizinhos comentariam entre si, nada a nível nacional. Porque a missão de Jesus não era provocar escândalos, mas levar a Boa Nova aos pobres. Não se referia à pobreza de bens mas à pobreza de más ações, de maus hábitos, de maus pensamentos e de palavras duras e ofensivas.

A Sua missão ia além de qualquer missão que possamos imaginar.

Quando olhamos o menino, humilde e pobre, nas palhinhas deitado, não conseguiríamos imaginar a força de vida que Ele se transformaria. Sempre com as palavras certas, muitas vezes sabemos que não são as que queríamos ouvir, mas logo percebemos que Ele é que está certo. Muitas vezes, queremos tanto ter razão que não vemos a verdadeira razão. Tantas vezes, achamo-nos certos sem perceber que estamos errados.

Quantas vezes estivemos cegos de coração? Quantas vezes fomos coxos na fé? Surdos do amor? Doentes da alma?

Porque o nosso lado humano sempre supera o nosso lado santo e crente. Se a fé em Jesus fosse grande como Ele, os nossos problemas seriam mínimos. Mas temos tendência em ver sempre o lado negativo das coisas, sem perceber que também existe um lado positivo, forte e bonito de se viver.

Deixemos Jesus entrar, nas nossas casas, nos nossos corações, nas nossas famílias, nos nossos grupos e nas nossas tarefas. Só assim fará sentido celebrar o Natal!

Há um cântico, que usando as palavras de São Paulo, me acompanhou durante a minha missão em Moçambique, que dizia:

Alegrai-vos!

Alegrai-vos sempre no Senhor!

Alegrai-vos!

E vivei no Seu Amor!



Quando estava mais em baixo ou com menos forças, escutava-o e depois de o interiorizar, conseguia perceber que eu tinha de ser alegre, pois Ele estava sempre comigo.

Sou feliz por Sou de Cristo!


Ana Marujo

Informação Paroquial

 



domingo, 18 de dezembro de 2022

O Senhor virá: Ele é o rei da glória

 


A liturgia deste domingo diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o "Deus-connosco", que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma proposta de salvação e de vida nova.
Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Jahwéh é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história... É n'Ele (e não nas sempre falíveis seguranças humanas) que devemos colocar a nossa esperança. O facto decisivo, neste texto, é a afirmação de que Deus não abandona o seu Povo, mas que é e será sempre o "Deus-connosco". A próxima celebração do nascimento de Jesus recorda e celebra esse facto fundamental: Deus ama-nos de tal forma que continua a vir ao nosso encontro... Neste tempo de espera da vinda, somos convidados a tomar consciência do amor de Deus, que se manifesta numa presença permanente a nosso lado; com Ele a dar-nos a mão e a palmilhar connosco a estrada da vida, podemos enfrentar todos os desafios.
O Evangelho apresenta Jesus como a incarnação viva desse "Deus connosco", que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela. Com frequência, o Natal é a festa pagã do consumismo, das prendas obrigatórias, da refeição melhorada, das tradições familiares que têm de ser respeitadas mesmo quando não significam nada... O meu Natal - este Natal que estou a preparar no meu coração - é uma celebração pagã ou um verdadeiro encontro com esse Deus libertador, cuja proposta de salvação estou interessado em escutar e acolher?
Na segunda leitura, sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares. Ser cristão é ser chamado a testemunhar no mundo essa proposta de vida nova e de liberdade. Não se trata de aceitar umas fórmulas de fé cobertas de poeira, nem de estudar nos livros um sistema filosófico ou teológico coerente, que ensinamos com lógica e com alguma pedagogia; trata-se de trazer ao mundo uma proposta viva, transformadora, libertadora, da qual damos testemunho com palavras e com gestos concretos. É isso que acontece? Testemunho a minha fé com a vida? O meu testemunho é transformador e libertador para os meus irmãos escravizados?


https://www.dehonianos.org/


sábado, 17 de dezembro de 2022

Importa o que és, não o que pensam de ti!


Para teres paz, não podes semear a discórdia em teu redor. Por vezes, isso implica que tenhas de calar o que julgas. Se não os puderes ajudar, pelo menos deixa-os em paz. A tua própria tranquilidade depende disso. Pensar bem do meu vizinho evita muitos problemas.

Poucos são como tu, pelo que nem sempre é bom fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem a nós. Deixa-os em paz, respeitando a distância. Aproxima-te, mas não para julgar.

Preocupa-te quando estiveres demasiado parecido com os outros. Todas as pessoas são diferentes e é isso que é natural, faz sentido e traz riqueza ao mundo.

Na verdade, há cada vez mais ondas, modas e movimentos para criar multidões de gente igual, seduzem quem não acredita que é único e prefere ser parecido com os outros e… diferente de si mesmo.

Muitas vezes nos enganamos a respeito de quem não conhecemos. Julgamo-nos bons a avaliar pessoas, quando, na verdade, são sempre mais os erros do que as boas intuições. Outras vezes, os outros só não são melhores porque não sabem como o ser ou talvez porque não querem… devido à muito comum falta de senso!

Quando um estranho te avaliar, não acredites. A tua identidade não depende, nem pode depender do que os outros pensam. O problema é ainda maior quando as opiniões alheias acabam por influenciar a imagem que construímos de nós mesmos e a estima que temos ou não sobre essa ideia do que somos.

Ganhas muito em não prestar grande atenção ao que os outros pensam, dizem e fazem. Perfeito seria se te concentrasses nas tuas ideias, palavras e ações.


José Luís Nunes Martins

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

TENDÊNCIAS PARA ENTORNAR O CALDO...



Vivemos um tempo de grande progresso, sim, mas também de grande ameaça contra o homem. O homem parece ameaçado pelo resultado do seu trabalho, da sua inteligência e das tendências da sua vontade. Há medo dos ambiciosos com cerviz dura e coração de pedra! O homem teme que alguns dos seus produtos, “aqueles que encerram uma especial porção da sua genialidade e da sua iniciativa, possam ser voltados de maneira radical contra si mesmo; teme que eles possam tornar-se meios e instrumentos de uma inimaginável autodestruição, perante a qual todos os cataclismos e as catástrofes da história, que nós conhecemos, parecem ficar a perder-se de vista”, isto afirmava São João Paulo II na sua primeira Carta Encíclica, Redentor Hominis, em 1979 (RH15), que relemos. Denunciava que, de facto, o progresso, sob vários aspetos, torna a vida humana mais digna do homem, mas parece que não o torna verdadeiramente melhor. Embebecido pelo seu poder, pela euforia do seu bem-estar, pelo entusiasmo das suas conquistas, nem sempre o homem prima pelo seu progresso moral e espiritual, nem sempre o progresso é acompanhado pelas exigências objetivas da ordem moral, da justiça e do amor social. E tantos são os sintomas desta doença a reclamarem soluções audaciosas e criativas, de harmonia com a dignidade do homem! Sim, será verdade, perguntava-se ele, que o progresso tem tornado o homem “mais amadurecido espiritualmente, mais consciente da dignidade da sua humanidade, mais responsável, mais aberto para com os outros, em particular para com os mais necessitados e os mais fracos, e mais disponível para proporcionar e prestar ajuda a todos”? Será que o homem, “enquanto homem, desenvolve-se e progride, ou regride e degrada-se na sua humanidade?”. Sem sermos pessimistas e aplaudindo entusiasticamente o progresso da ciência, da técnica e de todo o saber humano – fruto maravilhoso dos talentos que Deus dá a cada um para que cada um os coloque a render ao serviço de todos! -, muito desejaríamos que entre os homens, à medida que se vai progredindo, crescesse o bem, o amor social, o respeito pelos direitos dos outros, o respeito pela terra sagrada de cada nação, de cada povo. Constata-se, porém, que em vez disso, crescem os egoísmos, os nacionalismos e imperialismos doentios, a tendência para dominar os outros numa ambição de poder sem limites. E “nada mais pequeno que um grande dominado pelo orgulho”, dizia Clemente XIV. A par, constata-se o sofrimento dos mais frágeis e o daqueles que já não produzem e as sociedades consideram como um peso a descartar. Alguém lembrava por estes dias que, só no Canadá, no ano passado, foram eutanasiadas 10.000 pessoas. Referia que o próprio Diretor do Instituto Canadiano para a inclusão e cidadania da Universidade da Colômbia Britânica, descreveu a lei canadiana como “provavelmente a maior ameaça existencial para os deficientes desde o programa nazi da Alemanha nos anos 30 (do século XX)”.
Eu sei, foi Jesus quem primeiro estabeleceu a regra de separação entre o poder temporal e espiritual, princípio hoje consolidado nas nossas democracias, embora durasse muitos séculos a ser implementado: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Este princípio, porém, não isenta que também César saiba dar a Deus o que é de Deus e ao povo o que é do povo: “Não matarás” (Ex 20,13). “Por isto vos hão de reconhecer: se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 13,34-35). E Pilatos perguntou a Jesus: “De onde és tu?” Jesus ficou calado. Então Pilatos perguntou: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” Jesus respondeu: “Não terias nenhuma autoridade sobre Mim se ela não te fosse dada por Deus” (Jo 19, 9-11). Quando, quem está legitimamente investido em poder, perde a origem e a razão de ser do seu lugar e da sua missão, temos o caldo entornado, temos pigmeus arvorados em deuses a pensar que tudo lhes é permitido! A História é mestra em tais lições!
Como guardião do mundo visível que lhe foi confiado, o homem não deve ser ‘o lobo do outro homem’, na célebre frase de Thomas Hobbes. Mas sê-lo-á tanto mais quanto mais viver preocupado e excessivamente ocupado com o ter cada vez mais em detrimento do ser cada vez mais e melhor; quanto mais o foco da sua atenção forem as estruturas rentáveis, os mecanismos financeiros, e monetários e produtivos e comerciais, delapidando, inclusive, a seu bel-prazer, os recursos naturais, como sôfrego explorador e não como nobre senhor e guarda inteligente e respeitoso da criação; quanto mais prioridade der à técnica que à ética, às coisas que às pessoas, à matéria que ao espírito; quanto menos procurar responder, com determinação absoluta, às situações sociais injustas, aos desafios urgentes e às exigências éticas do presente. Este seu proceder, faz aumentar as zonas miseráveis e aumenta os pobres a caminharem de braço dado com a angústia, a frustração e a amargura.
O homem não pode perder o fio à meada nos dinamismos da vida e da civilização, “não pode renunciar a si mesmo, nem ao lugar que lhe compete no mundo visível; não pode tornar-se escravo das coisas, escravo dos sistemas económicos, escravo da produção e escravo dos seus próprios produtos. A civilização de feição puramente materialista condena o homem a tal escravidão” (cf. RH15-16).
O progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação, afirmava Paulo VI na Populorum Progressio (PP15). E o Papa Bento XVI, citando-o na Caritas in Veritate, acrescenta que a vocação é um apelo que exige resposta livre e responsável. Então, como vocação, o desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos, supõe o respeito pela sua verdade, supõe a centralidade da caridade, isto é, a fraternidade entre os homens e os povos. Se assim não for, “A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos” (cf. CV17-19). E é pena!
A verdade vos libertará (Jo 8, 32), disse-nos Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade (Jo18,37). Unindo-se “de certo modo a cada homem”, Deus, em Cristo e por Cristo, revelou-se plenamente à humanidade, aproximou-se definitivamente dela, e o homem foi ganhando mais consciência da sua dignidade, da sua elevação, do valor transcendente da própria humanidade e do sentido da sua existência (cf. RH11).
O homem não pode fugir de si mesmo, não deve relativizar a verdade ou viver de aparências, não deve querer notabilizar-se destruindo os outros. A sua autonomia e liberdade, a sua capacidade de criar, de progredir e se organizar em sociedade, implica respeito por todos, implica uma relação responsável e honesta com a verdade sobre si mesmo e os outros, sobre as coisas e sobre o mundo (cf. CV).

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 16-12-2022.

Todos necessitamos um pouco de ajuda.







Todos necessitamos um pouco de ajuda. Nos nossos momentos de adversidade, às vezes, pensamos que podemos resolver os problemas sozinhos e que não precisamos da ajuda de ninguém. Em certas ocasiões pensamos assim porque não queremos ser uma carga para ninguém, e noutras ocasiões pensamos assim por orgulho, porque não queremos que ninguém veja a nossa debilidade. Mas sabes um coisa? Necessitar de ajuda não te faz menos do que ninguém. Recorda, inclusive, no jardim das oliveiras, quando Jesus recebeu a carga dos pecados do mundo. Houve um momento em que um anjo Lhe apareceu para lhe dar fortaleza e ânimo, num momento tão crucial e doloroso para a missão que o seu Pai lhe tinha incumbido. Porque isso, é o que fazem os verdadeiros amigos, dão-te fortaleza e ânimo, mesmo quando tu próprio não pedes. Ficam a teu lado na tua hora mais escura. Se Jesus necessitou de ânimo e fortaleza, isso quer dizer, que não há nada de mal receber ajuda das pessoas que querem e se preocupam com o teu bem-estar. Não há nada de mal em receber ajuda, porque ajuda todos nós necessitamos. Se soubesses como Deus te ama, jamais o abandonarias; se soubesses como Jesus te quer, jamais te separarias Dele. Por isso, não penses que as tuas debilidades são fraquezas que Deus te deu, mas são antes forças que te fazem conhecer quem és, quem tens e, até onde podes ir. Um dia muito feliz da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria para todos e, sempre com Deus no coração

RicardoEsteves.padre

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Aproxima-se para ti um Natal difícil…



Aproxima-se para ti um Natal difícil… eu sei! A quantos de nós não nos fará falta neste Natal, um amigo, um pai, uma mãe, um irmão, um filho, um avô, um esposo ou esposa… entre tantos outros familiares que já partiram. Não será fácil sentar à mesa e ver o lugar vazio de quem o pôde ter ocupado. Mas isto, sem duvida, leva-nos a pensar no quão afortunados fomos, de os termos tido e, se dói a sua ausência é porque formaram parte importante nas nossas vidas. E, sentir e sofrer a sua falta é o preço de tanto amor. Quem não estaria disposto a pagar o preço, uma e outra vez, por tudo o que nos ensinaram, por tudo o que vivemos juntos, por todo o seu amor e por tudo o que foi partilhado? O agradecimento em oração, nessa noite tão especial de Natal, é uma forma de lhes fazer honra à sua existência. Já te perguntaste, como gostaria ao teu ser querido, que já morreu, ser recordado este Natal? Como o queres recordar? Como queres honrar a sua memória? É normal que surjam as lágrimas, que nos enchamos de tristeza… mas o Natal, perante as adversidades, deve-nos inundar de esperança e amor para partilhar com os que ainda temos em vida. Podemos dar-nos a oportunidade de elevar o nosso olhar ao céu e dar graças pelo que tivemos, pelo que temos e pelo que está para vir. Nós não os esquecemos mas aprendemos a colocá-los num lugar muito especial… no nosso coração. Quem sabe a dor não te permitiu ver que alguém te é importante, que alguém precisa de ti e espera com ansiedade um abraço teu, e que lhe sussurres ao ouvido: Feliz Natal! O Natal é mágico. Mas sabes o que é a magia? A magia não está no olhar do espectador ilusionado. Definitivamente, a magia é escutar-te a ti mesmo quando o mundo te sussurra que dentro de ti há amor. Um dia muito feliz para todos com Deus no coração.

RicardoEsteves.padre

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

E se conseguíssemos olhar...?



E se conseguíssemos olhar para além do que atingimos academicamente? E se nos víssemos para além do que fazemos profissionalmente? E se conseguíssemos olhar para além da aparência física? E se conseguíssemos ver o outro para além das suas falhas? E se conseguíssemos ver o outro para além da sua riqueza ou pobreza? E se conseguíssemos ver aquele/a que se cruza connosco para além das suas feridas?

Ver para além do que é visível. Ver mais do que o que os outros conseguem apreciar. Ver para além do nada e focarmo-nos apenas na pessoa é entrar na linguagem do amor. Ver para além do tudo e focarmo-nos no olhar de quem está à nossa frente é deixar que o amor nos fale do eterno recomeçar.

E como posso olhar para o outro e ver o que ninguém vê? Como posso olhar para o outro e ver o que ele não vê? Como posso olhar para o outro e ver o seu todo?

Talvez tenha de parar e deixar que o meu olhar se foque no olhar do outro, para que neste encontro não permita que os preconceitos retirem a humanidade daquele que se encontra à minha frente. Utópico? Quero acreditar que não. Difícil e complexo? Sem dúvida alguma. Mas é para isto que serve a caminhada da nossa vida. Para sermos mais. Mais com os outros. Mais para os outros. E, desta forma, conseguirmos estar mais próximos do que realmente somos.

Entrar na linguagem do amor à séria e aprender a olhar com o mais profundo de nós mesmos.


Emanuel António Dias

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Importa o que és, não o que pensam de ti!



Para teres paz, não podes semear a discórdia em teu redor. Por vezes, isso implica que tenhas de calar o que julgas. Se não os puderes ajudar, pelo menos deixa-os em paz. A tua própria tranquilidade depende disso. Pensar bem do meu vizinho evita muitos problemas.

Poucos são como tu, pelo que nem sempre é bom fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem a nós. Deixa-os em paz, respeitando a distância. Aproxima-te, mas não para julgar.

Preocupa-te quando estiveres demasiado parecido com os outros. Todas as pessoas são diferentes e é isso que é natural, faz sentido e traz riqueza ao mundo.

Na verdade, há cada vez mais ondas, modas e movimentos para criar multidões de gente igual, seduzem quem não acredita que é único e prefere ser parecido com os outros e… diferente de si mesmo.

Muitas vezes nos enganamos a respeito de quem não conhecemos. Julgamo-nos bons a avaliar pessoas, quando, na verdade, são sempre mais os erros do que as boas intuições. Outras vezes, os outros só não são melhores porque não sabem como o ser ou talvez porque não querem… devido à muito comum falta de senso!

Quando um estranho te avaliar, não acredites. A tua identidade não depende, nem pode depender do que os outros pensam. O problema é ainda maior quando as opiniões alheias acabam por influenciar a imagem que construímos de nós mesmos e a estima que temos ou não sobre essa ideia do que somos.

Ganhas muito em não prestar grande atenção ao que os outros pensam, dizem e fazem. Perfeito seria se te concentrasses nas tuas ideias, palavras e ações.


José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Que Natal vem a ser este?!



Aproximamo-nos da quadra natalícia e, por vezes, sinto que esta época quer empurrar, com a barriga grande do Pai-Natal, as coisas difíceis que a vida traz e tem. Somos obrigados a viver de luzes, árvores de Natal, enfeites mais ou menos ridículos e palavras mais ou menos bonitas. A verdade é que essa imposição de viver um tempo (obrigatoriamente) feliz ignora duramente todas as dores, mágoas e saudades que chegam atreladas ao trenó que parecemos ser obrigados a carregar.

É uma altura mais nostálgica do que mágica. E quem não está pronto para viver este acender de luzes, onde fica? E quem não tem ânimo (ou dinheiro!) para comprar presentes de Natal, onde fica? E quem não sabe que comida vai poder colocar na mesa, onde fica? E quem tem um luto para fazer, onde fica? E quem vive de coração carcomido pelas saudades, onde fica?

Fica lá atrás. Numa espécie de bastidores onde ninguém quer ir. Numa espécie de camarim cheio de teias de aranha onde ninguém quer entrar.

Enquanto isso, a “maioria” atua no palco dos felizes e dos que, tantas vezes, vivem simplesmente uma mentira.

É preciso encontrar espaço, neste Natal, para os que estão doridos. Para os que não sabem como lidar com a solidão, com o luto, com as zangas que nunca se resolveram, com a falta de paz, com a escassez de alimento ou de calor.

E, sem querer estragar o espírito natalício, quantos lutos temos adiado para viver de luzes que só acendemos para os outros? Quantas palavras precisamos ainda de deixar arder? Quantas mágoas precisamos, ainda, de deixar ir? Quantas pessoas deixámos fugir? Quantas não conseguimos perdoar?

O Natal não é sobre luzes. É sobre ser pequeno.

Não é sobre árvores com estrelas douradas que tocam nos tetos. É sobre A Luz que não se apaga.

Não é sobre sacos carregados de coisas. É sobre o coração cheio do que não passa nem se gasta com o tempo.

Que Natal vem a ser este, afinal?!


Marta Arrais

domingo, 11 de dezembro de 2022

Alegrai- vos



A liturgia deste domingo lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos crentes. Diz-nos: "não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está a chegar".
A primeira leitura anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir, num cenário de alegria e de festa, para a terra da liberdade. O Advento é o tempo em que se anuncia e espera a intervenção salvadora de Deus em favor do seu Povo. No entanto, Ele só virá se eu estiver disposto a acolhê-l'O; Ele só intervirá se eu estiver disposto a receber de braços abertos a proposta de libertação que Ele me vem fazer... Estou preparado para acolher o Senhor? Ele tem lugar na minha vida? A sua proposta libertadora encontrará eco no meu coração?
O Evangelho descreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o "Reino" da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer. Mais uma vez, somos interpelados e questionados pela figura vertical e coerente de João... Ele não é um pregador da moda, cujas ideias variam conforme as flutuações da opinião pública ou os interesses dos poderosos; nem é um charlatão bem vestido, que prega para ganhar dinheiro, para defender os seus interesses, ou para ter uma vida cómoda e sem grandes exigências... Mas é um profeta, que recebeu de Deus uma missão e que procura cumpri-la, com fidelidade e sem medo.
A minha vida e o meu testemunho profético cumprem-se com a mesma verticalidade e honestidade, ou estou disposto e vender-me a interesses menos próprios, se isso me trouxer benefícios?
A segunda leitura convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança. A salvação de Deus chega ao mundo através do nosso testemunho... Lutamos, objetivamente, para tornar realidade o projeto libertador de Deus e para silenciar a opressão, a injustiça, tudo o que rouba a vida e a dignidade a qualquer homem ou a qualquer mulher?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 10 de dezembro de 2022

Contributo Paroquial

 



Os envelopes serão distribuídos no domingo, se preferir pode fazer transferência para a conta da paróquia : PT50003501170000319353023.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

DIREITOS HUMANOS E ALGUNS EQUÍVOCOS

 

Só para recordar e celebrar. A 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos" (art.1º). É também o “Dia Nacional dos Direitos Humanos”, instituído pela Assembleia da República (Resolução n.º 69/98, de 22 de dezembro). Trata-se de direitos civis e políticos, como o direito à vida, à liberdade, liberdade de expressão e privacidade; os direitos económicos, sociais e culturais, como o direito à segurança social, saúde e educação, bem como os direitos das nações e dos povos. Democracia com fome é flor ao lado de cadáver, afirmava Pedro Casaldáliga.
Esta tomada de consciência cultural “tem o seu fundamento não só nos acontecimentos da história, mas sobretudo no pensamento europeu, caracterizado por um rico encontro cujas numerosas e distantes fontes provêm da Grécia e de Roma, de substratos celtas, germânicos e eslavos, e do cristianismo que os plasmou profundamente, dando origem precisamente ao conceito de ‘pessoa’, afirmou Francisco, em tempos, na visita que fez ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa. Pondo o dedo na ferida, lembrou que “persistem ainda muitas situações onde os seres humanos são tratados como objetos, dos quais se pode programar a conceção, a configuração e a utilidade, podendo depois ser jogados fora quando já não servem porque se tornaram frágeis, doentes ou velhos”. Há alguns equívocos “que podem surgir de um errado conceito de direitos humanos e de um abuso paradoxal dos mesmos. De facto, há hoje a tendência para uma reivindicação crescente de direitos individuais – sinto-me tentado a dizer individualistas –, que esconde uma conceção de pessoa humana separada de todo o contexto social e antropológico (...) Ao conceito de direito já não se associa o conceito igualmente essencial e complementar de dever, acabando por afirmar-se os direitos do indivíduo sem ter em conta que cada ser humano está unido a um contexto social, onde os seus direitos e deveres estão ligados aos dos outros e ao bem comum da própria sociedade”. E perguntava ele: “que dignidade existe quando falta a possibilidade de exprimir livremente o pensamento próprio ou professar sem coerção a própria fé religiosa? Que dignidade é possível sem um quadro jurídico claro, que limite o domínio da força e faça prevalecer a lei sobre a tirania do poder? Que dignidade poderá ter um homem ou uma mulher tornados objeto de todo o género de discriminação? Que dignidade poderá encontrar uma pessoa que não tem o alimento ou o mínimo essencial para viver e, pior ainda, que não tem o trabalho que o unge de dignidade? Promover a dignidade da pessoa significa reconhecer que ela possui direitos inalienáveis, de que não pode ser privada por arbítrio de ninguém e, muito menos, para benefício de interesses económicos”. E aos deputados fez um veemente apelo: “Queridos Eurodeputados, chegou a hora de construir juntos a Europa que gira, não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis; a Europa que abraça com coragem o seu passado e olha com confiança o seu futuro, para viver plenamente e com esperança o seu presente. Chegou o momento de abandonar a ideia de uma Europa temerosa e fechada sobre si mesma para suscitar e promover a Europa protagonista, portadora de ciência, de arte, de música, de valores humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a Europa que assiste, defende e tutela o homem; a Europa que caminha na terra segura e firme, precioso ponto de referência para toda a humanidade!”
Os direitos humanos serão tanto mais implementados no seio das sociedades quanto mais se apostar na promoção da fraternidade e da amizade social e maior for o compromisso de todos na defesa e promoção da ecologia integral, como o Papa Francisco tão bem expõe nas exortações apostólicas Fratelli Tutti e Laudato Si. “Muitas vezes constata-se que, de facto, os direitos humanos não são iguais para todos. O respeito destes direitos é condição preliminar para o próprio progresso económico e social de um país. Quando a dignidade do homem é respeitada e os seus direitos são reconhecidos e garantidos, florescem também a criatividade e a audácia, podendo a pessoa humana explanar as suas inúmeras iniciativas a favor do bem comum. Mas, observando com atenção as nossas sociedades contemporâneas, deparamos com numerosas contradições que induzem a perguntar-nos se deveras a igual dignidade de todos os seres humanos, solenemente proclamada há 70 anos, é reconhecida, respeitada, protegida e promovida em todas as circunstâncias. Persistem hoje no mundo inúmeras formas de injustiça, alimentadas por visões antropológicas redutivas e por um modelo económico fundado no lucro, que não hesita em explorar, descartar e até matar o homem. Enquanto uma parte da humanidade vive na opulência, outra parte vê a própria dignidade não reconhecida, desprezada ou espezinhada e os seus direitos fundamentais ignorados ou violados. Que diz isto a respeito da igualdade de direitos fundada na mesma dignidade humana?” (FT22).

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 09-12-2022.

A substância das coisas esperadas, por Tolentino Mendonça



O que posso saber? O que devo fazer? O que me é permitido esperar?” A verdade é que as três emblemáticas perguntas em torno às quais Kant articulou o seu pensamento como que se infiltram na vida comum e, de uma forma ou de outra, se acendem também dentro de nós, aguardando, até mais do que uma resposta taxativa, um aprofundamento, uma maturação e um caminho. Cada uma dessas perguntas constitui um ponto de partida para uma longuíssima, indeclinável e aberta viagem humana que nos compete. E que se concretiza, efetivamente, num trabalho de natureza racional como Kant propõe, mas não de modo exclusivo, pois depressa descobrimos que é a vida toda, nas suas plurais dimensões, que nos implica nessa tarefa. Claro que a racionalidade e o plano filosófico aguçam as perguntas, mas, como ensina Shakespeare, há mais coisas entre o céu e a terra do que aquelas que se pode imaginar simplesmente através da filosofia. A nossa existência quotidiana documenta essa excedência.

Podemos não nos dar bem conta, mas aquelas perguntas estão sempre latentes. Formulámo-las por outras palavras ou de maneira implícita, transportamo-las connosco quando, por exemplo, nos confrontamos com aquilo para o qual não temos resposta, e que tanto pode ser o drama como o êxtase que o nosso estar sobre o mundo comporta. A imposição dramática do limite, a experiência da doença, as morfologias diversas com que a granada da dor nos estilhaça fazem-nos seguramente regressar, de forma crua, àquelas interrogações. Mas da mesma maneira o êxtase: a visão de um rosto amado; o sabor indizível de certas horas ainda vivo na nossa memória; uma folha que ao acaso nos pousa na mão sem que percebamos imediatamente o que em silêncio nos segreda; a repentina vastidão de que nos tornamos conscientes olhando (como as crianças olham), de repente, o céu.

Um símbolo não deveria ficar sequestrado pela mera estética do ornamento, um ilusório expediente mudo. Deveria poder avizinhar-nos com a sua força nua a alguma coisa de essencial para nós

Sem dúvida que podem ser atordoantes as perguntas, em particular aquela que nos devolve a questão sobre a qualidade da nossa esperança. “O que me é permitido esperar?” é uma pergunta árdua, que nos põe facilmente em embaraço, a engolir em seco. E, contudo, ela está disseminada por todo o lado. Se as outras duas, “O que posso saber?” e “O que devo fazer?” em grande medida nos centram no presente, a interrogação sobre o que esperar recorda-nos que somos seres de fronteira, projetamo-nos, transcendemo-nos, não nos sentimos completamente localizados aqui, farejamos um futuro. Lutamos como Jacob com um não sei quê e dessa luta saímos a coxear. Por fim, é isso que todos somos: manquejantes, inacabados, todos esboços de uma perfeição por vir, pois dependemos da substância das coisas esperadas.

Agora que a contagem decrescente para o Natal começou, e voltamos a procurar nas caixas da dispensa os símbolos natalícios que ornamentam as nossas casas, é importante perguntarmo-nos o que nos é permitido esperar. Um símbolo não deveria ficar sequestrado pela mera estética do ornamento, não deveria ser um ilusório expediente mudo, mas deveria poder avizinhar-nos com a sua força nua a alguma coisa de essencial para nós próprios. E, desse modo, ajudar-nos a refletir sobre o horizonte, o alcance, a potência e a natureza da nossa esperança; sobre as formas da sua objetiva configuração; sobre se estamos disponíveis ou não para nos tornarmos seus cúmplices. Seus enamorados. Seus servidores. O tempo do Advento que estamos a viver é isso que expõe. Felizes aquelas e aqueles que se colocam perguntas, atravessando o espaço dos dias de coração desperto: essas e esses saberão que o Natal ilumina a sua sede.


[SEMANÁRIO#2614 - 2/12/22]

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Solenidade da Imaculada Conceição

 


Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projeto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher, um projeto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projeto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
A primeira leitura mostra, recorrendo à história mítica de Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência... Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu "sim" total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

A Solenidade da Imaculada Conceição



A Solenidade da Imaculada Conceição, que se celebra amanhã, 8 de dezembro, convida-nos a admirar a bondade de Deus e o modo como age na vida de Maria, preparando-a para ser a mãe do Messias. Da mesma forma, Deus atua na nossa vida, preparando-nos e concedendo-nos as graças de que precisamos para cumprir a missão/vocação a que Ele nos chama. Em cada um de nós, Deus procede de forma diferente e extraordinária porque cada um de nós é único e irrepetível, tal como Maria.
As propostas de Deus levam-nos sempre por caminhos de amor, de felicidade, de realização plena, de compaixão pelos outros, de respeito e cuidado pela nossa Casa Comum. Será que temos ouvido bem o que Deus nos pede? Que Nossa Senhora nos sirva de modelo e inspiração!



Rede Mundial de Oração do Papa