terça-feira, 31 de outubro de 2023

Movimentos Pastorais

 







Dia de todos!

 


Na próxima semana somos convidados, através da Solenidade de Todos os Santos e da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, a refletir sobre a vida, a morte e a santidade. São dias onde o desconhecido preenche os nossos pensamentos, uma vez que nos debruçamos sobre o mistério da vida e da morte, mas também sobre a possibilidade de tantos e tantas que, não sendo reconhecidos como santos e santas pela Igreja, viveram a santidade com tudo o que foram e fizeram.

 

Solenidade de Todos os Santos. A liturgia dedica este dia para que possamos não só recordar todos aqueles e aquelas que reconhecemos como santos e santas, mas permite-nos, acima de tudo, relembrar que a santidade pode habitar o ordinário. Este dia recorda-nos que a santidade é coisa de se exercer no nosso quotidiano. Por isso, se tudo o que vivemos, somos e fazemos, durante os dias da nossa vida, são reflexo de santidade, quantos é que não devem ser recordados neste dia?

 

Se comemoramos o dia de todos, então entram todos os que conhecemos, os que ainda estaremos por conhecer e também aqueles que jamais saberemos o seu nome ou a sua história. Se comemoramos o dia de todos, então este é o dia dos que na sua simplicidade vão salvando o mundo. É o dia dos que no seu quotidiano optam por dar a conhecer a santidade com a sua humanidade. Se comemoramos o dia de todos, então este é o dia dos que salvam com o sorriso. É o dia dos que erguem com os seus abraços e que dão o seu corpo em favor de tantas causas. Se hoje é o dia de todos, então este é o dia dos que dão o seu tempo e dos que alimentam e ajudam no silêncio das suas vidas.

 

Se comemoramos o dia de todos, então entram todos os que salvam o mundo sem darmos conta. Sem nos apercebermos do quão grande são os seus pequenos gestos. Se comemoramos o dia de todos, então este é o dia em que recordamos todos os nomes. Todas as crenças.

 

E, no dia seguinte, recordamos os que habitaram as nossas vidas. Não que o façamos só neste dia, mas porque o ritual nos ajuda a aprofundar ainda mais o mistério da vida e da morte. As cerimónias e a romagem aos cemitérios dão corpo e consciencializam-nos para a nossa fragilidade. É no ritual que recordamos, de forma intensa, os olhares, os sorrisos, as lágrimas, as histórias e as palavras dos nossos mais que tudo. É o dia onde as gargalhadas e o choro se cruzam. É o dia onde a esperança e a dúvida se tocam. É o dia onde a fé e o ateísmo andam de mãos dadas. Sim, porque com a morte a nossa vida expande-se ao ponto de já não nos conseguirmos situar entre o preto e o branco.

 

Este é o dia onde recordamos aqueles que amorosamente fazem parte do que somos. É o dia das pessoas que amamos e que farão para sempre eco no nosso coração. Este é o dia onde agradecemos o facto de nos sabermos feitos de muitos. Este é o dia em que sabemos que nada é mais forte que o amor, onde repousamos o olhar e o coração nas memórias dos nossos amados, nos que já sabem o que é Deus ser tudo em todos. Este é o dia em que saboreamos a certeza de que na morte e na ausência, vence o amor. E onde há amor, há sempre vida!

 

Nos próximos dias somos convidados, de forma mais profunda, a refletir sobre o que somos, sobre o que fazemos e sobre o sentido da vida, por isso aproveitemos este tempo não para o tornar num ritual vazio ou num tempo de mero descanso, mas para abraçarmos as nossas feridas, a nossa saudade e as nossas perguntas!

 Emanuel António Dias

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Não é Justo!

 



Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...

Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.

Augusto César Ferreira Gil


Foi há mais de 100 anos que Augusto Gil, poeta do Porto, escreveu este poema que todos conhecemos e que revela a tristeza que se instalou no coração do autor perante as misérias humanas. O poeta dirige ao Senhor uma prece inconformada, um PORQUÊ, uma dúvida, uma revolta pelas crianças mas em geral pelos que não são pecadores.

Hoje parece que pouco mudou, continuamos ver, pela vidraça da televisão, histórias de profunda injustiça que assolam pobres, ricos, novos e velhos. Ao contrário do poeta, não me atrevo a desejar mal algum aos pecadores, sob pena de também levar com alguma contrariedade. O que é certo é que, muitas vezes, achamos saber o que é justo e que não é e quem merece ou não algo, como se justiça fosse uma bitola fácil de respeitar.

Lamento muito que não tenhamos progredido ao ponto da abolição total da pobreza material, da justiça na distribuição dos recursos, no acesso à escola e à dignidade humana.

Não é justo que famílias sejam separadas pela guerra, crianças separadas dos pais e idosos abandonados pelos filhos.

Não é justo a violência e a humilhação a que tantos são sujeitos.

Não é justo termos de fugir de um local para tentar sermos felizes como não é justo termos de ficar num sítio porque não temos liberdade.

Não. Não é justo! E enquanto não houver justiça, Senhor, haverá sempre uma infinita tristeza, uma funda turbação porque cai neve na natureza e no meu coração.

E tu amiga, com que injustiças lida o teu coração?


: Raquel Rodrigues

domingo, 29 de outubro de 2023

Informação Paroquial


Dia 1 de Novembro- Dia de Todos os Santos

Horário normal dos domingos nas paróquias

15h00. Missa em Vale de Cavalos

16h30 - Missa em Mosteiros 


Dia 2 de Novembro- Comemoração dos Fiéis Defuntos

9h30- Reguengo+  Visita ao Cemitério

10h30 - Degolados+ Visita ao Cemitério

11h30 - Esperança+ Visita ao Cemitério

12h00 - Arronches. Cemitério + Missa

16h00 - Alegrete+ Cemitério


Dia 3 de Novembro

16h00- Missa no Lar de Esperança


Em Arronches, devido ao dia de Todos os Santos,  não haverá missa na terça feira como habitualmente.,

Horário de Inverno

Durante a semana   ( terça e quinta)- 17h30


O Maior Mandamento

 


A liturgia do 30º domingo Comum diz-nos, de forma clara e inquestionável, que o amor está no centro da experiência cristã. O que Deus pede - ou antes, o que Deus exige - a cada crente é que deixe o seu coração ser submergido pelo amor.
O Evangelho diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a revelação de Deus se resume no amor - amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: "amar a Deus" é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã.
O que é "amar a Deus"? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total aos seus projectos - para mim próprio, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo. Esforço-me, verdadeiramente, por tentar escutar as propostas de Deus, mantendo um diálogo pessoal com Ele, procurando reflectir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretar os sinais com que Ele me interpela na vida de cada dia? Tenho o coração aberto às suas propostas, ou fecho-me no meu egoísmo, nos meus preconceitos e na minha auto-suficiência, procurando construir uma vida à margem de Deus ou contra Deus? Procuro ser, em nome de Deus e dos seus planos, uma testemunha profética que interpela o mundo, ou instalo-me no meu cantinho cómodo e renuncio ao compromisso com Deus e com o Reino?
A primeira leitura garante-nos que Deus não aceita a perpetuação de situações intoleráveis de injustiça, de arbitrariedade, de opressão, de desrespeito pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres e dos mais débeis. A título de exemplo, a leitura fala da situação dos estrangeiros, dos órfãos, das viúvas e dos pobres vítimas da especulação dos usurários: qualquer injustiça ou arbitrariedade praticada contra um irmão mais pobre ou mais débil é um crime grave contra Deus, que nos afasta da comunhão com Deus e nos coloca fora da órbita da Aliança.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã (da cidade grega de Tessalónica) que, apesar da hostilidade e da perseguição, aprendeu a percorrer, com Cristo e com Paulo, o caminho do amor e do dom da vida; e esse percurso - cumprido na alegria e na dor - tornou-se semente de fé e de amor, que deu frutos em outras comunidades cristãs do mundo grego. Dessa experiência comum, nasceu uma imensa família de irmãos, unida à volta do Evangelho e espalhada por todo o mundo grego.
Muitas vezes entendemos a fé como um acontecimento pessoal, que diz respeito apenas a nós próprios e a Deus ("eu cá tenho a minha fé") e que não nos compromete com os outros. Na realidade, a fé liga-nos a uma longa cadeia que vem de Jesus até nós e que inclui uma imensa família de irmãos espalhados pelo mundo inteiro. Tenho consciência de pertencer a uma família de fé e sinto-me unido e solidário com todos os meus irmãos em Cristo? Tenho consciência de que o meu testemunho e a minha vivência ajudam e enriquecem os meus irmãos, assim como a vivência e o testemunho dos meus irmãos me enriquecem e me ajudam a mim?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 28 de outubro de 2023

Sínodo: Assembleia promoveu «mudança extraordinária» na forma de entender a Igreja – Padre Timothy Radcliffe

 

Documento de síntese da primeira sessão vai ser votado na tarde de sábado

                                       Foto: Ricardo Perna
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 27 out 2023 (Ecclesia) – O padre Timothy Radcliffe, assistente espiritual da assembleia sinodal que decorre no Vaticano, disse hoje que este encontro mundial promoveu uma “mudança extraordinária” na forma como os participantes entendem a Igreja.

“É uma mudança extraordinária na forma de sermos Igreja, juntos”, disse o religioso dominicano, durante o encontro diário com jornalistas, na sala de imprensa.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, começou a 4 de outubro e decorre até sábado; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

Timothy Radcliffe, na sua quarta experiência como participante de um Sínodo, falou de um encontro “completamente diferente dos outros” em que “não havia tanto diálogo real”.

Para o religioso, que co-orientou o retiro espiritual de três dias que antecedeu esta sessão sinodal, foi “profundamente transformador” ver sentados, lado a lado, os vários membros do sínodo, cardeais, bispos, sacerdotes, consagradas, leigos e leigas.

“Esta forma de desenvolver um Sínodo revela mais claramente do que os anteriores, em que estive, o que significa ser bispo”, sustentou, porque cada bispo está “mergulhado na conversa do seu povo, ouvindo, falando, aprendendo em conjunto”.

O religioso convidou a moderar “expectativas enormes de mudança” sobre este Sínodo, precisando que a assembleia procura abrir caminhos para “ser Igreja de uma nova forma”, em vez de debater decisões imediatas, numa espécie de “debate político”.

“Estamos a aprender, lentamente, a tomar decisões juntos, a ouvir-nos uns aos outros”, assumiu.

Para o padre Radcliffe, esta experiência é de “importância extraordinária” no mundo de hoje, marcado pelas guerras na Terra Santa, Ucrânia e vários países africanos, ou até no Ocidente, com a “polarização e o colapso da comunicação”.

“A minha esperança é que sínodo ajude a sarar a Igreja, mas também a humanidade”, apontou.

Foto: Ricardo Perna

Com os jornalistas esteve ainda frei Alois, prior da Comunidade de Taizé, convidado especial do Sínodo, que falou numa “profunda experiência de comunhão”, aberta a “todos os cristãos, ao mundo”, desde a vigília ecuménica de oração, na Praça de São Pedro, a 30 de novembro.

“Demos um passo enorme, neste Sínodo, com a escuta, com a simplicidade. Havia questões difíceis, sobre a mesa”, acrescentou.

O monge deixou votos de que esta forma de ser Igreja, vivida ao longo das últimas três semanas, chegue a outros locais do mundo, superando a tentação de se “fechar em ideologias”.

“Os jovens querem ultrapassar estas fronteiras, querem ser mais compreensivos com as diferentes culturas”, sustentou.

Foto: Ricardo Perna


A irmã Maria Ignazia Angelini, monja do mosteiro de Viboldone (Itália) e assistente espiritual desta assembleia sinodal, saudou a “inclusividade de presenças” e “capacidade de escuta das diferenças”, durante os trabalhos.

A religiosa deixou votos de que se possa avançar, após esta reunião, para que a mesma não seja uma experiência “autorreferencial”.

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), adiantou aos jornalistas que o relatório final de síntese desta sessão sinodal vai ser lida e votada, em reunião geral, este sábado, pelas 15h30 (menos uma em Lisboa).

O esboço do documento, apresentado na quarta-feira, recebeu 1125 propostas de alteração coletivas e 126 individuais.

A votação de cada parágrafo exige uma maioria de dois terços dos membros presentes na votação, sem opção de abstenção, segundo a instrução sobre a realização das assembleias sinodais, de 2018.

OC

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

RECORDEMOS OS QUE A MORTE ELEVOU À VIDA...


A morte mata-nos, é incontestável! Não descansa nem se cansa. Anda por aí, em pezinhos de lã, num frenesim medonho, de noite e de dia, de lugar em lugar, sem taleiga nem cajado, chova ou faça sol. Tem uma agenda enormemente encriptada. Não desiste do alvo, não admite contraditório, não escuta o blablá dos opositores. É oportunista e corrupta, abusa do seu poder, faz uns jeitinhos a quem está do seu lado. Estimula a vingança agasalhada no coração dos ofendidos. Favorece os mesquinhos interesses dos que chafurdam as botas na lama das guerras. Empurra quem se coloca nos arriscados cocurutos da vida. Anima piratas criminosos, salteadores de maus fígados, malfeitores sem escrúpulos, quadrilheiros rancorosos. Faz sofrer quem ama a vida e gosta de ser e viver. Com as suas destrezas de eleger quem quer que seja onde quer que for, faz correr lágrimas cara abaixo dos que sofrem o adeus de familiares e amigos. Apenas contentará – se contenta! -, os sempre prontos e diligentes coveiros, pois sem trabalho não há emprego.
São Francisco de Assis chamava-lhe irmã: a irmã morte. Às vezes apetece-me aplaudir. Às vezes apetece-me dizer que ele não fechava bem a gaveta. Às vezes dou comigo a pensar que o medo da morte é tanto maior quanto mais se desvaloriza a vida e se entra por veredas foscas e becos sem saída. Às vezes apresso-me a gritar ao meu eu sonolento, que só o amor vence a morte, que só o amor sabe experimentar a graça e a misericórdia, que só o amor faz passar do crer e saber ao viver e testemunhar. E o tempo para isso é bem limitado. Quando menos se pensa, de qualquer lugar e circunstância, a morte chama-nos ao quadro, para terminar o exercício da vida e mostrar os deveres de casa. De nada vale esconder-se por detrás dos outros, em jeito de chico-esperto, na esperança de que ela passe a chamar outro.
A par, constata-se que, ao longo da história, sempre os vivos cuidaram dos seus mortos. Há ritos próprios, conforme o contexto histórico, cultural e religioso. No mais íntimo do ser humano, há uma pitadinha, uma faísca, um pressentimento de que os mortos ‘não morrem’, sobrevivem. É um sentimento inscrito no coração do homem criado por Deus e para Deus. Esse gérmen de eternidade adoça as lágrimas, gera conforto, anima a esperança. O homem de Neanderthal já se preocupava com os seus mortos. E todos os espiões e coca-bichinhos do saber, historiadores, sociólogos, biólogos, filósofos, antropólogos, psicólogos, teólogos e cultores doutras ciências sempre enxergam, nesta temática, mais do que pano para mangas. E bem, que se desunhem se tiverem por onde, que Deus os ajude!
Porque ninguém veio dizer como foi o seu morrer, enquanto por cá se anda, sempre se fazem conjeturas. Uns resignam-se, com muitas dúvidas, claro. Outros, querendo mostrar-se superiores, entendem que nascemos por acaso e, depois, é como se nunca tivéssemos existido. Outros, seja lá como for o depois, desejam a morte, em busca dum presumível conforto que nunca tiveram na vida. Outros estão-se borrifando para ela, acham que serão sempre jovens e saudáveis e que a ciência lhe baterá firmemente o pé para que tenha calma e juízo. Outros vivem intrigados, na crença de que seria um desperdício haver um universo tão complexo e majestoso se apenas fosse para inglês ver e ninguém usufruir, até porque os ingleses também morrem! Outros, sobretudo pela fé, sempre tiveram em conta o depois da morte. A fé, de facto, faz ver aquilo que não se vê nem a ciência consegue mostrar.
A ressurreição dos mortos foi sendo revelada por Deus ao longo dos tempos, não é fruto da inteligência humana nem de filosofias baratas ou do que quer que seja. O próprio Jesus não deixa de a ensinar, com firmeza, e apresenta-se como sendo “a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25). Aos saduceus que a negavam, disse-lhes: “Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?” (Mc 12,24). Se Jesus a ensinava, a sua Ressurreição, porém, deu sentido a tudo quanto os homens até aí podiam imaginar sobre esse grande mistério, mesmo que continuemos curiosos sobre como será o para além dela. Esse é o segredo de Deus, que não é um Deus de mortos, mas de vivos, a quem o próprio Jesus, cravado na cruz, entregou a sua vida: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Jesus sofreu a morte própria da condição humana, sentiu repugnância perante ela, mas assumiu-a num gesto de total e livre adesão à vontade do Pai e de solidariedade connosco. E a vontade do Pai é “que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. E não há outro nome sobre a face da terra pelo qual possamos ser salvos, senão Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens que se entregou para salvar a todos (cf. 1Tim 2, 4-5). Já no alto da Cruz, Ele nos deixou palavras de esperança. “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino”, pediu-lhe um dos crucificados a seu lado. E Jesus respondeu-lhe: “Eu te garanto, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 42-43). E na aurora daquele primeiro dia da semana, Jesus ressuscitou com o seu próprio Corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo” (Lc 24, 39). Mas não regressou a uma nova vida terrena, ressuscitou glorioso. Como Ele ressuscitou, também nós, por Ele, havemos de ressuscitar (cf. 1Cor 6, 14). E nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem o coração percebeu, nem a mente humana é capaz de imaginar o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (cf. 1Cor 2, 9).
Associemo-nos com alegria à Solenidade de Todos os Santos e à Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. Que as flores a oferecer por eles seja aquela oração que leva à conversão da nossa mente e do nosso coração. Se amamos os mais novos e queremos o bem deles, transmitamos-lhes esses valores, evangelizando, valorizando a vida e o viver. Ajudemos a evitar uma sociedade egoísta, indiferente, desumana, triste!
Pelo Batismo, o cristão já ‘morreu e ressuscitou com Cristo’ sacramentalmente. Já vive uma vida nova, em Igreja, alimentada pela Eucaristia, pela Palavra, pela oração. Morrendo na graça de Cristo, a morte física consuma este ‘morrer com Cristo’. Se com Ele morremos, com Ele viveremos (cf. 2Tm 1,11). Vigiai e orai, porque não sabeis o dia nem a hora (cf. Mt 25, 13). Depois de Cristo, a ‘irmã morte’ é cristã, foi vencida, é passagem necessária da vida para a Vida, é lucro. Com a morte, a vida não acaba, apenas se transforma.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 27-10-2023.

Destruir é sempre mais fácil…

 


Em quase todas as situações, separar será mais fácil do que unir. Porque destruir exige menos energia, inteligência e coragem do que construir.

A paz que tantas pessoas buscam só se alcança à custa de muita bondade e justiça. Mas é mesmo muito difícil alguém ser, ao mesmo tempo, justo e bom. E depois, ainda falta o vizinho que também tem de estar em paz, porque caso contrário… não haverá paz por muito tempo.

A paz não é um deserto onde nada acontece, é sim o resultado de um sem número de equilíbrios e cedências onde todos têm o dever de cuidar e de estar atentos a cada instante.

Quem fica sentado à espera da paz, viverá em guerra com os outros e consigo mesmo, apesar de se julgar desculpado por estar à espera da oportunidade certa ou da pessoa certa. Mas, e isto é claro e evidente, não há nem oportunidades ideais nem pessoas perfeitas.

O tempo e o mundo não esperam por ninguém. Cada momento é uma oportunidade e cada pessoa que está próxima de nós é, apesar de tudo, alguém com quem temos de aprender a conviver.

Importa, acima de tudo, trabalhar com paciência e fé na construção de encontros de onde nasça confiança mútua, esperança e fé. A nível mundial, mas também em cada uma das nossas casas e famílias.

É o medo que provoca as guerras, e torna-se ainda mais forte quando se conjuga com a estupidez e a ganância.


José Luís Nunes Martins

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

E se a dor não se calar?

 


E se a dor não se calar? Há quem deixe que a dor se perca dentro de si. Sem lhe dar oportunidade de se revelar. Sem permitir que se exteriorize. Vive para que a fragilidade não seja uma realidade.

E se a dor não se calar? Sem lhe darmos atenção vai aumentando a sua intensidade. Vai crescendo, cada vez mais, ao ponto de não conseguirmos escutar quem somos, nem aqueles que estão ao nosso redor.

E se a dor não se calar? Talvez esse seja o momento do encontro. Da verdadeira paragem para que se possa iniciar uma nova viagem. Onde não teremos de levar sozinhos o peso de existir, nem a desconfiança de nada podermos partilhar.

E se a dor não calar? Será a verdadeira oportunidade de nos podermos erguer. Erguer com a esperança. Erguer com o amor. Erguer com a certeza de que somos amados inteiramente!

Haverá sempre tempo para a dor não voltar a falar!


Emanuel António Dias

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

O perfume para Todos!



Já vai longe, mas ainda ecoa nas nossas mentes, o dia em que ouvimos o Papa Francisco dizer que a Igreja é para todos, todos, todos! Não foram palavras novas, mas fizeram acender uma nova chama de esperança para os desafios que a Igreja vai continuar a enfrentar. O que Francisco quis dizer é que devemos acolher todos, independentemente da sua condição, aspeto, convicções e orientações. Este movimento é de fora para dentro, quem vem ao nosso encontro, ao encontro de quem já é Igreja e isso é a mais pura Palavra incarnada: ama o próximo como a ti mesmo!

Este mandamento do amor é precedido de um outro, que segundo o próprio Jesus é o mais importante: amarás o Senhor teu Deus com toda a tua alma, coração e entendimento. Sem este não é possível o seguinte. Se não amarmos Deus primeiro, não vamos conseguir amar o próximo! E se não amarmos o próximo como é que conseguiremos acolher Todos na Igreja?

O movimento aqui é precisamente o oposto, ou seja, de dentro para fora! Nós para acolhermos o próximo, temos de estar impregnados por esse amor a Deus, pois será esse “perfume” que é o mesmo que dizer o testemunho de vida, que fará com que o próximo se sinta acolhido na Igreja. Se por um lado somos desafiados a cheirar a ovelha, ao partir ao encontro do próximo fora dos muros da Igreja, também nós nos devemos perfumar do amor de Deus para que quem nunca o cheirou, o possa apreciar tanto como nós.

A Igreja deve receber todos? Eu acredito!

Ser Igreja é para todos? Sonho com isso... porque o desafio é muito grande. Jesus escolheu apenas 12 de uma multidão onde “muitos eram chamados, mas poucos foram os escolhidos”. Precisamente porque nem todos têm essa capacidade de amar incondicionalmente que apenas é possível através do encontro pessoal, olhos nos olhos, de tal maneira que digamos como Paulo: já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!

Nesse dia a Igreja será de todos, acolherá todos e todos cheirarão ao perfume do amor de Deus!

Copi

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Que nos deixem em Paz!


Quando somos mais pequenos dizemos muitas vezes “deixa-me em paz” quando alguém se excede, quando alguém nos invade os limites ou, simplesmente, nos aborrece ou chateia. Deixamos de ter essa capacidade quando crescemos. Deixamos de dizer quais são os nossos limites, passamos a aceitar tudo e a encolher por dentro a pomba bonita da nossa paz interior.

Depois, por vezes, somos também nós que nos retiramos paz. Armamos conflitos dentro do peito, puxamos o lustro às armas e vivemos artilhados até aos dentes, ou pior, até à pele frágil do coração.

Deixamos que os outros nos tirem a paz e a pomba branquinha torna-se cinzenta, perde as penas e emagrece de tristeza e de solidão.

Num mundo armado de ódio, sangue, lágrimas e desencontros que parecem irremediáveis, somos chamados a ser os primeiros a construir a paz. A reconstruir, desde dentro, o que lá fora parece estar perdido, órfão, moribundo.

Não podemos nada contra a guerra entre Israel e a Palestina, entre a Rússia e a Ucrânia, entre os terroristas e Cabo Delgado e contra tantas outras que as notícias se vão esquecendo de falar. Mas podemos fazer a paz entre os que convivem connosco. Nos ambientes onde nos movemos e movimentamos. Na nossa casa. Na nossa família. Entre os vizinhos ou entre os amigos. Entre os que conhecemos melhor ou pior. Essa paz podemos fazer.

Podemos escolher fazer o Bem quando os outros escolhem enganar-nos e ferir-nos. Podemos escolher a gentileza em vez do espezinhar. A esperança em vez do pessimismo.

Somos chamados todos os dias a fazer melhor e a ser melhor para os outros. E viramos a cara. Preferimos dizer que a culpa é dele. Ou dela. Ou de tudo o que está fora de nós.

Mas ainda somos os protagonistas da nossa vida e é com essa única história que nos é dada a escrever que ainda podemos fazer diferente. Ainda vamos a tempo de mudar as coisas. De mudar o curso deste rio que vai enfurecido, tingido do sangue e da vida de tantos os que já se perderam.

Não te percas tu também.

Faz a paz. Sê a paz.


Marta Arrais

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Catequese/Portugal: Novo itinerário pretende ser uma «proposta que vá ao encontro das necessidades da Igreja de hoje»

D. António Augusto Azevedo destacou «uma sintonia, uma proximidade» entre o itinerário e o Sínodo dos Bispos: «Uma Igreja mais de estilo sinodal ajuda a perceber melhor a necessidade de uma nova evangelização»





Fátima, 21 out 2023 (Ecclesia) – O presidente da Comissão da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) salientou que centraram as Jornadas de Catequistas em convidar a “olhar com mais atenção e profundidade” para o novo itinerário que quer “proporcionar aos mais jovens uma catequese mais viva”.

“Este itinerário, esperamos que seja uma proposta que vá ao encontro das necessidades da Igreja de hoje, das comunidades, desta nova geração, e também desta cultura em que estão e do contexto familiar que fazem parte; As grandes dimensões têm a ver com procurar proporcionar aos mais jovens uma catequese mais viva, que os ajude a ter um encontro com Cristo vivo, por um lado, e depois a crescer da fé, a aprofundar essa fé”, disse D. António Augusto Azevedo à Agência ECCLESIA.

Mais de 1100 catequistas de todo o país estão a participar nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2023, intituladas ‘Olhar o novo Itinerário – Iniciação à vida cristã: os alicerces da fé’, que decorrem este sábado e domingo, dias 21 e 22 de outubro, em Fátima.

Segundo o presidente da Comissão da Educação Cristã e Doutrina da Fé, bispo de Vila Real, “é significativo” que um tão grande número de catequistas tenha aderido a esta iniciativa, o que considera que acolheram “com muito entusiasmo, com muito interesse” o novo ‘Itinerário da Iniciação à Vida Cristã’

A Diocese de Angra informou que os Açores participam nesta edição das Jornadas Nacionais de Catequistas com “uma das maiores delegações de sempre, com cerca de 200 catequistas”.

À Agência ECCLESIA, o padre Carlos Simas, responsável pelo Serviço Diocesano da Catequese da Ilha de São Miguel e de Santa Maria, destaca que é importante participar, em primeiro lugar, pela “partilha de experiências uns com os outros” e depois pelo que recebem de novos para a realização da catequese, e que também podem partilhar com os catequistas que ficaram no arquipélago.



Foto Agência ECCLESIA/RP



Foto Educris

O Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), que promove esta formação, informa que estas jornadas de catequistas fazem parte do “caminho de receção e divulgação do novo Itinerário para a Catequese”, editado pela Conferência Episcopal Portuguesa em 2022.

D. António Augusto Azevedo assinala que o itinerário foi “aprovado há pouco tempo pela Conferência Episcopal”, por isso “vai levar o seu tempo”, o caminho vai continuar em cada diocese, e, neste sentido, assinala o “trabalho muito importante” dos secretariado diocesanos do setor, que também vão fazer um “trabalho de formação e de divulgação” e depois, o trabalho ainda continua “em cada paróquia, com os respetivos párocos e catequistas” na sua implementação, “com o resto das comunidades, com as famílias”.

“Este é um trabalho quase em círculos que se vão alargando e este momento aqui foi certamente importante desse alargar do interesse pelo novo itinerário”, salientou.

O padre Carlos Simas recordou que já foi apresentado nos Açores e, neste momento, estão a “receber novos instrumentos em relação ao itinerário, conhecer e aprofundar para partilhar”, e quando estiver tudo preparado colocarem em prática.

Para D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real, este novo itinerário catequético para crianças e adolescentes “já resulta um pouco” da consciência geral da Igreja e dos catequistas que “há algo mais a fazer para que a catequese responda às necessidades deste tempo”, por isso, “mais do que resistências”, realça que “as mudanças demoraram o seu tempo”.

“O que importa é que se capte os seus princípios, a sua razão de ser e as suas motivações, porque a grande motivação é termos as melhores condições para prepararmos melhor as gerações de cristãos do futuro. Isso, creio que é um objetivo que nos reúne a todos, nos congrega a todos, para caminharmos juntos nesta tarefa”, acrescentou.Foto Educris

O responsável açoriano concorda que “todas as novidades têm as suas dificuldades”, estavam habituados a uma “catequese mais escolar, em que tudo era muito transmitido, mesmo a disposição as salas”, e agora, este itinerário, desafia cada um destes agentes pastorais, e também os padres.

Carlos Simas, responsável pelo Serviço Diocesano da Catequese de São Miguel e de Santa Maria, destaca como principais desafios do novo itinerário que têm de começar por “catequizar os catequistas” e motivá-los a “esta experiência”, na Diocese de Angra têm a “dificuldade” acrescida da “dispersão das ilhas”, mas vão “tentar que as dificuldades sejam menores”.

O presidente da Comissão da Educação Cristã e Doutrina da Fé da Igreja Católica em Portugal destaca a “sintonia, uma proximidade”, com “pontos de encontro” entre o novo itinerário catequético e o atual Sínodo dos Bispos sobre sinodalidade.

“Ou seja, a catequese é também uma proposta necessária para esta nova etapa da evangelização. Uma terá a ver mais com o conteúdo e o caminho pessoal de descoberta da fé, e a outra, o modo de estar na Igreja. Este sentido da descoberta e aprofundamento da fé, que se faz na catequese, leva ao encontro de uma Igreja mais de estilo sinodal, e uma Igreja mais de estilo sinodal ajuda a perceber melhor a necessidade de uma nova evangelização”, concluiu D. António Augusto Azevedo.

RP/CB

https://agencia.ecclesia.pt/

domingo, 22 de outubro de 2023

Compromisso dos Pais, Crianças e Catequistas.

Domingo, dia 22, iniciou. se a Catequese Paroquial de Arronches com o acolhimento dos mais pequenos, Benção das mochilas, o compromisso dos Pais e Catequizandos e o Compromisso das Catequistas ,




















Peregrinação Diocesana do MCC Portelegre - Castelo Branco



No passado dia 05 de Outubro um grupo de mais de 100 cursilhistas da nossa Diocese de Portalegre - Castelo Branco rumou a Lisboa para a sua Peregrinação Anual, um encontro bem-disposto, onde reinou a alegria e amizade entre todos.
A Peregrinação, teve o seu inicio com a visita à Igreja de Santo António, uma igreja bastante bonita, local de nascimento do nosso Santo António, daqui dirigimo-nos para a Sé de Lisboa, onde a paz e calma abundam.
Após a visita aos dois templos referência da capital Lisboa, o grupo de cursilhistas rumou à Casa Sacerdotal do Verbo Divino, onde se celebrou a Eucaristia num ambiente de fraternidade e comunhão entre irmãos. Tendo por base o relato da conversão de São Paulo, o patrono do nosso “Movimento”, pudemos escutar as belas palavras de encorajamento do nosso Diretor espiritual, que nos encheram o coração, para assim prosseguirmos a nossa caminhada, seguindo o nosso lema “Cristo conta Contigo”.
Depois de alimentados espiritualmente pelo Senhor na Eucarística, seguiu-se o almoço, para repor as forças físicas, que o tempo já ia avançado, um momento de muito convívio e partilha de emoções e momentos de diversão, acompanhado por uma bela refeição servida pelos voluntários da Casa Sacerdotal do Verbo Divino que tão bem nos receberam, e a quem muito agradecemos.
Como o dia já avançava a passos largos, aproximava-se a hora de tomar o caminho de volta a casa, mas houve ainda tempo, para no rescaldo das JMJ, visitar o Campo da Graça, onde alguns recordaram os belos momentos (e inesquecíveis) vividos naqueles dias das jornadas, partilhando a sua experiência com os que não estiveram presentes.
No final desde dia alcançou-se o objectivo, estarmos unidos em Cristo e fundamentalmente com Cristo. Voltámos a casa inundados do amor de Cristo, que nos foi transmitido pelo convívio e partilha entre os participantes, aproximando-nos mais, permitindo que nos conheçamos melhor, unindo-nos mais, para sermos um só.







Dar a Deus o que é de Deus

 



A liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir acerca da forma como devemos equacionar a relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo. Diz-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus nos convoca a um compromisso efectivo com a construção do mundo.
O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.
Para o cristão, Deus é a referência fundamental e está sempre em primeiro lugar; mas isso não significa que o cristão viva à margem do mundo e se demita das suas responsabilidades na construção do mundo. O cristão deve ser um cidadão exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que colabora activamente na construção da sociedade humana. Ele respeita as leis e cumpre pontualmente as suas obrigações tributárias, com coerência e lealdade. Não foge aos impostos, não aceita esquemas de corrupção, não infringe as regras legalmente definidas. Vive de olhos postos em Deus; mas não se escusa a lutar por um mundo melhor e por uma sociedade mais justa e mais fraterna.
Como é que eu me situo face ao poder político e às instituições civis: com total indiferença, com sujeição cega, ou com lealdade crítica? Como é que eu contribuo para a construção da sociedade? À luz de que critérios e de que valores julgo os factos, as decisões, as leis políticas e sociais que regem a comunidade humana em que estou inserido? As minhas opções políticas são coerentes com os critérios do Evangelho e com os valores de Jesus?A primeira leitura sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que actuam e intervêm na história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar os seus projectos de salvação. Aqueles que detêm responsabilidades na condução das comunidades (civis ou religiosas) devem procurar, através de um diálogo contínuo e próximo com Deus, perceber os seus projectos e planos para o mundo e para os homens. Só assim poderão ser instrumento de Deus na construção de um mundo melhor.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores e os esquemas de Deus. Eleita por Deus para ser sua testemunha no meio do mundo, vive ancorada numa fé activa, numa caridade esforçada e numa esperança inabalável. Hoje, uma comunidade cristã que viva, com fidelidade e entusiasmo, a fé, a esperança e a caridade, não será notícia; em contrapartida, os meios de comunicação social explorarão, com gosto, a vida de uma comunidade cristã marcada pelos escândalos, pelos dramas, pelas infidelidades... Tornamo-nos progressivamente insensíveis às coisas bonitas e boas e só nos deixamos impressionar pelo espampanante, pelo escandaloso, por aquilo que chama a atenção por razões negativas. O nosso texto convida-nos, antes de mais, a repararmos nos testemunhos de fé, de amor e de esperança que encontramos à nossa volta e a vermos aí a presença e a acção de Deus no mundo.

https://www.dehonianos.org/

sábado, 21 de outubro de 2023

Ouve bem




Tu, que abraças do fundo do coração.
                                               Ouve bem: o teu abraço é abrigo.

Tu, que dás a mão para confortar.
                                               Ouve bem: a tua mão é força.

Tu, que sorris tão fácil como quem respira.
                                               Ouve bem: o teu sorriso é sol nos dias cinzentos.

Tu, que olhas bem dentro da alma.
                                               Ouve bem: o teu olhar toca.

Tu, que és gesto feito de ternura.
                                               Ouve bem: o teu gesto cura.

Tu, que és presença de verdade, que fica, que se importa.
                                                Ouve bem: a tua presença é luz na escuridão.

Tu, que és amparo que não deixa cair.
                                                Ouve bem: o teu amparo é paz na tempestade.

Tu, que cuidas como quem abraça a vida.
                                                Ouve bem: o teu cuidado salva.

Tu, que falas ao coração e do coração. Com palavras, com silêncios e com a vida.
                                                 Ouve bem: és tanto.

Tu, que tens o coração do lado certo: do lado do bem.

Tu, que és do lado bonito da vida. Do mundo. E que fazes esse lado bonito existir, ser verdade.

Tu, que fazes sorrir. Mesmo sem saberes.

Tu, que és vida de amor.

Ouve bem: mudas o mundo, mesmo sem saberes. E fazes acreditar.

Para saberes. E não esqueceres.

Tu, por tudo e por tanto.

                            Ouve bem: obrigada. Por seres, por estares, por existires.

Daniela Barreira

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

EM CASTELO BRANCO ESTÁ DE PERNA ALÇADA...


Balda-se?!... seja substituído, diz-se logo, tanto no âmbito civil como eclesial. Não raro, porém, se é mesmo necessária, a substituição não acontece, ou, se acontece, acontece demasiadamente tarde. Mesmo assim, associo-me a quem diz que mais vale tarde do que nunca! Mas também há quem pense que, entre dois males, é melhor o conhecido! Também há quem peça para ser substituído e não seja atendido, quer porque não o deve ser, quer porque não há mesmo quem o substitua. Há quem se arraste dolorosamente no seu ofício sem o poder abandonar, pois tem uma gestão familiar a fazer. Quem, por todas as razões e mais uma, deva ser substituído, mas não abdica de se considerar insubstituível, intocável, único. E também há, quem, quer por interesses pessoais ou de grupo, quer por subserviência ou pelo ‘politicamente correto’, se engrunhe quando tem o dever de agir, fazendo com que esse ‘tarde’ chegue mesmo demasiadamente tarde. Em muitos casos, só chegará quando os sinos dobrarem a finados e os ‘oráculos de coruja’, com ar funéreo difícil de decifrar, carpirem que foi uma perda irreparável, um enorme prejuízo!... Faz lembrar o gracioso epitáfio sobre a exígua campa dum milionário: “aqui jaz o homem mais rico deste cemitério!”.
Amarrar-se ao lugar só porque sim, quando já não se consegue fazer nada, prejudica, faz andar para trás, mesmo que se tenha feito um bom trabalho. Mas talvez que isso se verifique em todos os âmbitos do ser e do agir. Mesmo sem as ‘pancadas de Molière’, cada um, no palco desta grande casa de espetáculos que é o mundo, com a fatiota e a maquilhagem a condizer, cada um gosta de fazer teatro, de representar a sofrida e hilariante comédia da vida, a seu modo e jeito. Os cemitérios estão cheios destes grandes atores e de gente que se julgava insubstituível. Eles morreram, e o mundo cá vai, sem sobressaltos, a continuar o espetáculo...
“Quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado fazer, dizei: ‘Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos ter feito’, disse-nos Cristo (cf. Lc 17, 10).
De quando em vez, porém, torna-se necessário substituir pessoas que faleceram ou, infelizmente, estão doentes. E também as que, por razões diversas, batem a porta inconformadas ou são enxotadas, justa ou injustamente, como ‘non gratas’. Nada de novo, foi sempre assim! E assim foi também logo no princípio da Igreja. Judas foi-se..., sem martelo, claro! Não estava doente nem foi enxotado. Bateu a porta, não porque alguém lhe calcasse os calos, mas porque ele não foi capaz de entender o sentido da vida. Viveu com um pé dentro e outro fora, mais fora do que dentro, e foi-se mesmo. Alguns pintores passaram a colocá-lo à ponta da mesa, sem fome nem apetite. No retábulo da capela do Santíssimo Sacramento da Sé de Castelo Branco, é apresentado de perna alçada e de costas para a mesa, a olhar para a porta. Tem a bolsa das economias na mão e ares de quem está alheio a tudo quanto ali se passa. Pela aragem, não estará, por certo, a pensar na pescaria, na isca para o anzol ou na morte da bezerra, estará sim a magicar a estratégia para que nada falte à tramoia contra aquele que está a dar a vida por ele. Aquela primeira Missa, para ele, foi uma seca, não porque realmente o fosse, mas porque a seca estava nele, resistindo a se deixar inundar pela fonte da água viva. Hoje, poderá acontecer o mesmo, se alguém viver de perna alçada e encerrado em si, mais entusiasmado com a seca que o desnutre e encarquilha interiormente do que com abrir as comportas do coração às fontes da vida: “sem Deus, o ser humano não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja”.
Eram doze, ficaram onze, aos olhos deste mundo acabou mal, mas arrependido do que fez. Após a Ascensão de Jesus ao Céu, a comunidade cristã entendeu que era preciso completar o número dos doze, mas de forma que a emenda não fosse pior que o soneto. Assim, no auditório com cerca de cento e vinte pessoas, fez-se o silêncio da curiosidade. Pedro, o primeiro entre todos, sabendo que havia ovos para fazer as omeletes, levantou-se no meio da assembleia, apelou ao Salmo onde se afirma “que outro ocupe o seu encargo” (Sl 109,8), e disse: “Irmãos (...), de entre os homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a partir do batismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado para o Alto, é indispensável que um deles se torne, connosco, testemunha da sua ressurreição”.
Note-se que é Pedro quem fala no meio da assembleia. É Pedro quem interpreta a palavra das Escrituras, as palavras do Salmo. É Pedro quem coloca a questão à comunidade reunida. É Pedro quem dá os critérios a ter em conta para um bom discernimento: que a pessoa a escolher tenha sido testemunha fiel de toda a vida pública de Jesus e que tenha sido testemunha da Ressurreição. Nesta dinâmica sinodal, surgem dois nomes de pessoas possíveis, José e Matias. Para melhor discernir sobre qual dos dois é que haveria de ser, a comunidade reza, pede ao Senhor que os ilumine nesta hora decisiva: “Senhor, Tu que conheces o coração de todos, indica-nos qual destes dois escolheste para ocupar, no ministério apostólico, o lugar abandonado por Judas”. Após a palavra de Pedro e a oração, após se terem, em comunidade, ouvido uns aos outros, tiraram à sorte entre os dois e foi Matias quem, naturalmente, foi incluído entre o número dos doze Apóstolos, sem imposição, sem cadeiras no ar, sem gritaria (cf. At 1, 20-26).
Tal como Pedro propôs que era preciso associar quem fora testemunha da Ressurreição do Senhor, também hoje a Igreja continua a propor o mesmo a todos os cristãos. Ninguém está dispensado de testemunhar a Ressurreição do Senhor. Se cada cristão não o fizer no seu próprio ambiente, quem o vai fazer? Cada batizado é, na Igreja e com a Igreja, um enviado ao mundo como missionário da Boa Nova que é Jesus, vivo e operante no hoje da Igreja e do mundo. Bento XVI, em Lisboa, dizia que “a prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspetiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política. Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista” (Terreiro do Paço, 11/5/2010).
‘Corações ardentes, pés ao caminho” (Lc 24, 13-35), é o desafio que o Papa Francisco nos lança na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões, que todos os anos celebramos no penúltimo Domingo de outubro, com caminhada de 
reflexão, oração e partilha ao longo de todo o referido mês.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 20-10-2023.


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Início da Catequese em Arronches

 


Início da Catequese em Arronches 

Domingo, 22 de Outubro.
Igreja Matriz -12h00

-Apresentação e compromisso das catequistas.
-Acolhimento dos mais pequenos.
-Benção das mochilas.

-Convite os pais, familiares e toda a comunidade a participar, nesse dia tão importante para a comunidade
.


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Visto e ignorado com sucesso!



Nunca tivemos tanta facilidade de entrar em contacto com as outras pessoas, de lhes mandar mensagens, de as informar e de as questionar. Então, porque será, querida amiga, que sinto que estamos a perder capacidades comunicativas?

Como devo interpretar o silêncio e a falta de resposta às mensagens que enviamos ou aos comentários que fazemos?

Com certeza já te aconteceu de enviares uma mensagem para um grupo e não veres qualquer tipo de resposta. Consegues ver que as pessoas viram a tua mensagem, mas que apesar de todos os facilitismos nas respostas automáticas no emogis, ela não se dignou a responder e sentes que foste ”ignorada com sucesso”. Como devo interpretar esse silêncio? Não reparas? Eu reparo! Reparo porque os grupos de que falo não são de jantaradas, festas e festinhas, mas grupos de trabalho, de projetos sociais…E isso preocupa-me.

Quando questionas a pessoa porque não responderam, dizem: “era para responder?” ”esqueci-me” ou ”concordo com os outros” e desvalorizam o que nos fizeram sentir.

Pior é o que sentes quando envias uma mensagem em privado e te acontece o mesmo- És ignorada! Ou melhor- sentes-te ignorada!

E levamos tudo isto de ânimo leve como se fosse normal porque supostamente estamos todos muito ocupados para dar atenção a alguém. E quando te atreves a exprimir os teus sentimentos e como essas atitudes te magoam, poucos se compadecem ou mudam de atitude, mas muitos te julgam como exigente, exagerada e tudo o resto…

Perdemos hábitos de cortesia, de agradecer, de cumprimentar.

Perdemos hábitos de argumentar, de falar, mas também de escrever. Não, não é por ser mais difícil, aliás nunca foi tão fácil, é porque estamos cada vez menos interessados.

Gostas de te sentir ignorado? Então não ignores!

E tu amiga, como te sentes quando és ignorada com sucesso?


Raquel Rodrigues