Estamos a viver o Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima com a presença do Papa Francisco e a canonização dos Pastorinhos, Francisco e Jacinta Marto. Em todo o mundo católico é um momento de júbilo e de sentida Ação de Graças a Deus Pai, por Maria. Fátima é hoje, por certo e apesar da chuva, um verdadeiro altar do mundo onde, por Maria, se chega a Cristo Senhor. Gente das mais variadas origens, línguas e culturas aqui marca presença. Se as pessoas manifestam paz e serenidade interior, também não escondem as incontidas lágrimas, lágrimas simultaneamente sofridas e cheias de alegria por terem chegado e se sentirem acolhidas no colo silencioso da Senhora e Mãe. Entre a imagem da Senhora e os peregrinos, trocam-se olhares de ternura e de esperança, aquela esperança de quem sente as dificuldades da vida mas se sente amado por Deus que, como Maria há cem anos, continua a dizer-nos: “Não tenhais medo! Eu não vos faço mal!”. Neste mesmo ambiente de alegria serena, sobe-se à Basílica para rezar diante dos túmulos de Francisco e de Jacinta e aguarda-se, com expectativa, a chegada do Santo Padre, o Papa Francisco, que, também como peregrino e sucessor de Pedro, a todos vem confirmar na fé.
A Mensagem de Fátima situa-se na linha do Evangelho, se assim não fora não seria duradoura nem credível. Apela à conversão, à penitência, à oração com referência especial ao terço diário, à caridade por meio do abandono do pecado, à solidariedade que está na base da reparação, à vida sacramental sobretudo através dos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, à união hierárquica. Torna presente a escatologia, falando do Céu, do Inferno e do Purgatório, põe em relevo o Coração Imaculado de Maria e dá o sentido à penitência e à oração. É uma escola de fé comprometida e de crescimento na santidade, tendo na vida dos Pastorinhos um exemplo e um estímulo.
Recordemos a Aparição de 13 de maio de 2017, servindo-nos das Memórias da Irmã Lúcia:
“Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco no cimo da encosta da Cova da iria a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como quer um relâmpago.
- É melhor irmo-nos embora para casa – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada.
- Pois sim!
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direção à estrada. Ao chegar mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais, vimos sobre uma carrasqueira uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.
Parámos, surpreendidos pela Aparição. Estávamos tão perto que ficávamos dentro da luz que a cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos. Então Nossa Senhora disse-nos:
– Não tenhais medo! Eu não vos faço mal!
– De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.
– Sou do Céu.
– E que é que Vossemecê me quer?
– Vim para vos pedir que venhais aqui, seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
– E eu também vou para o Céu?
– Sim, vais.
– E a Jacinta?
– Também.
– E o Francisco?
– Também, mas tem que rezar muitos Terços.
Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com a minha irmã mais velha:
– E a Maria das Neves já está no Céu?
– Sim, está.
– E a Amélia?
– Estará no purgatório até ao fim do mundo.
– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos!
– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.»
Em seguida começou a elevar-se serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo porque alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu. Quando nessa mesma tarde, absorvidos pela surpresa, permanecemos pensativos, a Jacinta, de vez em quando, exclamava com entusiasmo: “Ai que Senhora tão Bonita!”.
++++
D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
12-05-2017
A Mensagem de Fátima situa-se na linha do Evangelho, se assim não fora não seria duradoura nem credível. Apela à conversão, à penitência, à oração com referência especial ao terço diário, à caridade por meio do abandono do pecado, à solidariedade que está na base da reparação, à vida sacramental sobretudo através dos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, à união hierárquica. Torna presente a escatologia, falando do Céu, do Inferno e do Purgatório, põe em relevo o Coração Imaculado de Maria e dá o sentido à penitência e à oração. É uma escola de fé comprometida e de crescimento na santidade, tendo na vida dos Pastorinhos um exemplo e um estímulo.
Recordemos a Aparição de 13 de maio de 2017, servindo-nos das Memórias da Irmã Lúcia:
“Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco no cimo da encosta da Cova da iria a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como quer um relâmpago.
- É melhor irmo-nos embora para casa – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada.
- Pois sim!
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direção à estrada. Ao chegar mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais, vimos sobre uma carrasqueira uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.
Parámos, surpreendidos pela Aparição. Estávamos tão perto que ficávamos dentro da luz que a cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos. Então Nossa Senhora disse-nos:
– Não tenhais medo! Eu não vos faço mal!
– De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.
– Sou do Céu.
– E que é que Vossemecê me quer?
– Vim para vos pedir que venhais aqui, seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
– E eu também vou para o Céu?
– Sim, vais.
– E a Jacinta?
– Também.
– E o Francisco?
– Também, mas tem que rezar muitos Terços.
Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com a minha irmã mais velha:
– E a Maria das Neves já está no Céu?
– Sim, está.
– E a Amélia?
– Estará no purgatório até ao fim do mundo.
– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos!
– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.»
Em seguida começou a elevar-se serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo porque alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu. Quando nessa mesma tarde, absorvidos pela surpresa, permanecemos pensativos, a Jacinta, de vez em quando, exclamava com entusiasmo: “Ai que Senhora tão Bonita!”.
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D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
12-05-2017
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