Felizes são os pobres com espírito
E aqueles que compartem com os pobres
Os riscos e a esperança,
Porque eles têm o reino em suas vidas! Contrariamente a toda propaganda
De produtos que dão felicidade,
Felizes os aflitos,
Porque eles sentirão em suas cruzes
A ternura de Deus que é pai e mãe!
Felizes os que sabem vencer-se,
Na conquista da mansidão diária:
A terra será deles!
Felizes são aqueles que são justos
E buscam a justiça
E a defendem e a forjam
E sentem fome e sede
Da justiça do reino:
O reino saciará sua utopia!
Felizes os que têm misericórdia
E não deixam passar um sofrimento
Sem achegar-se dele
E nele derramar-se, no óleo e no vinho: Eles encontrarão misericórdia!
Felizes os que trazem
Um coração sincero
E limpo seu olhar:
Mesmo na noite escura
Eles verão a Deus!
Filhos do Deus da paz,
Irmãos daquele que é a nossa paz,
Felizes os que lutam em paz e pela paz,
Os construtores
Da estranha paz do reino:
Deles é o shalom, o axé, a paz!
Felizes sois todos os perseguidos
Por causa da justiça,
Nas lutas pela terra do campo e da cidade, Nas lutas do trabalho,
Nas lutas pela vida.
Felizes vós, profetas,
Malditos do sistema,
Pichados pela ordem,
Jogados no escanteio do templo e do pretório
Felizes, alegrai-vos, o reino já é vosso! Felizes são os pobres,
Os meus pobres,
Os herdeiros do reino!
Pedro Casaldáliga
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