sábado, 31 de agosto de 2024

A ESPERANÇA

 


No extraordinário poema que lhe dedicou Charles Péguy, garante-se que a única realidade que deixa o próprio Deus espantado, em relação ao homem, é a esperança: “Não é a fé que me espanta.../A caridade, diz também Deus, essa não me espanta.../ Mas a esperança, diz Deus, essa sim causa-me espanto./ Essa sim, é digna de espanto./ Que essas pobres crianças vejam como tudo acontece/E acreditem que amanhã será melhor./ Que elas vejam o que se passa hoje e acreditem/que amanhã de manhã será melhor./ Isso é espantoso e essa é a maior maravilha da nossa graça./E isso a mim mesmo me espanta”.
A esperança não é um lenitivo que adormece a dor até que ganhemos coragem para tratar a sério da vida, mas uma força que já hoje nos motiva para a transformação da história. A esperança não é um adiamento, mas um compromisso. Não é uma abstração idealizada, mas um dinamismo concreto, uma laboriosidade, um fazer.
Precisamos de uma educação para a esperança. E precisamos na educação, como diz Papa Francisco, mestres da esperança. Diz ele: «Um educador que não sabe arriscar, não serve para educar. Um pai e uma mãe que não sabem arriscar, não educam bem o filho. Arriscar de modo razoável...Educar é isto. Tu tens a certeza neste ponto, mas isto não é definitivo. Deves dar outro passo. Talvez escorregues, mas levantas-te, e vais em frente... O verdadeiro educador deve ser um mestre de risco». Estaleiros da esperança.


— Cardeal D. José Tolentino Mendonça©

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

‘ESCUTA, MEU FILHO, OS ENSINAMENTOS DE TEU PAI’



Tempos houve em que até os reis marcavam a diferença pela sua fé, sendo ela que dava o tom ao seu comportamento e ação governativa e educativa. Outros tempos, dirão alguns!... Sim, outros tempos, outra gente, outra forma de estar, de viver a fé, de conceber o mundo. Cristo, porém, veio para todos de todos os tempos. É certo que todas as realidades terrenas, toda a criatura e todas as sociedades, gozam duma legítima e saudável autonomia, possuem leis e valores específicos, têm solidez, bondade, verdade e regras próprias, que o homem, gradualmente, vai descobrindo, assimilando e usufruindo, de tal forma que ler a história de outrora com os olhos de hoje pode dar barraca. Nessa dinâmica de saberes e de conhecimento se vai gerando o desenvolvimento dos povos, o progresso, o bem-estar, a evolução social. Coisas que devemos aplaudir, cientes de que o homem foi dotado de capacidade para desenvolver todas as potencialidades da Criação, sem ceder à tentação de querer substituir o Criador ou de se julgar dono e senhor dos outros e disto tudo. Quando isto acontece, temos mosquitos por cordas: guerras, sofrimento, fome, mal-estar, desamor, morte. Sabemos que muitos desdenham a ligação entre a atividade humana e a religião. Acham que isso prejudica a autonomia das pessoas, das sociedades e das ciências, quando, na verdade, se ajudam e complementam mutuamente. Seja como for, nestes tempos que são os nossos, se não pode ser tão ao jeito de outrora, tem de haver outro jeito de viver, testemunhar e anunciar a fé, sem vergonha nem preconceitos, a começar pela família onde as histórias de roca e fuso, à lareira, acabaram. A fé e a salvação não são coisas do passado nem deixaram de ser relevantes: ‘Que importa ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida?’ (Mc 8, 36). Se o tema da salvação não fosse importante, que razão haveria para Deus ter enviado o seu Filho à terra para morrer por nós, na cruz, inocentemente?
Para suavizar a tristura do fim de férias de alguns, e porque estes textos dificilmente chegam às mãos das pessoas, hoje recordo os conselhos de Santo Estevão da Hungria a seu filho, seu sucessor no trono. Santo Estevão foi o primeiro rei da Hungria. Reinou desde 1000 até à sua morte, em 1038. Em Fátima, à entrada da Basílica do Rosário, do lado esquerdo, há uma imagem de Santo Estevão, bem como lhe foi dedicada a capela da Via-Sacra no Calvário Húngaro, onde também figura num vitral. Foi o primeiro rei a consagrar o seu país a Nossa Senhora. A par, recordo-lhes também parte do testamento espiritual de São Luís, rei de França, a seu filho, também seu sucessor como rei. São Luís foi Rei da França de 1226 até à morte, em 25 de agosto de 1270. Nesta Diocese, no Vale da Ursa, em Sobreira Formosa, Proença-a-Nova, temos uma capela dedicada a São Luís, Rei de França. O São Luís da capela do Monte de São Luís, em Escalos de Baixo, não é o rei de França. Era de ascendência real italiana, filho de Maria da Hungria e de Carlos II de Nápoles, foi Bispo de Tolosa, França. A sua imagem tem mitra, báculo e coroa real aos pés. Era conhecido como Louis d’Anjou.
DE SANTO ESTEVÃO DA HUNGRIA A SEU FILHO:
“Em primeiro lugar, eu te ordeno, aconselho e recomendo, filho caríssimo, que, se desejas honrar a coroa real, conserves a fé católica e apostólica com tal diligência e fidelidade que sirvas de exemplo a todos os súbditos que Deus te confiou, e todos os homens da Igreja te considerem, com razão, um verdadeiro homem de fé cristã, sem a qual, bem o sabes, não te podes chamar cristão ou filho da Igreja. No palácio real, a seguir à fé, a Igreja ocupa o segundo lugar, ela que foi fundada por Cristo, nossa Cabeça, e depois foi transplantada e firmemente edificada pelos seus membros, os Apóstolos e os Santos Padres, e difundida por todo o mundo. E embora ela continue sempre a formar novos filhos, em certos lugares já se considera antiga. Na nossa monarquia, filho caríssimo, ela é ainda jovem e recente, e por isso necessita de maior vigilância e proteção, a fim de que este dom, que a divina clemência nos concedeu sem o merecermos, não seja destruído e aniquilado por teu desleixo, preguiça e negligência. Querido filho, doçura do meu coração, esperança da minha futura descendência, eu te peço e mando que, por todos os meios e em todas as circunstâncias, sejas benevolente não só para com os familiares e parentes, os príncipes, os nobres e os ricos, os vizinhos e os habitantes do país, mas também para com os estrangeiros e todos quantos recorrem a ti. Porque o fruto da piedade será a tua suprema felicidade. Sê misericordioso para com todos os que sofrem violência, recordando sempre no íntimo do teu coração o exemplo do Senhor: Eu quero a misericórdia, mais que o sacrifício. Sê paciente para com todos os homens, não só os poderosos, mas também os que o não são. Finalmente, sê forte, para que nem a prosperidade te ensoberbeça nem a adversidade te desanime. Sê também humilde, para que Deus te exalte, agora e no futuro. Sê moderado e não castigues nem condenes ninguém excessivamente. Sê manso e nunca te oponhas ao sentido da justiça. Sê honrado, para que ninguém venha a sofrer qualquer desonra por tua causa. Sê nobre de sentimentos, evitando como veneno mortal toda a pestilência da sensualidade. Tudo isto é o ornamento da coroa real; sem isto ninguém pode reinar neste mundo nem alcançar o reino eterno”.
DE SÃO LUÍS DE FRANÇA A SEU FILHO:
“Filho caríssimo, eu te exorto, em primeiro lugar, a que ames o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com todas as tuas forças; sem isto não há salvação. Filho, deves evitar tudo o que sabes ser ofensa a Deus, isto é, todo o pecado mortal, de tal modo que prefiras sofrer todos os tormentos do martírio a cometer um só pecado mortal. Além disso, se o Senhor permitir que te sobrevenha alguma tribulação, deves suportá-la com generosidade e ação de graças, pensando que é para teu bem e que talvez a tenhas merecido. E se o Senhor te conceder alguma prosperidade, deves agradecer Lhe humildemente, procurando que não te seja causa de ruína moral, ou por vanglória ou por qualquer outro motivo, porque seria iníquo valer se dos dons de Deus para O combater ou ofender. Assiste de boa vontade e com devoção ao culto divino; enquanto estiveres na igreja, evita a distração do teu olhar ou as palavras inúteis e reza devotamente ao Senhor com oração vocal ou mental. Sê misericordioso para com os pobres, os infelizes e os aflitos e, segundo as tuas posses, ajuda os e reconforta os. Dá graças a Deus por todos os seus benefícios, a fim de seres digno de receber outros maiores. Sê justo para com os teus súbditos, sem nunca te desviares da linha reta da justiça, nem para a direita nem para a esquerda; coloca-te sempre mais do lado do pobre que do rico, até averiguares com certeza de que lado está a verdade. Sê diligente em procurar que todos os teus súbditos vivam em paz e justiça, sobretudo tratando-se de pessoas eclesiásticas e religiosas. Sê dedicado e obediente para com a nossa mãe, a Igreja Romana, e para com o Sumo Pontífice, nosso pai espiritual. Esforça-te por erradicar do teu território toda a espécie de pecado, principalmente as blasfémias e as heresias. Filho caríssimo, para terminar, eu te dou toda a bênção que um pai piedoso pode dar a seu filho. A Santíssima Trindade e todos os Santos te guardem de todo o mal. O Senhor te conceda a graça de cumprires sempre a sua vontade, servindo-o e honrando-o de tal modo que depois desta vida todos nós possamos vê lo, amá-lo e louvá-lo sem fim. Ámen”.
D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 30-08-2024.

«Há 475 anos que somos diocese» – D. Antonino Dias

 

Diocese  iniciou a celebração jubilar no dia 21 de agosto num tempo em que tudo está «em processo de mudança»

Foto: Comissão de Gestão do Património Religioso – Diocese de Portalegre-Castelo Branco


Castelo Branco, 27 ago 2024 (Ecclesia) – A Diocese de Portalegre-Castelo Branco iniciou no dia 21 de agosto a celebração dos 475 de criação, afirmando que é necessário ser criativo para evangelizar num tempo em que tudo está em “em processo de mudança”.

“A mudança estará sempre em curso, é no meio dela que temos de saber viver, que temos de saber ler os sinais dos tempos, que temos de evangelizar”, afirmou o bispo diocesano na edição do primeiro número da “Palavra que Une”.

“Palavra que Une” é uma publicação semanal que, até ao fim do ano civil, vai divulgar informação histórica e de cultura geral para ajudar à vivência do domingo, onde o bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, assina em cada número a secção “Numa palavra” e o restante conteúdo é da responsabilidade, em cada semana, dos vários membros do Conselho Presbiteral.

“Há 475 anos que somos diocese! Imaginamos a alegria dessa primeira hora com a publicação da Bula do Papa que delimitou o seu território, com a nomeação do seu primeiro Bispo e com a escolha duma igreja que lhe servisse de sede até à construção da catedral. Não acreditamos que tudo fosse um mar de rosas. Sabemos, porém, que a história diocesana foi-se fazendo, inclusive com o alargamento do seu território devido à reestruturação das Dioceses em Portugal. E aqui estamos”.

No primeiro texto da secção “Numa Palavra”, o bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco lembra que “muita coisa mudou, outras mudanças continuam em curso acelerado” e o futuro interpela e depende da maneira como se enfrenta 
 “profeticamente o presente              ”.                   Fotos: Agência ECCLESIA

A maneira de ser e estar mudaram, os interesses juvenis e as solicitações quotidianas mudaram, a família atravessa uma grande crise de identidade, a escola e o seu papel no campo do ensino e da educação mudaram, nós mudamos, as prioridades existenciais são outras, outros são os centros de interesse, tudo muda porque o mundo muda”, afirma.

D. Antonino Dias sustenta que “se tudo mudou ou está em processo de mudança, seria muito estranho e inútil que alguém firmasse os pés no chão a dizer que daqui não saio daqui ninguém me tira, querendo travar a mudança”, e desafia à evangelização a partir da leitura da mudança que está em curso.

Na primeira publicação realizada no âmbito do jubileu da diocese, o cónego Bonifácio Bernardo divulga informação sobre a história da Igreja Católica no território, lembrando que o bispado de Portalegre foi criado pelo Papa Paulo III, no dia 21 de agosto de 1549, sendo o primeiro bispo D. Julião de Alva (1550-1560), e passou a designar-se Portalegre-Castelo Branco em 1957, após a integração da quase totalidade das paróquias de Castelo Branco, que teve apenas três bispos, entre 1771- 1881.Foto Arquivo Jornal Reconquista, Sé de Castelo Branco

A Diocese de Portalegre-Castelo Branco tem atualmente 161 paróquias, distribuídas por cinco regiões (arciprestado de Abrantes 33 paróquias, de Castelo Branco 44, Ponte de Sor 27, Portalegre 22 e Sertã 35), 62 padres, 13 diáconos permanentes e centenas de ministros extraordinários da Comunhão, da Celebração Dominical e das Exéquias), e de Catequistas; o trabalho na região é também desenvolvido por religiosas de 13 institutos de Vida Consagrada e três institutos seculares, por associações, movimentos de leigos e por 39 misericórdias.

Nos próximos dois meses, as paróquias dos vários arciprestados vão assinalar a celebração do jubileu com uma peregrinação à Porta Santa: no dia 15 de setembro o arciprestado de Portalegre, dia 22 o de Castelo Branco e 29 o da Sertã; em outubro, o arciprestado de Ponte de Sor peregrina no dia 6 e o de Abrantes no dia 20.

O Jubileu da Diocese de Portalegre-Castelo Branco é assinalado também com a exposição “Um novo bispado – 475 anos”, inaugurada na catedral de Portalegre no dia 21 de agosto, que se desenvolve em cinco núcleos: “Um novo bispado”, “O Governo – Os Bispos”, “O Governo – O Cabido”, “A Catedral” e “O Culto"PR

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

MCC- ASSEMBLEIA PLENÁRIA 2024

 

Mcc - Diocese de Portalegre-Castelo Branco



ASSEMBLEIA PLENÁRIA 2024

Amigos(as) Cursilhistas:

No próximo dia 21 de setembro, vai decorrer em Fátima a nossa Assembleia Plenária. Iniciará às 09h15 e terminará cerca das 16h00.
A atividade decorrerá na Casa Nossa Senhora do Carmo.
Os Cursilhistas que desejam participar devem fazer chegar a cada centro de ultreia os seus dados de inscrição, o mais breve possível.
Cristo conta conosco...



quarta-feira, 28 de agosto de 2024

A vida que flui...



"De que maneira a minha atenção pode virar rio? Seguir de maneira fluida e levar-me para onde encontro mais paz? De que maneira eu podia recriar, cultivar, redescobrir a vida a cada instante? De que maneira eu já o faço? "

Acredito, plenamente, que onde coloco a minha atenção é parte do meu destino.

Aprender a ser livre dentro de nós e encontrar o nosso lugar de paz é um desafio. Mas cada vez compreendo melhor, que esse caminho só depende de nós e da forma como queremos encontrar-nos na vida. Esse é o retorno a casa.

A casa que nos apresenta o essencial da vida, onde devemos concentrar o nosso olhar, o nosso escutar e o nosso sentir. A casa que nos mostra a simplicidade de um abraço, a gargalhada indiscreta, , o toque apaziguador. A casa que nos mostra a verdade da nossa essência que é o amor.

Para lá chegar o caminho desafia-nos. Quantas vezes é no desconforto que nos redescobrimos? Que compreendemos melhor a nossa existência e a existência do outro?

E é aí que precisamos de tomar decisões minúsculas e que todos os dias podem reconstruir e dar um novo sentido a cada instante.

"Por vezes, construimos as nossas próprias jaulas e vivemos nelas, mesmo não havendo fechadura na porta".

Por isso, lembra-te, mesmo que caias, que vejas a tua escuridão, não há melhor caminho que aquele que nos leva a casa e pessoas que pelo meio, nos façam sorrir.

Procura-as! Sorri para elas!
Boa semana!


Carla Correia

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Levanta-te e anda!

 


O desânimo é um dos nossos maiores inimigos. Convence-nos de que as esperanças e as lutas para as alcançar não valem a pena. Que a noite não terá fim. Que é demasiado tarde para mudar o que quer que seja. Que o melhor é desistir…

O primeiro e mais importante sucesso do desalento é desviar-nos do nosso objetivo, fazendo-nos desacreditar nos nossos sonhos.

Que o medo não nos tome e nos faça escravos da desesperança.

Para não te perderes, é importante que decidas para onde queres ir. Que não queiras alcançar muitos destinos. Que não vás pelos caminhos dos outros ou pelos mais fáceis.

A cada dia, pode ser necessário ajustar o plano em algum ponto. Ainda que se mantenha o objetivo, temos de adaptar o percurso às circunstâncias em que nos é dado viver. Nenhum de nós controla a vida, mas somos livres de lhe responder de muitas formas.

Procura estar onde estás, porque quem quer estar em todo o lado nunca está em lado algum.

Decide-te. Escolher um caminho é dizer não a todos os outros. Nunca é demasiado tarde para mudar de destino e de caminho, mas cada passo que deres está dado, pois jamais alguém poderá desfazer ou refazer o que já foi feito.

Não deixes que o caminho te leve. Por vezes, é suposto ir por onde não há caminho!

Levanta-te e anda, sabendo que a cada dia o essencial não são os frutos que colhes, mas as sementes que lanças. Faz o que tens a fazer. Isso é muito mais valioso do que todas as consequências imediatas que tirares daí. Por melhores ou piores que sejam.

Ainda que não compreendas o porquê, levanta-te, alimenta-te, fortalece-te e anda… porque é longo o caminho que ainda tens de fazer, pelo meio de grandes desertos e, tantas vezes, por onde não há chão.

Confia. Mesmo que te sintas perdido, nunca estarás sozinho.


José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

«Para quem iremos, Senhor?»




Bom Pai,

nos desânimos da vida…

nas dúvidas que avassalam…

nos conflitos que rodeiam a mente humana…

nos gestos que semeiam joio…

nas palavras e murmúrios que magoam…

nas fomes que roubam o amor e cultivam a morte…


“Para quem iremos, Senhor?”


Só Tu, Senhor, libertas da escravidão do pecado estes Teus filhos abatidos.

Guias cada um de nós pelos desertos da vida e queres a nossa salvação.


Só Tu, Cristo, amas infinitamente a Tua Igreja.

És a cabeça de um corpo que se perde de amores

por um mundo onde a Fé e a Esperança estão longe de Ti.

Mas, em Ti os alicerces da Tua Grei são firmes.

Em Ti [e conTigo] encontramos paz, comunhão fraterna e amor.


Só Tu, Jesus, és o Pão Vivo!

Tu sacias a nossa sede de Palavras de Vida Eterna.

O Teu Santo Espírito dá Vida a esta carne que, um dia, será pó.


Hoje, Pai do Céu peço-Te para chegar mais perto do Senhor Jesus!

E… para servir a Sua Igreja Santa e Imaculada,

faz com que eu seja capaz de levar Jesus a todos e todos a Jesus!



 Liliana Dinis

domingo, 25 de agosto de 2024

voluntariado missionário


42 jovens dedicam-se a atividade de voluntariado missionário, numa semana que «ninguém vai esquecer»



«Estou a aprender que devemos dar mais importância ao que temos» – Beatriz Barbas, voluntária na CERCI Portalegre





Portalegre, 23 ago 2024 (Ecclesia) – 42 jovens, um número superior ao esperado pelo Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude e das Vocações de Portalegre-Castelo Branco, estão a dedicar parte das suas férias de verão a um “campo de voluntariado”, que termina este sábado.

“Está a ser muito bom, porque estamos a conseguir aprender com outras pessoas e também a perceber que, às vezes, não precisamos de ganhar nada para sermos felizes”, disse à Agência ECCLESIA Inês Ribeiro, de 17 anos de idade, da Paróquia de São Lourenço – Portalegre, .

Este campo de voluntariado missionário tem identidade cristã e católica e Mariana Lourenço considera que “é importante” testemunhar e mostrar a “fé na cidade”, partilhando-a com as outras pessoas.

“É bom, temos tido vários sorrisos na rua, muito apoio, a dizer que a nossa cidade precisa ser dinamizada, ficam contentes por nos verem ativos e por verem os jovens também a querer participar e a dar algum contributo à cidade”, destacou a jovem de 19 anos, que já participou em outras iniciativas de voluntariado.

Beatriz Barbas, com 17 anos, também é da Paróquia de São Lourenço – Portalegre e teve conhecimento deste campo de voluntariado pela amiga Inês Ribeiro, que participou na organização; decidiu juntar-se a ela porque “queria experimentar este tipo de voluntariado” em específico, “onde ia a outros sítios e ajudava vários tipos de pessoas”, que é diferente das iniciativas em que participou da Cáritas e do Banco Alimentar.

O campo de voluntariado ‘Missão Portalegre 24’ começou na segunda-feira e vai terminar este sábado: os 42 participantes foram divididos por três áreas de serviço – infância, idosos, e pessoas portadoras de deficiência -, em cinco instituições de Portalegre, da Santa Casa da Misericórdia, da CERCI e da APPACDM, e o Colégio Diocesano.

“Eu levo muita coisa, porque é uma nova experiência e acho que ninguém vai esquecer esta semana que estamos a passar todos juntos”, assinala Inês Ribeiro.





Beatriz Barbas está a viver esta semana na CERCI, onde “são todos muito simpáticos e gostam bastante” da presença dos jovens, aderindo às suas propostas.

“Estão sempre prontos para os jogos”, juntam-se “a cantar e a dançar”, e “também gostam” quando os voluntários se juntam nas atividades habituais de pintura, acrescenta


Estou a gostar bastante e a aprender muito com eles, assim eu vejo que a vida não é tão simples para algumas pessoas; Estou a aprender que devemos dar mais importância ao que temos”, desenvolveu a jovem que está com utentes “que vivem na CERCI porque a família não tem condições para estar com eles ou já não têm família”.

Inês Ribeiro está com os mais novos, na área da infância, no Centro Diocesano de Santo António, instituição que frequentou quando era pequena, considerando que “é bom ver as crianças que lá andam agora”, falar com elas, perceber o que é que gostam e fazer atividades com elas.

“Nós temos feito todos os dias uma oração, tocamos músicas da Igreja, vamos com elas à capela, falamos um bocadinho sobre Jesus. Hoje até teve lá o nosso padre a falar com as crianças e eles têm gostado muito”, explicou.






O pároco de Portalegre, que também está na organização desta atividade missionária considera que “a maior riqueza é para quem faz este voluntariado”, e destaca a “atitude do sim e este disponibilizar-se para os outros”, observando que os jovens “nem sempre saem de si mesmo para ir ao encontro dos outros”.

“Muitos destes jovens que estão aqui connosco participaram nas Jornadas Mundiais e sentiram, de facto, que aquela semana os marcou tão intensamente para dar a vida pelos outros. Ou, como diz o Papa Francisco, para sair da sua casa e do seu sofá para ir ao encontro e dos jovens evangelizarem outros jovens. E penso que, acima de tudo, foi este encontro”, explicou o padre Rui Rodrigues, em declarações à Agência ECCLESIA.

Inês Ribeiro, única das três jovens entrevistadas que participou na JMJ Lisboa 2023, recorda que essa “foi das melhores semanas” que já teve e esse espírito continuou este ano: “Conseguimos unir-nos bastante, fazíamos festas, e aproveitámos muito essa semana”.

Participam nesta ‘Missão Portalegre 24’ jovens de todos os arciprestados da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

“Eu acho que tem sido uma boa experiência e tem sido bom porque notamos que existem várias pessoas que estão dispostas a vir de longe para testemunhar a sua fé com os outros. E a nossa relação tem sido boa entre todos”, realçou Mariana Lourenço.


Mariana Lourenço, da Paróquia de São Lourenço – Portalegre, está com os idosos na Santa Casa da Misericórdia e vê que “muitos deles apenas gostavam de estar novamente na sua casa e com a sua família”, por isso, acha que vão “aprender a dar valor a isso” e o quanto importante pode ser a “marca” que deixam na sociedade.

“Vou valorizar mais a capacidade de fazer sorrir os outros e de estarmos em comunhão. Talvez não demos tanto valor a coisas básicas na vida; acima de tudo temos escutado, que eu acho que é aquilo que os idosos mais precisam, também temos animado, temos cantado músicas do seu tempo e vamos à capela”, desenvolveu, lembrando que, esta quinta-feira, deram “algumas frases de esperança e de motivação escritas pelo Papa Francisco”.

O padre Rui Rodrigues, que está em Portalegre há nove meses, assinala que teve “a graça de todas” as instituições “dizerem sim” a esta proposta de voluntariado e explica que “já era hábito, no verão, algumas receberem grupos de jovens antes pandemia” de Covid-19, mas no pós-pandemia “nunca mais ninguém apareceu e foi um rejuvenescer destas instituições”.

SERVIR O SENHOR

 



A liturgia do 21.º Domingo do Tempo Comum fala-nos de opções. Lembra-nos que podemos gastar a vida a perseguir valores estéreis ou, em contrapartida, a apostar em valores eternos, capazes de dar pleno sentido à nossa existência. Deus aponta-nos o caminho; mas a decisão final é sempre nossa.

Na primeira leitura, Josué convida as tribos de Israel reunidas em Siquém a escolherem entre “servir o Senhor” e servir outros deuses. A decisão não é difícil: o Povo viu como Deus agiu, ao longo da história, e está convicto de que só Javé lhe pode proporcionar a vida, a liberdade, o bem-estar e a paz.

Israel aceitou “servir o Senhor” e comprometer-se com Ele, não por obrigação, mas pela convicção de que era esse o caminho para ser feliz e encontrar Vida. Foi uma escolha livre de um povo que, depois de ver como Deus atuava, acreditou na bondade e no amor de Deus. Nós não somos escravos de Deus, obrigados a cumprir as regras que Ele impõe; Deus não é um concorrente do homem, um adversário controlador e ciumento que limita a nossa independência e que rouba a nossa liberdade. Deus apenas está interessado na nossa libertação, na nossa realização e na nossa felicidade. Como é que nós entendemos as propostas e os mandamentos de Deus: como exigências que condicionam e reprimem, ou como indicações seguras, fruto do amor e da bondade de Deus, para nos fazerem chegar à nossa plena realização?

O Evangelho apresenta-nos dois grupos de discípulos com atitudes diversas diante da proposta de Jesus. Um deles, ainda prisioneiro da lógica do mundo, está apenas preocupado com a satisfação das suas necessidades materiais e com a concretização dos seus projetos de poder, de ambição e de glória; por isso, recusa a proposta de Jesus. O outro (os Doze), aberto à ação de Deus e do Espírito, está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Este último grupo aponta o caminho aos verdadeiros discípulos de Jesus.

Um dos mais belos dons de Deus é a liberdade. Contudo, no exercício da liberdade, somos a cada passo confrontados com escolhas; e, muitas vezes as escolhas que fazemos são decisivas para o êxito ou o fracasso da nossa vida. É essa a grande questão que atravessa o Evangelho que escutamos neste domingo. De um lado está um projeto de vida – alimentado e cultivado por alguns dos discípulos que seguem Jesus – alicerçado na ambição pessoal, que busca glória humana, poder, bens materiais, resposta imediata a interesses próprios; é um projeto que responderá a determinadas necessidades básicas do homem, mas que dificilmente preencherá uma vida com sentido. Do outro lado está o projeto de Jesus, que propõe uma vida feita dom, concretizada em gestos de serviço, de partilha, de generosidade, de amor até ao extremo; é um projeto que, muitas vezes, implica andar contra a corrente e enfrentar a incompreensão e a perseguição, mas que conduz à Vida verdadeira e eterna. Como nos situamos face a isto? Qual a nossa opção?

Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos de Éfeso que a opção por Cristo tem consequências também ao nível da relação familiar. Para o seguidor de Jesus, o espaço da relação familiar tem de ser o lugar onde se manifestam os valores do Reino. Com a sua partilha de amor, com a sua união, com a sua comunhão de vida, o casal cristão é chamado a ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.

O amor de Cristo, manifestado em todos os gestos da sua vida, mas tornado patente de forma superlativa na cruz, é o modelo para todos os nossos “amores”, incluindo o amor dos esposos. O amor dos casais cristãos é um amor definido pelo dom total de si próprio em favor do outro; é um amor que vive de olhos postos no bem do outro; é um amor que não procura ser servido, mas servir e dar vida; é um amor que não é competição de direitos e deveres, mas comunidade de partilha e de serviço; é um amor que não é arrogante, nem orgulhoso, nem injusto, nem prepotente; é um amor que compreende os erros e as falhas do outro, e que tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Co 13,4-7). É assim que vivem e amam aqueles de entre nós que foram chamados à vocação matrimonial?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 24 de agosto de 2024

Um dia, tu vais saber



Um dia, tu vais saber que é o amor. Que é sempre o amor. A resposta a tudo, o sentido de tudo.

Um dia, tu vais saber que um abraço é porto de abrigo.

Um dia, tu vais saber que uma mão ampara por dentro e por fora.

Um dia, tu vais saber que um olhar de verdade toca a alma.

Um dia, tu vais saber que um sorriso é abraço ao coração.

Um dia, tu vais saber que a ternura cura.

Um dia, tu vais saber que um colo é aconchego que serena.

Um dia, tu vais saber que uma palavra dita com amor parece que abraça.

Um dia, tu vais saber que um silêncio sentido compreende tudo, sem ser preciso falar.

Um dia, tu vais saber que uma companhia que permanece é sol nos dias cinzentos, luz na escuridão, paz na tempestade.

Um dia, tu vais saber que cuidar é uma das formas mais bonitas de amar.

Um dia, tu vais saber que um gesto de bondade torna tudo melhor.

Um dia, tu vais saber que fazer alguém sorrir, no meio de tudo e apesar de tudo, é o que de mais bonito se pode andar aqui a fazer.

Um dia, tu vais saber o valor infinito que tem acender a chama da esperança no coração de alguém.

Um dia, tu vais saber que ter (e ser) um bom coração é tanto, é tudo.

Um dia, tu vais saber que as pessoas que te querem bem são o lado bom do mundo, a parte bonita da vida. E de tudo.

Um dia, tu vais saber que os melhores momentos são os que fazem o tempo parar e os que te acertam em cheio no coração… para sempre.

Um dia, tu vais saber que as coisas mais bonitas são as coisas do coração.

Um dia, tu vais saber que o amor salva.

E um dia, tu vais saber que é tudo o que importa.

Um dia, tu vais saber.

Que esse dia não tarde a chegar. E que, quando tu te esqueceres, haja sempre um sinal de amor que chegue para te abraçar e para te recordar.

Um dia, tu vais saber.

Que, um dia, esse dia seja todos os dias.


Daniela Barreira

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O PAPEL DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO



Neste texto, outra coisa não faço senão aguçar o apetite do leitor para ler uma carta que o Papa Francisco publicou em 17 de julho sobre a importância da literatura na educação, apelando ele à leitura “de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal”. Vou fazê-lo sem comentários, mas apenas fazendo sobressair algumas das suas afirmações, na esperança de suscitar que a Carta seja procurada e lida.
Afirma Francisco que, muitas vezes, “no tédio das férias, no calor e na solidão dos bairros desertos, encontrar um bom livro para ler torna-se um oásis, afastando-nos de outras escolhas que são nocivas. Na verdade, não faltam momentos de cansaço, irritação, desilusão, fracasso e, quando nem sequer na oração conseguimos encontrar o sossego da alma, pelo menos um bom livro ajuda-nos a enfrentar a tempestade, até que possamos ter um pouco mais de serenidade. Talvez essa leitura abra novos espaços interiores, capazes de evitar o encerramento naquelas poucas ideias obsessivas que nos enredam inexoravelmente. Antes da omnipresença dos media, das redes sociais, dos telemóveis e de outros dispositivos, esta era uma experiência frequente, e quem a viveu sabe bem do que estou a falar. Não se trata de algo ultrapassado”.
Refere Francisco que o leitor “é muito mais ativo quando lê um livro” do que quando está diante dos meios audiovisuais, pois, de certo modo, “reescreve-o, amplia-o com a sua imaginação, cria um mundo, usa as suas capacidades, a sua memória, os seus sonhos, a sua própria história cheia de dramatismo e simbolismo; e assim surge uma obra muito diferente daquela que o autor pretendia escrever. Uma obra literária é, portanto, um texto vivo e sempre fértil, capaz de falar de novo e de muitas maneiras, capaz de produzir uma síntese original com cada leitor que encontra. Este, enquanto lê, enriquece-se com o que recebe do autor, mas isso permite-lhe, ao mesmo tempo, fazer desabrochar a riqueza da sua própria pessoa, pois cada nova obra que lê renova e expande o seu universo pessoal”.
Francisco confessa que gosta “muito dos artistas das tragédias, porque todos podemos sentir as suas obras como nossas, como a expressão dos nossos próprios dramas. No fundo, ao chorar o destino das personagens, estamos a chorar por nós mesmos: o nosso vazio, as nossas falhas, a nossa solidão. Naturalmente, não estou a pedir para fazerdes as mesmas leituras que eu fiz. Cada um encontrará os livros que falarão à sua própria vida e que se tornarão verdadeiros companheiros de viagem. Não há nada mais contraproducente do que ler por obrigação, fazendo um esforço considerável só porque alguém disse que é essencial. Não, devemos selecionar as nossas leituras com abertura, surpresa, flexibilidade, orientação, mas também com sinceridade, tentando encontrar o que precisamos em cada momento da vida”.
Afirmando o Concílio vaticano II que 'a literatura e as artes […] procuram dar expressão à natureza do homem' e 'dar a conhecer as suas misérias e alegrias, necessidades e energias”, como será possível, pergunta o Papa, como será possível “alcançar o núcleo das culturas antigas e novas se ignorarmos, descartarmos e/ou silenciarmos os símbolos, mensagens, criações e narrativas com que se captaram e se quiseram mostrar e evocar os seus feitos e ideais mais belos, tal como as suas violências, medos e paixões mais profundas? Como falar ao coração dos homens se ignorarmos, relegarmos ou não valorizarmos “essas palavras” com que quiseram manifestar e, porque não, revelar o drama do seu viver e sentir através de romances e poemas? A missão eclesial soube desenvolver toda a sua beleza, frescura e novidade no encontro com diversas culturas – e muitas vezes graças à literatura – nas quais se enraizou, sem medo de arriscar e de extrair o melhor daquilo que encontrou”. A literatura “inspira-se na quotidianidade vivida, em suas paixões e acontecimentos reais, como "a ação, o trabalho, o amor, a morte e todas as pobres coisas que enchem a vida".
Muitos cientistas “afirmam que o hábito de ler produz muitos efeitos positivos na vida de uma pessoa: ajuda-a a adquirir um vocabulário mais vasto e, consequentemente, a desenvolver vários aspetos da sua inteligência; estimula também a imaginação e a criatividade; simultaneamente, permite que as pessoas aprendam a exprimir as suas narrativas de uma forma mais rica; melhora também a capacidade de concentração, reduz os níveis de deficit cognitivo e acalma o stress e a ansiedade. Mais ainda: prepara-nos para compreender e, assim, enfrentar as várias situações que podem surgir na vida. Ao ler, mergulhamos nas personagens, nas preocupações, nos dramas, nos perigos, nos medos de pessoas que acabaram por ultrapassar os desafios da vida, ou talvez, durante a leitura, demos às personagens conselhos que mais tarde nos servirão a nós mesmos”.
A dor ou o tédio que se sentem ao ler certos textos “não são necessariamente sensações más ou inúteis. O próprio Inácio de Loyola tinha observado que, 'naqueles que vão de mal a pior', o bom espírito age causando inquietação, agitação, insatisfação. Esta seria a aplicação literal da primeira regra inaciana do discernimento dos espíritos, reservada àqueles que 'vão de pecado mortal em pecado mortal', ou seja, nessas pessoas a ação do bom espírito «punge-lhes e remorde-lhes a consciência pelo instinto da razão», para as conduzir ao bem e à beleza”.
O ato de ler é, pois, “como um ato de ‘discernimento’, graças ao qual o leitor é implicado na primeira pessoa como “sujeito” da leitura e, ao mesmo tempo, como ‘objeto’ do que lê. Ao ler um romance ou uma obra poética, o leitor experimenta efetivamente ‘ser lido’ pelas palavras que vai lendo. Deste modo, o leitor é semelhante a um jogador em campo: faz acontecer o jogo, ao mesmo tempo que o jogo acontece através dele, na medida em que está totalmente envolvido naquilo que faz”.
Ao lermos um texto literário, “colocamo-nos na condição de 'ver com os olhos dos outros', adquirindo uma amplitude de perspetiva que alarga a nossa humanidade. Isto ativa em nós o poder empático da imaginação, que é um veículo fundamental para essa capacidade de identificação com o ponto de vista, a condição, o sentimento dos outros, sem a qual não há solidariedade, partilha, compaixão, misericórdia. Ao ler, descobrimos que o que sentimos não é só nosso, é universal, e, por isso, até a pessoa mais abandonada não se sente só”.

D. Antonino Dias . Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 23-08-2024.

A preparar o FIM das férias



Parece estranho que ainda nem fui de férias e já estou a pensar no fim delas. Passamos o ano todo a desejar férias e depositamos nesses dias todas as “fichas” da nossa felicidade. Esperamos que esse intervalo nos sossegue, acalme e nos dê animo para as lutas que se avizinham. E geralmente isso acontece, pois permitimo-nos a cortar rotinas e a ter tempo para fazer o que apetece.

Mas nem sempre é assim. Nem sempre fazemos o que nos apetece, sem sempre somos felizes nas férias e nem sempre “corre tudo bem”. Mas férias são férias, mesmo que chova, ou que tenhas que ficar em casa doente… são férias e só essa expressão muda completamente a nossa forma de estar.

Quando começam a chegar as férias, começamos a adiar tudo para depois….”depois das férias vejo isso e penso nisso”. Que bem que sabe! Geralmente o fim das férias implica o início de mais um ciclo da nossa vida. Seja o arranque do ano escolar, seja um novo desafio no trabalho, um novo projeto na comunidade, seja o que for, começa quando acabam as férias. E retoma tudo à rotina com a ideia de que as férias fizeram toda a diferença e que “agora é que é”.

Mas nem sempre é assim, pelo que acho que devemos preparar as férias a começar do fim. Como me quero sentir quando acabar as férias? Uns dirão que não querem fazer nada e que optam por ficar no “dolce fare niente”. Para outros as férias é uma canseira feliz pois desdobram-se em passeios, visitas, jantares e a fazer coisas que só se podem dar ao luxo nessas ocasiões.

Seja como for, devemos começar as férias a pensar no que gostaríamos de fazer e o que poderemos fazer, com uma boa dose de criatividade e realismo para que as nossas expectativas não frustrem o bom que esses dias nos podem oferecer. Sim, porque nem sempre o que desejamos é concretizável. Talvez pudesse pensar “o que gostaria de sentir nestas férias?” e a partir daí fazer a nossa procura pessoal.

Será desse sentimento que partirão à aventura, mas sem pôr demasiada pressão nesses dias que representam pouco mais que 5% do teu ano de trabalho, ou seja, vale o que vale. Que sejam umas boas férias sejam grandes ou pequenas, agitadas ou serenas, mas que sejam à tua imagem pois MERECES! No fim das férias falamos.


Raquel Rodrigues

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Notas soltas....

 


Dar espaço ao novo.
Paz de espírito.
Braços abertos para viver o que é.
A rotina de um dia simples.
A vida por entre janelas a sorrir.
A felicidade em cada propósito.
A passear a ver o mar a ler um livro.
A conversar com um amigo...

Diverte-te sempre...
Seja o que for... a fazer o que tem de ser feito... o que escolhes fazer... Na vida estamos condenados a ser livres
Ousa-a!

Por vezes a noção de normalidade atrapalha o caminho. Escolher o coração como guia é um ato de coragem.

A vida segue... e segue mesmo.
Cada um de nós faz o seu caminho todos os dias. Uns melhores que outros (os dias e nós).
E está tudo bem.
Porque a vida segue. Segue mesmo. Não há quem a pare. Mesmo que queira parar.

É um privilégio (a vida) que não deve ser adiado. Seja qual for a perspetiva, só de "a" olhar é bom.

Mais do que pedir, Agradecer...

Boa semana!


Carla Correia

«Segui o caminho da Prudência.»


Quem compreenderá a Tua vontade, meu Senhor e meu Deus?

A insensatez faz parte da Alma humana…
Gastamos o nosso tempo numa busca infinita pela sabedoria divina,
quando Tu, Senhor que nos dás a Vida, habitas em cada um de nós…

Não Te escutamos… e embriagados com o mundo afastamo-nos de TI.
MAS, Tu Senhor não desistes de nós!

Enviaste o Teu Filho muito amado e o Pão Vivo desceu do Céu.

Jesus abandonou-se, por inteiro, num humilde pedaço de Pão.

Nele a Vida Eterna ganha um sabor intenso de Paz,
de calor humano, de alegria infinita.

O Senhor habita, verdadeiramente, dentro de cada coração
que O acolhe nas migalhas de um pão que outrora fora ázimo.

Senhor… Meu bom Pai
ajuda esta Tua filha a entender que a carne de Jesus
é o Pão capaz de alimentar o chão do mundo,
com Palavras de Esperança
que conduz a humanidade à Vida Eterna.

Na noite, desta vida sem sabor,
que eu permaneça na Casa da Tua Sabedoria, Senhor;
que eu recarregue na Eucaristia a bagagem do meu viver;
que eu, alegremente, leve Jesus a Todos e Todos a Jesus!


 Liliana Dinis

terça-feira, 20 de agosto de 2024

A vida vai devagar



Quando uma desgraça súbita nos surpreende, a vontade mais íntima é a de encontrar uma resposta qualquer que, com toda a força concentrada, e de uma só vez, ultrapasse a questão. Ora, isso nunca resulta, porque o bem estabelece-se devagar, como a vida.

Só com uma dinâmica que conjugue a paciência com a esperança se pode encontrar maneira de superar as tragédias da existência.

Mas o mal parece preferir atacar de forma tão lenta e subtil que quase não se dá por ele. Quando isso acontece, já costuma estar espalhado e alojado nas fundações da nossa vida. Devíamos imitar esta forma de agir!

Não queiras tudo hoje. O que a vida nos pede é muito mais do que aquilo que conseguimos fazer num só dia. Por isso, condena-se à desgraça, quem acredita que hoje consegue fazer tudo o que deve, porque não compreende que o caminho para o céu é sempre demorado e a subir!

Muita atividade não significa qualidade.

Ninguém consegue dar tudo a todos, muito menos num só dia… Quem acredita nisso ainda se castiga a si mesmo, porque julga que a culpa é sua!

É verdade que devemos extrair de cada dia tudo o que nele há, mas com a mesma força temos de fazer de cada dia um degrau, um passo, no nosso trajeto para muito mais além.

Que nas nossas guerras saibamos encontrar a paciência para suportar o que temos mesmo de sofrer, mas também a esperança para nos mantermos no rumo para longe da tempestade e perto da paz.

Não apresses a vida, chegarás de forma mais rápida onde poderás ser feliz. Talvez mesmo encontres uma forma de o ser a cada passo.

Constrói o que tens de construir, com calma e firmeza. Se tudo se desmoronar, começa de novo, com o mesmo objetivo. Muda o que tens de mudar, mas não percas tempo com revoltas nem com tentativas de soluções miraculosas.

Quando alguém estiver longe de casa, que esteja sempre a caminho dela, por maior que seja a distância. O que importa não é a velocidade, é a direção.


José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Tudo é possível... Confia



Tudo é possível... Confia

Muitas vezes aquilo que achamos impossível, reflete apenas um medo interno. O medo de tentar, o medo de não nos acharmos suficientes, pouco mereceredores, falhar... uma série de emoções e crenças, válidas, porque fazem parte de nós, mas que apenas surgem porque o ser humano gosta de se manter na zona confortável, no que conhece e lhe traz segurança.

Não digo com isto que tenhamos de virar a vida ao contrário, fazer o pino todos os dias para provar que somos mais capazes. Não, de todo. Muito pelo contrário.

O que considero mesmo, muito importante, é a capacidade de nos questionarmos quando não saímos do mesmo lugar e permanecemos numa certa apatia, angústia,frustração, irritabilidade, tristeza...

O que me faz não avançar? O que me afasta do que amo? O que me faz feliz?

Tudo o que fazemos ou não, reflete as montanhas que temos de atravessar dentro de nós. E atravessar montanhas não é simples, mas é possível. Mais! É necessário.

Não te permitas ficar apenas no dia a dia. Vê mais longe, vê mais claro. Vê-te melhor. Olha para ti de forma inteira. Tenta. Uma vez, duas...erra, uma vez, duas... as que foram necessárias, mas avança. A vida é movimento. E a vida quer sempre o melhor para ti, mesmo que às vezes seja tão difícil compreender.

Só tu sabes o que tens dentro. O jardim que precisas regar.

Se o universo é infinito, as estrelas também existem no céu escuro. Nós é que não as vemos, mas elas estão lá.

Nunca estamos sozinhos. Nunca.

Confia!


Boa semana!


Carla Correia

domingo, 18 de agosto de 2024

Nossa Senhora da Assunção: «“… regressou a Sua casa!»







Bendita és Tu, Maria!


És caminho de Luz.

És palavra de Justiça.

És rosto de Esperança.

És pedaço de Fé.

És abraço de Amizade.

És colo de Fraternidade.

És coração de Paz.

És pão de Amor.


Em Ti, Nossa Mãe, o Plano de Salvação Divino

tem forma de Perdão e Ternura.

É realidade pura, terna e eterna.


ConTigo levas todas as ânsias destes Teus filhos teimosos e pecadores.

Nos Teus braços carregas o duro peso desta humanidade

que não escuta a Palavra de Deus…

que não quer conhecer a vontade do Pai…

que se nega a seguir o Teu Filho, amado…

que não se alimenta do Pão Vivo…

que não acolhe o braseiro do Santo Espírito

que não sente o pulsar do coração.


Hoje, lembramos a Tua gloriosa Assunção.

Entoamos cânticos de louvor em Tua honra.

Oferecemos ouro, pedras preciosas, a mais bela pérola…


Mas, TU…

Tu, Maria, Assumpta ao Céu…

apenas queres o nosso coração;

a nossa Disponibilidade para Servir a humanidade perdida.

o nosso Amor para que o mundo anseie Amar como TU!


Senhora do “SIM”,

Menina Moça do cândido fiat…

que o Teu amoroso olhar caia sobre cada um de nós;

que a Tua presença seja firme dentro de cada ser humano;

que a Tua vida seja o sol que irradia a nossa vida!


Eucaristós, MÃE de Deus e nossa Mãe…


Que cada um de nós seja como Tu:

capaz de levar Jesus a todos e todos a Jesus.


Liliana Dinis,


VIDA ETERNA




A liturgia do 20.º Domingo do Tempo Comum retoma um tema que tem sido recorrente nos últimos domingos: Deus acompanha cada passo dos seus filhos e filhas e, ao longo do caminho, não cessa de lhes proporcionar o alimento que dá a Vida eterna. Naturalmente, os homens têm de fazer a sua escolha e de acolher esse dom.

A primeira leitura conta-nos uma parábola sobre um banquete preparado pela “senhora sabedoria”, destinado aos “simples” e aos que pretendem vencer a insensatez. É um convite a acolhermos a “sabedoria” de Deus e a construirmos a nossa vida à luz das propostas de Deus.

Os que são admitidos na casa da “dona Sabedoria” e que participam do banquete que ela preparou são os “simples” e os “insensatos que querem deixar a insensatez e seguir o caminho da prudência”. Os “simples” são aqueles que não têm o coração demasiado cheio de si próprio, que não se fecham no orgulho e na autossuficiência, que reconhecem a sua pequenez e finitude e que se entregam com humildade e confiança nas mãos de Deus; os “insensatos que buscam o caminho da prudência” são aqueles que estão dispostos a mudar, que não se conformam com a vida do homem velho e querem ir mais além… Uns e outros são o paradigma de uma determinada atitude: a atitude de abertura aos dons de Deus, de disponibilidade para acolher a Vida de Deus… Como é que nos situamos diante de Deus, das suas indicações e propostas? Reconhecemos a nossa pequenez e a nossa incapacidade para encontrarmos, contando apenas connosco, o caminho para a realização, para a felicidade, para a Vida plena?

No Evangelho, Jesus reafirma que o objetivo final da sua missão é oferecer aos homens o alimento da Vida eterna. Para receber essa Vida, os discípulos são convidados a “comer a carne” e a “beber o sangue” de Jesus – isto é, a aderir à sua pessoa, a assimilar o seu projeto, a interiorizar as suas atitudes e os seus critérios de vida, a viver d’Ele. Na celebração da eucaristia, a comunidade de Jesus senta-se com Ele à mesa e recebe d’Ele o alimento que dá Vida.

Jesus apresenta-se como fonte de Vida para todos aqueles que aceitam a sua proposta e decidem caminhar atrás d’Ele. Ele garante poder saciar a nossa fome de Vida eterna e verdadeira. Na verdade, todos nós andamos à procura dessa Vida, de uma Vida que nos realize. Muitas vezes fazemo-lo em caminhos equivocados e temos, depois, de lidar com a frustração e a desilusão. Constatamos, a partir de experiências amargas, que o dinheiro, o poder, a ambição, o êxito social, a marca do carro que utilizamos, a qualidade da urbanização onde vivemos, a capacidade do nosso smartphone, não saciam nossa fome de Vida. Na nossa busca de Vida, há lugar para Jesus e para a proposta de Vida que Ele faz? Estamos disponíveis para acolher as indicações de Jesus, mesmo que elas nos pareçam desfasadas dos valores que a nossa sociedade cultiva e impõe?

A segunda leitura lembra aos cristãos a sua opção por Cristo. Exorta-os a não adormecerem, a repensarem continuamente as suas opções e os seus compromissos, a não se deixarem tentar pelo caminho da facilidade e do comodismo, a viverem com empenho e entusiasmo o seguimento de Cristo, a empenharem-se no testemunho dos valores em que acreditam.

Não resulta fácil vivermos sempre a cem por cento os compromissos que assumimos no nosso batismo. Com o passar do tempo, com o cansaço, com a monotonia, com o desencanto, com as preocupações e problemas que a vida traz, chegam a acomodação, a instalação, a tentação de “deixar correr” e passamos a viver a fé de uma forma “morna”, pouco empenhada, às vezes pouco consentânea com os compromissos que assumimos com Cristo. O autor da Carta aos Efésios diz, a propósito disto, que é uma estupidez termos descoberto e experimentado a Vida verdadeira e deixarmos que o homem velho do egoísmo e do pecado nos domine de novo… Não necessitaremos de “acordar” do sono que nos paralisa e de reencontrar o entusiasmo, a novidade de Deus, o desafio da fé? O que podemos fazer para revitalizar o nosso compromisso com a Vida nova que nos foi oferecida no dia do nosso batismo?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 17 de agosto de 2024

Santo do dia: Santa Beatriz da Silva


Santo do dia: Santa Beatriz da Silva


Santa Beatriz da Silva foi uma religiosa católica portuguesa que fundou a Ordem da Imaculada Conceição (Concepcionistas Franciscanas), dedicada à oração contemplativa.
A santa nasceu em 1426 em Ceuta, cidade do norte da África, que naquela época estava sob o domínio da coroa de Portugal.
A mãe de Beatriz, seguindo a tradição familiar, era muito devota da Ordem de São Francisco e, por isso, encomendou a educação religiosa de seus onze filhos aos padres franciscanos, que semearam em suas almas um amor especial pela Imaculada Conceição.
O quinto dos irmãos de Beatriz, chamado João – mais tarde Beato Amadeu da Silva –, tomou o hábito de São Francisco e fundou a associação chamada “amadeístas”.
Beatriz chegou a Castela em 1447, acompanhando como donzela de Isabel de Portugal, que partia de seu reino para contrair matrimônio com o rei de Castela, João II.
Entretanto, passado certo tempo, como sua beleza provocava a admiração dos nobres ou, talvez, porque a própria rainha temia ver nela uma perigosa rival, Beatriz abandonou a corte real que estava em Tordesilhas (Valladolid) e ingressou no mosteiro cisterciense de Santo Domingo de Silos, em Toledo, no qual duramente 30 anos dedicou-se unicamente a Deus.
Depois desses quase trinta anos de dedicação a Deus, decidiu fundar um novo mosteiro que foi a primeira sede da Ordem da Imaculada Conceição.
Em 1489, a pedido de Beatriz e da rainha Isabel a católica, o Papa Inocêncio VIII autorizou a fundação do novo mosteiro e aprovou as principais regras. Entretanto, antes que começasse a vida regular no novo mosteiro, Beatriz faleceu em 1492.
A nova família religiosa se difundiu rapidamente por diversas nações europeias e depois também na América. Atualmente, é formada por cerca de 3 mil religiosas que vivem em 150 mosteiros espalhados por todo o mundo.
O culto a Santa Beatriz foi confirmado por Pio XI em 28 de julho de 1926, com o título de Beata. Foi canonizada em 3 de outubro de 1976 pelo Papa Paulo VI e seus restos mortais se conservam para veneração pública na Casa Mãe de Toledo, na Espanha.

Santoral

Festas em Honra de Nossa senhora de Assunção

 



A Paróquia de Arronches voltou a celebrar as Festas em Honra da sua Padroeira Nossa Senhora da Assunção, com a missa solene seguida de procissão e desfile e benção de carroças. à noite seguiu se a tradicional "Noite de Fados", na Praça da República, quinta-feira, dia 15 de agosto, feriado nacional.
Uma animada noite de fados que contou com a participação de 4 fadistas alentejanos.
No final do espetáculo e com todos os artistas em palco, o padre Fernando Farinha, agradeceu a disponibilidade de todos os fadistas e equipa de Som, assim como a todas as entidades que colaboraram com a organização, que fizeram possível a Festa em Honra de Nossa Senhora D’Assunção,
A organização conjunta da festa em 2024, foi da Paróquia de Arronches, da Junta de Freguesia de Assunção, Câmara Municipal, Romeiros de Esperança e Grupo das Pedrinhas e apoio da GNR e voluntários da paróquia..

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

DE CAMPO MAIOR A OUTRAS PARAGENS...



A vida dá muitas voltas e voltinhas, soe dizer-se. Tem muitas retas a percorrer e montras a contemplar, à mistura com imensas curvas, contracurvas e esquinas a dobrar e obstáculos a saltar. Ninguém deseja entrar por becos sem saída, cheios de lixo, escuridão e grafites sem leitura. O sonho comanda a vida, escreveu o poeta. Só o fará, porém, se a vida se deixar mesmo comandar pelo sonho, o que nem sempre acontece.
Beatriz de Menezes da Silva nasceu em 1424, em Campo Maior, distrito de Portalegre. Era a oitava filha de D. Rui Gomes da Silva, Alcaide de Campo Maior, e de D. Isabel de Meneses, Condessa de Portalegre, filha de D. Pedro de Meneses, Conde de Vila Real. Descendia também dos condes de Ourém e Barcelos, linhagem antiga a entroncar em D. Sancho I, rei de Portugal. Quando sua prima, Isabel de Portugal, casou com D. João II, rei de Castela, Beatriz foi para a corte de Castela com a sua prima, como dama de honor. Narram as crónicas que Beatriz foi bafejada por distinta apresentação e beleza, por natural polidez e empatia, por qualidades morais e virtudes extraordinárias a merecer, de todos, a maior admiração e elogios. Pelo que li, só a rainha Isabel de Portugal é que começou a inchar de ciúmes e de morrinha anti Beatriz, a ponto de a querer aviar desta vida para melhor numa artimanha macabra lá pelos subterrâneos do palácio. Na hora da extrema aflição e sofrimento, Beatriz invoca Deus e entrega-se nas suas mãos. Quando já estava mais para lá do que para cá, brilhou naquela escuridão e antecâmara da morte uma grande luz: apareceu-lhe a Virgem Imaculada, com o Menino Jesus ao colo, vestindo um hábito e escapulário brancos com um manto azul-celeste sobre os ombros e doze estrelas sobre a cabeça, que lhe disse: "Minha filha, vês os hábitos que trago? Pois bem. No fim de três dias serás livre desta prisão e fundarás uma Ordem religiosa em louvor da minha Conceição Imaculada".
Depois de três dias de ausência da corte, todos começaram a notar o estranho sumiço de Beatriz, a qual não fora caçar gambozinos para os arredores do palácio nem dar umas voltinhas pelos festivais de Marvão, do Crato, de Vilar de Mouros, de Paredes de Coura ou do Rock in Rio, pois ainda não existiam. Dom João de Menezes, seu tio, intrigado, procurou a rainha Isabel para saber se ela sabia do paradeiro da sua sobrinha. De nariz empinado com tal preocupação e curiosidade, sempre levou o tio à cave do palácio, esperando que ele encontrasse um cadáver já empestado. Em vez disso, eis uma inaudita surpresa, triste surpresa para Isabel, feliz para Dom João. Beatriz estava bela, sorridente e de rosto iluminado, deixando a Rainha com cara de caso.
Em seu tempo, Beatriz, humildemente, pediu autorização para sair da Corte e ir para um Mosteiro. E logo parte para o Mosteiro de São Domingos, em Toledo, preparando-se, na obediência e no silêncio, na ação e na oração, para a grande missão que Nossa Senhora lhe confiara. Depois de mais de 30 anos, Nossa Senhora volta a aparecer-lhe, animando-a à criação da sua Ordem religiosa: a Ordem das Concepcionistas, a Ordem da Imaculada Conceição. Por ironia do destino, se Isabel de Portugal, a rainha de Castela e sua prima, lhe queria oferecer o bilhete para a barca de Caronte, foi agora a sua filha, também ela com o mesmo nome de Isabel – Isabel, a Católica – foi ela quem se tornou cofundadora e benfeitora da nova Ordem religiosa. Doou à Ordem os Palácios de Galiana e a Igreja de Santa Fé e ajudou a conseguir a Bula de Aprovação da Ordem pelo Papa Inocêncio VIII em 1489.
Deixando o Mosteiro de S. Domingos em 1484 e acompanhada por 12 jovens, entrou nos palácios de Galiana já adaptados à forma de Mosteiro. Como Nossa Senhora lhe apareceu vestida, assim elas começaram a usar hábito e escapulário brancos, manto azul e cordão à cintura.
Aos 67 anos, Beatriz recebeu uma terceira visita de Nossa Senhora, que lhe disse: "Minha filha, prepara-te que de hoje a 10 dias virás comigo para o paraíso". Beatriz interrogou-se sobre o futuro da sua Ordem e das suas filhas espirituais ainda jovens. Implora a proteção de Deus para a Obra e coloca-a sob a proteção dos Franciscanos, também eles defensores da Conceição Imaculada de Maria.
A 9 de agosto de 1491 partiu com fama de santidade. Quem assistiu aos últimos momentos de Beatriz, testemunhou toda a serenidade e beleza que expressava, a aura celestial de paz e felicidade que envolvia o seu rosto. A notícia logo se espalhou por toda a região, o povo convergiu para o mosteiro para contemplar o acontecido.
Cerca de 400 anos antes da declaração oficial, Beatriz dá um testemunho vivo de fé no dogma da Imaculada Conceição. Paulo VI canonizou Beatriz a 3 de outubro de 1976. Liturgicamente, celebra-se a 17 de agosto. Seu Irmão, o franciscano Beato Amadeu da Silva, foi grande e influente em Itália, foi confessor e conselheiro do Papa Sisto IV, celebra-se a 12 de agosto.
Quem for tomar café a Campo Maior - café DELTA, claro está -, esbarra com uma enorme estátua de Santa Beatriz da Silva, ali um pouco ao lado da também grande estátua do saudoso Empresário e Comendador Rui Nabeiro. E embora seja indispensável à vida e sejam precisas pessoas empreendedoras, como foi o caso de Rui Nabeiro, também é certo que nem só de pão vive o homem, mas também da Palavra que sai da boca de Deus. Que ambos deem as mãos e unam as suas vozes a interceder por todos nós, mesmo que lhes apeteça gargalhar com tanta comédia humana pelos palcos desta vida.
A propósito, e porque é o sonho que comanda a vida, sei que a Comunidade de Monjas do Mosteiro de Campo Maior convida todas as jovens que sentem o desejo de se encontrar consigo mesmas e com Deus, para um retiro, de 4 a 7 de setembro próximo. Termina com a cerimónia da Profissão de Votos Simples de duas Irmãs.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 16 de agosto de 2024.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria






Bendita és tu, Maria! Hoje, Jesus ressuscitado acolhe a sua mãe na glória do céu... Hoje, Jesus vivo, glorificado à direita do Pai, põe sobre a cabeça da sua mãe a coroa de doze estrelas...
Primeira leitura: Maria, imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.
Salmo: Bendita és tu, Virgem Maria! A esposa do rei é Maria. Ela tem os favores de Deus e está associada para sempre à glória do seu Filho.
Segunda leitura: Maria, nova Eva. Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens.
Evangelho: Maria, Mãe dos crentes. Cheia do Espírito Santo, Maria, a primeira, encontra as palavras da fé e da esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada!


O cântico de Maria descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo, que ele prosseguiu em Maria e que cumpre agora na Igreja, para todos os tempos.
Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Dormição e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pelo caminho da ressurreição.
Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: "dispersou os soberbos, exaltou os humildes". Os humildes são aqueles que crêem no cumprimento das palavras de Deus e se põem a caminho, aqueles que acolhem até ao mais íntimo do seu ser a Vida nova, Cristo, para o levar ao nosso mundo. Deus debruça-se sobre eles e cumpre neles maravilhas.

Rezar por Maria.
Frequentemente, ouvimos a expressão: "rezar à Virgem Maria"... Esta maneira de falar não é absolutamente exacta, porque a oração cristã dirige-se a Deus, ao Pai, ao Filho e ao Espírito: só Deus atende a oração. Os nossos irmãos protestantes que, contrariamente ao que se pretende, por vezes têm a mesma fé que os católicos e os ortodoxos na Virgem Maria Mãe de Deus, recordam-nos que Maria é e se diz ela própria a Serva do Senhor.
Rezar por Maria é pedir que ela reze por nós: "Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte!" A sua intervenção maternal em Caná resume bem a sua intercessão em nosso favor. Ela é nossa "advogada" e diz-nos: "Fazei tudo o que Ele vos disser!"

Rezar com Maria.
Ela está ao nosso lado para nos levar na oração, como uma mãe sustenta a palavra balbuciante do seu filho. Na glória de Deus, na qual nós a honramos hoje, ela prossegue a missão que Jesus lhe confiou sobre a Cruz: "Eis o teu Filho!" Rezar com Maria, mais que nos ajoelharmos diante dela, é ajoelhar-se ao seu lado para nos juntarmos à sua oração. Ela acompanha-nos e guia-nos na nossa caminhada junto de Deus.

Rezar como Maria.

Aprendemos junto de Maria os caminhos da oração. Na escola daquela que "guardava e meditava no seu coração" os acontecimentos do nascimento e da infância de Jesus, nós meditamos o Evangelho e, à luz do Espírito Santo, avançamos nos caminhos da verdade. A nossa oração torna-se acção de graças no eco ao Magnificat. Pomos os nossos passos nos passos de Maria para dizer com ela na confiança: "que tudo seja feito segundo a tua Palavra, Senhor!"

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Mas que há bons padres, há!



A vocação do sacerdócio, não será para quem quer. Muitos descrevem-na como um mistério, um chamamento, uma vontade repentina de seguir o exemplo de Jesus. E cumprem na prática essa vocação.

Devo sublinhar, numa espécie de declaração de interesses, que o presente artigo, não é escrito a pedido, ou até influenciado por terceiros, tendo em conta o meio profissional em que me movo. Mas é um texto justo e franco direcionado aos bons padres que a Igreja também tem. Em 13 anos de colaboração profissional de âmbito religioso, e como em todas as atividades e ofícios, reconheço que há padres que nunca deveriam ter seguido essa vocação, porque simplesmente não a têm, mas há aqueles, que me fazem ter vontade de escrever este texto.

A vocação do sacerdócio, não será para quem quer. Muitos descrevem-na como um mistério, um chamamento, uma vontade repentina de seguir o exemplo de Jesus. E cumprem na prática essa vocação.

Ora, se Jesus Cristo é o modelo do ministério sacerdotal, nada fará mais sentido do que um padre que cumpre a missão de bondade, respeito e não julgamento do próximo. Na exortação apostólica Pastores dabo vobis lançada a 25 de março de 1992 pelo Papa João Paulo II, é destacada a formação humana como base de toda a formação sacerdotal. “O princípio interior, a virtude que orienta e anima a vida espiritual do presbítero, enquanto configurado a Cristo Cabeça e Pastor, é a caridade pastoral, participação da própria caridade pastoral de Cristo Jesus: dom gratuito do Espírito Santo, e ao mesmo tempo tarefa e apelo a uma resposta livre e responsável do sacerdote” (p.23).

E efetivamente, há sacerdotes de uma bondade extrema, de um cuidado constante ao próximo, modernos, arejados de pensamento, porque no campo da interpretação dos cânones religiosos, as leituras são por vezes diversas e diferenciadas.

Estes padres têm rotinas intensas de trabalho e em meios interiores, cada vez mais paróquias são destinadas ao mesmo sacerdote, pela falta de homens que queiram seguir essa vocação. Atendem, ouvem e escutam os problemas de quem os procura, dando resposta veloz. Celebram, às vezes, a eucaristia, na presença de poucos participantes, sem por isso desmotivarem. Alguns são jovens, demasiado jovens até, e é lhes cobrado, principalmente em meios mais locais, em jeito de senso comum e mesmo que de forma não evidente, que não saiam à noite, que não bebam, que não sejam vistos de forma mais íntima com outras pessoas.

Os padres, mesmo que abraçando a vocação com toda a força e determinação, são antes de tudo, homens, e não é por isso de estranhar que alguns em Portugal, estejam agora a comunicar através das redes sociais, conquistando milhares de visualizações e likes. São talvez das classes profissionais, com mais sentido de humor, a seguir obviamente aos jornalistas. Basta assistir a um torneio de futsal do Clericus Cup, para se perceber o ambiente descontraído e de camaradagem saudável que se respira.

Não hesito a abraçar os padres de quem gosto e por quem tenho estima, cultivada ao longo destes anos. Uma vez em trabalho bati com o carro, numa pequena povoação. Não vi uma rocha, enquanto estacionava. Valeu-me um padre que não me conhecia de lado nenhum, que não só arregaçou as mangas para tirar o pneu, como foi a pé, chamar um mecânico para me ajudar.

O meu ar de aborrecimento por toda a situação contrastava com o seu ar de alegria em poder ajudar. Outros recordam-me de forma constante, nas suas orações. Orar por alguém, crente ou não crente, é um raro gesto de amor. Assim como é rara a dedicação de quem visita enfermarias ao longo de todo o dia, para ouvir, para rezar em conjunto, para aliviar a dor de quem sofre.

Os capelães hospitalares desempenham um trabalho notável, nem sempre reconhecido. Ouvem e guardam para si os últimos suspiros. Esta entrega total, de quem é constantemente solicitado (celebrando várias missas em dias da semana e particularmente ao domingo) é esquecida… e o tempo para acolher, que é necessário, é muitas vezes roubado.

Ainda assim, há vários exemplos em Portugal, de sacerdotes que criaram valências, associações de apoio aos mais necessitados. E no fim da vida, estes padres são amparados em seminários ou instituições religiosas diversas, mas não deixam também em alguns casos, de se sentirem profundamente sós e esquecidos.

Procuro entender por que motivos decidem ser padres. Não há desgostos amorosos, nem muitas vezes contextos familiares que o incentivem. É um mistério. Mas que há bons padres, há.


[@Liliana Carona]

terça-feira, 13 de agosto de 2024

O Ruído que se ouve quando fazemos silêncio



Quando foi a última vez que tiveste de ficar em silêncio, lembras-te?

Quando ficaste a ouvir o silêncio, sem redes sociais e sem conversas fúteis, foi fácil?

Vai lá, a esse momento, ou então propõe-te a fazer esse exercício e desligar do mundo e diz-me: para onde foste? O que fizeste? A verdade é que mesmo que fisicamente fiques parada a tua mente viaja, incomoda-se com pensamentos, perturbasse com sentimentos e NÃO TE DEIXA ESTAR EM SILÊNCIO. Faz um ruído estranho, desconexo e perturbador que faz com que esse momento se torne desconfortável.

Confesso que ainda não sei dominar isso, pelo que o silêncio às vezes me faz muito barulho!

Quando participei nas Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa tive a oportunidade de estar muitas vezes em silêncio, apesar de haver barulho e bulício, mas nada comparável à vigília da ultima noite no campo da Graça. No meio do caos organizado, das ambulâncias e da multidão foi proposto a adoração ao Santíssimo Sacramento: “impensável, não há condições” ao que direi “único e irrepetível”.

O silêncio era quase absoluto, mas confesso que havia muito barulho cá dentro. Havia muita prece, muita gratidão e muita vontade de Lhe contar tudo o que ia na alma. Aos poucos sosseguei e apreciei a presença de Deus em cada ruído que ouvia, na brisa que sentia e em cada um que partilhava o minguo espaço que tínhamos. O momento foi especial mas lamento que, no dia a dia, nem sempre consiga sentir o silêncio que me leva a ouvir a voz de Deus. Não a voz das tarefas, afazeres, rancores ou chatices, mas a voz que serena e acalma a tempestade.

Mas esse é um treino que cada um deve fazer: treinar o espírito como treina o corpo!

Aprender a discernir o ruído que perturba da voz interior, não é algo que se consiga à primeira mas implica um trabalho constante e interminável para o qual eu ainda estou longe de terminar. Não vale a pena desanimar, mas educar a mente para os sentimentos que queremos que predominem no nosso coração. Devagar, devagarinho, talvez consigamos apreciar mais o silêncio.

E tu amiga, como tens vivido os teus silêncios.


Raquel Rodrigues

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Fortalecido com aquele alimento…




Senhor…

quantas vezes,

me sento no banco de uma igreja a contemplar

o Sacrário fechado onde habitas!


Peço-Te que elimines do meu peito:

o azedume, a irritação, a cólera,

os insultos, a maledicência e toda a espécie de maldade.


Anseio, ardentemente, saborear-Te,

Pão vivo descido do Céu!


Só Tu, Jesus, és o meu refúgio… és o Rosto do Pai.

Então…

fecho os olhos… levanto-me… e confio!

Vou de mãos livres, silêncio na fronte…

respiro o Teu infinito perdão e

acolho-Te no meu coração, para amar os irmãos.


Sou Sacrário Vivo onde habita o doce Pão de Deus.


Saciada com o Pão da Vida, ganho um novo ânimo,

e parto a anunciar a Palavra que irradia a Esperança da Redenção.


Acredito em Ti, meu Deus, Bom Pai,

que desejas para a humanidade inteira a alegria de uma Vida plena!


Acredito em Ti, Filho de José, humilde carpinteiro,

que me dás a Vida eterna, que me fortaleces e

me envias a ser caridade no mundo.


Acredito em Ti, Espírito Santo

que me amparas e me iluminas,

[que queres de mim precisar]

para que eu leve Jesus a todos e todos a Jesus!



Liliana Dinis

domingo, 11 de agosto de 2024

Pão da Vida

 



A liturgia do 19.º Domingo do Tempo Comum reitera a eterna preocupação de Deus em oferecer aos seus filhos, de forma gratuita, Vida abundante e verdadeira. Esse “dom” da Vida, concretizado em cada passo da história da salvação, atinge o seu momento culminante quando Jesus incarnou na nossa história e nos ofereceu o “pão” de Deus.

A primeira leitura
mostra como Deus fica ao lado do profeta Elias, perseguido pela rainha Jezabel por causa da sua fidelidade e do seu testemunho. Ao oferecer ao profeta “pão cozido sobre pedras quentes” e uma “bilha de água”, Deus mostra a sua solicitude, o seu cuidado, a sua bondade, o seu amor nunca desmentido. O alimento que Deus oferece reconforta o profeta, restaura-lhe as forças, fá-lo voltar, com entusiasmo e ardor renovado, ao caminho e à missão.

O Evangelho apresenta Jesus como o “pão” vivo que desceu do céu para trazer Vida a todos os filhos e filhas de Deus. Para que esse “pão” seja, para nós, fonte de Vida eterna, temos de “acreditar” em Jesus. “Acreditar” é aderir a Jesus, acolher as suas propostas, abraçar o seu projeto, assumir o seu estilo de vida, segui-l’O no “sim” a Deus e no amor aos irmãos.

Antes de nos pormos a caminho para receber o Pão da Vida, Jesus recorda-nos que, antes de mais, somos convidados, que é Deus que dá o primeiro passo: “Felizes os convidados para a ceia do Senhor!” De seguida, pede-nos que façamos um ato de fé: “Dizei uma palavra e serei salvo!” Crer n’Aquele que Deus enviou… Crer, isto é, ter confiança nas suas palavras e nos seus gestos. Aquele que tem confiança sabe que não ficará dececionado. O que Cristo quer é que vivamos plenamente, enquanto vamos ao seu encontro: a sua palavra é alimento, a sua carne (a sua pessoa) é alimento, com Ele ficamos saciados. Ele vem até nós para que vivamos d’Ele e, por Ele, a nossa vida ganhe sentido, os nossos gestos possam dar a vida, as nossas palavras possam exprimir a ternura, a nossa oração se torne relação filial com o Pai.

A segunda leitura mostra-nos as consequências da adesão a Jesus, o “pão” da vida. Quem acredita em Jesus e adere à proposta que Ele faz, torna-se Homem Novo. Renuncia à vida velha do egoísmo e do pecado e passa a viver no amor, a exemplo de Cristo.

Ter Cristo como modelo implica, na perspetiva de Paulo, ser testemunha e sinal da bondade, da misericórdia, do amor de Deus no mundo. O apóstolo, de uma forma bem concreta, especifica que o azedume, a irritação, o rancor, o insulto, a violência, a má-língua, a inveja, o orgulho mesquinho são atitudes incompatíveis com as exigências do seguimento de Jesus. Esses “vícios” são a marca do “homem velho” que não cabem na existência de um “filho de Deus”, cuja vida foi marcada com o selo do Espírito e que é conduzido pelo Espírito. Como é que eu trato os irmãos que vão ao meu lado na estrada da vida? Procuro ser um sinal vivo da bondade e da ternura de Deus para com todos os que se cruzam comigo?