E se um olhar salvar? E se um abraço for capaz de curar? E se uma palavra for o suficiente para (me) perdoar? E se um sorriso for o sentido de uma vida? E se um estender de mão for mais do que um simples erguer? E se a companhia for a certeza de um amor?
Andamos sempre à procura do extraordinário como se o simples não nos preenchesse a vida. Como se o inútil não nos pudesse dar sentido. No entanto, esquecemo-nos que somos feitos do ordinário, das simples coisas do dia-a-dia e que é nessa inutilidade que tudo se vai construindo.
E se o olhar der colo? E se um abraço conseguir agarrar tudo o que sou? E se a palavra for a salvação? E se um sorriso for o suficiente para a mudança? E se um estender de mão for a ajuda necessária? E se o amor for construído na contemplação?
Temos receio de chegar ao outro com aquilo que temos. Ficamos sempre presos ao que não temos e ao que nos pode vir a ser cobrado. Esquecemo-nos que no pouco que somos podemos vir a ser muito na vida de tantos e tantas. E como precisamos deste tão pouco. Desta pequenez capaz de se deixar enamorar pelo serviço.
E se o olhar for capaz de decifrar a vida? E se o abraço for casa de abrigo? E se a palavra for conforto? E se o sorriso for a confirmação da existência de Deus? E se um estender de mão for construtor de pontes? E se o amor for o nosso tudo?
Talvez esteja na hora de deixar que todos estes “e se…” se concretizem com a autenticidade do que somos. Com as dúvidas que temos. Com as inquietações que nunca conseguiremos resolver. Com as feridas que ainda não conseguimos curar. Mas talvez seja a hora de tudo isto se cumprir.
Hoje, antes de festejares mais um início de fim de semana, pergunta-te: e se arriscasse a minha vida em confirmar todos estes “e se…”?
Emanuel António Dias
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