terça-feira, 7 de setembro de 2021

Recomeçar custa?... Ai se custa…




Recomeçar!... Recomeçar é um verbo que não gostamos muito de usar. Recomeçar parece implicar que falhamos e é necessário voltar ao início… Mas esta é a realidade humana quer queiramos ou quer não. Tantas, mas tantas vezes é-nos pedido para recomeçar. Tantas, mas tantas vezes, somos nós próprios que gostaríamos de voltar ao ponto de partida para ter um outro fim aquilo que iniciamos outrora…

Como professor, vejo-me a recomeçar uma outra vez. E custa… Aí se custa… Ao recomeçar parece que falhamos algures… No entanto, é a marca mais humana que podemos enunciar. Como humanos, como imperfeitos, como finitos temos que tantas e tantas vezes recomeçar…

Como professor, deparo-me com um novo início. Não é novo. Novos alunos a "juntarem-se" aos "velhos", quando assim é, é o normal. Mas para estes novos é necessário recomeçar.

Este ano a novidade está (sim, esta é a grande novidade), na situação pandémica que vivemos. Há um tempo antes do coronavírus e um tempo depois.

Se a sociedade ou as pessoas a partir de agora forem melhores, mais responsáveis e mais civilizadas, acredito que será graças à escola. É o campo de treino onde os fundamentos do conhecimento são ensinados; o lugar onde acontecem verdadeiras reuniões entre pares. Depois da tragédia inicial do coronavírus, teremos que pensar na gênese, no início de tudo. E por onde começar a construção de novo? Não será a escola depois da família?

Nietzsche afirmou que a escola tem a função de formar não apenas funcionários, mas também cidadãos. Os funcionários do Estado precisam de informação e de competências, mas para formar os cidadãos precisamos de conhecimentos, de uma visão, mas também de sentido do destino individual e coletivo das pessoas. Para isso, o ensino à distância que tivemos de março até junho, não é suficiente. Devemos retomar as aulas presenciais. As crianças e os jovens precisam voltar a estar juntos porque o ensino não é apenas um discurso vertical que passa do professor para o aluno, mas é também horizontal, mútuo e recíproco entre pares.

Como professor coloco o foco no ensino e nos alunos, porém, se pensarmos no nosso quotidiano perceberemos que a vida se vive no relacionamento com o outro:

«Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles». Mt 18, 20.

A pandemia e o coronavírus é uma realidade, mas já antes estávamos nós e os nossos irmãos. Tal como na escola, temos enquanto sociedade, ter a coragem de saber vivermos uns com os outros; socorrermos uns aos outros e não ficarmos "trancados" nos nossos umbigos. Aí não está Deus.

Tenhamos a coragem de RECOMEÇAR a viver.


Paulo J. A. Victória


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