quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

É tempo de parar um pouco


Vivemos com uma vontade enorme de fazer coisas, de experimentar outras, de participar de forma ativa em todas as atividades e de estar presentes em todos os acontecimentos que julgamos ser importantes, portanto, quase todos!

Mais estranho ainda é que o nosso interior seja determinado pelo exterior, quando na verdade devia ser o contrário, as mudanças do mundo começarem a partir de dentro de mim.

Queremos tanto ser protagonistas em tanta coisa que acabamos por improvisar a maior parte do tempo e fazer figuras tristes que se evitariam com facilidade se tivéssemos tido a coragem de parar um pouco e pensar bem no que era o plano e quais eram as probabilidades de sucesso!

Parecemos escravos da ditadura do fazer acontecer. Somos obrigados a produzir e a consumir. Tudo com ritmo acelerado e sem pausas. Eventos muito dinâmicos e sem fim!

Quem decide ficar de fora, ainda que por apenas alguns momentos, é visto como alguém atrasado, mas ameaçador.

Na família, como no meio profissional, dá-se cada vez mais valor a fazer muitas coisas. Quantidade e diversidade, em vez de qualidade e profundidade. Estar ali não basta, é preciso fazer qualquer coisa, como se a simples presença de alguém connosco não pudesse ser motivo de satisfação para nós. O encontro é em si mesmo um enorme bem. Ir ao encontro e estar ali pode ser tudo o que alguém precisa para ser feliz.

Quantas vezes é a perda de alguém querido que nos lembra que devíamos ter usufruído mais da sua simples presença… um silêncio partilhado pode bem ser o mais belo hino ao amor.

A existência é demasiado limitada e valiosa, para que a desperdicemos a fazer muitas coisas sem pensar, sem sonhar, sem estudo nem preparação… de que vale acabar exausto e frustrado por ter gastado forças e tempo de forma inútil?

Mais vale parar, pensar e, depois, se for mesmo importante fazer algo, fazê-lo. Caso contrário, mais vale descansar e dar descanso aos outros.

É tempo de olhar para nós mesmos e aos outros com amor, num silêncio sem pressa.


José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Nadas que são tudo



Metro de Lisboa.

Chego, no meio das pessoas que passam, apressadas, na correria do dia, da vida. Do coração. Olho à minha volta. Há pessoas que conversam. Outras, sozinhas, apenas esperam.

À minha frente, alguém, de costas para mim, vai limpando o rosto. Há lágrimas que teimam em aparecer sem escolher quando nem onde. Ela, sozinha, enquanto espera (ou desespera), vai limpando as lágrimas que teimam em cair.

O metro chega. Entramos as duas. Eu fico junto à porta, ela procura um lugar mais isolado. Talvez só precise de um abrigo. Há silêncio. Pessoas que quase não se olham. Não se vêem. Não escutam o pedido de um abraço dos corações que, muitas vezes, têm ao seu lado. Precisamos tanto de reparar, não precisamos?

A viagem chega ao fim. Ela aproxima-se de mim para sair. Saímos as duas e, enquanto saímos, eu estendo-lhe um post-it. Ela hesita, durante instantes, e aceita-o.

"O teu sorriso é a melhor parte do dia de alguém", lê. Ela, de olhos brilhantes, solta um ligeiro sorriso. Eu sorrio-lhe de volta e sigo o meu caminho, de coração abraçado.

Às vezes, um ligeiro sorriso de um coração que dói, salva o nosso dia também.

É isto: a vida torna-se bonita pelo amor que se vai deixando pelo caminho. E encontrando também.

Pode até nem parecer nada. Mas, às vezes, pode ser tanto. Pode ser tudo. Para alguém. E para nós também.


Daniela Barreira

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Quem sou eu com Deus?


Quem sou eu com Deus? Esta talvez seja uma das questões mais importantes que deveremos colocar a nós mesmos quando queremos refletir sobre a nossa fé e a sua vivência. Quem sou eu com Deus? Sim, quem sou eu quando me relaciono com Ele? Quem sou eu quando tenho a ousadia de testemunhá-Lo?

Reflete-se, em diversas tertúlias e crónicas, sobre o que tem faltado para que a fé católica continue a ser uma proposta atrativa para os mais jovens e para a sociedade no seu todo. E, em muitas dessas reflexões, centramo-nos no que podemos trazer de novo e até na comunicação que podemos adotar para transmitir a mensagem de Jesus Cristo que, sendo sempre a mesma, é sempre jovem, inovadora e refrescante. Estas preocupações são legítimas e efetivamente necessárias: há muito para se fazer e para se fazer diferente e há muito a mudar na comunicação (a começar desde logo pela forma como Bispos, Padres e religiosos/as comunicam a sua vivência quotidiana e a mensagem do Evangelho).

No entanto, acredito que antes de uma mudança estrutural (como bem sabemos ainda demorará o seu tempo) deverá existir uma reflexão profunda sobre o papel e o impacto da relação que cada um tem com Deus. É nesta reflexão pessoal que pode estar o segredo para uma vivência da fé que não caia em falsos moralismos, ou em propostas vazias e alheadas da realidade, mas que possamos efetivamente descobrir o que de mais íntimo existe na nossa fé.

E talvez este tempo da Quaresma seja propício para caminharmos sobre algumas questões fundamentais que nos poderão ajudar a descobrir o que alimenta a nossa fé: quem sou eu com Deus? Quem sou eu no momento da oração? Quem sou eu quandoreconheço as faltas de amor? Quem sou eu quando o outro procura o perdão? Quem sou eu quando o outro procura saber mais sobre Deus e a Igreja? Quem sou eu quando o outro me procura por se sentir oprimido e indigno pela Igreja? Quem sou eu quando experiencio o amor e a misericórdia de Deus? Quem sou eu quando leio e escuto as palavras do Seu Evangelho? Quem sou eu quando ocupo um lugar de destaque na minha comunidade? Quem sou eu?

Arriscarmos caminhar sobre perguntas em busca do nosso autoconhecimento é um ato desafiante e de enorme coragem, mas estou certo de que nos permitirá vivenciar a fé de forma mais autêntica, humana e, por isso, transmitir com maior clareza a divindade d’Aquele que professamos: Jesus, o Nazareno, o Cristo.

Hoje, antes de te refugiares nos rituais e nos preceitos, arrisca-te a questionar-te e reflete sobre cada uma das questões deixadas anteriormente nesta crónica!


Emanuel António Dias

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

O sentido da vida...




Pensar e refletir no sentido da vida é inerente à nossa existência, à nossa condição humana. Dizem, procurar um propósito "maior que nós".

Temos dúvidas, inquietações. Queremos compreender, queremos respostas. Pois, nem sempre é fácil estarmos abertos e disponíveis ao que a vida nos traz.

Agora, será que a vida só começa quando descobrimos o nosso propósito? Não creio...
A vida em si mesma, é o bem maior. O presente mais bonito e precioso. O jardim que devemos cuidar.

Não será o sentido da vida, vivermos o seu próprio mistério?

Dentro de cada um de nós, a vida palpita. Diz-nos "estou aqui, vamos!"

É pela ação que damos sentido à vida.
Aquilo que estás a ser, estás a criar para ti.
Se o teu propósito é ser feliz, sê feliz hoje e faz feliz quem está ao teu lado.
Se o teu propósito é ter amor, sê amor hoje e ama quem te rodeia.

É simples? Nem sempre... mas vamos abrir o nosso coração ao convite que nos é feito diariamente. Viver!

A vida é o sentido. E para mim a vida é Deus e Deus é a vida.


Carla Correia

domingo, 25 de fevereiro de 2024

SEMANA CÁRITAS – O GRITO DOS POBRES É O GRITO DA TERRA


A Semana Cáritas é um despertador da Igreja para dentro de si própria, mas ecoando também no seio da sociedade em que vivemos. Todos somos convidados a acordar e a levantar animados pela vontade de fazer o bem. A ecologia integral implica um verdadeiro equilíbrio entre a atividade económica, o bem-estar social, as condições de vida digna e a preservação da natureza. Se tudo está assim tão interligado, há que tornar muito mais alta e mais forte a voz dos pobres e excluídos, sofrendo com eles, com eles lutando pelos seus direitos, denunciando as injustiças de que são vítimas e dando as mãos para que venham a ter uma vida mais digna, menos sofrida, tantas vezes desesperada. O grito dos pobres é o grito da terra. O grito da terra é o grito dos pobres a reclamarem mais atenção nas programações pastorais, nas decisões políticas e dinâmicas sociais, procurando que tudo seja centralizado no bem e na dignidade das pessoas.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a taxa de risco de pobreza em Portugal aumentou em 2022 para 17%, abrangendo todos os grupos etários. Tal percentagem da população viveu abaixo da linha de pobreza. São 1,78 milhões de pessoas, mais 81 mil do que no ano 2021, num ano marcado pela inflação, pela subida de preços, pela crise na habitação, pela desigualdade de rendimentos. Estes dados são de 2022, mas a Cáritas Portuguesa fala que a realidade diária que se vive na rede Cáritas, no terreno, é bem mais séria e preocupante. Os pobres são os protagonistas do caminho da Igreja, assim se acentuou, mais uma vez, na XVI Assembleia Geral do Sínodo, de cujo entendimento nos dá conta o Relatório Síntese da mesma, assim:
- À Igreja os pobres pedem amor. Por amor entende-se respeito, acolhimento e reconhecimento, sem os quais dar alimentos, dinheiro ou prestar serviços sociais representa uma forma de assistência certamente importante, mas que não se encarrega plenamente da dignidade da pessoa. Respeito e reconhecimento são instrumentos poderosos de ativação das capacidades pessoais, de modo que cada um seja sujeito do seu próprio percurso de crescimento e não objeto da ação assistencial de outros.
- A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica: Jesus, pobre e humilde, travou amizade com os pobres, caminhou com os pobres, partilhou a mesa com os pobres e denunciou as causas da pobreza. Para a Igreja, a opção pelos pobres e descartados é uma categoria teológica ainda antes de ser cultural, sociológica, política ou filosófica. Para São João Paulo II, é aos pobres que Deus concede em primeiro lugar a sua misericórdia. Esta preferência divina tem consequências na vida de todos os cristãos, chamados a nutrir «os mesmos sentimentos de Cristo Jesus» (Flp 2,5).
- Não há apenas um tipo de pobreza. Entre os múltiplos rostos dos pobres há os de todos aqueles que não têm o necessário para levar uma vida com dignidade. Depois, há os dos migrantes e refugiados; povos indígenas, originários e afrodescendentes; os que sofrem violência e abuso, de modo particular as mulheres; pessoas com dependências; minorias às quais é sistematicamente negado o direito a ter voz; idosos abandonados; vítimas do racismo, da exploração e do tráfico, de modo particular menores de idade; trabalhadores explorados; pessoas economicamente excluídas e outras que vivem nas periferias. Os mais vulneráveis entre os vulneráveis, a favor dos quais é necessária uma constante ação de defesa, são as crianças no ventre materno e as suas mães. A Assembleia está consciente do clamor dos “novos pobres”, produto das guerras e do terrorismo que martirizam muitos países em diferentes continentes, e condena os sistemas políticos e económicos corruptos que são a sua causa.
- A par das múltiplas formas de pobreza material, o nosso mundo conhece também as formas da pobreza espiritual, entendida como falta de sentido para a vida. Uma excessiva preocupação consigo mesmo pode levar a encarar os outros como uma ameaça e a fechar-se no individualismo. Como foi notado, as pobrezas materiais e as pobrezas espirituais, quando se aliam, podem encontrar as respostas às necessidades uma da outra. Este é um modo de caminhar juntos que torna concreta a perspetiva da Igreja sinodal que nos revelará o sentido mais pleno da bem-aventurança evangélica: «Bem-aventurados os pobres em espírito» (Mt 5,3).
- Estar ao lado dos pobres significa comprometer-se com eles também no cuidado da nossa casa comum: o clamor da terra e o clamor dos pobres são o mesmo clamor. A falta de reações faz da crise ecológica e, particularmente, das alterações climáticas uma ameaça para a sobrevivência da humanidade, como sublinha a Exortação apostólica Laudate Deum, publicada pelo Papa Francisco em concomitância com a abertura dos trabalhos da Assembleia sinodal. As Igrejas dos países expostos às consequências das alterações climáticas têm consciência viva da urgência de uma mudança de rumo e isto representa um seu contributo para o caminho das outras Igrejas do planeta.
- O compromisso da Igreja deve chegar às causas da pobreza e da exclusão. Isto engloba a ação para tutelar os direitos dos pobres e dos excluídos, e pode exigir a denúncia pública das injustiças, sejam elas perpetradas por indivíduos, governos, empresas ou estruturas da sociedade. É por isso que é fundamental a escuta das suas instâncias e do seu ponto de vista, para lhes emprestar a voz, usando as suas palavras.
- Os cristãos têm o dever de esforçar-se por participar ativamente na construção do bem comum e na defesa da dignidade da vida, inspirando-se na doutrina social da Igreja e agindo de diversas formas (compromisso nas organizações da sociedade civil, nos sindicatos, nos movimentos populares, no associativismo de base, no campo da política, etc.). A Igreja exprime uma profunda gratidão pela sua ação. As comunidades sustentam todos os que atuam nestes campos num autêntico espírito de caridade e de serviço. A sua ação é parte da missão da Igreja de anunciar o Evangelho e de colaborar para o advento do Reino de Deus.
- Nos pobres a comunidade cristã encontra o rosto e a carne de Cristo, que sendo rico fez-se pobre por nossa causa, para que, pela sua pobreza, nos tornássemos ricos (cf. 2Cor 8,9). Ela é chamada não apenas a tornar-se próxima deles, mas a aprender com eles. Se fazer sínodo significa caminhar juntamente com Aquele que é o caminho, uma Igreja sinodal precisa de colocar os pobres no centro de todos os aspetos da sua própria vida: através dos seus sofrimentos têm um conhecimento direto de Cristo que sofre (cf. Evangelii gaudium, n. 198). A semelhança da sua vida com a do Senhor torna os pobres anunciadores de uma salvação recebida em oferta e testemunhas da alegria do Evangelho”.

D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-castelo Branco, 25-02-2024.

A nossa fé na ressurreição…

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Domingo 2º Quaresma Ciclo B ( Portugês ) (youtube.com)


No segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus convida-nos a dar mais um passo em direção à Páscoa (à de Jesus e à nossa). Diz-nos que é na obediência radical a Deus e na escuta atenta de Jesus que descobrimos o caminho que nos permite encontrar a Vida em abundância.

O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Marcos, o evangelista, apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à Vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.

O tempo de Quaresma é um tempo favorável de conversão, de transformação, de renovação. Traz-nos um convite a questionarmos a nossa forma de encarar a vida, os valores que priorizamos, as opções que vamos fazendo, as nossas certezas e apostas, os nossos interesses e projetos… O que é que eu, pessoalmente, necessito de mudar, na minha forma de pensar e de agir, a fim de me tornar um discípulo coerente e comprometido, que segue Jesus no caminho do amor levado até às últimas consequências, até ao dom total de si próprio?

Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão como paradigma do crente. Abraão é o homem de fé inabalável, que vive numa constante escuta de Deus, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total. Essa “entrega” a Deus é fonte de Vida e de bênção.

Na sua relação com Deus, o crente Abraão manifesta uma vasta gama de “qualidades” – a reverência, o respeito, a humildade, a disponibilidade, a obediência, a confiança, o amor, a fé – que o definem como o crente “ideal”, o modelo para os crentes de todas as épocas. Neste tempo de preparação para a Páscoa (para a Vida nova), são estas “qualidades” que nos são propostas, também. Estamos disponíveis para concretizar um processo de conversão que nos torne cada vez mais atentos e disponíveis para acolher e para viver na fidelidade aos planos de Deus?

A segunda leitura lembra aos crentes que Deus os ama com um amor imenso e eterno. A melhor prova desse amor é Jesus Cristo, o Filho amado de Deus que morreu para ensinar ao homem o caminho da vida verdadeira. Sendo assim, o cristão nada tem a temer e deve enfrentar a vida com serenidade e esperança.

Descobrir o amor de Deus por nós dá-nos a coragem necessária para enfrentar a vida com serenidade, com tranquilidade e com o coração cheio de paz. O crente é aquele homem ou mulher que não tem medo de nada porque está consciente de que Deus o ama e que lhe oferece, aconteça o que acontecer, a vida em plenitude. Procuramos entregar a nossa vida como dom, correr riscos na luta pela paz e pela justiça, enfrentar os poderes da opressão e da morte, porque confiamos no Deus que nos ama e nos salva?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Jubileu 2025: Vaticano publica guia para «Ano da Oração» convocado pelo Papa

 



O Dicastério para a Evangelização (Santa Sé) publicou o subsídio ‘Ensina-nos a rezar’, que está disponível na internet, para este ‘Ano da Oração’ convocado pelo Papa Francisco para preparar o Jubileu de 2025. Descarregue aqui a versão portuguesa.

“O livreto é inspirado no Magistério de Francisco e pretende ser um convite a intensificar a oração como um diálogo pessoal com Deus, para poder refletir sobre a própria fé e o compromisso no mundo de hoje, nas diferentes esferas em que se é chamado a viver, para que possa ser alimentado um ardor renovado para a evangelização do homem moderno”, divulga o portal online ‘Vatican News’.

O subsídio ‘Ensina-nos a rezar’, título tirado do capítulo 11 do Evangelho de São Lucas, está dividido em capítulos, direcionados para as comunidades paroquiais, as famílias, os jovens, os mosteiros, a catequese, e retiros espirituais, também oferece “indicações e conselhos” sobre como viver “plenamente o diálogo com Deus na relação com os outros”.

Com 10 capítulos, este novo subsídio do Vaticano, para o atual Ano da Oração, começa com o ‘Ensinamento do Papa Francisco sobre a oração’, depois apresenta diferentes formas de rezar, os restantes capítulos são: ‘A oração na comunidade paroquial’, ‘A oração na família’, ‘A oração dos jovens’, ‘Retiros espirituais sobre a oração’, ‘Catequese sobre a oração’, ‘A oração dos enclausurados’, ‘A oração nos santuários’ e ‘A oração dos fiéis para o Jubileu de 2025’.

“Nas suas catequeses, o Papa indicou em várias ocasiões como a oração é o caminho para entrar em contato com a verdade mais profunda de nós mesmos, onde está presente a própria luz de Deus, como ensinou Santo Agostinho”, lê-se na introdução que sublinha o incentivo a uma oração constante porque transforma “não só a pessoa, mas também a comunidade que a circunda, inclusive onde o mal parece levar vantagem”.

“Que a oração seja, portanto, para cada cristão, a bússola que orienta, a luz que ilumina o caminho e a força que sustenta na peregrinação que levará a passar pela Porta Santa; chegar com um coração pronto para acolher os dons da graça e do perdão que o Jubileu oferecerá”, divulga o ‘Vatican News’.

Este subsídio faz parte de uma série de ferramentas pensadas para acompanhar as comunidades cristãs e cada fiel rumo ao Ano Santo de 2025.

No dia 21 de janeiro, o Papa proclamou um ano de oração para preparar as celebrações do Jubileu 2025, cuja porta santa vai ser aberta no próximo mês de dezembro.

“Começamos o ano da oração, isto é, um ano dedicado a descobrir o grande valor e a absoluta necessidade da oração, da oração na vida pessoal, na vida da Igreja, da oração no mundo”, referiu Francisco, após a recitação do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício, no Vaticano.

O Jubileu 2025 coincide com os 1700 anos do Concílio de Niceia, que abordou a data da celebração da Páscoa, e terá uma dimensão ecuménica numa das rotas de peregrinação propostas, o ‘Iter europaeum’, 28 Igrejas que se referem a 27 países europeus e à União Europeia, com alguns templos de outras comunidades cristãs.

O ano santo de 2025 vai ser o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja; o Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

O último jubileu foi o ano santo extraordinário dedicado à Misericórdia (29 de novembro de 2015 a 20 de novembro de 2016), convocado com a Bula ‘Misericordiae Vultus’ do Papa Francisco.

Descarregue o guia, em língua portuguesa, aqui.


Agência Ecclesia

Jacinta e Francisco!


Celebrámos, dia 20, o dia dos Santos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto. Nos tempos de imensa tribulação em que vivemos, estes dois meninos são uma luz acesa traduzida em esperança e em amor.

Ensinaram-nos, com a sua vida e com a forma como viveram a própria morte, que tudo se pode transformar em dádiva mesmo quando a tormenta é imensa. Mostraram-nos como ter fé em Deus e como viver essa fé de uma forma totalmente gratuita e entregue. Estas crianças não esperavam a visita de Nossa Senhora, mas tiveram-na. Foram protagonistas de uma das maiores graças do próprio Deus que se fez presente através da presença de uma Mãe capaz de ser sempre colo.

Jacinta e Francisco eram crianças pobres e simples. Foram escolhidos para ser testemunhas do próprio Céu, que tantas vezes se dilui com a terra e com as nossas profundas fraquezas e falhas. Trouxeram-nos a mensagem que precisamos, ainda hoje, para viver as nossas vidas. Disseram-nos que a luz de Deus arde, mas não queima nem dói. Disseram-nos que o propósito da vida é entregá-la, sempre, a quem já no-la tinha dado.

Somos descendentes das aparições e temos a obrigação de as viver no presente. Somos continuação da “Senhora mais brilhante que o Sol” que se vestiu de luz e de amor para nos salvar a vida tantas e tantas vezes. Salvar-nos, principalmente, de nós próprios e das nossas incredulidades.

A santidade da Jacinta e do Francisco vem trazer-nos a possibilidade da nossa própria santidade. É simples viver entregue ao Pai. Basta-nos mergulhar numa constante rendição a um amor que não tem prazo, tempo ou espaço.

O milagre que viveram estas crianças, acompanhados também da sua prima Lúcia, vem mostrar-nos que a rocha que nos sustenta é sempre maior do que as ondas galopantes que o mar da vida nos pode trazer. Veio trazer-nos a esperança de dias melhores, mais condizentes com a paz que toda a humanidade tem o direito a viver e a experimentar, seja qual for a sua condição.

Não podemos deixar passar este dia e esta celebração em branco. Pedem-nos, estes meninos, que saibamos viver cada dia como se fôssemos uma oração dita pelas mãos do próprio Deus.

“Nós estávamos a arder naquela luz que é Deus e não nos queimávamos”


Marta Arrais

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

JÁ VISITOU ALGUM MOSTEIRO OU CONVENTO?



Talvez sim, provavelmente virado a museu, a hotel, a lar, a estabelecimento prisional, a pousada, a serviço público, ou, então, reduzido a um montão de ruínas, com flora e fauna de assustar e fazer fugir. O Marquês primeiro, o Regenerador depois, mais tarde a primeira República, foram quem, sempre com mais olhos que barriga e portadores daquela patologia que nada vê de positivo no trabalho dos outros, foram quem iniciou o processo desses destinos. Nada de estranho! Ontem como hoje, hoje como ontem! A inércia de uns sempre fez de outros o seu bode expiatório!
Embora esses edifícios continuem a falar das histórias da História, não é desses que agora falo. Estou a falar daqueles que continuam a gerar frutos de graça e de misericórdia, verdadeiros oásis no meio dos desertos da indiferença e da vida, em fidelidade ao seu carisma e enraizados no silêncio e na liberdade de claustros ricos em recolhimento, arte e beleza. E faço-o porque, no dia 27, terça-feira, festejamos o Senhor e Santo Doutor Gregório, que, mercê do Criador, do dom da vida e do seu afincado trabalho, nos olha do alto daqueles eirados que, como prémio, lhe foi dado usufruir para contemplar o desenrolar desta divertida comédia humana. A ele pedimos, reverentemente, que nos dê um ombrozinho para que possamos saltar as charcas e as paredes deste vale de lágrimas, sem que morramos por capricho, como por capricho morreu, sem gosto pelos conventos e vítima dos seus aferros, a senhora D. Amélia de Alpedrinha, coisa que pode acontecer com os mais atreitos a endoidar o coração ‘por razões que a própria razão desconhece’.... “Morro por capricho”, foram as últimas palavras daquela senhora ao seu imprudente e bacharel marido, assim o testemunha o admirável Abade de Alpedrinha no ‘Cenas Contemporâneas’ de Camilo Castelo Branco. Pudera! E acham que de Camilo se poderia esperar coisa outra?...
O Sr. Doutor Gregório Narek, arménio, não andou connosco na escola, é certo, que nos desculpe este sem cerimónia de tratamento. Nasceu no século X, entre 945 e 951, por aí, de família instruída. Perdeu a mãe muito cedo, não porque ele andasse por caminhos de vida sem juízo, mas por mor da morte dela. Ainda jovem, entrou para um mosteiro, um prestigiado centro de cultura e formação, nas margens do Lago Van, onde passou quase toda a sua vida sem qualquer pitadinha de arrependimento. Foi monge, sacerdote, poeta, compositor, literato, filósofo, mariólogo, místico, professor. Quem sabe diz que ele foi um dos principais expoentes de uma época alta na pintura, arquitetura, literatura e teologia arménias. Sem se desviar nem afastar do mundo circundante, viveu sempre envolvido nos acontecimentos sociais, políticos e eclesiais do seu tempo, granjeou fama para além das paredes do mosteiro, faleceu por volta de 1010, é venerado como santo. Na seu tempo, a Igreja Arménia, por quiproquós cristológicos, não estava formalmente em comunhão com Roma. Só em 1742, é que Bento XIV aceitou oficialmente a Igreja Católica de Rito Arménio, incluindo os santos arménios como Gregório de Narek. Em 1996, São João Paulo II, assinou uma declaração conjunta em que atribuía essa divisão a razões semânticas e a outras incompreensões, mas cujas controvérsias não mais deveriam separar as duas Igrejas. A República da Arménia situa-se na costa montanhosa da Eurásia, entre o mar Negro e o Cáspio, no sul do Cáucaso. Foi República integrante da União Soviética, faz fronteira com a Turquia, a Geórgia, o Azerbaijão e o Irão. Foi a primeira nação a adotar o cristianismo. Transcontinental, localizada na Ásia Ocidental, tem relações com a Europa e vai-se equilibrando entre os vizinhos. Se os turcos e os mongóis haviam mudado para sempre a sua fisionomia e vida, o genocídio do povo arménio, no princípio do século XX, foi de clamar aos céus, como de clamar aos céus foi o extermínio no Congo Belga, o holocausto dos judeus, o genocídio dos ucranianos, dos circassianos, dos polacos, dos cambojanos, bem como o que aconteceu no Bangladesh, na China, no Ruanda, etc. As políticas ideológicas, nacionalistas, eugenistas e racistas, alicerçadas num expansionismo de ambição serôdia e num conceito de superioridade em relação aos outros, têm levado ao extermínio de milhões e milhões de pessoas.
Ao longo da história, incluindo hoje, apesar de a sua influência ter ajudado a formar consciências e a produzir leis na direção da paz e da fraternidade universal, muitos líderes da sociedade, escravos da ambição e de protagonismo, têm-se esquecido das exigências do senso comum, das lições da História, do exemplo dos pacifistas, e, sobretudo, têm-se esquecido da Pessoa, da Palavra e dos apelos de Jesus a que sintamos os outros como irmãos, amando-os e protegendo-os. Sem grande emenda, esquece-se o essencial, é-se mau administrador dos bens que a misericórdia divina nos concede, pretende-se destronar Deus como se isso fosse possível e colocar a jactância humana no trono, julgada dona e senhora dos outros e do mundo, como se deles se pudesse dispor a seu bel-prazer. Na Arménia, até os restos do mosteiro e do túmulo de Gregório, lugar de peregrinação por oito séculos, foram destruídos, uma mesquita ocupa hoje o seu lugar. No centenário do Genocídio Arménio, em 2015, o Papa Francisco declarou Gregório Narek como Doutor da Igreja, uma grande alegria para os cristãos de rito arménio. E numa catequese sobre a paixão pela evangelização, Francisco, falando sobre o monaquismo, lembrou este monge arménio que, disse o Papa, “aprendeu a perscrutar as profundezas da alma humana e, fundindo poesia e oração, alcançou o auge tanto da literatura como da espiritualidade arménia”. E chamando a atenção para a solidariedade universal da qual Gregório é intérprete, o Papa afirmou que “entre os monges e as monjas há uma solidariedade universal: aconteça o que acontecer no mundo, encontra lugar no coração deles e rezam ... vivem em união com o Senhor e com todos ... Como fez Jesus ... assumem sobre si os problemas do mundo, as dificuldades, as doenças, muitas coisas, e rezam ... com a palavra, o exemplo, a intercessão e o trabalho diário, os monges são uma ponte de intercessão para todas as pessoas ... são a verdadeira força, a força autêntica que leva em frente o povo de Deus e nisto tem origem o hábito que as pessoas têm de ... quando se encontram com um consagrado, uma consagrada, de dizer: “Reza por mim, ora por mim”, pois sabem que há uma oração de intercessão. Far-nos-á bem ... visitar algum mosteiro, porque lá se reza e se trabalha. Cada um tem a própria regra, mas as mãos estão sempre ocupadas: ocupadas com o trabalho, ocupadas com a oração. Que o Senhor nos conceda novos mosteiros, monges e monjas que levem em frente a Igreja com a sua intercessão”.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 23-02-2024.

Os silêncios de Deus.

 


Fala Senhor, não te ouço! Mostra-Te Senhor, não te vejo!



Querida amiga já sentiste isto? Eu também, e dou por mim a questionar e a confrontar Deus com os seus Silêncios.

Ensinam-nos a acreditar que “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á.”( Mateus 7:7,8) e rezamos, suplicamos e suspiramos e parece que de Deus apenas ouvimos um Silencio perturbador.

E somos postos constantemente à prova, tanto por nós que pensamos em desistir, como por não crentes que nos pedem constantemente razões para a nossa fé.

Rezamos com fé, fazemos novenas, somos assíduos à Eucaristia e confesso, gostaria que isso nos desse uma capa protetora contra a tristeza e desgraça. Gostaria que a nossa fé protegesse, a TODOS, da fome, da doença e da guerra. Sei contudo, que muito do que nos entristece, advém de nós mesmos e do Joio que deixamos crescer no coração. Mas num mundo que clama por paz e sossego, vemos um punhado de Homens a controlar, manipular e a instigar o ódio de mundo e meio, e sobre isso sinto-me completamente impotente.

E tu Senhor, que Fazes? Não Te Ouço! Não te vejo! Este silêncio…

Manifesta-te Senhor!

São Marcos (1, 40-45) relata a história de um leproso que foi ter com Deus e suplicou-Lhe: “Se quiseres, podes curar-me”. Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: “Quero: fica limpo”.

Eu sei Senhor que podes Curar por isso compadece-Te de nós! Não nos abandones!

Cura, Senhor, os corações tanto daqueles que têm o poder de mudar a Vida de multidões, como daqueles que podem mudar a vida ao mais humilde do seu irmão.


E tu amiga, como lidas com os silêncios de Deus?


Raquel Rodrigues

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O que vais deixar de ti neste mundo?

 


Perdemos muito tempo e forças com coisas sem valor nenhum. O que importa mesmo são as pessoas, tudo o mais é insignificante.

O que tens feito e vai ficar?

O tempo que viveste e a que chamas teu, foi-te dado. O futuro é igual, só o terás se te for dado. Nenhum homem, por mais que se julgue, será alguma vez capaz de acrescentar um minuto à sua vida, quanto mais um ano!

Há quem precise de sentir a morte por perto para se decidir a viver de forma profunda. Não é a quantidade de tempo que temos, mas a qualidade que conseguirmos dar às horas que nos forem dadas.

A gratidão é essencial a quem procura viver com verdade. O mesmo tempo que nos traz tudo, com a mesma simplicidade, nos pode levar tudo o que nos deu. Algumas vezes um instante é suficiente para ficarmos sem nada, nem vida.

Fica o que fizemos com a vida enquanto pudemos decidir o que fazer com ela.


José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

A Quaresma não é...

 


A Quaresma não é um campeonato de merecimentos, nem de cumprimentos. A Quaresma é um tempo para cada um de nós tomar consciência da sua condição humana: necessitada em jejuar o que é supérfluo, preenchida somente com a partilha e realizada através da relação íntima com Deus.

A Quaresma não é um campeonato de objetivos inatingíveis, nem de juras eternas de conversão radical. A Quaresma é um tempo para cada um de nós abraçar a sua condição humana: acolher e respeitar a sua fragilidade, reconhecer os seus limites e amar a Deus com a sua inteireza.

A Quaresma não é um campeonato de proibições, nem de caras de missa de sétimo dia. A Quaresma é um tempo para cada um de nós conhecer mais profundamente a sua condição humana: aprofundar o sentido e o significado da fé na nossa vida, reconhecer que há mais beleza na fé quando esta é vivida em liberdade e compreender que é a alegria e o amor que nos permite sempre recomeçar.

A Quaresma não é um campeonato de rituais, nem de imposições de medo. A Quaresma é um tempo para cada um de nós amadurecer a sua fé. É uma oportunidade para interpretarmos os simbolismos e os gestos. É uma possibilidade de reconhecermos que somos seres que rezamos com o corpo. É um momento para saborearmos os silêncios da nossa vida.

A Quaresma não é um campeonato de pesos, nem de culpa. A Quaresma é um tempo para nos libertarmos do que fomos. É uma oportunidade para reerguermos e para sermos reerguidos. É uma possibilidade de permitirmos que o perdão e a misericórdia sejam a nossa maior motivação. É um momento para darmos a conhecer ao mundo que não há nada suficientemente morto que Deus não possa ressuscitar.

A Quaresma não é, nem poderá ser um tempo para nos sentirmos indignos ou falhados. A Quaresma deve ser, isso sim, um tempo onde jejuamos o que não nos completa, onde partilhamos o que nada detemos e onde rezamos pelo tanto que ainda temos de caminhar!

Se a Quaresma te amedronta e te deixa apenas com o sentimento deprimente de falhanço, questiona-te: estarei a caminhar livremente para Deus ou a praticar a doutrina do medo?

Emanuel António Dias

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

As máscaras que nos pomos

 

O Carnaval tende a ser uma forma descontraída de dizer uma coisa muito séria:

Todos vivemos mascarados. Ninguém consegue ser tão transparente que consiga revelar tudo o que é e todo o universo interior que o habita.

Todos precisamos de máscaras para sobreviver na selva social em que estamos mergulhados. Máscaras para o ambiente profissional, máscaras para estar com os amigos, máscaras para estar com a família, máscaras para quando não nos conhecem e queremos deixar uma boa impressão.

Claro que é inevitável usar máscaras no dia-a-dia, mas o perigo é deixar de saber onde começam e acabam. Onde somos mesmo nós ou a nossa capa preferida.

Mais ainda, o perigo é nunca permitirmos que os outros nos conheçam como realmente somos e acabarmos por perder a nossa essência.

Louise Borbeau explica-nos, num livro incrível, que as máscaras que adotamos estão relacionadas com as feridas que escondemos. São essas feridas, muitas vezes não vistas, que nos transformarão e determinarão a nossa forma de estar na vida.

Se eu tiver medo de ser rejeitado nunca deixo realmente que os outros se aproximem de mim. Se eu tiver medo de ser abandonado vou fazer de tudo para agradar os outros e para garantir que não se vão embora.

Por isso, mais do que perceber e ter consciência das máscaras que usamos é importante perscrutar as feridas que podem existir dentro de nós por curar. É nestas que está a chave. Tudo aquilo que não queremos ver torna-se gigante para nos obrigar a viver um confronto inevitável. Todas as vezes que não ouvimos (ou ignoramos) o corpo, a mente ou o espírito qualquer um deles vai encontrar formas colossais de nos chamar a atenção. Mais vale querer ver. Mais vale quereres ver-te.

O Carnaval pode ser uma festa muito divertida, mas ninguém há de querer andar mascarado o ano inteiro. Verdade?

Marta Arrais

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

"Não há um Eu sem um Tu..."



Aprender a ganhar consciência de mim, através da relação com o outro, é uma lição valiosa.

Nascemos em relação, e é pela relação que vamos estruturando os nossos alicerces, que vamos construindo ou desconstruindo o nosso eu. Que redirecionamos escolhas, caminhos, limites, verdades. Que conhecemos o que somos e o que queremos ser.

Pouco ou nada chega até mim se não for em relação com o outro. Mas, nem sempre é simples perceber o que ele tem para me dar; ou melhor, o que preciso ver em mim para evoluir, assim como, o que tenho para lhe oferecer e que possa proporcionar o seu crescimento.

Somos o equilíbrio uns dos outros. Somos todos um. É uma questão de consciência permanente do que temos para dar e receber. A comparação é uma perca de tempo. É pela diferença que nos tornamos únicos e unos.

Acredito que damos o nosso melhor todos os dias nesta díade. Claro, que o conhecimento de hoje não é o mesmo de ontem.A sabedoria vem com o tempo e com as experiências que vamos somando dia-a-dia.

Por agora, é importante reconhecer o hoje e o conhecimento que podemos alcançar de nós e dos outros, para servirmos, com mais coragem, o nosso propósito.

"Não há um eu sem um tu".

Ver beleza em tudo é um desafio, mas a verdade é que "a beleza está nos olhos de quem a vê" e aceitar o Tu nesta condição, é divino.

A relação, é a mais bonita experiência de Deus.

Carla Correia

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Quaresma 2024

 


A verdadeira conversão…

 



No primeiro Domingo da Quaresma, a liturgia diz-nos que Deus nunca desiste de recriar o nosso mundo, tantas vezes ferido pelo egoísmo e pela maldade dos homens; e desafia-nos a colaborar com Deus na construção de um mundo novo, de harmonia e de paz, que é o projeto original do Criador.

A primeira leitura é um extrato de uma velha lenda sobre um cataclismo que lavou o mundo do pecado. Ensina que Deus, depois de eliminar o mal, não está interessado em fazer guerra aos homens; por isso, depõe o seu “arco de guerra” e oferece aos homens uma Aliança incondicional de paz. Deus espera que, da sua iniciativa, nasça uma humanidade nova, capaz de concretizar o sonho de Deus para o mundo.
Deus odeia o pecado, mas não odeia os seus filhos pecadores. Conscientes disso, os catequistas de Israel falaram-nos de um Deus que vem ao encontro dos homens, abençoa-os e abraça-os, mesmo quando eles, no seu egoísmo e autossuficiência, teimam em trilhar caminhos de pecado e de infidelidade. Nesta Quaresma, procuramos fazer esta experiência de um Deus que nos ama apesar das nossas infidelidades e deixar que o amor de Deus nos transforme e nos faça renascer para a vida nova?

O Evangelho mostra-nos Jesus a recusar o mal e a optar pelo caminho que lhe foi indicado pelo Pai. Essa opção está na origem de um mundo novo, ao qual Jesus chamava “o Reino de Deus”. Ele conta com os seus discípulos para serem, em todos os momentos da história humana, construtores e arautos do “Reino de Deus”.
O “Reino” é uma realidade que Jesus começou e que já está, decisivamente, implantada na nossa história. Não tem fronteiras materiais e definidas; mas está a acontecer e a concretizar-se através dos gestos de bondade, de serviço, de doação, de amor gratuito que acontecem à nossa volta (muitas vezes, até fora das fronteiras institucionais da “Igreja”) e que são um sinal visível do amor de Deus nas nossas vidas. Sabemos olhar para o mundo com olhos de ver e conseguimos reconhecer, nos gestos de bondade e de amor que não cessam de acontecer, os sinais da presença do “Reino” na vida e na história dos homens? A presença do “Reino” neste mundo onde a nossa vida se cumpre é para nós fonte de alegria e de esperança?
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de Pedro recorda que, pelo Batismo, os cristãos aderiram a Cristo e à salvação que Ele trouxe. Comprometeram-se, portanto, a seguir Jesus no caminho do amor, do serviço, do dom da vida. Envolvidos nesse dinamismo de vida e de salvação que brota de Jesus, os cristãos são semente de uma nova humanidade.
Jesus, “o justo”, depois de uma vida cumprida em modo de dom e entrega ao Pai e aos homens, foi preso, julgado, torturado, condenado e morto na cruz. Talvez aqueles que o viram atravessar as ruas de Jerusalém com a cruz às costas a caminho do calvário, tenham pensado que Ele tinha fracassado e que toda a sua luta tinha sido em vão. No entanto, Deus ressuscitou-O; e, ao ressuscitá-l’O, deu-lhe razão. Ao ressuscitar Jesus, Deus garantiu-nos que uma vida feita dom e serviço, mesmo que termine numa morte injusta, não é uma vida fracassada ou sem sentido. Empenhamo-nos na luta pela justiça, pela verdade e pela paz, quando somos confrontados com a incompreensão, a maledicência, a crítica, a provocação, talvez até o ódio de alguns dos nossos irmãos?
Quando fomos batizados, escolhemos Jesus e fomos vivificados pelo Espírito. Assumimos a responsabilidade de caminhar com Jesus e de sermos semente de uma humanidade nova. Temos vivido com coerência esse compromisso? As nossas palavras e os nossos gestos são anúncio e testemunho, ao vivo e a cores, daquilo que aprendemos com Jesus?



www.dehonianos.org

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Sou como uma peça de barro…



Independentemente das analogias cristãs, dou por mim a refletir sobre as imperfeições do ser humano, ou melhor as minhas e dou por mim a pensar que apesar de trabalhar para ser melhor, por vezes, parece inglório. Quando achamos que aquela aresta do teu comportamento, que andas a limar há anos, volta a aguçar e revelar o que de menos bom tenho... fico desanimada! Não ficas também?

Pois é, na tentativa de me confortar, perante tal frustração, veio à cabeça a imagem de uma peça de barro. Consegues fazer esse exercício comigo? Ora imagina lá, pode ser um jarro, um prato, o que quiseres ser… escolhe a peça de barro que queres ser. Eu imagino-me um jarro! E associo a minha personalidade ao processo de formação de um jarro de barro.

Quando somos novos, somos como barro ainda mole, ainda moldável e que está disponível para ser trabalhado e tornar-se no que quiseres.

À medida que crescemos, começamos, tal como o barro a ganhar forma, e à medida que o tempo passa…a secar. E à medida que seca, torna-se cada vez mais difícil de trabalhar.

Na fase adulta, já temos uma forma, mas também já estamos mais secos e difícil de moldar, e tal como o jarro sinto que à medida que lhe dou uso acontecem dois processos paralelos:

- Por um lado, depois de dar forma, quero torná-lo mais bonito, pintar, limpar e decorar. Tento fazer o mesmo com as minhas atitudes. Tento que não se fiquem apenas pela aridez do barro mas pela função dessa mesma peça… servir.

- Por outro, reparo que começam a aparecer pequenas rachas, falhas que por mais que tente reparar, tendem a abrir mais, até que chega um dia que não há pintura que disfarce. Estamos secos!

Se imaginar uma outra peça qualquer. Que seria? Que uso lhe darias?

No meu exercício, sou um jarro! E diariamente a encho e esvazio. Encho-a de preocupações, rotinas, canseiras e ansiedades, mas também a encho de satisfação, pelo trabalho cumprido e pelo que faço com o que me é dado fazer.

Outras vezes, enchem-me o jarro de tal ordem que não controlo se chega, ou não, aquelas rachadelas que queremos evitar que se notem. E quando chega... já não há nada a fazer! Pronto, estala o verniz e as outras peças de barro olham para nós, com ar de espanto perante as nossas rachadelas.

E rapidamente deixam de olhar para o serviço que fazemos, para a alegria e beleza que as nossas pinturas trazem, para se concentrar nas rachadelas apareceram.

Até ao dia em que, o teu prato também começa a rachar e concluis: Afinal todos temos rachadelas - são elas que nos tornam únicas, mas não são elas que nos definem. Aliás, talvez a grande vitória é assumir esses defeitos e em que pontos eles estão.

Não me quero definir pelas rachadelas que tenho, pois podem ofuscar a beleza de tudo quanto posso fazer (embora às vezes… é só o que vejo).

Enquanto isso, vou controlando o tamanho das rachadelas, e a quantidade de água que ponho no jarro.

Ou será que mais vale atirar ao chão e começar de novo?

Porque não?

E tu? Como lidas com as tuas rachadelas?


Raquel Rodrigues

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

CONCERTOS NAS NOSSAS IGREJAS DIOCESANAS



O património edificado da Igreja quase sempre tem grande valor artístico, histórico e cultural, podendo ser usufruído por todos, respeitando sempre a sua natureza e função primária. Quando falamos de uma igreja, estamos a falar de um lugar sagrado, onde a comunidade cristã se reúne para celebrar os mistérios da sua fé, escutar a Palavra de Deus e exprimir a sua relação com Deus através de diversas formas de oração e de celebrações que marcam o ritmo da sua própria vida. Sendo um lugar retirado do uso profano, compreendemos a sua procura para determinados eventos culturais, devido à beleza que acrescenta a essas iniciativas e às condições que oferece para a sua concretização. No entanto, para bem do culto que também é uma cultura e para bem da cultura propriamente dita que todos devemos promover, faz parte da cultura geral das pessoas ter em conta a diferença que existe entre espaço cultual e espaço cultural.
Para alicerçar o cuidado que devemos ter por esses espaços sagrados que são as igrejas e os usarmos dentro da sua própria natureza, lembramos alguns princípios:
1 - O Código de Direito Canónico, no cânone 1210, estipula qual deve ser o uso das igrejas para outras atividades que não as do culto. Diz o cânone: "No lugar sagrado apenas se admita aquilo que serve para exercer ou promover o culto, a piedade e a religião; e proíba-se tudo o que seja discordante da santidade do lugar. Porém, o Ordinário pode permitir acidentalmente outros atos ou usos, que não sejam contrários à santidade do lugar".
Assim, sendo as igrejas destinadas ao culto, de modo exclusivo, só excecionalmente e em casos pontuais, devidamente autorizados, as igrejas poderão ser usadas para outras atividades que não as cultuais ou pastorais. As condições propostas no cânone são: que a atividade seja condizente com a santidade do lugar; que a atividade se revista de carácter pontual, não permanente; que o Ordinário diocesano conceda autorização para a atividade em causa.
2 - Como resulta do artigo 22º, § 1 da Concordata celebrada entre a República Portuguesa e a Santa Sé, assinada em 18 de maio de 2004, estes critérios são extensivos também às igrejas classificadas como ‘monumentos nacionais’ ou ‘imóveis de interesse público’, desde que estejam afetos ao culto.
Sejam propriedade do Estado ou de outras entidades, é ao bispo diocesano que compete definir os critérios de utilização, tendo em conta a sua natureza específica.
3 - A Santa Sé, através da Congregação para o Culto Divino, em novembro de 1987, numa Carta dirigida aos Presidentes das Conferências Episcopais e aos Presidentes das Comissões Nacionais de Liturgia, traçou um conjunto de normas práticas a ter em conta quando alguém pretende realizar um concerto em igrejas: a música deve ser sacra ou religiosa; deve ser apresentado um pedido, por escrito, ao Ordinário do Lugar, com indicação da data do concerto, do horário, do programa, com explicitação das obras a executar e nome dos autores; os executores e o público devem ter uma compostura condizente com o carácter sagrado da igreja; os músicos e cantores evitarão ocupar o presbitério ou capela-mor; deve observar-se o maior respeito para com o altar, a cadeira do celebrante ou presidente e o ambão; sempre que possível, o Santíssimo Sacramento será guardado numa capela anexa ou noutro lugar digno e seguro; a entrada na igreja será, por regra, livre e gratuita; o concerto deverá ser apresentado com comentários, não apenas de ordem histórica ou artística, mas de molde a favorecer uma melhor compreensão e uma participação interior dos ouvintes.
4 – Nesta Diocese de Portalegre-Castelo Branco, e segundo estes princípios do Código de Direito Canónico e da Congregação para o Culto Divino, estão em vigor as normas publicadas pelos bispos meus antecessores, normas que recordo e, num ou noutro ponto, clarifico. Assim, para que estas iniciativas sejam possíveis nas nossas igrejas diocesanas, é preciso:
a) - Que o pedido para a realização do concerto numa igreja seja feito através do pároco ou capelão responsável pela igreja onde se pretende executar tal concerto.
b) - Que tal pedido seja feito com a devida antecedência, sempre por escrito e assinado pelo proco ou capelão e pela entidade interessada, endereçado ao bispo diocesano, indicando o local, a data, o horário e o programa com as obras musicais a executar e os nomes dos seus autores.
c) - Que o pároco ou capelão, ouvido o conselho económico da paróquia ou os responsáveis pela entidade, informe, à parte, sobre a conveniência ou não conveniência da realização do concerto, e sobre a disponibilidade de templo à hora pretendida.
d) - Que, mesmo estando tudo conforme o exigido pelas normas, se informe os interessados que a cedência da igreja para a realização do concerto só será de considerar se não houver no local outro espaço apropriado para a concretização do concerto.
e) - Que a entrada na igreja para ouvir o concerto seja livre e gratuita.
f) - Que o responsável pela organização do concerto assegure, por escrito se necessário, perante o pároco ou o responsável pela instituição, que assume a responsabilidade civil pela segurança durante o concerto e que satisfará as despesas inerentes à eletricidade, limpeza e arrumação do templo, bem como se responsabilizará por eventuais danos, prejuízos ou roubos durante o concerto.
g) - Que durante o concerto, o Santíssimo Sacramento seja conservado numa capela anexa ou noutro local seguro e digno.
h) - Que os músicos e os cantores evitem ocupar o presbitério ou capela-mor. Para tal, precisam da autorização especial do pároco ou capelão, o qual não a deve dar sem forte motivo.
i) - Que os assistentes ao concerto mantenham um certo ambiente de silêncio condizente com o respeito pelo lugar sagrado.
D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 16-02-2024.

Jesus é o 𝙤𝙪𝙩𝙧𝙤!

 


Jesus Cristo é o outro. E apercebemo-nos disso, facilmente, nos Evangelhos. Viveu para que outros pudessem ter Vida. Fez-se próximo para que outros se sentissem acolhidos. Ergueu para que outros saboreassem o amor e a misericórdia de Deus. Chamou para que outros soubessem o poder de se saberem olhados. Jesus Cristo deu-Se por inteiro aos outros para que ninguém se sentisse indigno na sua inteireza.

Por isso, sabendo que este Jesus é o outro, todos e todas que se cruzam na nossa vida são uma verdadeira oportunidade de serem reflexo da Sua presença. E são tantos/as os/as que um dia nos apresentaram este Jesus, o Nazareno. Muitos/as apresentaram-No com o dom da sua palavra capaz de nos reerguer para a vida. Muitos/as apresentaram-No com a sua alegria de viver capaz de nos recordar que a Sua humanidade é também sinal de divindade. Muitos/as apresentaram-No com a sua serenidade e sensibilidade poética capazes de nos recordar que Ele se faz presente no bem, no bom e no belo. Muitos/as apresentaram-No com os seus abraços capazes de nos recordar que Deus é, efetivamente, Aquele que está. Muitos/as outros/as apresentaram-No com o seu olhar capaz de nos dar a conhecer, por breves instantes, o poder de decifrar a nossa vida no silêncio.

Se Jesus é o outro, se nós somos também somos o produto de tantos e tantas, então a nossa fé e a nossa Igreja só podem ser outros/as. E não há lei, doutrina ou decisão clerical que possa anular o impacto que alguém teve na nossa vida ao apresentar Aquele que um dia foi capaz de mudar a nossa vida. A nossa fé são outros. E independentemente do que foram, são ou virão a ser, nada, nem ninguém, poderá anular os momentos em que foram testemunho verdadeiro deste Jesus.

Hoje, antes de regressares ao teu quotidiano, recorda aqueles/as que te apresentaram Jesus e diz-lhes o quão importantes foram na tua vida, na tua fé!


Emanuel António Dias

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A consciência do Eu no mundo

 



Sem experiência não há aprendizagem.
Sem aprendizagem não há crescimento.
Sem crescimento não há maturidade.
Sem maturidade não há evolução.


Penso e digo muitas vezes, não há outra forma de vivermos esta experiência que é a vida, se não for em relação: connosco e com os outros. Não há outra forma de aprendermos e evoluirmos em consciência.

Somos amor, essa é a nossa verdadeira essência, mas também somos seres frágeis, vulneráveis. Pode parecer um contrassenso, mas não... Por isso, é preciso coragem para fazermos uma viagem interior e descobrir o que lá se encontra. Aceitarmos e trabalharmos um lado mais sombrio para seguirmos em frente. Não ver será sempre uma escolha...

Mas se não olharmos as nossas dificuldades, não nos aceitamos na totalidade.

Se não nos aceitarmos, muito menos aceitaremos o outro, correndo o risco de menosprezar e desvalorizar quem está ao teu lado.

Ao olharmos para nós, descobriremos também um cem número de talentos. É importante não nos distrairmos com a vida dos outros, a não ser para construir e dar a mão.

Concentra-te no mais importante que tens: o teu coração: Ele está sempre certo e Deus vive aí. Somos todos únicos e especiais. Só tu precisas de ver e sentir isso, e só assim o conseguirás ver e sentir no outro.

Este fim de semana, com uma amiga muito querida, conversava sobre a importância de vermos a alegria mesmo nos momentos mais difíceis. Ela contava-me, que todas as noites agradecia por tudo o que tinha dentro de si: pelas emoções mais obscuras, que a faziam crescer, por todo o amor, pela compaixão e pela fé que a faziam evoluir na relação consigo e com o outro.

De acordo com o pensador Wayne W. Dyer "Somos seres espirituais a viver uma experiência humana", ou citando C.S Lewis "Nós não temos alma. Somos uma alma. Temos um corpo".

Boa semana...


Carla Correia

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2024



MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2024




Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade

Queridos irmãos e irmãs!

Quando o nosso Deus Se revela, comunica liberdade: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão» (Ex 20, 2). Assim inicia o Decálogo dado a Moisés no Monte Sinai. O povo sabe bem de que êxodo Deus está a falar: traz ainda gravada na sua carne a experiência da escravidão. Recebe as «dez palavras» no deserto como caminho de liberdade. Nós chamamos-lhes «mandamentos», fazendo ressaltar a força amorosa com que Deus educa o seu povo; mas, de facto, a chamada para a liberdade constitui um vigoroso apelo. Não se reduz a um mero acontecimento, mas amadurece ao longo dum caminho. Como Israel no deserto tinha ainda dentro de si o Egito (vemo-lo muitas vezes lamentar a falta do passado e murmurar contra o céu e contra Moisés), também hoje o povo de Deus traz dentro de si vínculos opressivos que deve optar por abandonar. Damo-nos conta disto, quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos. A Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor (cf. Os 2, 16-17). Deus educa o seu povo, para que saia das suas escravidões e experimente a passagem da morte à vida. Como um esposo, atrai-nos novamente a Si e sussurra ao nosso coração palavras de amor.

O êxodo da escravidão para a liberdade não é um caminho abstrato. A fim de ser concreta também a nossa Quaresma, o primeiro passo é querer ver a realidade. Quando o Senhor, da sarça ardente, atraiu Moisés e lhe falou, revelou-Se logo como um Deus que vê e sobretudo escuta: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar das mãos dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel» (Ex 3, 7-8). Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu. Perguntemo-nos: E chega também a nós? Mexe connosco? Comove-nos? Há muitos fatores que nos afastam uns dos outros, negando a fraternidade que originariamente nos une.

Na minha viagem a Lampedusa, à globalização da indiferença contrapus duas perguntas, que se tornam cada vez mais atuais: «Onde estás?» (Gn 3, 9) e «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9). O caminho quaresmal será concreto, se, voltando a ouvir tais perguntas, confessarmos que hoje ainda estamos sob o domínio do Faraó. É um domínio que nos deixa exaustos e insensíveis. É um modelo de crescimento que nos divide e nos rouba o futuro. A terra, o ar e a água estão poluídos por ele, mas as próprias almas acabam contaminadas por tal domínio. De facto, embora a nossa libertação tenha começado com o Batismo, permanece em nós uma inexplicável nostalgia da escravatura. É como uma atração para a segurança das coisas já vistas, em detrimento da liberdade.

Quero apontar-vos, na narração do Êxodo, um detalhe de não pequena importância: é Deus que vê, que Se comove e que liberta, não é Israel que o pede. Com efeito, o Faraó extingue também os sonhos, rouba o céu, faz parecer imutável um mundo onde a dignidade é espezinhada e os vínculos autênticos são negados. Por outras palavras, o Faraó consegue vincular-nos a ele. Perguntemo-nos: Desejo um mundo novo? E estou disposto a desligar-me dos compromissos com o velho? O testemunho de muitos irmãos bispos e dum grande número de agentes de paz e justiça convence-me cada vez mais de que aquilo que é preciso denunciar é um défice de esperança. Trata-se de um impedimento a sonhar, um grito mudo que chega ao céu e comove o coração de Deus. Assemelha-se àquela nostalgia da escravidão que paralisa Israel no deserto, impedindo-o de avançar. O êxodo pode ser interrompido: não se explicaria doutro modo porque é que tendo uma humanidade chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos.

Deus não Se cansou de nós. Acolhamos a Quaresma como o tempo forte em que a sua Palavra nos é novamente dirigida: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão» (Ex 20, 2). É tempo de conversão, tempo de liberdade. O próprio Jesus, como recordamos anualmente no primeiro domingo da Quaresma, foi impelido pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade. Durante quarenta dias, tê-Lo-emos diante dos nossos olhos e connosco: é o Filho encarnado. Ao contrário do Faraó, Deus não quer súbditos, mas filhos. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido.

Isto comporta uma luta: assim no-lo dizem claramente o livro do Êxodo e as tentações de Jesus no deserto. Com efeito, à voz de Deus, que diz «Tu és o meu Filho amado» (Mc 1, 11) e «não haverá para ti outros deuses na minha presença» (Ex 20, 3), contrapõem-se as mentiras do inimigo. Mais temíveis que o Faraó são os ídolos: poderíamos considerá-los como a voz do inimigo dentro de nós. Poder tudo, ser louvado por todos, levar a melhor sobre todos: todo o ser humano sente dentro de si a sedução desta mentira. É uma velha estrada. Assim podemos apegar-nos ao dinheiro, a certos projetos, ideias, objetivos, à nossa posição, a uma tradição, até mesmo a algumas pessoas. Em vez de nos pôr em movimento, paralisar-nos-ão. Em vez de nos fazer encontrar, contrapor-nos-ão. Mas existe uma nova humanidade, o povo dos pequeninos e humildes que não cedeu ao fascínio da mentira. Enquanto os ídolos tornam mudos, cegos, surdos, imóveis aqueles que os servem (cf. Sal 115, 4-8), os pobres em espírito estão imediatamente disponíveis e prontos: uma força silenciosa de bem que cuida e sustenta o mundo.

É tempo de agir e, na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano em presença do irmão ferido. O amor de Deus e o do próximo formam um único amor. Não ter outros deuses é parar na presença de Deus, junto da carne do próximo. Por isso, oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará. Para isso há que diminuir a velocidade e parar. Assim a dimensão contemplativa da vida, que a Quaresma nos fará reencontrar, mobilizará novas energias. Na presença de Deus, tornamo-nos irmãs e irmãos, sentimos os outros com nova intensidade: em vez de ameaças e de inimigos encontramos companheiras e companheiros de viagem. Tal é o sonho de Deus, a terra prometida para a qual tendemos, quando saímos da escravidão.

A forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos, sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado. Convido toda a comunidade cristã a fazer isto: oferecer aos seus fiéis momentos para repensarem os estilos de vida; reservar um tempo para verificarem a sua presença no território e o contributo que oferecem para o tornar melhor. Ai se a penitência cristã fosse como aquela que deixou Jesus triste! Também a nós diz Ele: «Não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam» (Mt 6, 16). Pelo contrário, veja-se a alegria nos rostos, sinta-se o perfume da liberdade, irradie aquele amor que faz novas todas as coisas, a começar das mais pequenas e próximas. Isto pode acontecer em toda a comunidade cristã.

Na medida em que esta Quaresma for de conversão, a humanidade extraviada sentirá um estremeção de criatividade: o lampejar duma nova esperança. Quero dizer-vos, como aos jovens que encontrei em Lisboa no verão passado: «Procurai e arriscai; sim, procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. E é preciso coragem para pensar assim» ( Discurso aos estudantes universitários, 03/VIII/2023). É a coragem da conversão, da saída da escravidão. A fé e a caridade guiam pela mão esta esperança menina. Ensinam-na a caminhar e, ao mesmo tempo, ela puxa-as para a frente. [1]

Abençoo-vos a todos vós e ao vosso caminho quaresmal.

Roma – São João de Latrão, no I Domingo do Advento, 3 de dezembro de 2023.

FRANCISCO


Quaresma


 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

INFORMAÇÃO PAROQUIAL

 QUARTA- FEIRA DE CINZAS - 14 DE FEVEREIRO

INÍCIO DA QUARESMA- DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA



Missa e Imposição de Cinzas às17h30 em Arronches

Não será celebrada a missa habitual das terças-feira.

Missa e Imposição de Cinzas às18h30 em Alegrete

Nas outras paróquias far-se-á a imposição das cinzas na missa do domingo seguinte.


O que deve saber sobre a Quarta-feira de Cinzas

A Quarta-feira de Cinzas é uma celebração que está no Missal Romano, o qual explica que no final da Missa, abençoa-se e impõe-se as cinzas obtidas da queima dos ramos usados no Domingo de Ramos do ano anterior.

Como nasceu a tradição de impor as cinzas?

A tradição de impor a cinza é da Igreja primitiva. Naquela época, as pessoas colocavam as cinzas na cabeça e se apresentavam ante a comunidade com um “hábito penitencial” para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-feira Santa.
A Quaresma adquiriu um sentido penitencial para todos os cristãos por volta do ano 400 d.C. e, a partir do século XI, a Igreja de Roma passou a impor as cinzas no início deste tempo.

 Por que se impõe as cinzas?

A cinza é um símbolo. Sua função está descrita em um importante documento da Igreja, mais precisamente no artigo 125 do Diretório sobre a piedade popular e a liturgia:
“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canônica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Deve-se ajudar os fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior que este gesto tem, que abre a cada pessoa a conversão e ao esforço da renovação pascal”.

O que as cinzas simbolizam e o que recordam?

A palavra cinza, que provém do latim “cinis”, representa o produto da combustão de algo pelo fogo. Esta adotou desde muito cedo um sentido simbólico de morte, expiração, mas também de humildade e penitência.
A cinza, como sinal de humildade, recorda ao cristão a sua origem e o seu fim: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2,7); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3,19).

Onde podemos conseguir as cinzas?

Para a cerimónia devem ser queimados os restos dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Estes recebem água benta e logo são aromatizados com incenso.

 Como se impõe as cinzas?

Este ato acontece durante a Missa, depois da homilia, e está permitido que os leigos ajudem o sacerdote. As cinzas são impostas na fronte, em forma de cruz, enquanto o ministro pronuncia as palavras Bíblicas: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”.



www.acidigital.com

Calendário para a Quaresma e Semana Santa de 2024

 Sabemos que as datas do início da Quaresma e, consequentemente, da Semana Santa variam a cada ano. Em 2024, teremos a Quarta-feira de Cinzas já na próxima semana, dando início ao tempo quaresmal.




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

PÁSCOA JOVEM


Queremos passar contigo esta Páscoa Jovem!
De 28 a 30 de março vem connosco celebrar a morte e ressurreição de Jesus Cristo, em Catelo Branco.

Não percas mais tempo e inscreve-te já no link: https://forms.gle/7vSMHeLNe75URWEG9






Jornada Diocesana de Liturgia e Dia Diocesano do Acólito

 


10 de fevereiro de 2024
Abrantes

Há, na Diocese de Portalegre – Castelo Branco, a tradição de realizar as jornadas diocesanas de Pastoral Sectorial e de Movimentos no arciprestado que nesse ano, tem Visita Pastoral.

Por isso, foi a cidade de Abrantes, o palco para estes dois eventos diocesanos que aconteceram em simultâneo.

O Dia diocesano do acólito, salvo raríssimas exceções como as impostas pela pandemia, acontece há décadas, de forma ininterrupta, já a jornada Diocesana da Liturgia, salvo raríssimas tentativas que não vingaram, há décadas que não se realizava.





O dia Diocesano do Acólito foi organizado pelo Secretariado Diocesano de Liturgia, liderado pelo seu diretor, Cón. António Assunção e, motivado pela proximidade do V Congresso Eucarístico Nacional, 30/05 a 2/06 próximos, dedicou o dia à Eucaristia e à importância do exercício do ministério do Altar, nesse Sacramento.

A organização da Jornada Diocesana da Liturgia foi confiada pelo Bispo Diocesano à Schola Cantorum, a recém-formada Escola Diocesana de Ministérios, dirigida pela Prof. Cristina Lima. O tema escolhido para este (re)arranque foram os Salmos. Primeiro, e a cargo do professor de Bíblia da Schola Cantorum, o P.e Rui Lourenço, o livro dos Salmos enquanto Livro da Bíblia, depois, os vários usos que a liturgia faz dos Salmos, com especial destaque para o uso na Eucaristia.


Depois da pausa retemperadora do almoço partilhado, foi a hora dos salmos cantados em ordem à animação litúrgica da Eucaristia que encerrou ambas as iniciativas.






O ensaio e a direção coral estiveram a cargo da diretora da Schola Cantorum acompanhada pelo professor de órgão, prof. José Carlos Oliveira, no órgão de tubos do presbitério da Igreja de S. Vicente.


A beleza cuidada da celebração animada por um coro de dezenas de cantores e a moldura humana das dezenas de acólitos deram à celebração um encanto especial.

D. Antonino, expressou a alegria pelo que aconteceu e desafiou os presentes, acólitos e participantes na Jornada de Liturgia, a que nas próximas vezes trouxessem mais um, de modo que esta dinâmica se concretize em celebrações comunitárias capazes e belas como a que ali se viveu.

www.portalegre-castelobranco.pt

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Apresentação e Benção de Bebés

 


Este ano, foi no dia 11 de Fevereiro, que a Paróquia fez a Apresentação e Benção das crianças nascidas no concelho em 2023, na Eucaristia , às 12h00. A celebração de bênção dos bebés pretende ser, sobretudo isso: a apresentação ao Senhor dos bebés que nasceram na Paróquia de há um ano para cá, como expressão de gratidão e de louvor, de consagração e oferta. Cada criança é sempre um dom de Deus aos pais, à família e à própria comunidade. O mais natural, pois, é bendizer a Deus por esse dom maravilhoso de uma criança que acaba de nascer. A bênção é essencialmente esse acto de bendizer, embora seja também o pedido de bênção a Deus para o bebé, entregando-o e confiando-o ao mesmo Deus, desde a primeira hora e para sempre. O bebé é já, ele próprio, uma bênção de Deus.

Na Igreja Matriz, participaram 11 bebés até ao 1 ano, com as suas famílias. A bênção e consagração a Deus foi a seguir à homilia, pelo padre Rui Lourenço
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Oração dos pais à Virgem Maria

“Ó, Maria, que apresentaste Vosso Filho no templo, nós Vos apresentamos esses filhos que Deus nos deu.
Pela graça de Teu Filho, vos tornastes mãe deles, por isso nós os confiamos à vossa ternura e vigilância.
Dai-lhes saúde, protegei-os do pecado. E, se eles vierem a se distanciar, sustentai-os em vosso amor, para que eles obtenham o perdão e possam renascer à vida.
E a nós, Pai, ajudai em nossa função junto deles. Dai-nos vossa luz e vosso amor.
Ensinai-nos a abrir seus filhos a tudo o que é belo, seus espíritos ao que é verdadeiro e seus corações a tudo que é bom.
Ensinai-nos a escutá-los e a ajudá-los para que eles possam ser responsáveis.
Dai-nos a saber quando chegar o momento de deixá-los tomar as rédeas de suas vidas.
E quando não estivermos aqui para rodeá-los com nossa afeição, permanecei junto deles para acompanhá-los com vosso olhar materno, para guardá-los por toda a vida a fim de que um dia sejamos todos reunidos na casa do Pai.”

Santa Teresa de Calcutá

Oração dedicatória 

"Agora, Pai, Criador do céu e da terra, nós te rogamos pelo bem-estar desta criança. Livra-a das cadeias do pecado e das enfermidades do corpo. Que à medida que ela for crescendo em idade e estatura, cresça também na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo."