Caminheiro. Era assim que lhe tratavam. O bom caminheiro que passava e tocava na vida de todos. O bom caminheiro que fazia a visita da Vida. O bom caminheiro que partia e repartia o pão do amor.
Era o caminheiro. O caminheiro que trazia a paz. O caminheiro que trazia a palavra que reconfortava a alma e o corpo dorido de tantas e tantas injustiças. O caminheiro que trazia no seu olhar a certeza de que a vida era muito mais do que aquilo que eles alguma vez poderiam ver. Era o bom caminheiro que cruzava vidas com a sua própria vida dando a todos a devida valorização.
Era o caminheiro. O caminheiro que conduzia as vidas daqueles que um dia se tinham deixado perder. O bom caminheiro que abria trilhos em becos que diziam não ter saída. O bom caminheiro que trazia no seu olhar a mestria do toque. O bom caminheiro que guardava todas as histórias bem junto do seu coração. O bom caminheiro que ateimava em mudar vidas.
Era o caminheiro. O bom caminheiro que se comovia com as lágrimas dos outros. O bom caminheiro que saía para comer e conviver com os pecadores. O bom caminheiro que insistia em escolher os defeitos e os defeituosos. O bom caminheiro que partilhando da perfeição quis fazer história na imperfeição. Era o bom caminheiro que "pescava" todos os que lhe vinham escutar.
Era o caminheiro. O bom caminheiro que peregrinava na certeza de que a divindade era fruto da sua autêntica humanidade. O bom caminheiro que não dava por perdida nenhuma vida. O bom caminheiro que bem dizia toda a vida. O bom caminheiro que na sua simplicidade foi capaz de traçar o projeto do seu Pai.
Era o caminheiro. O bom caminheiro que dava bom nome ao seu Pai. O bom caminheiro que insistiu que a sua própria vida seria a única via de acesso ao Pai.
Emanuel António Dias
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