Em toda a história do ser humano reparamos na intolerância que vários homens e mulheres tiveram perante os erros de outro semelhante a eles. Agiram, diversas vezes, como se a perfeição fosse a sua melhor imagem colocando sobre o outro o peso de existir e, acima de tudo, o peso de não poder recomeçar. Ficando marcados para sempre com os erros como se isso definisse inteiramente o que é e faz.
A verdade é que hoje, por diversos motivos, seja por competição, por inveja ou até mesmo por uma certa sede de superioridade, verificamos que tudo permanece igual. Facilmente caímos no desejo de falar da vida dos outros sem nada sabermos ou de, em muitos casos, inventarmos histórias manchando a dignidade e a história de alguém.
E se isto não deveria acontecer em nenhuma sociedade, muito menos deveria suceder-se dentro daqueles que se dizem seguidores de Cristo.
Nós, cristãos, não nos podemos esquecer que não O seguimos por sermos perfeitos, mas porque somos tremendamente pecadores. E, como tal, devemos ser capazes de fazer o que Ele fez e faz connosco: abrir os braços, acolher sem julgamento, escutar toda a vida e acompanhar para que todos e todas possam recomeçar.
A alegria do Evangelho não ganha forma em regras, críticas ou em manias de superioridade. A alegria do Evangelho e o Reino de Deus ganham forma quando reconhecemos as nossas quedas, os nossos erros e entregamos tudo nas Suas mãos para que Ele nos reconstrua. E em seguida, avivados e rejuvenescidos, acolhemos todos os que nos procuram. Independentemente do que foram ou são. Independentemente do que fizeram ou façam. Temos o dever de permitir que a vida de tantos e tantas não se torne num maior fardo por causa dos nossos falsos moralismos, mas que se tornem mais alegres e vivas para que possam dar ainda mais vida.
Tenhamos a audácia, crentes e não crentes, de não espalharmos o que não sabemos. Nem de falarmos dos outros como se nunca tivéssemos pecado, falhado ou caído no caminho. Guardemos no nosso coração todas as histórias e sejamos testemunho verdadeiro de amor.
Façamos das nossas vidas templo de recomeços!
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