Apesar da correria da vida diária, temos necessidade de buscá-lo incansavelmente nas pessoas e acontecimentos
Não parece tão fácil. Seus silêncios nos desconcertam e suas palavras muitas vezes parecem incompreensíveis. Dá a impressão de que ele não fala o nosso idioma. Pelo menos não o entendemos. Sua voz parece um sussurro, uma melodia quase imperceptível.
Mas Ele está aí, ao nosso lado, todos os dias, acompanhando-nos no caminho. Ele nos abraça e nos sustenta quando nos sentimos cansados; Ele nos motiva a vencer nossas limitações quando não somos capazes de segui-lo.
Ele fala e cala, mas sempre nos olha. Sim, seu olhar é o olhar de um pai que ama, uma janela aberta ao céu, um abismo de misericórdia, um broto de esperança no meio da noite. Ele não deixa de contemplar nossos passos, de prever nossas quedas, de esperar-nos quando nos cansamos.
Mas isso sim: Ele respeita totalmente a nossa liberdade! Nunca a violenta, não nos força. Só quer nos seduzir com o seu amor, atrair-nos com a sua voz. Subitamente, ao descansar em seus braços, sentimos uma paz desconhecida. E, em nosso coração, descobrimos novas respostas, como se Ele as tivesse semeado em nossa alma enquanto dormíamos.
Para isso, é preciso, certamente, um jardim bem cuidado, uma terra bem trabalhada, profunda e fértil. É preciso um oceano fundo, porque, entre os barulhos da vida diária, sua voz se perde. É preciso aprender a “perder tempo” ao seu lado, buscá-lo, dedicar-nos a essa espera muitas vezes aparentemente infecunda.
Deus nos convida a buscá-lo nas pessoas, nos lugares, no vazio. Não quer que o busquemos somente naquilo que nos encanta e fascina, mas que o procuremos também naquilo que nos desagrada, nos rostos que não são tão simpáticos.
Ele quer que aprendamos a ler o livro da nossa própria vida, cheia de erros e rabiscos. Com paciência, decifrando sinais, levantando pedras, ventilando de vez em quando o quarto da alma, pelo qual o Senhor passeia. Sim, é claro que Deus nos fala!
Não podemos fazer nada para que Ele nos fale mais, nem mais claramente. Mas sim podemos fazer muito por aprender a escutar sua voz em meio a tantas vozes que nos confundem. Deus nos fala no humano e, a partir do humano, Ele nos conduz às alturas, ao seu coração.
O Pe. Kentenich dizia que “todo o criado pode acender meu coração: uma figura feminina, um bem terreno, uma ideia etc. Tudo isso pode me acender, mas meu agir precisa estar sempre dirigido ao divino”.
Deus sempre quer que subamos mais alto, que voemos até as alturas. Que levemos ao seu coração de Pai todo o humano que temos, nossas fraquezas e fortalezas, as tristezas e alegrias, as lágrimas e os sorrisos.
Porque tudo isso agrada Deus. Tudo lhe importa.
Padre Carlos Padilla
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