Dizem que os olhos são o espelho da alma. Que com as suas expressões tudo refletem, até o mais íntimo da pessoa em si.
Dizem que num olhar nos podemos perder e que num outro olhar nos podemos encontrar. E, de facto, por vezes encontramos olhares que nos fazem perder e verdadeiramente nos fazem encontrar.
Entre os milhares de olhares únicos e irrepetíveis que guardo na minha mente, penso num. Um apenas. Um que me fixou tanto quanto os outros, mas um que me interpelou mais que todos os outros. Esse.
O olhar simples, por vezes envergonhado, mas sempre risonho. O olhar que se desvia subtilmente e que seduz outros olhares. O olhar que reflete uma vida cheia mas um amor ainda maior. O olhar que não consegue estar em silêncio por dele brotarem todas as palavras bonitas capazes de formar o mais belo poema. O olhar ternurento que me desarma e me faz não ter medo. Não por ser o olhar que é. Não por serem os olhos de quem são. Mas por transmitirem, de forma tão espontânea, tudo aquilo que já viveram.
Olhos verdes reluzentes como o mais belo luzeiro. Olhos verdes espelhados como a água do mar. Olhos verdes encantados como a alegria de viver. Olhos verdes cansados de não desistir. Olhos verdes vitoriosos dos sofrimentos que guardam. Olhos verdes de ternura, resplandecendo o amor do Pai. Olhos verdes humildes, espelho daquilo que é.
Um olhar que, por me encontrar, me fez perder. Mas um olhar que, estando perdida, me fez encontrar de novo.
Rita Santos- em iMissio-11 Maio 2017
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