domingo, 15 de outubro de 2023

O Banquete

 


A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem do "banquete" para descrever esse mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos.
Na primeira leitura, Isaías anuncia o "banquete" que um dia Deus, na sua própria casa, vai oferecer a todos os Povos. Acolher o convite de Deus e participar nesse "banquete" é aceitar viver em comunhão com Deus. Dessa comunhão resultará, para o homem, a felicidade total, a vida em abundância. Ao homem basta-lhe aceitar o convite de Deus para ter acesso a essa festa de vida eterna. Aceitar o convite de Deus significa renunciar ao egoísmo, ao orgulho e à auto-suficiência e conduzir a existência de acordo com os valores de Deus; aceitar o convite de Deus implica dar prioridade ao amor, testemunhar os valores do Reino e construir, já aqui, uma nova terra de justiça, de solidariedade, de partilha, de amor. No dia do nosso Baptismo, aceitamos o convite de Deus e comprometemo-nos com Ele... A nossa vida tem sido coerente com essa opção?
O Evangelho sugere que é preciso "agarrar" o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso baptismo não é "conversa fiada"; mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente. No nosso texto, a questão decisiva não é se Deus convida ou se não convida; mas é se se aceita ou se não se aceita o convite de Deus para o "banquete" do Reino. Os convidados que não aceitaram o convite representam aqueles que estão demasiado preocupados a dirigir uma empresa de sucesso, ou a escalar a vida a pulso, ou a conquistar os seus cinco minutos de fama, ou a impor aos outros os seus próprios esquemas e projectos, ou a explorar o bem estar que o dinheiro lhes conquistou e não têm tempo para os desafios de Deus. Vivemos obcecados com o imediato, o politicamente correcto, o palpável, o material, e prescindimos dos valores eternos, duradouros, exigentes, que exigem o dom da própria vida. A questão é: onde é que está a verdadeira felicidade? Nos valores do Reino, ou nesses valores efémeros que nos absorvem e nos dominam?
Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: a comunidade cristã de Filipos. É uma comunidade generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar o Evangelho diante de todos os homens. A comunidade de Filipos constitui, verdadeiramente, um exemplo que as comunidades do Reino devem ter presente. A solicitude dos filipenses por Paulo é sinal da vontade que eles têm de colaborar na expansão do Reino. Todas as comunidades cristãs deviam sentir este apelo a participar - de forma mais directa ou menos directa - no testemunho de Evangelho de Jesus. Levar o Evangelho ao mundo não é uma missãoque apenas diga respeito a um grupo "especial" dentro da Igreja; mas é uma missão que Jesus confiou a todos os discípulos, sem excepção. Todos os cristãos deviam sentir o imperativo de colaborar, na medida das suas possibilidades, no anúncio do Evangelho. Paulo refere-se, finalmente, à retribuição que Deus não deixará de dar a todos aqueles que mostram solicitude e amor com os apóstolos e que se empenham no anúncio do Evangelho. No entanto, Paulo está longe de sugerir uma lógica interesseira no nosso relacionamento com Deus... O cristão não age de determinada forma para daí tirar benefícios, mas porque o seu compromisso com Jesus lhe impõe determinado comportamento.

https://www.dehonianos.org/

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