segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Prece à vida!



Que o que nos dói seja breve.

Que o que nos faz felizes perdure para além do tempo que existirmos.

Que a morte seja entendida como degrau para um colo que não passa.

Que a doença nos faça compreender tudo aquilo que ainda falta curar.

Que as saudades seja sinal, apenas, do tanto que se viveu.

Que a guerra se abrevie de todos os cenários em que se atreve, ainda, a rosnar e a fazer sangue.

Que a paz nos adormeça quando tivermos pesadelos e medos com dentes afiados.

Que as árvores nunca desistam de nos dar sombra.

Que o mar não se canse de nos receber os braços cansados.

Que tudo o que nos preocupa se endireite, se ajeite, se resolva e deixe de nos consumir.

Que nunca seja tarde para realizar um sonho. Grande ou pequeno.

Que as últimas palavras que dizemos a alguém que parte sejam sempre boas e de amor. Seja para quem parte em viagem ou para quem parte deste mundo.

Que nunca nos cansemos de fazer o bem mesmo quando o mundo se esquecer de ser bondoso connosco.

Que o cheiro da chuva depois de cair na terra nos lembre sempre das nossas raízes.

Que o falar dos pássaros nos semeie vozes e poemas novos dentro da alma e do coração.

Que a nossa coragem volte, mesmo que nos abandone temporariamente.

Que saibamos viver tudo por amor, com amor e em nome do amor.

Tenha a forma que tiver. Tenha a cara que tiver.

Que saibamos ser felizes no meio do caos.

Que saibamos abrandar quando nos pedem que aceleremos ainda mais.

Que saibamos parar mesmo quando nos atropelarem o caminho.

Que a vida nos dê sempre aquilo que for para nós. E que seja, sempre, bom.


Marta Arrais

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