quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A porta de Cristo nunca se fecha!...



Estamos a chegar ao fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Assistimos ao encerramento das Portas Santas de todas as igrejas jubilares neste último fim de semana. No próximo domingo, dia 20, o Papa Francisco encerrará a porta da Basílica de São Pedro. A pergunta que se impõe é: O que fica deste ano jubilar?

Se há algo em que devemos manter o foco depois deste ano de graça, é nessa realidade que celebramos: a Misericórdia. Francisco não se cansou de a anunciar com palavras, gestos e atitudes concretas. Na longa entrevista conduzida pelo jornalista Andrea Tornielli, que está publicada em livro com o título "O Nome de Deus é Misericórdia", o Papa conta a história de uma velhinha que lhe pediu para confessar, ainda ele era Bispo Auxiliar de Buenos Aires:


«Mas se a senhora não pecou…?», perguntou o Bispo Bergoglio.
«Todos temos pecados» respondeu a senhora.
«Mas o Senhor talvez não os perdoe…», replicou o Bispo.
E ela: «O Senhor perdoa tudo».
«Como sabe a Senhora?», perguntou o Bispo.
«Se o Senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria».

Com esta história, Francisco reforça a sua crença na Misericórdia como fundamento da existência do Ser Humano e de toda a Criação. «A misericórdia é o primeiro atributo de Deus. É o nome de Deus.»

Durante este ano fomos convidados a viver e a experimentar esta misericórdia. Se é verdade que a podemos "sentir na pele" quando nos reconciliamos com Deus, também é verdade que a vivemos quando o fazemos com o outro. A verdadeira misericórdia é aquela que nos obriga, força ou impõe uma mudança de vida.

O evangelho deste fim de semana (Lc 21, 5-19) descreve o que muitos judeus sentiam a ver o templo de Jerusalém tão bem ornamentado. Jesus é terrível no comentário que tece acerca dessa beleza: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Espero que, ao fim de toda esta caminhada, cada um de nós não fique, como estes judeus, apenas pelo acessório. Podemos esquecer à vontade a beleza das cerimónias de abertura e encerramento das portas. Não podemos é não viver diariamente esta misericórdia que é, constantemente, oferecida por Deus e deve ser praticada no que chamamos de "Obras de Misericórdia": sete corporais e sete espirituais.

No domingo passado, perguntaram ao bispo de Bérgamo, D. Francesco Breschi, o que sentiu ao fechar a porta santa. Ele respondeu: «Senti fortemente o mesmo sentimento do dia em que abri a porta santa, porque a porta de Cristo nunca se fecha. A misericórdia de Deus é eterna e a nossa oração deve ser consciente dessa realidade.»

Perante o nosso pecado ou a nossa fragilidade, temos este Deus que é sempre Misericórdia.

[Foto: Basílica da Estrela, Paulo Victória]

Paulo Victória (15-11-2016) em www. iMissio.net

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