A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem "sábio", que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efémeros.
Algumas pessoas e grupos com um peso significativo na opinião pública procuram vender a ideia de que a realização plena do indivíduo está num conjunto de valores que decidem quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito... Em muitos casos, esses valores propostos são realidades efémeras, materiais, secundárias, relativas. Quase sempre, por detrás da proposição de certos valores, estão interesses particulares e egoístas, a tentativa de vender determinada ideologia ou a preocupação em tornar o mercado dependente dos produtos comerciais de determinada marca... O "sábio", contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso, que distingue o que apenas tem um brilho doirado daquilo que, na essência, é um tesouro que importa conservar. O "sábio" é aquele que consegue perceber o que efectivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada. Como é que eu me situo face a isto? O que me seduz e que eu abraço é o imediato, o brilhante, o sedutor, ainda que efémero, ou é o que é exigente e radical mas que me permite conquistar uma felicidade duradoura e concretizar o meu papel no mundo, na empresa, na família ou na minha comunidade cristã?
No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse "tesouro" supremo que é o Reino.
Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar (e a absorver) os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem - todo o tempo do mundo - para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções. Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?
A segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
Diante da oferta de Deus, somos livres de fazer as nossas opções - opções que Deus respeita de forma absoluta. No entanto, a vida plena está no acolhimento desse "valor mais alto" que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele. É esse o "valor mais alto", o "tesouro" pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu baptismo? Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha?
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