Continuamos, ao longo deste mês e a terminar em 4 de outubro, Dia da Festa de São Francisco de Assis, nesta tarefa de sensibilizar para o cuidado da Terra, para o cuidado desta Casa Comum que nos foi confiada como belíssimo jardim (cf. Gn 2,15). Não só para que a cuidemos com ternura, mas também para que a trabalhemos com alegria, produzindo frutos para todos. Como nos refere o Livro Sagrado: “O Senhor produziu da terra os medicamentos; o homem sensato não os desprezará” (Eclo 38,4). E os medicamentos de que o homem precisa são muitos e variados! Mas tudo vem da Terra e da inteligência e vontade do homem com que o Criador o capacitou. O Papa Francisco, porém, também nos recorda que “a Terra não é uma herança que recebemos dos nossos pais, mas um empréstimo que nos fazem os nossos filhos, para que nós a guardemos e a façamos progredir para lha devolver. A Terra é generosa e não deixa que falte nada a quem a guarda. A Terra, que é mãe para todos, pede que a respeitemos e que não a tratemos com violência ou, pior ainda, com arrogância de patrões. Devemos devolvê-la melhorada, preservada, aos nossos filhos, porque foi um empréstimo que eles nos fizeram” (A Nossa Mãe Terra, Ed. Paulinas, págs. 10 e 11).
Todos estes desafios da humanidade “são de uma complexidade tal que exigem a soma de ideias, a união de esforços, a complementaridade de perspetivas e, ao mesmo tempo, a renúncia ao egoísmo exclusivista e ao protagonismo pernicioso” (id. 69). De facto, é mais que sabido que a “economia e a política, a sociedade e a cultura, não podem ser dominadas por uma mentalidade de breve prazo e da busca de um imediato retorno financeiro ou eleitoral” (id. 49). Mas também não ignoramos que, cada um, à sua medida e segundo as suas circunstâncias e responsabilidades tem o dever de prestar a sua quota parte de serviço a esta nobre causa. E se há imensas e variadas formas de o fazer, também a oração pode ajudar a mover os corações mais duros e insensíveis à verdade, à justiça e à solidariedade, procedendo com arrogância de patrões mal agradecidos. Nesta direção, sugiro uma das belas orações que o Papa Francisco nos apresenta no fim da Carta Encíclica Laudato Si’:
ORAÇÃO PELA NOSSA TERRA
Deus Omnipotente,
que estais presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,
Vós que envolveis com a vossa ternura
tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor
para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.
Ó Deus dos pobres,
ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta terra
que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida,
para que protejamos o mundo
e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.
Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.
Obrigado porque estais connosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justiça, o amor e a paz”.
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D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 10-09-2021.
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