Ninguém se cura sozinho. Ninguém ultrapassa as tempestades, os barcos revirados, a água que se engole ou o vento cortante sem a ajuda de ninguém. O processo de cura de cada um, ainda que profundamente individual e altamente solitário, é (ainda) um processo de comunidade. De partilha profundíssima capaz de revolver crenças, raízes e, até, a própria alma. É sobre estas pessoas que vale a pena falar. Sobre os que nos mudam a vida para melhor, sem contrapartidas e, tantas vezes, com prejuízo pessoal.
Este texto é para quem não se assusta com a nossa escuridão.
Para quem entra no barco, segura nos remos e diz: “vamos por aqui”.
Para quem nos acende a luz de dentro com a sua.
Para quem vem para ficar.
Para quem nos diz o que precisamos de ouvir.
Para quem nos mostra o que precisamos de ver.
Para quem nos revela as fotografias da alma, que nem sabíamos que existiam, algures por ali.
Para quem é genuinamente bom.
Para quem luta do lado do Bem.
Para quem se atreve a ficar connosco quando somos pouco, fazemos pouco e sabemos ainda menos.
Para quem nos segura o leme quando a nossa vida é um navio prestes a embater no maior iceberg.
Para quem não desiste de nós e não se perturba pelas nossas fragilidades.
Para quem nos encontra a meio caminho.
Para quem reza por nós.
Para quem se preocupa.
Para quem cuida de nós com o carinho que nem sempre merecemos ou sabemos retribuir.
Que saibamos cuidar das nossas pessoas-leme. Das nossas pessoas-resgate. Que vêm para nos mostrar que o Bem há de ganhar sempre. Seja qual for o mal que nos apareça.
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