domingo, 31 de março de 2024

Páscoa Feliz








 

Celebremos a festa do Senhor

 



A liturgia deste domingo celebra a ressurreição de Jesus. Proclama a vitória da Vida sobre a morte, do Amor sobre o ódio, do Bem sobre o mal, da Verdade sobre a mentira, da Luz sobre as trevas. Garante-nos que a morte não pode prender quem aceita fazer da própria vida um dom de amor. É do amor que nasce a Vida plena, a Vida em abundância, a Vida verdadeira e eterna.

Na primeira leitura Pedro, em nome da comunidade, apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, fez da sua vida um dom total a Deus e aos homens. Por isso, Deus ressuscitou-O: o caminho que Jesus percorreu e propôs conduz à Vida. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.

Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e caminha ao nosso lado nos caminhos da história. A nossa missão é testemunhar essa realidade; no entanto, o nosso testemunho será oco e vazio se não for comprovado pelo amor e pela doação, as marcas da vida nova de Jesus. O nosso testemunho da ressurreição é coerente e credível e traduz-se em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço?

O Evangelho convida-nos a olhar para o túmulo vazio de Jesus e a “acreditar”: o verdadeiro discípulo de Jesus, aquele que o conhece bem, que entende a sua proposta e está disposto a segui-l’O sabe que a forma como Ele viveu e amou não podia terminar no túmulo, no fracasso, no nada. Por isso, está sempre preparado para acolher a Boa notícia da ressurreição.

A ressurreição de Jesus é a vitória da Vida sobre a morte, da verdade sobre a mentira, da esperança sobre o desespero, da justiça sobre a injustiça, da alegria sobre a tristeza, da luz sobre as trevas. Abre-nos perspetivas completamente novas e garante-nos o triunfo de Deus sobre as forças que querem destruir o mundo e os homens. Nós, que acreditamos e celebramos a ressurreição de Jesus, somos testemunhas da vitória da Vida junto dos nossos irmãos paralisados pelo medo e pelo pessimismo? A mensagem que levamos ao mundo é uma mensagem de alegria e de esperança que tem as cores da manhã de Páscoa?

A segunda leitura ensina que os cristãos, unidos a Cristo ressuscitado pelo batismo, morreram para o pecado e nasceram para a Vida nova. Ao longo da sua caminhada pelo mundo, devem dar testemunho dessa Vida nova nos seus gestos, no seu amor, no seu serviço a Deus e aos homens.

O Batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo ressuscitado. A partir do Batismo, Cristo passa a ser o centro e a referência fundamental à volta da qual se constrói toda a vida do crente. Qual o lugar que Cristo ocupa na nossa vida? Temos consciência de que o nosso Batismo significou um compromisso com Cristo e uma identificação com Cristo?


https://www.dehonianos.org/


sábado, 30 de março de 2024

Feliz Páscoa.

 


CONTEMPLAR O CRUCIFICADO

 


Não há nenhuma dor humana, nenhuma, que não tenha expressão no sofrimento daquele crucificado.



A morte de Jesus permanece na paisagem do mundo como um sinal escancarado, capaz de falar com emoção a todos, crentes e não-crentes. Os evangelhos descrevem essa morte — a morte de um inocente — com um vocabulário despojado de elucubrações teológicas, atendo-se sem mais ao drama que se abate sobre aquela vida, como o poderíamos talvez encontrar lendo as páginas de um jornal. Relata-se o julgamento previamente decidido entre as autoridades em conluio, a solidão do condenado, a desvalorização impiedosa que lhe é imposta pela tortura e chistes que recebe dos soldados, o insuportável espetáculo da sua dor no caminho do calvário, até ao grito final que continua ainda a ecoar na história, e que em algum momento todos os viventes repetem como seu: “Meu Deus, meu Deus porque me abandonastes?” Sem deixar de lado alguma informação significativa sobre o que essa morte imediatamente desencadeia: a desmobilização dos discípulos atordoados, a solidariedade corajosa de alguns anónimos, as lágrimas das mulheres assistindo àquilo, a presença frágil e inabalável da mãe do crucificado encarnando o que a poeta russa Anna Akhmátova escreve: “O destino de uma mãe ilumina-se na tortura.”
A própria liturgia cristã, no dia de sexta-feira santa, abdica da sua forma habitual para contemplar, da forma mais nua, o silêncio que a morte de uma vítima impõe. É o dia em que se suspende a celebração da eucaristia: os crentes reúnem-se para ler o relato da paixão e cair de joelhos perante a cruz. Apenas isso. E porquê? Porque talvez só o radical silêncio seja a oração possível. Talvez esse extremo, ardente e radical silêncio seja o hífen que avizinha os seres humanos entre si, para lá de todas as barreiras, e os coloca misteriosamente no espaço de Deus.

A fé de sexta-feira santa formula-se não como uma resposta, mas como pergunta intransigente e inapagável, aquela que o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen assim enuncia:


“Vimos o mundo aceso nos seus olhos
E por os ter olhado nós ficámos
Penetrados de força e de destino.

Ele deu carne àquilo que sonhámos,
E a nossa vida abriu-se, iluminada
Pelas paisagens de oiro que ele vira,

Veio dizer-nos qual a nossa raça,
Anunciou-nos a pátria nunca vista,
E a sua profissão era o sinal
De que as coisas sonhadas existiam.

Vimo-lo voltar das multidões
Com o olhar azulado de visões
Como se tivesse ido sempre só.

Tinha a face orientada para a luz,
Intacto caminhava entre os horrores,
Interior à alma como um conto.

E ei-lo caído à beira do caminho,
Ele — o que partira com mais força
Ele — o que partira pra mais longe.

Porque o ergueste assim como um sinal?
Pusemos tantos sonhos em seu nome!
Como iremos além da encruzilhada
Onde os seus olhos de astro se quebraram?”

Ajudam-nos a tatear no escuro as palavras do poeta Paul Claudel: “Cristo não nos foi enviado para explicar a dor, mas para enchê-la da sua presença.” De facto, não há nenhuma dor humana, nenhuma, que não tenha expressão no sofrimento daquele crucificado. Não há solidão ou experiência de abandono que não possam ser aproximados do abandono em que Jesus morreu. A escritora Marguerite Yourcenar conta que um amigo, que tinha combatido na guerra da Indochina, lhe terá dito: “Se Jesus tivesse morrido fuzilado em vez de crucificado, eu acreditaria nele.” Ora, Jesus morreu crucificado, mas também fuzilado, também num canto da estrada, num pelotão de fuzilamento, numa cadeira elétrica, numa cama de hospital. Ele morre a morte de todas as vítimas da história. Se há uma palavra que define a sua Paixão, essa é: solidariedade.

[José Tolentino Mendonça | A Revista Expresso | Edição 2319 | 08/04/17]



sexta-feira, 29 de março de 2024

A PAIXÃO DE JESUS SEGUNDO SÃO JOÃO

 

“Naquele tempo, Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cédron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas.
Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: “A quem procurais?” Responderam: “A Jesus, o Nazareno”. Ele disse: “Sou eu”. Judas, o traidor, estava junto com eles. Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. De novo lhes perguntou: “A quem procurais?” Eles responderam: “A Jesus, o Nazareno”. Jesus respondeu: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”. Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”. Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. Então Jesus disse a Pedro: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?”
Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: “É preferível que um só morra pelo povo”.
Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. A criada que guardava a porta disse a Pedro: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?” Ele respondeu: “Não sou”.
Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. Jesus lhe respondeu: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”. Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?” Respondeu-lhe Jesus: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?” Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?” Pedro negou: “Não!”
Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: “Será que não te vi no jardim com ele?”
Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a Páscoa. Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse: “Que acusação apresentais contra este homem?” Eles responderam: “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregado a ti!” Pilatos disse: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”. Os judeus lhe responderam: “Nós não podemos condenar ninguém à morte”.
Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?” Pilatos falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”. Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. Pilatos disse a Jesus: “Então, tu és rei?”
Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Pilatos disse a Jesus: “O que é a verdade?” Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes: “Eu não encontro nenhuma culpa nele. Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?”
Então, começaram a gritar de novo: “Este não, mas Barrabás!” Barrabás era um bandido. Então Pilatos mandou flagelar Jesus. Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram no com um manto vermelho, aproximavam-se dele e diziam: “Viva o rei dos judeus!” E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”.
Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes: “Eis o homem!”
Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”. Os judeus responderam: “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”. Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: “De onde és tu?” Jesus ficou calado. Então Pilatos disse: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” Jesus respondeu: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”. Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.
Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico Gábata”. Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei!” Eles, porém, gritavam: “Fora! Fora! Crucifica-o!”
Pilatos disse: “Hei de crucificar o vosso rei?” Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei senão César”.
Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário”, em hebraico “Gólgota”. Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.
Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”. Pilatos respondeu: “O que escrevi, está escrito”.
Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo. Disseram então entre si: “Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será”.
Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados. Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: “Tenho sede”.
Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.
Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus — mas às escondidas, por medo dos judeus —, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar.
No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus" (Jo 18,1–19,42).
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D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 29-03-2024.

E se vivemos para sermos pão?



Aproximamo-nos, a passos largos, da Páscoa e, neste próximo Domingo, recordamos, em jeito de antevisão e de preparação, os momentos que antecederam a crucificação e morte de Jesus, o Nazareno.

Jesus, momentos antes da sua entrega, decide demonstrar, de forma muito concreta, o lema da sua vida. Jesus decide, de uma vez por todas, dar a conhecer ao que vinha: ser pão. Num ato simples, demonstra que a sua entrega e autenticidade são testemunho de uma vida rasgada e partilhada. Jesus tornou-se pão, porque foi através d’Ele que muitos se sentiram, de novo, alimentados para a vida. Jesus tornou-se pão, porque foi através d’Ele que muitos tiveram, de novo, acesso à vida. Jesus deu-se por completo, entregou toda a sua inteireza para que ninguém ficasse para trás. Jesus foi vinho, porque encheu a vida de tantos com a novidade da Sua Palavra. Jesus foi vinho, porque foi capaz de renovar a vida de tantos. Jesus foi vinho, porque trouxe a alegria inesgotável de nos sabermos amados por um Pai com entranhas de Mãe.

Naquela última ceia, naquele último encontro intimista com os que lhe eram tudo, Jesus revela que só nos completamos na doação, na partilha. Naquela última refeição, onde a vida é comemorada em todas suas dimensões, Jesus lançou o convite: “Sede pão, sede vinho, sede serviço e sempre que o forem tornar-me-ão vivo!”.

Vivermos em Páscoa é colocarmos em prática este seu testemunho: sermos pão para quem não se sente alimentado, sermos vinho para quem a Vida e a Palavra já não trazem alegria e sermos serviço para que ninguém se sinta excluído da presença de Deus!

Hoje, antes de voltares ao mecanismo dos rituais, questiona-te: e se o sentido da minha vida for ser pão, vinho e serviço? E se vivemos para sermos pão?


Emanuel António Dias

quinta-feira, 28 de março de 2024

Aceitam-se pecadores


É fácil brincar com o perdão e com o pecado: é uma das benesses que se oferecem, das mais deliciosas e unificadoras.

Ouço dizer mal da Igreja Católica, e da maneira como está sempre atrasada em relação aos avanços da Humanidade, mas há uma coisa – uma coisa enorme – em que é a Humanidade a atrasar-se cada vez mais, em relação à qualidade mais antiga da Igreja Católica: o perdão.

Perdoar é o oposto da vingança, do rancor, do julgamento incessante de tudo e de todos, e do maniqueísmo dominante, que divide a Humanidade em maus e bons, entre quem não merece nada, e quem merece tudo.

Lembro-me de me agarrar ao perdão quando o Father Fintan, o padre irlandês que nos dava as primeiras aulas de catequese, nos assustava a todos com os horrores do pecado original.

Mal nascíamos, já éramos pecadores. Parecia o cúmulo da injustiça, culpar logo quem nem sequer tinha tido uma oportunidade de pecar: o recém-nascido.

Mas agora percebo: inscreviam-nos logo no clube dos pecadores, para depois podermos pecar à vontade. Assim, não nos desabava a alma em cima, quando a manchássemos com o primeiro pecado: “Não te preocupes, puto, já é o segundo. O teu primeiro já estava catalogado.”

Perguntámos repetidamente ao Father Fintan se qualquer pecado era perdoado. E ele, chateado, que sim. E nós, distraídos a aula inteira, a inventar maldades: “Mesmo se matasse a família inteira?”, “Mesmo que deitasse fogo à escola e o Father Fintan ficasse carbonizado?”

O preço do perdão era o arrependimento. E quem é que não se arrepende, até das maldades mais pequenas? Era praticamente uma licença para pecar.

O arrependimento vai-se aprendendo à medida que se peca, tornando-se cada vez mais sincero.

Parecia até, dadas as histórias dos grandes pecadores que foram magnanimamente perdoados, que estávamos a ser encorajados a pecar à grande, para poder ter acesso à higiene profunda da redenção.

É fácil brincar com o perdão e com o pecado: é uma das benesses que se oferecem, das mais deliciosas e unificadoras. Mas perdoar é o cúmulo da inclusividade, da empatia e da justiça social.


[@Miguel Esteves Cardoso]

quarta-feira, 27 de março de 2024

Estamos juntos!



Em Moçambique, e noutros países do continente africano, as pessoas costumam despedir-se com a frase: “estamos juntos”. Estas palavras deixam-nos uma luz acesa no coração. É como se houvesse a certeza de estarmos acompanhados e de nos sabermos unidos uns aos outros.

Mesmo muitos anos depois de ter regressado, continuei (e continuo) a dizer esta mesma frase aos meus amigos e às pessoas que me são próximas. É como uma espécie de legado que pede a urgência de um não esquecimento.

Vivemos perdidos uns dos outros. Desconectados na era da comunicação e da inteligência artificial. Não nos conhecemos. Não sabemos as preocupações dos nossos e, muitas vezes, parece-nos que os problemas e as angústias só visitam as nossas casas.

Mas não. Estamos todos mais próximos do que julgamos e temos muito pouca consciência disso. Precisamos todos uns dos outros e temos, também, muito pouca consciência disso.

Talvez a proximidade, a empatia e a conexão se unam na maior lição de todos os tempos. É isto que precisamos de ter tempo para ensinar às crianças porque, a verdade, é que todas as outras coisas lhes são de mais fácil aprendizagem. Agora se não lhes soubermos ensinar a capacidade de ser empático e de, simplesmente, amar as dores dos outros, estaremos a falhar-lhes como adultos e como seres humanos.

Num universo onde temos cada vez mais “tudos” continuamos a ver tantas pessoas a não sentir nada. A não encontrar o seu propósito. A não saber por onde seguir. Somos as maiores bússolas uns dos outros e é nessa interação que podemos, verdadeiramente, ser encontrados e ajudar a seguir caminho.

Estamos juntos. Sempre e de formas cada vez mais inconscientes. Mas estamos. E quanto mais nos afastarmos, mais nos tornaremos pássaros a quem lhes faltarão sempre as asas.

Ainda vamos a tempo de agarrar a mão de quem passa por nós. De lhes agarrar a vida e de, sem querer, agarrar também a nossa.

Marta Arrais


terça-feira, 26 de março de 2024

"Minha maior prova…"

 


Senhor,

perdida nesta noite sem fim,

sinto que cada osso do meu corpo se deixa abater.


Não sou a Palavra que ilumina os que andam sem alento…

Não sou a Serva obediente que se aniquila…

Não sou o Simão de Cirene que ajuda a carregar a Cruz dO Teu Filho!


Perante todas as doenças que atacam incessantemente a humanidade,

fico parada, em silêncio total, à espera que alguém venha com a cura.


A minha maior fraqueza… a minha maior prova…

abandonar-me em Ti e para Ti!

Sentir-me escolhida para falar em Teu nome

com as minhas idas e vindas,

com os meus alcances e retrocessos,

com as minhas palavras ocas e os meus abraços curadores…


Não me abandones nesta hora de indecisão e dúvida…

nestas trevas que se aproximam

que me fazem ficar doente ao me afastar da Tua vontade,

Porque sei que só a morte trará a Vitória da minha Esperança em Ti.


Dá-me, Senhor a força de confiar inteira e somente

nos Teus amorosos desígnios!

Que eu Te entregue o meu Espírito, hoje e para todo o sempre!

Que eu celebre sempre em memória do meu Salvador

a Eucaristia Pura e Santa!


Amem…


Liliana Dinis

segunda-feira, 25 de março de 2024

MENSAGEM DO SANTO PADRE AOS JOVENS



"Queridos jovens,
Cristo vive e quer-vos vivos! É uma certeza que sempre enche de alegria o meu coração e me leva a escrever-vos esta mensagem agora, cinco anos depois da publicação da Exortação apostólica Christus vivit, fruto da Assembleia do Sínodo dos Bispos que teve como tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Queria, antes de mais nada, que as minhas palavras reavivassem em vós a esperança. De facto, no atual contexto internacional marcado por tantos conflitos, tantos sofrimentos, posso imaginar que muitos de vós se sintam desanimados. Por isso desejo começar, juntamente convosco, do anúncio que está no alicerce da esperança para nós e toda a humanidade: «Cristo vive!»
Digo-o a cada um de vós em particular: Cristo vive e ama-te infinitamente. E o seu amor por ti não está condicionado pelas tuas quedas ou pelos teus erros. Ele que deu a sua vida por ti, não espera pela tua perfeição para te amar. Olha os seus braços abertos na cruz e «deixa-te salvar sempre de novo» [1], caminha com Ele como com um amigo, acolhe-O na tua vida e deixa-O compartilhar as alegrias e as esperanças, os sofrimentos e as angústias da tua juventude. Verás que o teu caminho se iluminará e até os fardos maiores se hão de tornar menos pesados, porque estará Ele a carregá-los contigo. Por isso, invoca diariamente o Espírito Santo, que «te faz entrar cada vez mais no coração de Cristo, para que te enchas sempre mais com o seu amor, a sua luz e a sua força». [2]
Como gostaria que este anúncio chegasse a cada um de vós e cada qual o sentisse vivo e verdadeiro na própria vida e tivesse o desejo de o partilhar com os seus amigos! Sim, porque vós tendes esta grande missão: testemunhar a todos a alegria que nasce da amizade com Cristo.
Ao início do meu Pontificado, durante a JMJ do Rio de Janeiro, disse-vos alto e bom som: fazei-vos ouvir! «Hagan lio!». E o mesmo continuo a pedir-vos hoje: fazei-vos ouvir, gritai, não tanto com a voz mas sobretudo com a vida e o coração, esta verdade: Cristo vive! Para que toda a Igreja seja impelida a levantar-se e pôr-se incessantemente a caminho a fim de levar a sua Boa Nova a todo o mundo.
No próximo dia 14 de abril, comemoram-se quarenta anos do primeiro grande Encontro dos jovens, no contexto do Ano Santo da Redenção, que constituiu o gérmen das futuras Jornadas Mundiais da Juventude. No fim daquele Ano Jubilar, em 1984, São João Paulo II entregou a Cruz aos jovens com a missão de a levarem a todo o mundo como sinal e memória de que, só em Jesus morto e ressuscitado, há salvação e redenção. Como bem sabeis, trata-se duma Cruz de madeira sem o Crucificado, desejada assim para nos lembrar que a mesma celebra sobretudo o triunfo da Ressurreição, a vitória da vida sobre a morte, para dizer a todos: «Por que buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» ( Lc 24, 5-6). E vós, contemplai Jesus assim: vivo e transbordante de alegria, vencedor da morte, um amigo que vos ama e quer viver em vós. [3]
Só assim, à luz da sua presença, é que será fecunda a memória do passado e tereis a coragem de viver o presente e enfrentar o futuro com esperança. Podereis livremente assumir a história das vossas famílias, dos vossos avós, dos vossos pais, das tradições religiosas dos vossos países, para serdes, por vossa vez, construtores do amanhã, «artesãos» do futuro.
A Exortação Christus vivit é fruto duma Igreja que quer caminhar em conjunto e por isso coloca-se à escuta, em diálogo e constante discernimento da vontade do Senhor. Assim, há mais de cinco anos e já em vista do Sínodo sobre os jovens, foi pedido a muitos de vós, vindos de várias partes do mundo, que partilhassem as próprias expetativas e anseios. Centenas de jovens vieram a Roma e trabalharam juntos durante alguns dias, recolhendo as ideias a propor: graças ao seu trabalho, os Bispos puderam conhecer e aprofundar uma visão mais ampla do mundo e da Igreja. Foi uma verdadeira «experimentação sinodal», que produziu muitos frutos e preparou a estrada também para um outro Sínodo, aquele que temos estado a viver, nos últimos anos, precisamente sobre a sinodalidade. Com efeito, como lemos no Documento Final, de 2018, «a participação dos jovens contribuiu para “despertar” para a sinodalidade, que é uma “dimensão constitutiva da Igreja”». [4] E agora, nesta nova etapa do nosso percurso eclesial, precisamos, mais do que nunca, da vossa criatividade para explorar caminhos novos, sempre na fidelidade às nossas raízes.
Queridos jovens, vós sois a esperança viva duma Igreja em caminho! Por isso agradeço a vossa presença e contribuição para a vida do Corpo de Cristo. E recomendo-vos que nunca nos deixeis faltar o vosso barulho bom, o vosso impulso como o dum motor limpo e ágil, o vosso modo original de viver e anunciar a alegria de Jesus Ressuscitado! Fico a rezar por isto; e vós, por favor, rezai também por mim.

Roma, São João de Latrão, 25 de março de 2024, Segunda-feira da Semana Santa.

FRANCISCUS

SEMANA SANTA- INFORMAÇÃO PAROQUIAL

 



Vamos viver um dos momentos fortes de nossa História Salvífica: A Páscoa! Mas antes estaremos vivendo a Semana Santa, que nos aproxima mais e mais de Jesus, pois é o momento em que caminhamos com Ele desde sua entrada triunfal em Jerusalém, seu sofrimento, paixão e morte e, também, a expectativa da Ressurreição, a vida que vence a morte.

Assim nos fala o Papa Francisco: “Olhando Jesus, na Sua Paixão, nós vemos, como num espelho, os sofrimentos da humanidade e encontramos a resposta divina ao mistério do mal, da dor e da morte. Tantas vezes, sentimos horror pelo mal e pela dor que nos circundam e nos perguntamos como Deus permite o sofrimento e a morte, principalmente dos inocentes. Quando vemos as crianças sofrerem, sentimos uma ferida no coração. E Jesus toma todo este mal, este sofrimento sobre si.”

A Ressurreição também mostra, conforme explicou o Papa, que quando tudo parece perdido há ainda a intervenção de Deus. Segundo ele, os momentos mais difíceis da vida indicam a hora do despojamento total, mostram como o homem é frágil e pecador. É justamente, então, naquele momento, que não devemos mascarar a nossa falência, mas nos abrirmos confiantes à esperança em Deus como fez Jesus.

SEMANA SANTA

SEGUNDA FEIRA, 25 DE MARÇO
CONFISSÕES

ALEGRETE - 18:00H
ARRONCHES- 18:00H

QUINTA FEIRA SANTA, 28 DE MARÇO

10H00- MISSA CRISMAL ( SÉ DE pORTALEGRE)
18H00- MISSA DA CEIA- ALEGRETE
21H00- MISSA DA CEIA EM ARRONCHES, COM LAVA-PÉS. APRESENTAÇÃO DOS CATEQUISANDOS QUE FARÃO A PRIMEIRA COMUNHÃO
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO.

SEXTA FEIRA SANTA, 29 DE MARÇO

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO

15H00- ALEGRETE E ARRONCHES
21H00- VIA SACRA EM VALE DE CAVALOS

SÁBADO SANTO, 30 DE MARÇO

 21H00  SOLENE VIGIA PASCAL EM ARRONCHES,
COM A PARTICIPAÇÃO DE TODAS AS COMUNIDADES E SEUS CÍRIOS PASCAIS
NA LITURGIA BAPTISMAL HAVERÁ BAPTISMOS DE ADULTOS.

DOMINGO DE PÁSCOA, 31 DE MARÇO

Na noite de Páscoa ocorre a mudança para a hora de Verão. Os relógios devem ser adiantados 1hora.~

Horário normal dos Domingos em todas as Paróquias.
às 15H00 - Missa em Vale de Cavalos.


domingo, 24 de março de 2024

Procissão Domingo de Ramos

 


Mateus 21: 10-11


Hosana nas alturas, rei de todos os reis e nosso único Salvador! Assim saudamos Jesus, hoje no Domingo de Ramos e para todo o sempre!


Papa Francisco

Que os ramos usados hoje, possam ser sinal do amor incondicional de Deus em seu lar
.


O Domingo de Ramos abre solenemente a Semana Santa com a lembrança de Palmas e da paixão, da entrada de Jesus em Jerusalém e a liturgia da Palavra que evoca a Paixão do Senhor no Evangelho de São Lucas. 













Domingo de Paixâo E Ramos

 



A liturgia deste último Domingo do tempo quaresmal, Domingo de Ramos, convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo, a maldade e o pecado fossem vencidos. Por Jesus, Deus ofereceu-nos a possibilidade de uma Vida nova.

A primeira leitura traz-nos a palavra e o drama de um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo de Deus” a figura de Jesus.

Vivemos cercados por ilhas de miséria e de dor onde tantos e tantos irmãos nossos permanecem prisioneiros; passamos a cada passo por homens e mulheres abandonados, esquecidos, atirados para as margens da história, privados dos seus direitos e dignidade; assistimos diariamente à crucifixão de tanta gente que luta contra os sistemas de opressão e de morte… O que fazemos? Permanecemos indiferentes e viramos a cara para outro lado para não ver e para não sermos incomodados, ou levantamos a voz para denunciar o egoísmo, a violência, a injustiça, as mil formas de maldade que desfeiam o mundo e destroem a Vida?

Temos consciência de que a nossa missão profética passa por sermos Palavra viva de Deus que ecoa no mundo dos homens? Nas nossas palavras, nos nossos gestos, no nosso testemunho, a proposta libertadora de Deus alcança o mundo e o coração dos homens?

A segunda leitura traz-nos um belo hino onde ecoa a catequese primitiva sobre Jesus. Fiel ao projeto do Pai, Ele desceu ao encontro dos homens, viveu a vida dos homens e sofreu uma morte atroz por amor aos homens. Mas a sua vida não foi malbaratada: Deus exaltou-O, mostrando que o caminho que Ele seguiu é o caminho que conduz à Vida. É esse mesmo caminho que somos desafiados a percorrer.

Estamos a chegar ao fim deste caminho quaresmal. Este caminho foi efetivamente, para nós, um caminho de conversão, de mudança, de nascimento para uma vida nova? Ao longo deste caminho em direção à Páscoa transformamos a arrogância em humildade, a atitude de superioridade em respeito pelo outro, o orgulho em simplicidade, a soberba em delicadeza?

Este hino constitui uma excelente chave de leitura para interpretar, sentir e viver, na “Semana Maior” em que estamos a entrar, os acontecimentos centrais da nossa fé. Ao “som” deste belíssimo hino podemos compreender o caminho de Jesus, o significado das suas opções, o sentido da sua vida, da sua paixão, morte e ressurreição. Iremos procurar, nesta semana, acompanhar os passos de Jesus? E, ao revivermos o seu amor e a sua entrega, renovaremos a nossa adesão a Ele e ao caminho que Ele propõe

O Evangelho relata-nos a paixão e morte de Jesus. É o momento culminante de uma vida gasta a concretizar o projeto salvador de Deus: libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo, escravidão, sofrimento e morte. Na cruz onde Jesus ofereceu a sua vida até à última gota de sangue, revela-se o incomensurável amor de Deus por nós; na cruz, Jesus disse-nos que o amor até ao extremo gera Vida nova e eterna.

A solidão de Jesus diante do sofrimento e da morte anuncia já a solidão do discípulo que percorre o caminho da cruz. Quando o discípulo procura cumprir o projeto de Deus, recusa os valores do mundo, enfrenta as forças da opressão e da morte, recebe a indiferença e o desprezo do mundo e tem de percorrer o seu caminho na mais dramática solidão. O discípulo tem de saber, no entanto, que o caminho da cruz, apesar de difícil, doloroso e solitário, não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de libertação e de vida plena. Estamos conscientes de que, quanto mais somos fiéis a Jesus e ao seu projeto, mais teremos de remar contra a corrente e de experimentar a solidão, o abandono e até a incompreensão dos que nos rodeiam? Estamos determinados, apesar disso, a seguir o caminho que Jesus nos aponta?

A figura do jovem que, no jardim das Oliveiras, deixou o lençol que o cobria nas mãos dos soldados e fugiu pode ser figura do discípulo que, amedrontado e desiludido, abandonou Jesus. Já alguma vez virámos as costas a Jesus e ao seu projeto, seduzidos por outras propostas?


www.dehonianos.org

sábado, 23 de março de 2024

DOMINGO DE RAMOS

 


DOMINGO DE RAMOS - DIA 24

BENÇÃO DOS RAMOS - 11H 30M

ENTRADA DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DA LUZ
PROCISSÃO DE RAMOS ATÉ Á MATRIZ

MISSA -12H 

No domingo (24), a Igreja Católica celebra o Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa, relembrando a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que o aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”

Segundo o ensinamento bíblico, o povo teria recebido Jesus com felicidade, colocando ramos de palmeiras e oliveira no caminho para ele passar, o que também foi descrito como hábito antigo, significando triunfo. Dessa forma, o Domingo de Ramos foi consagrado.

Tradicionalmente, antes de entrar na igreja, os fiéis participam de uma procissão

Os ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”.

Na Missa do Domingo de Ramos, os ramos santos lembram os fiéis que são batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que essa fé é desvalorizada.

Os ramos sagrados que os fiéis levam para casa após a missa, são uma representação de que os cristãos estão unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, uma luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar a peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela faz recordar que os cristãos são apenas peregrinos neste mundo passageiro, que se gasta rapidamente e mostra que a pátria deles não é neste mundo, mas sim, na eternidade.

Caminhemos...


A vida nem sempre fica mais fácil. Agora nós, ficamos mais resistentes.
Olhamos para o que realmente importante e (re)direcionamos a rota.
40 dias... de caminho, atenção e escuta.
Num caminho que pode ser labirintico, cheio de expetativas externas, de afazeres e compromissos. Mas, há um que não pode falhar: o compromisso que é nosso, connosco. Um olhar profundo de conexão com o que nos traz felicidade. Uma felicidade consciente que nos liga ao que verdadeiramente somos.

40 dias de uma viagem interior. Autêntica. A travessia do deserto, que nos liberta.
É sobre o amor, compaixão e boa vontade. Para nós e para os outros; pois não há bagagem emocional que não possa ser curada.
A capacidade de olharmos para dentro, melhora a compreensão da pessoa que somos. Se me compreendo, também consigo ver melhor quem está à minha frente.

Nenhuma viagem é em vão.
Acrescenta-nos conhecimento, sabedoria, amor próprio e amor ao próximo.

A vida, nem sempre fica mais fácil, mas facilita abrirmo-nos à vida.

É a magia da fé a acontecer. A luz que nos permite ver de forma clara e desperta a nossa força interior.

Continua a abraçar o caminho da esperança, com o que de bonito tens dentro: a coragem de acreditar.


Carla Correia

sexta-feira, 22 de março de 2024

PENAMACOR INVADIDA POR ESPIÕES DO FUTURO


Sim, o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Penamacor foi o primeiro a manifestar a sua alegria pela presença de tais ‘intrusos’. A todos deu as boas-vindas. Outras personalidades locais associaram-se neste gesto de quem gosta de escancarar as portas a quem chega por bem. A vila rejuvenesceu com o ruído de tanta gente de sangue na guelra e esporas na língua. Também eu agradeci tão nobre e gentil acolhimento. Dei os parabéns àqueles metediços que acabavam de chegar e já fervilhavam na curiosidade do passo seguinte. Tratei-os como a gente mais revolucionária de todos os Agrupamentos de Escola que, quer da área da Diocese da Guarda, quer da área da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, vieram até ali, pátria que foi de Vamba, rei dos Godos, e a quem D. Sancho I outorgou foral em 1199. Foi bom, muito bom este desafio. Quem não tirou as pantufas, quem não saltou do sofá, quem não calçou as sapatinhas para trepar até lá, quem ficou à janela, com cara de vinagre, a ver passar a banda e a vida, não sabe contar a história, não fez história, a sua história de vida ficou mais pobre, não admirou tão rico património histórico e cultural, não conviveu com quem veio de outras lonjuras, não se associou à curiosidade destes notáveis exploradores...
Junto à velha porta da vila, sobre a qual assenta a antiga Câmara municipal, em conversa com três longevas senhoras, fiz-me questionar como será o meu entardecer da vida e como o frio deste terrível inverno demográfico a todos assola e entristece. Aquelas esquinas, cantos e recantos tão belos e bem cuidados, bem mereciam um montão de garotada a saltitar e a jogar, nem que fosse às escondidas ou à macaca. Mais abaixo, porém, coisa rara e bem diferente dava nas vistas: com alegria inaudita, saltitava a esperança no rosto do bebé Moisés - acho que era esse o seu nome -, que, de papo para o ar na sua alcofa empoleirada lá a um canto, agarrado ao seu biberão, sorria para a vida sob os olhares ternos da sua avó Lurdes que, amavelmente, ao balcão, servia cafés e coisas mais de qualidade. Noutro ponto da vila, dois alunos da Escola local, da área da comunicação, um ele e uma ela, assaltaram-me de telemóvel pronto e perguntas perfiladas para gravarem uma entrevista... tinham pinta os miúdos, que sejam muito felizes!... Naquela velha praça militar, recordei-me do cozinhado, a meu ver pouco curial, nada saboroso e com cheiro a esturro, que António Costa confecionou ao desafiar a liderança de António José Seguro, que, por aquelas bandas, nasceu, cresceu e, ao que soube, por ali, no sossego dos seus, vai intervalando algum do seu tempo sem necessidade de responder a perguntar aos jornalistas, que, com impertinência de mosca enervante lhe testariam a paciência sempre mui paciente e nobre: mas “qual é a pressa?” “qual é a pressa?”. Estou com ele, para ter uma vida longa é preciso viver devagar!
Mas, voltando ao princípio, que revolucionários eram estes que subiram até esta vila sem que a GNR, deambulando calmamente, perdesse o seu ar sereno e atento de quem cuida? Qual foi o motivo que ali fez arribar estes felizes diabretes? Pois, isso é que é preciso saber e aplaudir, associando a este aplauso as escolas, os professores e os encarregados de educação que entendem e se esforçam para que esta gente, a par do saber e do saber fazer, adquira valores que deem sentido e sabor à vida. Ninguém deve viver como rabugento e crítico treinador de bancada, de braços caídos como se tudo aquilo que tem de ser feito tenha de ser feito pelos outros e nada por eles. Firmes e felizes, num dia calorento de primavera a fazer descascar casacos e camisolas e a escorrichar garrafas de água, quem ali congregou esta gente foi e continua a ser o jovem mais revolucionário de todos os tempos, aquele que, inconformado com o que via, ouvia e sentia, meteu mãos à obra na construção dum mundo mais escorreito e espevitado. Filho de pais simples e refugiados políticos em país estrangeiro, nasceu numa terrinha perdida lá pelos montes onde os pastores guardavam cabras e ovelhas. Noutra terra, igualmente pequena onde todos se conheciam, viveu e trabalhou, sem água encanada nem luz elétrica, sem telemóvel nem televisão, sem bicicleta nem carro ou avião, sem futebol nem bandas e adufes. Nunca se afastou muito daí, não tinha bens, não frequentou escola nem universidade, não seguia nenhuma ideologia, não fundou qualquer partido político ou religião, não tinha títulos académicos, não possuía poços de petróleo nem conta nos bancos. Nunca usou de violência, nunca descartou quem quer que fosse, sempre manifestou delicadeza e preocupação por todos, sem exceção. Não usou de violência, não tinha cadeias, não fez prisões preventivas, não tinha guarda costas, nem mordomias, nem pajens, nem trono, nem território, nem exército, nem armas. Não escreveu nenhum livro, não rodou nenhum filme, não pintou nenhum quadro, não compôs nenhuma partitura. No entanto, as pinotecas, os museus e as bibliotecas continuam a encher-se de pinturas, filmes, livros e partituras sobre a sua pessoa e a sua ação, a arquitetura enaltece-o, todas as pessoas de boa vontade o invocam e nele se inspiram, ele faz-se encontrado nos seus caminhos. Com a sua proximidade e pedagogia, continua a gerar empatia, a cativar multidões, a falar com tanta simplicidade e autoridade que jamais alguém é capaz de falar assim. Foi e é o maior revolucionário de todos os tempos. Dividiu a História no antes dele e no depois dele. Se preconceitos humanos não houvesse, mesmo que não se acreditasse que ele é o Filho de Deus, mesmo que só se olhasse para ele como personagem meramente histórico, quanto proveito não viria para a humanidade se ele fosse estudado em todas as escolas, academias e universidades. Ninguém como ele influenciou e continua a influenciar tanto o destino dos povos e da História. Promoveu uma civilização fundamentada na cultura do amor e da paz, na dignidade de toda a pessoa. Os seus discípulos jamais calaram o que tinham visto, ouvido e usufruído. Com determinação e garra, continuam esta profunda revolução social a partir do interior de cada um, promovendo a cultura do amor fraterno, apontando princípios e valores que revolucionam toda a comunidade humana em questões de mútuo respeito, de direitos e deveres humanos.
A Educação é uma tarefa fundamental. Precisa de heróis a seguir, precisa de valores hierarquizados que pautem a vida. A Escola, mais do que ensinar, tem função educativa, coisa difícil mas possível. Se transmite valores, conhecimento, ciência e cultura, se fomenta a aquisição de competências para prosseguir estudos ou para inserir no mercado de trabalho, se proporciona conhecimento pessoal e integração social, não pode esquecer que a dimensão religiosa é constitutiva da pessoa humana, faz parte da educação integral. A disciplina da Educação Moral e Religiosa Católicas, que foi a causa destes alunos se concentrarem, em 19 de março, em Penamacor, ajuda as crianças, os adolescentes e os jovens a dar resposta às interrogações sobre o sentido da vida. Sem a componente religiosa, a vida perde horizontes, torna-se efémera, conduz a uma sociedade vazia de sentido. A disciplina de Educação Moral Religiosa Católica procura a formação global do aluno, permite o reconhecimento da sua identidade, permite a construção de um projeto pessoal de vida alcançado a partir do diálogo da cultura e diferentes saberes com a mensagem e os valores cristãos enraizados na nossa tradição. Esta disciplina, porém, requer o esforço insubstituível de escolas e professores, mas é tarefa de toda a comunidade cristã, com especial destaque para os pais e os párocos, sabendo que entre a Catequese e a Educação Moral Religiosa Católica há uma relação de distinção e de complementaridade, não de alternativa. Sendo a responsabilidade dos pais ‘irrenunciável e inalienável’, sendo a dimensão religiosa muito importante na educação integral das pessoas, que bom seria se os pais se responsabilizassem mais pela inscrição dos filhos nessa disciplina, se sensibilizassem os filhos para a sua importância, e se empenhassem, individualmente ou em associação, para que a Escola oferecesse esta disciplina, em condições normais, sem indiferença, sem hostilidade, sem minimizar ou diluir a sua natureza curricular.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 22-03-2024.

O abrigo de uma mão dada



O abrigo de uma mão dada.

A mão que dás. A mão que te é dada. A mão de quem te quer bem. A mão de quem talvez ainda nem conheças, mas que se estende para ti.

O abrigo de uma mão dada que é sempre tanto. Que é sempre tudo.

O abrigo de uma mão dada que diz tudo, sem ser preciso dizer.

O abrigo de uma mão dada que te abraça. Que é abraço no coração. Aconchego da alma.

O abrigo de uma mão dada que é isso mesmo: abrigo. Que te refugia do mundo. Que te dá paz. Que te ajuda a serenar. A repousar.

O abrigo de uma mão dada que te conforta. Que é alento. Que te ajuda a caminhar. O abrigo de uma mão dada que é amparo. Que te segura. Que te ajuda a levantar.

O abrigo de uma mão dada que te acompanha sem largar. Que cuida. Que te ajuda a respirar. O abrigo de uma mão dada que te cura. Mesmo sem saber. O abrigo de uma mão dada que te salva.

O abrigo de uma mão dada que é sol nos dias cinzentos. Luz na escuridão. Paz na tempestade.

O abrigo de uma mão dada que te faz sorrir. Que é o sorriso do dia. O lado bom do mundo. A parte bonita da vida. O abrigo de uma mão dada que te traz esperança.

(Sabes o valor infinito que tem trazer esperança a alguém?)

O abrigo de uma mão dada que se dá como quem dá o coração. O abrigo de uma mão dada que é sempre tanto. Que é sempre tudo. Como só o amor é.

O abrigo de uma mão dada.

Que nunca nos falte. Que nunca o deixemos faltar, também.


Daniela Barreira

quinta-feira, 21 de março de 2024

"Hoje, preciso ouvir-Te…"



Senhor?! Estás aí?

Quero adorar-Te! Quero ver-Te!

Fala comigo…

Já aniquilei a prepotência dos meus gestos mal amados.

Enterrei todos os meus medos de Te encontrar nos fracos e nos oprimidos.

Eliminei cada palavra de rancor que me passa pela cabeça.

Então… acordei nesta pobreza de ser mais que os outros!

Porque na verdade, não sou capaz de morrer para o mundo.

Hoje, preciso ouvir-Te…

Manda os Teus anjos, Senhor da VIDA!

Estou perturbada com o Teu silêncio…

Ser semente de Amor, Meu Senhor,

é aceitar ser obediente à Tua vontade até à última consequência.

É ter a Esperança firme que a morte da semente não é sinónimo de fim…

Apesar de doer infinitamente.

Assinar uma aliança conTigo, meu Deus,

é a opção de Vida eterna

que dá a sentença de morte à vida rotineira que criei.

MAS, que me oferece a Tua justa glória.

E… no Teu silêncio, encontrarei o amor mais profundo da Salvação.

Jesus é elevado da terra.

Para Todos os que olham para a Sua Cruz.

Para Todos os que sabem partilhar sem hesitar.

Para Todos os que saboreiam o grão de trigo que se fez Pão.

Senhor…

Prostrada de rosto no chão frio e escuro,

quero levar Jesus a todos e todos a Jesus.

Quero aprender a servir, verdadeiramente…

Óh! Deus do infinito Amor,

faz brotar da minha vida, sem sentido, um coração puro.


Liliana Dinis



quarta-feira, 20 de março de 2024

Não me apetece…

  


Não me apetece responder, pensar, e preocupar.

Não me apetece tomar dores, nem partidos, nem dar opinião.

Não me apetece…. pronto!

Cansa-me a luta constante pelo cumprimento dos preceitos que acho corretos.

Cansam-me as pessoas cata ventos, a hipocrisia e a infeliz incapacidade de lidarmos com as nossas fragilidades sem as transformarmos num peso para outros.

Cansa-me a ingratidão e pior, depois de nos expormos a dizer como é importante certas atitudes, as pessoas insistam em ignorar, ou esforçar em fazer diferente.

Não aprendemos nada! Nem com a história, nem com cursos e master em tudo e mais alguma coisa. Nada se nos adianta, se não tivermos amor! Parece que vivemos embrutecidos, prontos a explodir e a soltar trovões (eu falo por mim mas acho que não sou a única).

Parece que o ser humano é a peça mais valiosa desta nossa construção mas a mais complicada de gerir, mas pronto, é o que é!

Por isso hoje, só hoje, vou desligar, vou virar eremita, vou deixar que outros se cansem, vou deixar que outros decidam, vou deixar que outros se cheguem á frente!

Vou deixar rolar… mas até isso não me apetece!

E tu amiga, o que não te apetece fazer?


Raquel Rodrigues

terça-feira, 19 de março de 2024

Dia dos Pais


O Dia dos Pais é uma data especial que nos permite expressar todo o carinho e amor que sentimos por aqueles que nos criaram e nos ensinaram os valores mais importantes da vida.... -

Celebremos a importância dos pais em nossas vidas. Que tenham um dia maravilhoso e cheio de amor. Feliz Dia dos Pais!... -

Que S. José vos proteja sempre.



Escreve à mão a tua oração



Recolhe-te e encontra no silêncio tempo para pensares, depois começa a fixar palavras numa folha de papel que expressem o que há em ti de mais profundo. Devagar, pois a mão não acompanha a velocidade do pensamento, antes o obriga a abrandar, permitindo que reflitas e saboreies cada frase.

É bom entregar o que temos de mais íntimo a Deus, de forma ponderada, mais ainda se o fazemos como se estivéssemos a depositar um tesouro num esconderijo. A verdade é que arrancar palavras da tristeza e das preocupações resulta num alívio e numa paz sem igual, como se, ao partilhá-las, nos livrássemos de parte delas.

Escreve a verdade. A tua verdade. Ainda que não seja a verdade de mais ninguém. Os teus sonhos mais loucos, mas também os teus anseios mais simples.

Quase todos temos um coração que ainda não envelheceu… é bom deixá-lo ser livre e escutá-lo com atenção.

Escrever uma oração permite-nos visitar partes de nós que costumamos manter fechadas. Como se percorrêssemos o museu do nosso íntimo. Profundo, rico e único.

Escreve uma oração que não imite nenhuma outra. Escreve-a de tal forma tua que ninguém a consiga imitar.

Deixa nascer em ti o que, como um fogo, se eleva até ao céu. Purifica-te, queimando em ti egoísmos, orgulhos e demais impurezas.

Agradece. Pede perdão. Pede ajuda. Medita. Entrega o teu silêncio. Entrega-te, como se te oferecesses aos braços do amor que te fez existir.

Lembra-te do que foste, do que és e do que queres ser… escreve-o para que o possas ler e assim te sentires ainda mais comprometido. Obriga-te a ser tão bom quanto te é possível, fixando objetivos nobres, confiando que és capaz de os alcançar, apesar de todos os sacrifícios que terás de suportar para o conseguires.

Nunca esperes resposta. Ela surgirá, mas não no tempo nem no modo que imaginas.

O mais excelente da oração é transfigurar quem a faz.

No final, deita o papel fora. Não te preocupes, nem uma letra se perderá.


José Luís Nunes Martins

domingo, 17 de março de 2024

Procissão do Senhor dos Passos

 A procissão do Senhor dos Passos, que saiu para a rua este domingo, dia 17 de Março e marca o início das celebrações pascais.

A solenidade de Nosso Senhor Jesus dos Passos, na Igreja Matriz de Arronches, teve início às 16h00, com a missa, seguida de procissão.

Durante a procissão, a imagem do Nosso Senhor dos Passos saiu da Igreja Matriz para, no Largo Serpa Pinto se juntar à imagem da Nossa Senhora das Dores e assim evocar o encontro de Jesus com a Sua Mãe, a caminho do Calvário, através do “Sermão do Encontro”

O Padre Rui Lourenço proferiu o sermão diante dos paroquianos atentos, em total respeito e devoção ao momento litúrgico, lembrando o Evangelho do dia, convidando a olhar para Jesus, a conhecer as suas propostas, a aprender com Ele, a segui-LO no caminho do amor e da entrega da vida.

A procissão seguiu de regresso à Igreja Matriz sempre acompanhada pela Banda Euterpe.



Por último e não menos importante é o apelo à nossa comunidade mais jovem, que cada vez menos vemos seguir as nossas tradições, bem como, a sua envolvência religiosa se tornou diminuta. É verdade que os tempos que correm são outros, mas não justificam tudo e não serve de desculpa para nada. Gostaríamos de os ver com maior presença e regularidade a seguir Jesus e a demonstrar a sua fé de forma genuína, sem preconceitos, seguindo a exemplo dos seus antepassados o respeito pelo próximo e por Deus Pai o Criador.