Deus sonha e quer! E quando Deus quer e o homem sonha, a obra nasce, afirmava Fernando Pessoa, que também dizia que o homem é do tamanho do seu sonho. Sim, o sonho comanda a vida, e sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos duma criança, escrevia António Gedeão.
O segredo deste êxito, o segredo da concretização deste sonho está em não desistir de promover a cultura do amor. E São Paulo aponta os caminhos a percorrer em direção a essa meta: «O amor é paciente, o amor é prestável; não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, nem guarda ressentimento, não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1Cor 13, 4-7).
Lemos na Amoris Laetitia que “A maturidade chega a uma família quando a vida emotiva dos seus membros se transforma numa sensibilidade que não domina nem obscurece as grandes opções e valores, mas segue a sua liberdade, brota dela, enriquece-a, embeleza-a e torna-a mais harmoniosa para bem de todos” (AL146).
Por entre as alegrias e as tristezas com que a vida mimoseia a todos, as famílias cristãs encontram na Família de Nazaré um estímulo para serem também uma comunidade de vida e de amor, de união e de paz. Encontram nela, não só um estímulo, também uma fonte de proteção e de auxílio divino.
Vamos torcer para que 2017 dê azo à concretização do sonho de Deus no seio de cada família que não deve desistir de sonhar. Que os jovens sejam capazes de sonhar e construir uma família em conformidade com o sonho de Deus. Não existe amor verdadeiro a prazo. Ou apenas e só até que o estrugido se queime ou ele ou ela descubra que ela ou ele não sabe cozinhar a siricaia ou as tortas de Azeitão. Esse é o amor assente sobre a areia e não sobre a rocha, faz parte da cultura do provisório, do usa e deita fora. Há uma pedagogia do amor que não se pode descorar: “o amor é artesanal”, uma tarefa nunca acabada (AL221) a exigir tempo e gratuidade, um exercício de jardinagem que, se cuidado, dá belíssimas e variadas flores. Apesar dessa tarefa nem sempre ser fácil, é pelo sonho que vamos. E sonhando, é importante partir com esperança, caminhar sem desânimo e sentir que somos amados por Deus mesmo que os tropeções sejam muitos e não consigamos chegar ao ponto mais alto que gostaríamos de alcançar. Mas é pelo sonho que vamos. E foi assim que escreveu Sebastião da Gama:
“Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.”
D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
30/12/2016.
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