sábado, 29 de julho de 2023

É hora de um novo respirar!


Chegou o momento. As pré-jornadas iniciaram. Os peregrinos já começaram a pisar o solo luso e sente-se, nas ruas das nossas cidades, a tão desejada “pressa no ar”. Vê-se nos rostos de cada um a alegria e a esperança de uma vivência em comunidade, mas acima de tudo sente-se o desejo de quererem fazer caminho sustentado no diálogo e na procura. Na procura de si. Do outro. E, claro, deste Deus apresentado por Jesus Cristo.

Tem sido um ano carregado de muita polémica. Iniciando com os casos dos abusos sexuais e terminando com toda a controvérsia sobre como deveria ser gerida e sustentada esta Jornada Mundial da Juventude. E continuarão a ser tempos controversos para a Igreja Católica Apostólica e Romana, em Portugal e no Mundo, mas esta JMJ 2023 pode dar um novo alento. Aos crentes, aos agnósticos e até aos ateus. Poderá ser, sem dúvida alguma, um novo respirar.

Mas só se respirará mais e melhor dentro da Igreja se formos capazes de renovar. E bem sabemos que para arejar a Igreja precisamos de escancarar todas as portas e deixar que o vento - esse sopro divino que conhecemos como Espírito Santo - sopre a toda a força. É verdade que quando se abrem todas as portas pode existir uma corrente de ar capaz de deitar tudo abaixo e isso deixar-nos assustados. Podemos ficar com medo, mas mais do que nunca sabemos que as portas não podem mais ficar fechadas. Está tudo cheio de mofo e o ar é pesado.

Precisamos de abrir as portas. Não têm de ser todas de uma vez, mas temos de pelo menos dar a conhecer ao mundo que as portas estão entreabertas. Temos de dar a conhecer ao mundo que, apesar de ainda não estarem todas as portas abertas, estamos recetivos a criar e a encontrar a chave para todas elas. E a JMJ 2023 pode ser, sem dúvida alguma, o grande chaveiro.

É na Jornada Mundial da Juventude que temos de testemunhar Aquele em quem acreditamos. Não O podemos testemunhar se continuarmos a acreditar que a Sua mesa é só para alguns. Não O podemos testemunhar se continuarmos a acreditar que valem mais sacrifícios do que misericórdia. Não O podemos testemunhar se continuarmos a acreditar que a alegria não é condizente com a dignidade e a sacralidade. Não O podemos testemunhar se continuarmos a acreditar que somos donos e senhores da vida dos outros. Não O podemos testemunhar se continuarmos a acreditar que a conversão acontece pela doutrina.

A Igreja abrirá portas e tornar-se-á ar puro para a sociedade, se conseguir aproveitar a alegria, a cor e o brilho dos jovens. A Igreja abrirá portas e tornar-se-á ar puro para a sociedade, se não permitir que o medo à mudança congele as suas decisões. A Igreja abrirá portas e tornar-se-á ar puro para a sociedade, se acreditar que conversão acontece através do olhar, do toque, do amor. Do se saber amado. A Igreja abrirá portas e tornar-se-á ar puro para a sociedade, se permitir que todos sintam a alegria de estar à volta de uma mesa que distribui vinho de alegria e pão de uma vida doada. A Igreja abrirá portas e tornar-se-á ar puro para a sociedade, se finalmente voltar ao Evangelho. Sim, essa Boa Nova que foi capaz e reerguer vidas e de colocar no centro tantos e tantas.

Não estarei na JMJ 2023, mas espero, anseio e acredito que os mais de um milhão e meio de jovens trarão, para todos nós, a mensagem mais forte deste ano, pois através das suas vidas darão a conhecer ao mundo que “não há nada suficientemente morto que não possa ser ressuscitado, que não possa ser erguido”. Esta será a grande prova de que “Jesus vive e não nos deixa sós!”. Esta será a grande prova de que a Igreja tem portas e limites inimagináveis!

Emanuel António Dias

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